438 - RUMMENIGGE

Quando aos 18 anos viu surgir o convite do Bayern Munique, por certo, o primeiro alívio de Rummenigge foi - "Vou deixar o meu trabalho no banco!". Mas se realmente pensou que a sua nova rotina o iria afastar dessa palavra, é porque, com a emoção da mudança, porventura, terá esquecido que a equipa para onde se mudava era a campeã europeia em título. Foi assim que o talentoso médio-ofensivo (só anos mais tarde é que avançaria no terreno), em 1974, viu a sua habilidade técnica e prometedora inteligência, sentar-se junto dos outros suplentes. Por lá andou ainda durante uns tempos, e seria nessa perspectiva que assistiria à sua primeira final da Taça dos Campeões Europeus. Não jogou nessa derradeira partida de 1975, frente ao Leeds Utd, mas venceu. Já o ano seguinte, trouxe-lhe uma visão bem diferente dessa mesma contenda. Sim, voltou a conquistar o título, mas, desta feita, fê-lo no relvado, ao lado dos seus colegas de equipa.
A chegada à Bavaria do treinador Pal Csernai, o mesmo que em 1983/84 orientou o Benfica, trouxe a Rummenigge uma mudança no seu destino. O técnico húngaro achou que o atleta, devido às suas capacidades - velocidade, sentido posicional e veia goleadora -, serviria melhor junto aos defesas adversários. Não se enganou. Com isto, Rummenigge tornar-se-ia no mais preciso capital ofensivo do emblema. Com os golos a surgirem uns atrás dos outros, o avançado haveria de alcançar, por 3 vezes (1980, 1981, 1984), a marca de melhor marcador da "Bundesliga". Claro está, tantos golos têm a virtude de ser um sério benefício para qualquer equipa, e muito dos dois Campeonatos e das duas Taças alemãs vencidas por aquela altura, muito se devem à presença de "Kalle" no ataque.
Se no Bayern tudo corria de feição para o jogador, já a sua história na selecção foi um pouco mais frustrante. É verdade que Rummenigge venceu com a "Mannschaft" o Europeu de 1980. É verdade, também, que terá sido este título que o impulsionou para a conquista do "Ballon d'Or" desse mesmo ano (venceria, novamente, em 1981), no entanto, perder duas finais do Campeonato do Mundo, nunca é bom de se digerir!!! Apesar das derrotas frente à Itália (1982) e Argentina (1986), o seu nome ficará, para sempre, ligado à história dos ditos certames… nem que seja por fazer parte de um dos seus episódios mais caricatos. Diz-se que durante a meia-final de 1982, frente à França, quando Rummenigge saltou do banco, François Mitterrand terá exclamado qualquer coisa como: «Mon dieu, Rummenisch!». A premonição do, à altura, Presidente da República de França, não poderia estar mais certa, pois à custa do avançado germânico, com um golo e com uma assistência, o “placard” sofreria um definitivo volte-face, e os gauleses seriam eliminados.
A fase final da sua carreira, por assim dizer, levou-o ao "Calcio" e, numa fase posterior, à Suíça. No Inter, não se pode dizer que terá deixado os seus créditos por mãos alheias. É certo que não cumpriu o objectivo da sua contratação, o Scudetto, contudo, as suas exibições acabaram por ser convincentes e só não foram de maior gabarito, pois as lesões, durante esse período, teimariam em assolar a estrela alemã.
Como já o referimos, Rummenigge sempre foi tido, muito à custa da sua inteligência, como algo mais do que um simples futebolista. Essa percepção, também a tiveram os responsáveis do Bayern Munique que, em 1991 o convidaram para ocupar um dos lugares da direcção do clube, posto que, ainda nos dias de hoje, mantem.

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