585 - COSTA

Os afazeres profissionais do pai, levá-lo-iam a deixar o seu Porto natal para, entre muitas outras cidades, morar em Vila Real. Essa sua nova realidade, muito para além de uma qualquer residência, acabaria por talhar o curso da sua existência.
Aficionado pela modalidade do futebol, seria na dita cidade transmontana que daria os primeiros passos daquilo que viria a ser uma sólida carreira. Desporto à parte, e já depois do ingresso no clube da terra, o jovem José Alberto continuava afincado nos estudos. Apaixonado militante dessas duas facetas da sua vida, a distinta conclusão do liceu e o sucesso na primeira equipa do Vila Real, apontavam para si uma nova página. O virar da mesma, incapaz que era de dissociar a bola dos livros, só poderia ter um destino. Esse trilhar de sonho, no qual se misturavam os campos de futebol com as sebentas da faculdade, levá-lo-iam às margens do Mondego. Já em Coimbra abraçou aquilo que, no começo da década de 70, era o espírito da Académica. Seria, então, como jogador-estudante que Costa passaria os tempos vindouros.
Uma mistura de velocidade, técnica estonteante e uma capacidade milimétrica de assistir os seus companheiros de ataque, entregaram-no, desde bem cedo, às boas venturas do futebol. O êxito que demonstrava em cada jogo, faziam dele um dos alvos mais apetecíveis dos nossos campeonatos. Contudo, o assédio de emblemas de outra monta, com todas as contrapartidas que isso possa acarretar, não desviava José Alberto de um outro objectivo. Essa senda, que punha a licenciatura em primeiro lugar, fá-lo-ia recusar, durante diversos anos, os convites vindos do Sporting, Benfica e, até, do FC Porto. Tal paradigma mudaria uns anos mais à frente.
 Numa altura em que já havia conseguido a estreia na Selecção Nacional e que, também ele, já tinha passado as “férias de Verão” no campeonato norte-americano (Rochester Lancers), o FC Porto volta à carga pelo seu concurso. Depois de tanta recusa, desta feita, a vontade de Pinto da Costa e José Maria Pedroto pareciam querer prevalecer. Ora, seria já convencido do seu novo destino, que, para o começo da temporada de 1978/79, Costa faz a sua apresentação no Estádio das Antas.
A nova mudança traria novas conquistas à carreira do extremo esquerdo. Desde logo, consagrado como um dos titulares dos “Azuis e Brancos”, Costa seria um dos pilares da vitória no Campeonato desse seu ano de estreia. Mais títulos se seguiriam, dos quais se destacam outra vitória no Campeonato (1984/85) a, ainda, a Taça de Portugal de 1983/84. Faltou-lhe erguer um troféu europeu. Perdeu essa oportunidade na final de Basileia, na qual os “Dragões” permitiriam à Juventus arrecadar a Taça dos Vencedores das Taças de 1984.
Falhou, igualmente, uma competição de selecções. Surpreendentemente, e depois de ter feito parte do grupo que conseguiria a inédita qualificação, Costa vê o seu nome preterido na hora de escolher aqueles que, em França, fariam parte dos “Patrícios”.
Sobre a validade de tal escolha muito se poderia discutir. A verdade é que a carreira de Costa, que conta com mais de duas dezenas de internacionalizações, estava a caminhar para o seu fim. 3 épocas mais, em que se incluem as passagens pelo Vitória de Guimarães e Marítimo, levariam ao “términus” da mesma.
Sem conseguir afastar-se da modalidade que preenchia o seu ser, Costa, nesse mesmo Funchal da sua despedida, começa nova caminhada. E se como técnico foi na Madeira que deu os primeiros passos, essas novas funções levá-lo-iam a percorrer “meio mundo”. Como treinador já passou pelo Japão, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e, a exemplo, pelo Irão. Muito desse percurso fê-lo como adjunto de Carlos Queiroz. No entanto, o seu cunho, cada vez mais, vai-se tornado distinto. Abraçou, ainda não há muito, o projecto “B” do Sp. Braga (2013/14). Falta-lhe o regresso à Primeira Divisão e um emblema que mereça o seu saber.

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