697 - JOSÉ SÉRIO

Nascido e criado em Belém, seria no clube do seu bairro que José Sério faria a estreia no futebol. Com incontestáveis habilidades para a defesa das balizas, seria para essa posição que, no final dos anos 30, entraria para a equipa de juniores do Belenenses. No entanto, e apesar de completar a formação no clube da “Cruz de Cristo”, a sua estreia nas categorias principais dar-se-ia no Paço de Arcos. Já o retorno às Salésias, aconteceria um par de anos depois (1944/45).
De volta ao emblema de origem, o atleta iria encontrar a forte concorrência de Capela. A presença daquele que era o guarda-redes titular do Belenenses, leva-o, nesse retorno, a disputar jogos pelas categorias “secundárias”. Logo no ano seguinte à sua chegada, sem que tenha conseguido apurar qual o papel de José Sério na conquista, o Belenenses sagra-se Campeão de Lisboa. Curiosamente, e aqui com o guardião a ocupar um lugar no “onze” inicial, também as “reservas” haveriam de conseguir lograr do mesmo êxito.
Mantendo-se na condição de suplente, mas utilizado, seria ainda nessa temporada de 1945/46 que o atleta conquistaria o título mais importante da sua carreira. Tendo participado em 3 partidas, José Sério faria parte do grupo que, orientado por Augusto Silva, destronaria os principais candidatos à liderança e venceria o Campeonato Nacional. No regresso à capital, após a contenda em que tudo ficaria decidido – partida disputada frente ao SL e Elvas –, o jogador haveria de proferir alguns comentários à festa dos adeptos – “Os carros foram obrigados a parar e o trajecto até Belém foi lento, com muita gente nas ruas a agitar bandeiras"*.
Apesar das suas qualidades, só a partir da época de 1947/48, e com a saída de Capela para a Académica de Coimbra, é que José Sério passou a ter um lugar de destaque dentro do plantel do Belenenses. Logo nessa temporada, ele que já tinha sido chamado à selecção “b”, faz a sua estreia com principal “camisola das quinas”. No entanto, esse particular disputado em Madrid acabaria por ficar marcado por um episódio curioso. Conhecido como um homem calmo, o ambiente nesse jogo frente à Espanha tê-lo-á atemorizado. Arrasado pelos nervos, acabaria por pedir a substituição, vindo mais tarde a confessar – “Pois eu nem via a bola”**.
A sua ligação ao Belenenses manter-se-ia durante longos anos. Só com a chegada de José Pereira à titularidade, é que José Sério acaba por equacionar a sua saída. Todo esse período passado na defesa das redes “Azuis”, torná-lo-iam num dos históricos do clube. Nesse sentido, é, ainda hoje, um dos guarda-redes mais utilizados na história do emblema “alfacinha”, ficando apenas atrás do já referido “magriço” e de Marco Aurélio.
Depois de, no final da temporada de 1954/55, deixar o Belenenses, José Sério ainda daria continuidade ao seu percurso como futebolista. Sem que haja muitos registos sobre o mesmo, é certo que, durante esse período, terá também jogado pelo Coruchense.

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