1479 - FRANCISCO STROMP

Como um dos fundadores do Campo Grande Football Club, Francisco Stromp faria parte do grupo que ficaria conhecido como “os dissidentes” e que, por divergências na maneira como a agremiação estava a ser conduzida, acabaria a decidir a formação de outro colectivo.
Seria na sequência desse primeiro episódio, que o referido conjunto de homens, no qual também estavam incluídos José Alvalade, o seu irmão António Stromp ou José Gavazzo, criariam, a 1 de Julho de 1906, o Sporting Clube de Portugal. Na nova colectividade, apesar de também praticar outras modalidades, casos do atletismo, do cricket, do râguebi ou do ténis, Francisco Stromp destacar-se-ia como um notável futebolista. Nessa modalidade, estrear-se-ia na equipa principal leonina na temporada de 1908/09 e ao longo de vários anos seria uma das mais proeminentes figuras da agremiação lisboeta.
No que diz respeito aos êxitos colectivos, o jogador, como capitão de equipa, o que na altura significava igualmente o desempenho das funções técnicas, guiaria o Sporting Clube de Portugal aos primeiros títulos. No topo desse rol de conquistas surgiriam o Campeonato de Lisboa e a Taça de Honra de 1914/15. Nos anos seguintes, como resultado do poderio da colectividade no contexto competitivo “alfacinha”, repetir-se-iam as vitórias nas aludidas competições, respectivamente, por mais 3 e mais 2 vezes. No entanto, o troféu mais importante da sua carreira enquanto praticante surgiria já nos derradeiros anos dessa caminhada. Nesse sentido, na campanha de 1922/23, a disputa do Campeonato de Portugal levaria os “Leões” à final frente à Académica de Coimbra. Numa altura em que, por razão do afastamento de Augusto Sabbo, também cumpria as tarefas de treinador, Francisco Stromp, mais uma vez a envergar a braçadeira de capitão, entraria em campo no Santo Stadium. Ao lado de nomes ilustres, casos do guardião Cipriano Santos, Jorge Vieira, Henrique Portela, Joaquim Ferreira, Jaime Gonçalves ou João Francisco Maia, a partida realizada na cidade de Faro serviria, ainda mais, para sublinhar a sua consagração e um golo da sua autoria ajudaria a fixar o resultado final num 3-0 favorável aos de verde e branco.
A sua categoria como jogador, permitindo-lhe a colocação, no terreno de jogo, tanto no desempenho das funções de médio, como nos trabalhos de avançado, muito para além da paixão pelo Sporting, levá-lo-ia a envergar outra camisola. Ao serviço da selecção de Lisboa, numa altura em que ainda não existia a selecção de Portugal, Francisco Stromp seria chamado a diversas pelejas. Nesse cenário, como prova da qualidade do misto “luso”, destacar-se-iam a vitória forasteira, a 27 de Agosto de 1910, frente ao Huelva, a recepção triunfadora ao Stade Bordelais Université Club, a 21 de Maio de 1911, ou ainda a digressão, realizada em 1913, que levaria o agregado lisboeta até ao Brasil.
Ainda no desporto, nomeadamente ao serviço do Sporting, Francisco Stromp executaria brilhantemente outras ocupações. Como dirigente dos “Leões”, passaria por diversos cargos. No entanto, a maior curiosidade, talvez não tão grande se atentarmos ao contexto desportivo da altura, iria para os seus desempenhos como árbitro de futebol. Já o remate de qualquer leitura, leva-nos a concluir a sua existência como a de um homem brutalmente apaixonado pelo emblema que ajudou a fundar, com os últimos anos de vida a pregarem-lhe uma enorme partida e a empurrá-lo em direcção a um fim deveras trágico.

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