827 - BUTRAGUEÑO

Filho de um grande adepto do Real Madrid, logo um dia após o seu nascimento já o pai o filiava como sócio do clube. Ora, tal acto parecia querer anunciar a futura ligação de um dos mais ovacionados jogadores “merengue” com o emblema da capital espanhola. Curiosamente, seria noutra colectividade que Emilio Butragueño daria os primeiros passos no futebol.
No Real Club Deportivo Casariche Balompié, ainda em idade escolar, o atacante acabaria por participar em diversos torneios para jovens. Após um deles, no qual conseguiria destacar-se, o seu progenitor decide levá-lo a prestar provas no Real Madrid. Não agradou! A recusa do emblema “blanco” não o levaria a desistir de perseguir o sonho de se tornar profissional. Nos rivais do Atlético Madrid agradaria e acabaria por ficar a treinar. Quem não ficou satisfeito com tal solução foi, logicamente, o seu pai. É então que o mesmo decide falar com os dirigentes “madridistas”. Convence-os a dar nova oportunidade ao filho e, dessa feita, o jovem atleta lá consegue agradar como… centrocampista!!!
No evoluir do seu percurso, a importância que começa a ter acentua-se com a sua chegada ao Castilla. No emblema “b” do Real Madrid, Butragueño junta-se a Michel, Martín Vásquez, Sanchís e Pardeza. O sucesso do conjunto, onde os referidos jogadores haveriam de merecer o maior destaque, leva a que imprensa desportiva espanhola, pela mão do jornalista Julio César Iglesias, baptize o grupo como a “Quinta del Buitre”. Apesar do peso que toda essa cobertura mediática poderia ter criado no atleta, a sua chegada à equipa principal não decepcionaria ninguém. Com um estilo de jogo muito peculiar, onde se destacavam as suas velozes movimentações dentro da grande área, o atacante rapidamente conseguiria conquistar um lugar no “onze” inicial. Ao lado do mexicano Hugo Sanchez, Butragueño tornar-se-ia num dos mais respeitados jogadores saídos do futebol espanhol. Fosse com as assistências para os seus colegas ou como finalizador, o avançado conseguiria conquistar a admiração de adeptos, colegas e adversários.
Também com a camisola “Roja” o atleta construiria uma história deveras digna. Pela selecção, já depois de ter ajudado os s-21 a chegar à final do Europeu da categoria, é convocado por Miguel Muñoz ao Euro 84. Ainda sem qualquer internacionalização “A”, e sem sair do banco, Butragueño vê o seu país, mais uma vez, a ser derrotado na derradeira partida do torneio. Já a sua estreia pela principal equipa de Espanha aconteceria apenas passados alguns meses. A 17 de Outubro de 1984, num amigável frente ao País de Gales, o avançado enceta o seu percurso com o conjunto nacional espanhol. O jogador abrilhanta essa vitória com um remate certeiro. Depois vêm as participações no Euro 88 e nos Mundiais de 1986 e 1990. Destaque para o seu desempenho no certame organizado no México, onde, numa partida referente aos oitavos-de-final, marca 4 dos 5 golos com que a sua equipa derrotaria a Dinamarca.
Ao contrário daquilo que é o seu palmarés pela selecção, com a qual não venceria qualquer troféu de relevo, as conquistas ao serviço do clube ornamentariam, e bem, o seu currículo desportivo. Contribuindo para uma fase de grande hegemonia do Real Madrid, Butragueño veria a sua carreira ficar enriquecida pela vitória em 6 Ligas (nas quais está o “penta” conseguido entre 1985/86 e 1989/90), 2 Copas del Rey, 4 Supercopas e em 2 Taças UEFA. Para além deste registo conseguido em 12 temporadas pela equipa principal do Real Madrid, faltará fazer referência à conquista do “Pichichi” de 1990/91, prémio atribuído ao Melhor Marcador do campeonato espanhol.
Contrariando, por certo, o desejo de muitos adeptos, o final da carreira de Emilio Butragueño aconteceria bem longe do Santiago Bernabéu. Convidado pelo Atlético Celaya, o avançado atravessaria o Atlântico para, no México, terminar a sua história como futebolista. Partilharia o balneário, numa altura em que para o “país dos Aztecas” foram vários craques europeus, com os seus antigos companheiros Michel e Hugo Sanchez. Apesar de não ter conseguido ajudar o emblema na conquista de qualquer título, a sua presença acabaria por tornar o clube num recordista de audiências televisivas.
Já depois de terminar a carreira, o antigo craque dedicar-se-ia a outros papéis. Aproveitando o facto de possuir graduações académicas em Ciências Económicas e Empresárias e também em Gestão de Entidades Desportivas, Butragueño assumiria cargos como o de Assessor no Conselho Superior de Desporto de Espanha ou como Director Geral da “Escuela de Estudios Universitarios Real Madrid”. Também pelo clube “merengue”, o ex-atacante chegaria a desempenhar a função de “Managing Director”.

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