975 - VASCO MATOS

Com a formação tripartida entre os Aliados da Brandoa, Estrela da Amadora e Sporting, desde muito novo que Vasco Matos mostraria ter habilidade para o futebol. Corajoso, com uma técnica acima da média e uma vontade enorme para fazer golos, o atacante destacar-se-ia em todos os emblemas da sua juventude. Já a jogar em Alvalade, estádio onde estava habituado a ir com o pai, começaria a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções portuguesas. Os sub-15 e os sub-17 “lusos” acabariam por sublinhar o sucesso que muitos já tinham como certo para o seu futuro. No entanto, a transição para o patamar sénior revelar-lhe-ia uma realidade nova e o extremo passaria por algumas dificuldades de adaptação.
Tendo evoluído ao lado de nomes como Simão Sabrosa, Marco Caneira ou Ricardo Quaresma, por altura da transição para sénior, Vasco Matos não teria a mesma sorte que estes seus colegas. Sem lugar na equipa principal, segue, a par de Hélder Rosário ou Vasco Faísca, para o “satélite” Lourinhanense. No emblema do Oeste, tendo aí chegado para a temporada de 1999/00, o extremo conseguiria destacar-se pelas boas exibições. Merece igual distinção na campanha seguinte, ao vestir as cores do Sporting “B”. Ainda assim, a sua integração na primeira equipa leonina seria, mais uma vez, adiada. Seguir-se-ia, por empréstimo, o Campomaiorense e o encontro com um treinador que, nos seus primeiros anos de profissional, marcaria a sua carreira.
Diamantino Miranda, ilustre figura do Benfica e da Selecção Nacional, recebê-lo-ia no Alentejo. Mesmo que essa época tenha marcado o fim do futebol profissional em Campo Maior, em termos evolutivos a dita campanha de 2001/02 seria positiva para o jogador. A passagem pela Divisão de Honra, abrir-lhe-ia as portas do patamar máximo do nosso futebol. O Vitória de Setúbal, onde a meio da temporada voltaria a ter o antigo atleta da “Águias” como treinador, seria o emblema que apadrinharia a sua estreia. Findo esse ano, e com a despromoção dos “Sadinos”, novo emblema para Vasco Matos, mas, mais uma vez, o treinador já aqui referido.
A ida para o Felgueiras representaria o seu afastamento da 1ª divisão. Desde esse momento, e com raras excepções, os escalões secundários passariam a ser a sua montra. Beira-Mar e, numa aventura pelo estrangeiro, o Rapid Bucaresti seriam essas prerrogativas. Na Roménia, acima do que foram os ganhos desportivos dessa meia temporada, Vasco Matos viveria muitas histórias rocambolescas – “Lembro-me que fomos jogar ao Cluj, que estava a lutar pelo título com o Steaua, rival do Rapid, e a administração informou o plantel que o Steaua dava 10 mil euros a cada jogador para ganharmos ao Cluj. A dada altura o Sapunaru, que depois esteve no FC Porto, levantou-se aos gritos. Disse que não podíamos ganhar ao Cluj, que o Steaua não podia ser campeão. Ele era todo rapidista. Steaua nem pensar. Perdemos 1-0, e curiosamente o golo foi uma bola nas costas do Sapunaru, mas ele fez um bom jogo (…). Uma vez fomos jogar a Buzau e um diretor estava em campo com uma pistola, para dar outro exemplo (…). Uma vez, num Rapid-Dinamo, estamos a ir para o estádio e o autocarro fica parado por causa da claque do Dinamo que estava a passar. Às tantas o treinador sai e começa a ir a pé para o estádio”*.
Portimonense, Desportivo das Aves, Benfica de Castelo Branco e Vilafranquense seriam os emblemas que colorariam a última parte da sua carreira como futebolista. Tendo posto um ponto final nesse trajecto em 2016, logo de seguida surgiria a possibilidade de encetar a sua vida como treinador. Numa caminhada que ainda é curta e que como técnico principal vai apenas na 3ª temporada, Vasco Matos é por esta altura o homem do momento. A razão? Muito simples! A eliminação do Sporting na 3ª ronda da Taça de Portugal, por parte do Alverca, conjunto do Campeonato Nacional de Seniores que orienta desde o início desta campanha de 2019/20.

*retirado da entrevista dada ao https://maisfutebol.iol.pt, conduzida por Nuno Travassos e publicada a 15/10/2019

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