1080 - SEMEDO

Ao cumprir as últimas etapas do percurso formativo já no FC Porto, as chamadas às camadas jovens da selecção nacional serviriam, de igual modo, para consolidar José Semedo como uma das grandes promessas da década de 1980. Quem também haveria de reparar nas suas qualidades, seria José Maria Pedroto. Pela mão do saudoso treinador, o médio acabaria promovido à equipa principal dos “Azuis e Brancos”. No entanto, com a estreia sénior a surgir na temporada de 1983/84, seriam necessários ainda alguns anos para que o atleta conseguisse afirmar-se no “onze” dos “Dragões”. Tal aconteceria na campanha de 1987/88 e já no rescaldo da vitória portista na Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Seria Tomislav Ivic que cimentaria Semedo como titular. Visto pelo técnico nascido na antiga Jugoslávia como um jogador elegante e com capacidades técnicas e tácticas superiores, o médio tornar-se-ia num dos seus favoritos. Com o crescendo exibicional a permitir-lhe presenças regulares nas provas nacionais, também nos certames internacionais de clubes começaria a marcar posição. Nesse sentido, a entrada no jogo da 2ª mão da Supertaça Europeia de 1987/88, competição disputada frente aos holandeses do Ajax, traria ao seu palmarés a conquista do importante troféu.
Apesar da relevância da primeira parte da sua carreira, o peso de Semedo no FC Porto far-se-ia sentir, de forma mais vincada, na transição para a década de 1990. Essa preponderância levá-lo-ia à principal selecção nacional. Com a primeira partida a acontecer em Janeiro de 1989, a assiduidade com que apareceria nas convocatórias seguintes dar-lhe-ia a oportunidade de, por diversas vezes, envergar a “camisola das quinas”. Depois da estreia num “particular” disputado frente à Grécia, o médio-esquerdo participaria em vários desafios nas qualificações para o Mundial de 1990, Euro 92 e Mundial de 1994. Na caminhada com as cores lusas, mesmo nunca tendo disputado uma fase final de um grande torneio, o atleta conseguiria acumular por Portugal, para além das partidas nos escalões jovens, um total de 21 internacionalizações “A”.
Curiosamente, e apesar de reconhecido o seu valor, Semedo, aos olhos dos seguidores portistas, não conseguiria tornar-se numa figura unânime. Apesar de dar muita ajuda nos sucessos colectivos, certos adeptos haveriam de apontar ao médio alguma falta de garra. Todavia, a sua atitude não era displicente. É verdade que o jogador não era dado a grandes embates físicos. Talvez isso fosse explicado pela sua propensão para as lesões; talvez essa atitude fosse uma maneira inteligente de dar ainda mais ao clube. Sem entrar em grandes especulações, os números da sua passagem pelo FC Porto transformar-se-iam na melhor testemunha. Nesse sentido, as 313 partidas disputadas e os 47 golos por si concretizados, seriam um dos pilares da conquista de 8 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal e 6 Supertaças.
Os últimos anos de Semedo no FC Porto acabariam marcados por alguma perda de importância. Preterido em favor de outros colegas, também as mazelas físicas começariam a fustigar o atleta. Em 1994, o jogador sofreria uma grave lesão que haveria de pôr em causa a sua continuidade no futebol. Pior ainda, viria com o envolvimento num caso de doping. Ainda assim, depois de passada a aludida fase mais negativa, o médio voltaria à competição. Ao serviço do Salgueiros, sempre na 1ª divisão, prolongaria a caminhada competitiva até 1999.
Já na entrada para a 2ª década do novo milénio, Semedo voltaria a ligar-se ao FC Porto. Como treinador, o antigo médio, nas funções de adjunto, tem passado pelos diversos escalões “Azuis e Brancos”, inclusive pela equipa principal.

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