560 - PELLEGRINI

Já era um dos profissionais da Universidad de Chile quando, no final dos anos 70, acaba o curso de Engenharia Civil. Aplicado, tanto dentro do rectângulo de jogo, quanto no campo académico, Pellegrini nunca soube descurar nenhuma destas duas facetas da sua vida. Abraçando os estudos com afinco, sempre soube conciliá-los com a prática desportiva. No futebol, com uma atitude idêntica a tudo o resto na sua vida, procurou alicerçar o seu sucesso numa boa dose de trabalho. Sem ser um futebolista de características inigualáveis, era na sua atitude que o central se distinguia. Muito para além de ser um lutador dentro de campo, Pellegrini era inteligente o suficiente para entender as suas limitações. Por essa razão, depois dos treinos terminarem, era com frequência que os prolongava por mais uma hora, para assim praticar tanto os cabeceamentos, como os remates com o pé esquerdo.
Essa postura, muito mais do que garantir a titularidade no seu clube, acabaria por permitir que fizesse a sua estreia pela equipa nacional. Pelo Chile, e apesar de ainda contar com uma boa quantidade de internacionalizações, 28, nunca disputaria nenhum dos principais certames de selecções.
Também pela Universidad de Chile, que, pela altura, atravessava uma fase má da sua história, os títulos teimavam em não querer fazer parte do seu currículo. A excepção viria com a Taça do Chile de 1979, vencida frente aos rivais do Colo-Colo. Ainda assim, e apesar de parca em troféus, a carreira de Pellegrini haveria de ser suficiente para que merecesse um lugar na história do clube. A jogar na primeira equipa entre 1973 e 1986, as partidas que disputaria durante esses anos, seriam o bastante para que se tornasse num dos atletas que mais vezes vestiu a camisola do emblema de Santiago.
Curioso é, também, o episódio que levaria Pellegrini a decidir-se pela "reforma". Nele, conta-se que a um ressalto de bola vindo do guarda-redes, Pellegrini tentou chegar de cabeça. Foi, então, que um jovem atacante de 17 anos, se acerca por trás dele e ganha o lance nas alturas, acabando por marcar golo. Nessa partida contra o Cobreandino, o rapaz em questão dava pelo nome de Iván Zamorano - "se soubesse onde havia de chegar, não me tinha retirado, tinha jogado dois anos mais"*.
Como treinador, a sua vida começaria no emblema onde sempre havia jogado. Também nestas funções, haveria de ficar ligado à história do clube... desta feita, pela negativa!!! Ironicamente, ele que será sempre uma das figuras de proa da Universidad de Chile, teria como estreia o seu primeiro desaire. Numa época atribulada, em que as coisas já começaram mal, pior ainda acabariam. Pellegrini, sem conseguir dar resposta aos maus resultados, acaba por ver aquilo que, certamente, nunca havia planeado. Conclusão: um golo de diferença, seria suficiente para que a equipa, pela primeira vez na sua existência, fosse despromovida ao segundo escalão.
Em 1994, já depois de passar por alguns emblemas de menor monta, chega a outro grande chileno. Aos comandos da Universidad Católica, começa a ganhar algum currículo. Vence a Copa Interamericana e a Taça do Chile. Contudo, o campeonato acabaria sempre nas mãos de outro... nomeadamente da Universidad de Chile!!!
Estranhamente, seria a saída para outro país que mudaria o rumo à sua sorte. Seria no Equador, ao serviço do LDU Quito, que ganharia o seu primeiro campeonato. Depois, veio a aposta em clubes argentinos: primeiro, à frente do San Lorenzo, onde venceria o Campeonato Clausura e a Copa Mercosur; e depois, já a comandar os destinos do River Plate, onde ganharia mais um Campeonato Clausura.
Estes títulos levá-lo-iam à Europa. Em Espanha ganharia notoriedade ao conseguir, com equipas mais pequenas, imiscuir-se na luta de Real Madrid e Barcelona. Se à frente do Villarreal atingiria um segundo posto (2007/08) e os quartos-de-final da "Champions" (2008/09), também no banco do Málaga seria a Liga dos Campeões e, mais uma vez, a qualificação para os quartos-de-final da prova que o poriam nas bocas do mundo.
É certo que, entre estes dois trabalhos, houve um "tropeção" chamado Real Madrid. Mas mesmo assim, a sua credibilidade não pareceu ficar muito afectada. A prova disso veio com a aposta do Manchester City. Em Inglaterra, finalmente pode demonstrar que também tem estaleca para comandar grandes equipas, vencendo, na temporada de 2013/14, a "Premier League".

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