828 - PETER SHILTON

Tendo terminado a formação no Leicester, seria também no emblema sediado nas East Midlands que, com apenas 16 anos, faria a transição para o patamar sénior. Todavia, na baliza morava o mítico Gordon Banks. Com tamanha concorrência, e apesar das suas elogiadas qualidades, o jovem guardião teria ainda de esperar algum tempo para conseguir conquistar um lugar no “onze” inicial. A oportunidade acabaria mesmo por chegar e a transferência do campeão do mundo de1966 para o Stoke City, abriria as portas da titularidade a Peter Shilton.
Com o primeiro jogo pela equipa sénior do Leicester a surgir na temporada de 1965/66, os quase dez anos que passaria ao serviço dos “Foxes” trariam ao atleta uma série de diferentes experiências. Mesmo com o emblema quase sempre num plano competitivo discreto, a verdade é que as exibições do guarda-redes não passariam despercebidas aos mais altos responsáveis do futebol britânico. Nesse campo, a sua participação na final da FA Cup de 1968/69 ou a conquista do Charity Shield em 1971/72 haveria de ajudá-lo muito. Depois, e numa altura em que o seu clube até andava afastado do escalão máximo, Alf Ramsey decide convocá-lo para a selecção.
O amigável frente à Alemanha de Leste, disputado em Novembro de 1970, marcaria um longo percurso com a camisola de Inglaterra. Com 125 internacionalizações, Peter Shilton ainda é o atleta que mais vezes representou a equipa dos “Three Lions”. Para além desses jogos, há ainda a participação em diversas fases finais de grandes certames. Os Europeus de 1980 e 1988, mas, principalmente, a sua presença nos Mundiais de 1982, 1986 e 1990, fariam dele um dos grandes nomes do futebol.
Voltando aos emblemas que representou, a sua ida para o Stoke City, seguindo os passos de Banks, transformariam a sua transferência num recorde mundial. As £325.000 pagas pelo seu novo clube, fariam dele o guarda-redes mais caro de sempre. Maquia bem empregue, pois Peter Shilton estava também cotado como um dos melhores a jogar na sua posição. O seu valor era de tal ordem que o Manchester United, sensivelmente dois anos após a sua chegada, tentaria a sua contratação. Os dois emblemas chegariam a um acordo, mas o salário pedido pelo guardião, que iria fazer dele o mais bem pago no plantel, é recusado e a sua saída para os “Red Devils” inviabilizar-se-ia.
Foi com a sua transferência para o Nottingham Forest que Peter Shilton terá, sem sombra de dúvidas, vivido os melhores anos da sua carreira. Com Brian Clough à frente dos destinos do clube, o grupo conseguiria diferentes feitos nacionais e internacionais. Como é lógico a vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1978/79 e 1979/80 terão de vir à cabeça do rol de troféus conseguidos. Contudo, há muito mais e a Supertaça Europeia de 1979/80, a Liga Inglesa de 1977/78, a League Cup e o Charity Shield, ambos conquistados em 1978/79, também fazem parte dessa lista de brilharetes.
Outro dos episódios marcantes no seu percurso profissional, haveria de o viver nos anos em que já representava o Southampton. Mesmo com o emblema do sul de Inglaterra a quedar-se pelo 14º lugar, o final da temporada de 1985/86 mostraria o seu nome no lote de atletas escolhidos por Bobby Robson, para disputar o Mundial de 1986. No certame organizado no México, e já na fase de eliminatórias, à Inglaterra calha em sorte a Argentina. Todavia, esse embate dos quartos-de-final ficaria marcado por um lance bastante polémico. Na disputa de uma jogada aérea com Maradona, Shilton sai-se à bola a soco. A verdade é que “El Pibe” consegue ganhar o lance e introduz o esférico na baliza. Os ingleses reclamam da ilegalidade cometida pelo avançado. Contudo, o golo é validado e, quando questionado pelos jornalistas, o astro argentino haveria de responder que o tento tinha sido conseguido “ um pouco com a cabeça e o resto com a mão de Deus”.
A sua última internacionalização haveria de chegar no decorrer do Mundial de 1990. Por essa altura, e com Peter Shilton já com mais de 40 anos de idade, era notório que o seu trajecto profissional devia estar a aproximar-se do fim. Ainda assim, e depois de deixar o Derby County, o guardião continuaria por mais alguns anos. Seguir-se-ia o Plymouth Argyle, onde desempenharia as funções de treinador-jogador. Depois, ainda houve tempo para mais uma série de emblemas e, dessa forma, a carreira do guarda-redes estender-se-ia até à temporada de 1996/97, no fim da qual tomaria a decisão de arrumar as luvas.

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