1079 - CONCEIÇÃO

Nascido em Luanda, seria no São Paulo Futebol Clube, emblema da capital angolana, que Joaquim Conceição começaria a merecer algum destaque. Essa atenção faria com que o Vitória de Setúbal, ao adiantar-se a especulados interesses por parte de outros clubes nacionais, avançasse para a sua contratação. Chegaria à margem norte do Rio Sado para a temporada de 1962/63 e na companhia do irmão mais novo, José Maria. No entanto, e sem pôr em causa o seu potencial, a verdade é que as primeiras temporadas em Portugal não seriam fáceis para o defesa.
Acolhido pelo treinador argentino Filpo Núñez, o atleta teria poucas oportunidades. Só na 3ª campanha, já sob a alçada de Fernando Vaz, é que Conceição começaria a jogar com maior regularidade. Por coincidência, seria logo nessa época de 1964/65 que viveria um dos momentos mais altos da carreira. Numa altura em que já era um dos elementos mais utilizados do plantel sadino, o defesa seria chamado a disputar a final da Taça de Portugal. No Estádio do Jamor entraria de início e frente a um poderoso Benfica, ajudaria a sua equipa a vencer o referido troféu.
Aliás, a denominada “Prova Rainha” tornar-se-ia icónica na caminhada competitiva do jogador. Para tal facto, muito contribuiriam outras 2 finais. Logo no ano a seguir à primeira conquista, o conjunto setubalense conseguiria, mais uma vez, chegar ao derradeiro desafio da competição, mas, dessa feita, perderia frente ao Sporting de Braga. Ainda assim, não demoraria muito até surgir uma nova vitória. Na temporada de 1966/67, com o defesa sempre em plano de destaque, seria a Académica de Coimbra que sairia derrotada pelos pupilos do supracitado Fernando Vaz. Já para Conceição, outro prémio surgiria nessa tarde. Por envergar a braçadeira de “capitão”, o atleta teria o orgulho de ser chamado à tribuna de honra e de receber, e erguer, a almejada taça.
Também as classificações cimeiras no Campeonato Nacional e as presenças nas provas europeias haveriam de marcar a carreira de Conceição. Por entre várias participações nas competições organizadas pela UEFA, talvez a chegada do Vitória de Setúbal aos quartos-de-final da Taça das Cidades com Feira de 1970/71, tenha sido a senda mais marcante. Todavia, e sem menosprezar o brilhantismo do seu trajecto desportivo, faltou ao defesa uma presença mais assídua na selecção nacional. Ainda assim, as suas chamadas terão de ser vistas como um merecido prémio. Nesse sentido, estrear-se-ia em Abril de 1969, pela mão de José Maria Antunes. Esse “particular” frente ao México encetaria uma caminhada que, ao ser percorrida na qualificação para o Mundial de 1970, culminaria com um total de 5 internacionalizações por Portugal.
Os derradeiros anos da carreira passá-los-ia num rumo mais errático. A passagem pelo Farense, o regresso ao Vitória de Setúbal e, para culminar, os anos vividos com as cores do Juventude de Évora marcariam o final de um trajecto cheio de invejáveis capítulos e, acima de tudo, vestido de uma incontestável glória.

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