466 - RICARDO GOMES

Já aqui falamos, por altura do cromo do Branco, que no início da década de 80, o Fluminense atravessou uma grave crise financeira. Tal percalço levou o clube a ter que apostar em jovens jogadores. Assim, para além daqueles que foram contratados a outros emblemas, como foi o caso do antigo lateral do FC Porto, houve outros que apareceram vindos da formação "tricolor". Ricardo foi uma dessas apostas.
Apresentando, dentro de campo, a postura elegante que sempre foi a sua imagem de marca e raramente utilizando a falta como meio para travar os seus adversários, Ricardo, logo desde a sua promoção à equipa principal, mostrou ser um dos atletas mais capazes para ocupar um dos lugares no centro da defesa. Por isso mesmo não foi de estranhar que, rapidamente, o seu nome começasse a constar na lista dos jogadores a iniciar cada partida. Foi então como um dos pilares defensivos do Fluminense, que o antigo central ajudaria os seus companheiros a conquistar o tri-campeonato "Carioca" de 1983, 1984 e 1985 e o "Brasileirão" de 1984.
Com todos esses títulos e com a preponderância que neles haveria de ter, Ricardo Gomes, logo no ano em que se sagrou campeão nacional brasileiro, consegue a primeira convocação para a "Canarinha". Com o andar dos anos, o jogador foi cimentando o seu lugar no seio do grupo que ia compondo a selecção brasileira, até que em 1989, no mesmo ano em que o Brasil venceria a Copa América, Ricardo Gomes, nos desafios de apuramento para o Mundial de 1990, acabaria mesmo por envergar a braçadeira de capitão.
Ora, por esta altura já o defesa tinha viajado para a Europa, onde, desde a temporada de 1988/89, vestia a camisola do Benfica. Na "Luz", muito mais do que as suas qualidades desportivas, a maneira cortês como se apresentava, a boa educação e "fair-play", mereceram-lhe a admiração de todos os adeptos do futebol, independentemente da cor clubística. A maneira como conseguiu impor-se no clube, ajudou as "Águias" a conquistar 2 Campeonatos (88/89; 90/91) e 1 Taça de Portugal, mas acima de tudo garantiu-lhe um lugar na história do emblema português, ao conseguir ser o primeiro jogador estrangeiro a envergar a braçadeira de capitão.
Tanta qualidade fez com que para o Benfica fosse impossível segurar o jogador nas suas fileiras. Em 1991, a proposta do Paris Saint-Germain fez com que Ricardo se mudasse para a capital francesa. Comandado pelo treinador português Artur Jorge, o internacional brasileiro consegue, mais uma vez, conquistar aqueles que acompanham os seus desafios. O sucesso mais uma vez emergiu na sua carreira e de França, aos troféus que até aí já tinha no seu currículo, juntaria mais uma série de títulos, como foram a "Ligue 1" de 1993/94, as Taças de França de 1992/93 e 1994/95 e, ainda, a Taça da Liga de 1994/95 (estas duas últimas já com Luís Fernadez como treinador).
Viria a fazer a sua derradeira temporada, aceitando o convite de Artur Jorge para regressar ao Benfica, em 1995/96. No ano seguinte voltou ao Parc des Princes, já não como jogador, mas para fazer a sua estreia como técnico principal. Nessas funções tem dividido a sua carreira entre as experiências que o levaram ao comando de clubes franceses e brasileiros. Troféus, tanto num país como no outro, também já conta com alguns. Destacam-se as Taças da Liga Francesa de 1998 (PSG) e 2007 (Bordeaux), a Taça de França de 1998 (PSG), o Campeonato Baiano 1999 (Vitória) ou a Taça do Brasil de 2011 (Vasco da Gama). Infelizmente, por razão de um AVC que o atacou enquanto comandava uma partida no Brasil, Ricardo Gomes foi aconselhado a afastar-se do banco de suplentes. Enquanto aguarda pela sua total recuperação e possível regresso ao comando técnico de uma equipa, Ricardo Gomes tem desempenhado funções como dirigente, nomeadamente como director executivo do Vasco da Gama.

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