437 - ZIDANE

Tendo sido afastado do seu lar muito novo, para ir jogar para as camadas jovens do Cannes, Zinedine Zidane sempre foi muito acarinhado pelos dirigentes do clube. A primeira prova disso, ainda este era bem miúdo, teve como protagonista um dos dirigentes, que ao vê-lo perturbado por estar longe de casa, o convidou para ir morar consigo e com a sua família. A segunda história curiosa, passa-se já o antigo médio pertencia aos quadros principais do emblema gaulês e por razão do primeiro golo por ele marcado. Ao que parece a promessa do Presidente já era antiga e acabou por ser paga nessa vitória frente ao Nantes, corria a temporada de 1990/91 (a sua 3ª). O prémio: um Peugeot 205 vermelho.
Quatro anos após a sua estreia e sem ser um jogador muito consensual entre a crítica dos adeptos, acusado que era de não jogar bem nas partidas difíceis, Zidane vê surgir o convite do Bordeaux. Então, em 1992, muda-se para os Girondins, da afamada região vinhateira, onde, uns anos mais tarde, haveria de ser treinado por Toni.
Por lá, o nível futebolístico, tal qual como a ambição, era diferente da que estava habituado. É certo que no Cannes já tinha provado o sabor das grandes competições (tinha feito a estreia na Taça UEFA frente ao Salgueiros), mas, diga-se sem qualquer tipo de complexo, a sua mudança levou-o a um caminho melhor. Aí começou a conviver com um plantel recheado de belíssimos jogadores, onde podemos destacar os nomes de Lizarazu ou Dugarry. Este ambiente, e toda a competitividade que nele nasceu, fê-lo melhorar muito as suas capacidades futebolísticas. Foi chamado à estreia na selecção principal francesa e apesar de nunca conseguir alcançar aquele que, talvez, seria o seu maior objectivo à altura, a conquista da Ligue 1, conseguiu chamar a atenção de emblemas de maior monta.
É certo que foi pelo Bordeaux que conseguiu a seu primeiro título: A Taça Intertoto de 1995/96. No entanto, muito mais importante para o evoluir da sua carreira, também muito à custa da chegada à final da Taça UEFA dessa mesma época (perdida para o Bayern Munique), foi a notoriedade que começou a ganhar a nível internacional. O Manchester Utd era um dos nomes que se cogitava como a nova morada de Zidane, mas o destino do internacional gaulês haveria de ficar, literalmente, em sentido oposto. Foi assim que em 1996, ano em que venceria o título de Melhor Jogador da Liga francesa, se mudou para Itália. A Juventus era a sua nova casa e haveria de ser, também, o seu empurrão para o grupo das estrelas do futebol mundial. Pois é, foi no "Calcio" que a vida profissional de Zidane começou a tomar os contornos daquilo que hoje conhecemos. Tanto a nível individual, como colectivamente, as vitórias sucederam-se umas atrás das outras. 1 Supertaça europeia, 1 Taça Intercontinental, 2 Scudettos e 1 supertaça italiana elevaram-no para um patamar de excelência, mas seriam aqueles dois golos de cabeça, na final do Mundial de 98 (vitória da França por 3-0, frente ao Brasil) que o exaltariam entre os adeptos, como o maior da sua época.
É verdade, aos jornalistas, Zidane tinha prometido que iria vencer o torneio disputado no seu país. Cumpriu e o seu maior reconhecimento chegou ainda nesse ano de 1998, tendo sido laureado com as duas maiores distinções que um futebolista pode ter: o Ballon d'Or da France Football e o FIFA World Player of the Year.
Por esta altura já Zidane se afirmava em toda a sua plenitude. Era um jogador de uma técnica refinada, com um "dribble" estonteante, uma visão de jogo primorosa e uma capacidade de passe mortífera... resumindo, um verdadeiro número 10! Por tudo isto, e pelo Europeu conquistado, em 2000 volta a vencer o FIFA World Player of the Year, que repetiria em 2003, já no Real Madrid. Aliás, seria para a capital espanhola que, pouco tempo após esta sua segunda consagração, se transferiria. Os "Merengues", onde já pontuavam, e pontuariam, estrelas com Luís Figo, Roberto Carlos, Casillas, Raul, Beckham e tantos outros, teimavam em juntar nos seus balneários uma verdadeira constelação de estrelas. Ora, nada melhor que 75 milhões de euros, recorde mundial para uma transferência, para que Zidane pudesse, também ele, inscrever o seu nome no rol daqueles que ficariam conhecidos como os "Galácticos".
Se objectivo deste ajuntamento de craques era o de dominar, incontestavelmente, o futebol, ele ficou um pouco à quem. Claro está que no meio de tanta classe, os títulos também foram aparecendo, onde se destaca a "Champions League"  de 2001/02.
2006 marcaria o final da brilhante carreira de Zidane. Não sem antes, como tantos se lembrarão, do episódio mais polémico por ele protagonizado. Nesse ano a final do Mundial disputado na Alemanha, punha, frente a frente, as congéneres Francesa e Italiana. E se é verdade que o facto de se encontrar a perder nesse jogo, já devia a estar perturbar Zidane, mais danado se pôs quando Materazzi, central italiano que ficou conhecido por tudo menos pelo “fair-play”, decide vilipendiar o nome de alguns familiares de "Zizou". Bem, a reacção do francês todos a conhecemos, e a mesma, essa famosa cabeça no peito do seu adversário, está hoje imortalizada numa estátua, autoria do artista franco-argelino Adel Abdessemed.

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