1081 - DINO

Como preferem? Raimundo Barreto, Dino Furacão ou, simplesmente, Dino?
Bem, para pôr justiça numa possível resposta, há que facultar outros dados. Nesse propósito, penso que sem grande surpresa, posso confessar-vos que a primeira opção é um singelo nome de baptismo. Já a última escolha indica-nos o vocábulo pelo qual ficou conhecido em Portugal. Por outro lado, temos ainda um tal fenómeno meteorológico que, mais do que a alcunha ganha no Brasil, haveria de tornar-se na sua imagem dentro de campo… Já escolheram? Enquanto pensam, vou contar-vos a história deste avançado!
Depois de terminar a formação no Bahia, seria o emblema sediado em São Salvador que também daria a oportunidade a Dino para rubricar o primeiro contrato profissional. Mesmo a jogar num dos históricos emblemas do desporto brasileiro, o avançado, passados alguns anos, decidiria mudar-se para um dos maiores centros futebolísticos do país. No Estado de São Paulo começaria por representar o XV de Jaú, para, de seguida, vestir as cores do São Bento. Seria já no conjunto de Sorocaba que o atacante acabaria convocado para a selecção estadual. Com uma evolução positiva, as boas exibições despertariam a atenção dos responsáveis do Santos, que, em 1985, tomariam a decisão de contratar o atleta de 25 anos.
Terminada a experiência no “Peixe”, seguir-se-ia Portugal. Talvez à procura de mais oportunidades para jogar, Dino aceitaria o convite vindo da 2ª divisão lusa. Porém, o desafio lançado pelo Nacional da Madeira e anuído pelo jogador, pouco tempo manteria o avançado longe dos principais escaparates. Após a promoção conseguida no final da temporada de estreia no Funchal, a campanha seguinte, a de 1988/89, entregaria o atacante ao patamar máximo. Ainda com as cores do emblema insular, as suas qualidades levá-lo-iam a destacar-se como um dos melhores intérpretes do nosso Campeonato. Com uma velocidade estonteante, uma boa técnica e uma vontade sagaz, o acréscimo dado por si aos grupos onde estava inserido tornar-se-ia evidente. Nesse sentido, se a colectividade funchalense serviria para confirmar o que no Brasil já era sabido, seria o Beira-Mar que haveria de consagrá-lo como uma verdadeira “estrela”.
A mudança para Aveiro, selada na temporada de 1990/91, coincidiria com um dos mais importantes capítulos da história dos “Aurinegros”. Com Dino a marcar 5 golos durante as eliminatórias, o Beira-Mar, no culminar de uma campanha invejável, chegaria à final da Taça de Portugal. Já no Jamor, o desafio daria pelo nome de FC Porto. Com o treinador Vítor Urbano a eleger o avançado para o “onze” inicial, nem aquele que era um conjunto composto por atletas de muita experiência conseguiria levar de vencida a equipa “Azul e Branca”. O troféu acabaria no museu dos “Dragões”. Ainda assim, nem tudo tinham sido derrotas e as boas exibições do conjunto vouguense serviriam para alicerçar o clube como uma equipa difícil de ultrapassar.
As dificuldades impostas nos embates do Estádio Mário Duarte, dariam jus a uma série de episódios memoráveis. Mais caricata seria ainda a circunstância da história vivida por Dino na sequência de um golo que retiraria às “Águias” a hipótese de conquistar o título de 1992/93 – “Quando voltei para Portugal, no ano seguinte, o avião não foi para o Porto mas para Lisboa. Quando ia apanhar o táxi para ir para Aveiro fui insultado pelo taxista que era benfiquista. Xingou-me, disse-me palavras não muito boas. Pensei que ia ficar em Lisboa, mas lá consegui ir para Aveiro”*.
As últimas temporadas de Dino como futebolista profissional seriam passadas em Portugal. Depois de envergar as camisolas do Vitória de Setúbal e do Desportivo de Chaves, o ano de 1996 marcaria o fim da sua carreira. Depois da “aposentação”, já formado em Educação Física, o antigo avançado fixar-se-ia no Brasil e passaria a dedicar-se ao ensino.

*retirado do artigo de João Tiago Figueiredo, publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 30/04/2015

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