450 - JORGE VIEIRA

Por culpa do tempo, que tem por hábito esbater as conquistas e qualidades daqueles que já não estão entre nós, muitos não terão conhecimento que Jorge Vieira foi um dos nomes incontornáveis do futebol português. Sim, isto é um facto. Contudo, a piada é que o antigo atleta do Sporting é merecedor de figurar nos livros, não só pelo que fez dentro de campo… Huuummm! Não é bem assim! Bem, isto está a tornar-se muito complicado, não é? Então é melhor irmos com calma e contar as coisas uma de cada vez.
Jorge Vieira era ainda um miúdo quando descobriu a paixão pelo futebol e sobretudo o amor que tinha pelo Sporting. Foi por essa razão que decidiu sair de casa no Dafundo e percorrer a pé, com apenas 9 anos de idade, os quilómetros que separavam a sua morada do lugar onde o Sporting ia jogar, ou seja, o Campo da Quinta Nova, em Carcavelos. Para quê?!, perguntam vocês. Para assistir a um pouco de história; para assistir ao primeiro "derby" entre as "Águias" e os "Leões".
Foi essa mesma vontade que o fez prestar provas no clube do seu coração. Ficou. Começou nas categorias mais baixas, mas aos 17 anos já era parte integrante da equipa principal. Dizem que, pelo físico, o seu caminho fez-se na defesa. Aí era dono e senhor de um belíssimo jogo de cabeça e exímio no que aos desarmes diz respeito. Ainda assim, Jorge Vieira não era só “destruição”. Também sabia pôr a bola em andamento e um esférico nos seus pés, adepto que era do estilo inglês do futebol directo, transfigurava-se, velozmente, num lançamento para os colegas que procuravam a contra-ofensiva.
Jorge Vieira transformou-se num dos símbolos leoninos. Era uma atleta admirado mas, essencialmente, era um Homem respeitado pela conduta integra que sempre mostrou dentro de campo. Quando Francisco Stromp, em 1924, decidiu abandonar a competição, o defesa tomou o seu lugar como capitão de equipa. Incontestável no Sporting e dono de uma inegável qualidade, por essa altura também já era um dos nomes habituais da selecção. Aliás, a sua estreia com a "camisola das quinas" coincidiu com a primeira partida da mesma, o mítico Espanha - Portugal de 18 de Dezembro de 1921. Pelo nosso país, onde nos 18 primeiros jogos do conjunto luso só falhou apenas um, também chegou a capitão. Foi nessa condição que caminhou nos Jogos Olímpicos de 1928 e comandou, ao envergar a braçadeira, os colegas no primeiro grande certame internacional em que Portugal participou.
Até podia acabar assim a história de Jorge Vieira, mas a verdade é que estaria a cometer uma grande falha. Parece que estou a esquecer-me de algo muito importante, não é? Claro que não! Como tentei, de forma atabalhoada, dizer no início deste texto, o defesa não foi só um grande futebolista. Enorme conhecedor das regras do jogo, acabou por ser chamado, em 1921, a arbitrar uma partida. Foi desse modo que, no Espanha - Bélgica disputado em Bilbao, o jogador, para além de um imenso atleta, passou igualmente a ser o primeiro árbitro internacional português.

1 comentário:

Jorge Pimentel disse...

Conheci o sócio número 1...grande senhor