1681 - JULINHO

Nascido na “Cidade Invicta”, Júlio Correia da Silva, popularizado pelo diminutivo Julinho, teria no Boavista, onde chegaria para o lugar de guarda-redes, os anos dedicados à formação. Depressa convertido em avançado-centro, seria já na nova posição que, em 1936/37, ocuparia o seu espaço na equipa principal. Apesar de bastante novo, o atacante depressa conseguiria afirmar-se como um dos bons valores dos “Axadrezados”. Ainda assim, com as “Panteras” a militar na 2ª divisão lusa, ainda passariam alguns anos até à sua estreia no patamar máximo. Tal marco aconteceria após a transferência para um novo clube e, para o caso, já na segunda campanha ao serviço do Académico do Porto.
Com a mudança referida no parágrafo anterior a ocorrer na temporada de 1940/41, a época seguinte à da sua chegada ao emblema estudantil levaria o avançado, pela primeira vez na carreira, a disputar a 1ª divisão. Tamanha seria a sua prestação naquela que é a prova de maior importância no calendário futebolístico português que, rapidamente, passaria a ser disputado por equipas de maior renome. Nessa corrida, Julinho, a troco de quantias bem avultadas para a época – 25 mil escudos para o clube e 10 mil escudos para o atleta – acordaria a mudança para o Benfica. Logo de seguida, o FC Porto, com números bem mais tentadores, faria chegar ao jogador a sua proposta. No entanto, com a palavra já dada às “Águias”, o avançado manter-se-ia fiel ao inicialmente combinado e, em 1942/43, viajaria até Lisboa.
Como praticante das “Águias”, Julinho, acolhido pelo técnico Janos Biri, depressa iria impor-se no centro do ataque. A prova do impacto do avançado na estrutura benfiquista surgiria de imediato no ano da sua chegada, com o jogador a sagrar-se como o Melhor Marcador do Campeonato Nacional da 1ª divisão. Tal feito repeti-lo-ia na época de 1949/50. Contudo, nem só de feitos individuais viveria a carreira do ponta-de-lança. Caracterizado como um intérprete muito inteligente e sagaz na hora de rematar à baliza, os seus inúmeros golos contribuiriam, e de que maneira, para diversos sucessos colectivos dos “Encarnados”. Nesse sentido, o destaque iria para as conquistas de 3 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal e obviamente para a vitória na Taça Latina.
O feito continental ainda agora referido, aconteceria na edição de 1949/50 da prestigiada prova. No trajecto até ao triunfo, Julinho não haveria de posicionar-se somente como um dos jogadores no “onze” das diferentes rondas altercadas. Chamado por Ted Smith às pelejas agendadas para o Estádio Nacional, não só o avançado-centro marcaria presença na meia-final frente aos italianos da Lazio, como seria um dos escolhidos para a final e para finalíssima do torneio disputado em Lisboa. Aliás, seria no último encontro que o atleta assumiria um papel fulcral. Num jogo arrastado até ao 3º prolongamento, sairia dos pés do atacante, que já tinha atirado uma bola para o fundo das redes adversárias na partida anterior, o golo que, aos 134 minutos, faria cair a resolução da contenda a favor do conjunto português.
Apesar da preponderância atingida com as cores do Benfica, Julinho, com o facto parcialmente justificado pelo desenrolar da 2ª guerra mundial, não teria, na selecção nacional, números nada semelhantes aos conseguidos no clube. Ainda assim, depois da convocatória para, a 3 de Maio de 1947, disputar, frente à França, uma partida pela equipa “B” de Portugal, o dia 21 de Março de 1948 assinalaria a sua oportunidade no conjunto principal luso e o jogo marcado com a Espanha, chamado o avançado por Virgílio Paula, representaria para o atleta a sua única internacionalização “A” com a “camisola das quinas”.
Após cumprir mais de uma década com as cores do Benfica e de ter registado 202 golos em 200 partidas oficiais (outras fontes referem 272 golos em 269 jogos), seria já com a época de 1953/54 em andamento que Julinho deixaria o Benfica. Nos anos subsequentes, na mescla de tarefas dadas a um treinador-jogador, passaria por Coruchense e Benfica e Castelo Branco. Seria igualmente na aludida agremiação do distrito de Santarém que o antigo avançado decidiria passar a desempenhar, em exclusivo, as funções de técnico e, na nova carreira, ainda orientaria Marinhense, Alverca, Casa Pia, Torres Novas, Sacavenense, Alhandra e Vilafranquense.

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