841 - JOSÉ PEREIRA

Com a carreira dedicada quase em exclusivo ao Belenenses, o seu percurso conheceria duas excepções. A primeira aconteceria logo após os seus anos de formação. Na altura, com José Sério como o titular absoluto da baliza “azul”, os responsáveis técnicos da equipa decidir-se-iam pela sua cedência. Nos Pescadores da Costa da Caparica faria a sua estreia como sénior para, no final dessa temporada de 1951/52, voltar ao Restelo.
O regresso a Lisboa não seria fácil para o jovem atleta. A presença no plantel do já referido guardião, faria com que José Pereira não conseguisse ser chamado à equipa principal com a frequência que, naturalmente, desejaria. Ainda assim, as qualidades que já demonstrava fariam com que a sua presença no grupo fosse importante. A colocação entre os postes e a enorme agilidade – que daria origem à sua alcunha “Pássaro Azul” – eram armas imprescindíveis para o sucesso da equipa. Tanto isso era verdade que, passados apenas um par de anos após a sua integração na primeira categoria, já o guarda-redes era um dos principais nomes no alinhamento do Belenenses.
Pelos da “Cruz de Cristo” José Pereira enfrentaria os mais diferentes desafios. Nessas demandas colectivas, os títulos estariam sempre no horizonte do atleta. Apesar de nunca ter conseguido conquistar um Campeonato Nacional, facto que esteve perto de acontecer em 1954/55, fazem parte do seu currículo alguns troféus. Às 2 Taças de Honra da Associação de Futebol de Lisboa, vencidas em 1959/60 e 1960/61, juntaria a vitória na Taça de Portugal de 1959/60. Também nas competições europeias o guardião deixaria a sua marca na história do clube. Fez parte das campanhas na Taça das Cidades com Feira e defenderia as redes do Belenenses na Taça Latina.
Apesar de um percurso notável com a camisola do clube, o apogeu da sua caminhada como profissional aconteceria com as cores de Portugal. Com as “quinas” ao peito, e tendo já jogado pelos “b”, o guardião faria a estreia pela equipa “a” na campanha de apuramento para o Mundial de 1966. Já com a qualificação garantida, o seu nome, sem surpresa alguma, faria parte da lista elaborada pelo seleccionador Manuel da Luz Afonso. Em Inglaterra, José Pereira ainda começaria o torneio como suplente do sportinguista Carvalho. Contudo, logo após esse embate com a Hungria, Otto Glória daria o lugar a José Pereira e o guarda-redes manter-se-ia como o número 1 dos “Magriços”, ajudando à chegada ao 3º lugar.
Curiosamente, seria pouco tempo depois da presença no Campeonato do Mundo que a sua ligação ao Belenenses terminaria. No final da campanha de 1966/67, José Pereira deixaria o Restelo para rumar a Norte. No Beira-Mar prosseguiria a sua carreira, a qual conheceria o seu fim no início da década de 70. Depois de ter “guardado as luvas”, o antigo internacional luso abandonaria o futebol, mudar-se-ia para Barcelona e dedicar-se-ia aos negócios que na cidade catalã haveria de abrir.

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