639 - STEVE HARKNESS

Marcava já algumas presenças na equipa principal do Carlisle, quando, numa partida da FA Youth Cup, fente ao Liverpool, Harkness consegue impressionar Kenny Dalglish. O escocês, antiga estrela do clube e, à altura, treinador principal em Anfield, decide contratá-lo.
É assim que Steve Harkness, apenas um adolescente, chega à cidade dos Beatles. Ainda distante da primeira equipa, tudo aquilo que prometia ser reflectia-se nas convocatórias para as selecções jovens do seu país. Contudo, a esperança que nele estava depositada, não se cumpria em chamadas à primeira equipa. Durante os dois anos seguintes, Harkness haveria de vestir a camisola das “Reservas” e nada, nem o estatuto de capitão dos sub-18 ingleses, haveria de alterar esse cenário.
Tudo mudaria com Graeme Souness ao comando dos “Reds”. A 27 de Agosto de 1991, dia do 20º aniversário de Steve Harkness, o técnico chama-o à estreia no escalão principal. Por essa altura, ele que tinha desenhado os primeiros anos da sua carreira pela polivalência, era já um lateral-esquerdo feito. A velocidade e a força que impunha no seu jogo, davam para disfarçar alguma debilidade técnica. Mesmo com essa fragilidade, a sua postura era muito apreciada pelos treinadores. A dita entrega, haveria de o manter no plantel, ainda que, na maioria das vezes, afastado das convocatórias.
A falta de presenças no “onze” do Liverpool, levaria a que Harkness pedisse a sua própria transferência. A solução encontrada, levando o atleta a representar Huddersfield e Southend United, acabaria por ser o empréstimo. Após estas cedências, o regressado defesa, finalmente, começa a conquistar o seu lugar. No entanto, uma grave lesão no final dessa temporada de 1995/96, acabaria por pôr em risco toda essa sua ascensão.
Passado um longo recobro, Harkness, já na época de 1997/98, volta à titularidade. Quando tudo estava a correr bem para si, é a chegada de Gérard Houllier (1998/99) que acaba por abalar todo um cenário idílico. Mais uma vez afastado das congeminações tácticas do Liverpool, o lateral vira-se para o estrangeiro. Quem o recebe de “braços abertos” seria alguém que, entusiasta das suas habilidades, um dia haveria de o apontar como o “Homem com que gostarias de estar nas trincheiras”.
O autor do estranho enaltecimento, Graeme Souness, era, por essa altura, o “timoneiro” do Benfica. Com o clube “encarnado” a atravessar o “reinado” de João Vale e Azevedo, a contratação do inglês tudo tinha para correr mal. Desde a sua apressada estreia, dias após a sua chegada, aos seus últimos momentos na “Luz”, onde, como diria o próprio, nem sapatilhas tinhas para treinar, Harkness passaria alguns meses em Lisboa.
Após um processo disciplinar, por alegadas ofensas aos dirigentes benfiquistas, o lateral regressa a Inglaterra. No Blackburn Rovers volta a trabalhar com Souness. Contudo, nem este reencontro serviria para reavivar a sua carreira. Daí em diante, até aos seus últimos dias como profissional, Harkness viveria num constante corrupio. Passaria pelo Sheffield Wednesday e acabaria por terminar a sua carreira nos escalões secundários, já ao serviço do modesto Chester City.

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