128 - CAVÉM

Foi difícil fugir ao fado do futebol depois de saber o pai Norberto Cavém (Lusitano VRSA e Olhanense) e o tio Diogo Barrocal (Lusitano VRSA) a correr os campos da bola. Terá sido isso que influenciou Domiciano Cavém... influenciou-o a ele, ao seu irmão Amílcar Cavém (Sporting da Covilhã) e ainda aos primos João Barrocal (Olhanense) e à outra glória benfiquista, Tamagnini Nené!
É sabido que o contexto familiar teve um papel preponderante nas suas escolhas. Tudo terá tomado contornos mais decisivos quando o seu pai, à altura treinador do Lusitano de Vila Real de Santo António, convidou o jovem jogador para fazer parte do conjunto que comandava. Já na sequência de 3 temporadas como sénior e com a descida de divisão do emblema algravio, o convite do Sporting da Covilhã levou-o a juntar-se ao seu irmão na cidade serrana. Daí ao Benfica foi apenas um passo e a glória, para um Cavém resistente, lutador, intrépido e brioso futebolista surgiu normalmente.
Na Luz, onde, entre 1955 e 1968, jogou na direita e na esquerda, no ataque, no meio-campo e até na defesa, fez parte da geração que disputou as 5 finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Muito contribuiu para todas essas caminhadas. Porém, o golo marcado frente ao Barcelona, na final de Berna, terá sido um dos seus melhores momentos. Outro remate certeiro ficou igualmente famoso e ter marcado aos 15 segundos frente ao FC Porto, faz dele o recorde do golo mais rápido numa final da Taça de Portugal.
Caricata, ficaria também para a história a superstição da barba por fazer e as Taças dos Clubes Campeões Europeus ganhas pelos “Encarnados”. Segundo as palavras de Cavém, na noite anterior à final contra o Barcelona, “apareceu-me uma figura simpática, meio calva e com bigode, cujas feições me eram totalmente estranhas, aconselhando-me a não cortar a barba, no caso de querer vencer”*. No ano seguinte, sonho idêntico, onde "o velho semi-careca voltou a aparecer e ensinou-me como deveria marcar Di Stefano"*. O Benfica venceu essas duas edições. Já no que à derrota de 1963 frente ao AC Milan diz respeito, a conversa sempre foi outra e, por várias vezes, lamentou-se por não ter jogado de barba por fazer.

*retirado de “Almanaque do Benfica – Edição Centenário 1904-2004”, Rui Tovar,  Almanaxi (2003)

3 comentários:

Anónimo disse...

Cavém, se jogou além das posições de "extremo esquerdo" ou "defesa direito", foi muito esporadicamente.No tempo em que os jogadores eram de 1 a 11, ele,foi durante muito tempo o "11" e que,com a chegada de Simões, passou para o "2"...Estas foram as posições que Cavém teve no SL Benfica. ass-jose pedro

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Independentemente da frequência com que jogou numa ou noutra posição, uma coisa temos que concordar: Cavém, ao contrário dos normais polivalentes, não conseguia jogar mal, fosse onde fosse!!!

A MAGIA DO FUTEBOL disse...

Também passou por Viseu!

http://a-magia-do-futebol.blogspot.pt/2013/12/recordar-cavem.html