640 - PETER EASTOE

Ainda era um adolescente quando assina pelo Wolverhampton Wanderers. Com uma evolução positiva ao serviço do seu clube, Peter Eastoe começa ser chamado às selecções jovens de Inglaterra. No entanto, e apesar de tudo indicar sucesso, após a chegada à idade sénior o cenário haveria de mudar um pouco. Com o sector ofensivo do “Wolves” povoado por jogadores mais experientes, caso do ex-maritimista John Richards, as oportunidades dadas a Eastoe eram poucas. Esta escassez, que ainda duraria os três primeiros anos da sua imberbe carreira, levá-lo-ia, primeiro por empréstimo e de seguida a título definitivo, a tentar a sua sorte no Swindon Town.
A mudança de um clube do primeiro escalão e que, por aquela altura, era “habitué” nas competições europeias, por outro de uma divisão inferior, ao invés de se tornar num passo atrás, acabaria por revelar-se positiva. A sua estreia, no entanto, acabaria por ser um misto de emoções. Por um lado, Eastoe haveria de marcar dois golos. Contudo, o avançado terminaria esse seu primeiro encontro com o maxilar partido!!!
Nesta questão dos golos, como o próprio haveria de afirmar, Peter Eastoe não era um especialista. É certo que durante a sua carreira, muitas foram as vezes, até pela posição que ocupava no terreno, em que fez a bola entrar nas balizas adversárias. Ainda assim, e essa era a sua grande apetência, o que melhor fazia dentro de campo era assistir os seus companheiros do ataque. Essas qualidades levariam a que, do patamar máximo, outros emblemas voltassem a requerer os seus préstimos.
Tendo sido na temporada anterior (1975/76), ao atingir a segunda posição na tabela classificativa, a maior surpresa da Liga Inglesa, o Queens Park Rangers (QPR) projectava-se como o clube certo para Peter Eastoe. A transferência, ele que, ainda com as cores do “Wolves”, tinha tido a sua estreia frente ao Belenenses (1973/74), levaria o atacante, desde logo, de regresso à Taça UEFA. Mas muito mais do que as competições europeias, o que esta mudança traria para o jogador, seria o acréscimo de prestígio em Inglaterra.
Apesar do sucesso com a equipa londrina, a última época que por lá passaria, por razão de não ser tão utilizado, levá-lo-ia a procurar uma nova solução para a sua vida profissional. Numa altura em que, literalmente, já ia a caminho de Sunderland, recebe uma chamada avisando-o do interesse concreto do Everton. Peter Eastoe, que ia acompanhado pelo seu pai, decide então mudar de rota e dirige-se a Goodison Park. Ora, seria já nos últimos meses da temporada de 1978/79, que o atacante faria a mudança para a cidade de Liverpool. Esta nova realidade tornar-se-ia de tal forma positiva que, acho que o posso afirmar, seria ao serviço do Everton que Eastoe viveria os anos mais prolíferos.
Ao aproximar-se dos 30 anos de idade, Peter Eastoe, pensando que era o melhor para as derradeiras temporadas da sua carreira, toma a decisão de trocar o Everton pelo West Bromwich Albion. A opção mostrar-se-ia errada e, ao invés de se afirmar no seio do plantel, o avançado acabaria por passar o tempo do seu contrato em sucessivas cedências.
Já depois, sempre na senda dos empréstimos, ter passado por Leicester, Huddersfield, Walsall e “Wolves”, o avançado chega a Portugal. No Farense passa dois anos e tem a surpresa de, já no final da sua carreira, ter o prazer de partilhar o balneário com os dois melhores atletas com quem haveria de jogar – “Havia um moço que jogou comigo em Portugal, que tinha vindo do Barcelona, que se chamava Paco Fortes. Ele era muito pequeno, mas que conseguia fazer coisas com a bola, conseguia. Também lá estava um brasileiro nesse tempo, do qual não me consigo lembrar do nome, um avançado, que também era inteligente com a bola”*.
Peter Eastoe ainda regressaria a Inglaterra, para terminar a sua carreira nos amadores do Atherstone Town.


*Retirado da entrevista em www.bluekipper.com, a 18 de Agosto de 2013
*Penso que o jogador brasileiro a que se refere será Gil, podendo também ser César, ambos internacionais e que partilhariam o balneário com Peter Eastoe.

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