855 - AMARAL


Após uma passagem pelo Dramático de Cascais, é no Benfica que Amaral termina a sua formação. Ainda é promovido às “Reservas”, mas a presença no plantel de nomes como Bento ou José Henrique faria com que o jovem guarda-redes nunca chegasse à categoria principal. Ainda assim, essa curta experiência nos seniores das “Águias” serviria para perpetuar algumas memórias – “Tenho outra história engraçada de quando subi de júnior a sénior. Estava no Benfica e fizemos uma viagem aos Estados Unidos (…). O nosso capitão era o Rui Rodrigues e o treinador era o Fernando Cabrita, o adjunto do Jimmy Hagan nessa altura (…). E ele normalmente dizia uma frase, que era “vamos dar um passeio higiénico”. Era darmos um passeio pelas redondezas, apanharmos um bocado de ar e desentorpecer as pernas. E eu, lá de trás, perguntei: “Ó mister, é preciso levar o papel higiénico dos quartos?” A resposta dele não se fez esperar: “Ó menino, vais fazer as malas e vais já para Lisboa!” Tive de pedir desculpa, como é evidente, e o Rui Rodrigues pediu-lhe para que ficasse”*.
A falta de espaço no plantel “encarnado”, faria com que Amaral procurasse dar outro rumo à sua carreira. Sintrense (1975/76) e, um ano depois, a transferência para o Marítimo, muito mais do que dar ao jovem atleta uma nova oportunidade, abrir-lhe-iam as portas da 1ª divisão. A chegada ao patamar máximo, depois de ter ajudado à promoção dos “Insulares”, aconteceria em 1977/78. Contudo, a “subida” ficaria aquém do esperado, com o guardião a não ser capaz de assegurar um lugar no “onze inicial”. Também os anos seguintes, salvo raras excepções, passá-los-ia na condição de suplente. Ainda assim, tudo mudaria com o regresso ao território continental e com a sua ligação ao Vitória de Setúbal.
Nos “Sadinos”, apesar de uma primeira campanha bastante discreta, Amaral viveria os melhores anos do seu percurso profissional. Titular indiscutível, as boas exibições conseguidas pelos do Bonfim abrir-lhe-iam as portas da principal selecção portuguesa. Com as “quinas” ao peito, o guarda-redes participaria em duas partidas a contar para a fase de apuramento do Mundial de 1982. Um jogo contra a Suécia e, dias mais tarde, o desafio frente a Israel acabariam por desenhar o seu percurso internacional.
Seria depois dessas disputas vividas com a camisola de Portugal, que o jogador conseguiria chegar a outros dos “3 grandes”. No FC Porto, mesmo tendo ficado na sombra de Zé Beto ou Mlynarczyk, Amaral daria o seu contributo para um dos períodos mais bonitos da história “azul e branca”. Com uma época de interregno, passada ao serviço do Farense (1984/85), o guardião ficaria 4 anos na “Invicta”. Durante essas campanhas, os “Dragões” conseguiriam chegar a 2 finais europeias. O guarda-redes não jogaria em nenhuma delas. No entanto, pode orgulhar-se de ter pertencido ao grupo que, em 1987, conquistaria a Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Tendo deixado as Antas no Verão que sucedeu à vitória em Viena, o seu percurso como futebolista ainda duraria um bom punhado de anos. Penafiel e, já nos escalões secundários, Varzim, Rec. Águeda, Louletano e Tirsense, preencheriam, desse modo, o que restaria da sua carreira. Finda a etapa “entre os postes”, abraçaria então as tarefas de treinador. Nessas funções, sem que nunca tenha conseguido chegar ao nosso principal escalão, leva vários anos de experiência. Noutros contextos, o antigo jogador também tem “dado cartas”. Como comentador televisivo, Amaral é presença habitual em programas da CMTV.

*retirado de http://www.relato.pt, “post” publicado a 19/05/2016

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