458 - VÍTOR BAÍA

Tendo ouvido três versões sobre a ida de Vítor Baía para o FC Porto, deixo aos nossos leitores a opção de escolha para o início desta história. Então, dizem uns que, quando um "olheiro" do FC Porto decidiu, num jogo da Académica de Leça, observar um avançado e um guarda-redes, o treinador da dita equipa pensou que, ao pôr o guardião suplente, as perdas no seu plantel seriam minimizadas. Puro engano, pois o jogador que normalmente ocupava o banco era Vítor Baía, e assim, ao invés de ficar sem um, acabou com menos dois craques na equipa. Já outros dizem que, no dia em que Domingos (o tal avançado da primeira história) foi prestar provas às Antas, decidiu fazer acompanhar-se por um amigo. Estando os responsáveis também à espera de um guardião, não deram pela troca de identidades e acabaram por chamar a testes o tal companheiro do atacante, Vítor Baía. Já a terceira versão não difere muito da segunda, ou seja, dizem que Vítor Baía acompanhou Domingos, contudo, a mando do treinador de ambos e de maneira a enganar os portistas, que queriam antes o guarda-redes titular.
Independentemente de como chegou ao FC Porto, o certo é que, rapidamente, Vítor Baía soube conquistar o seu lugar dentro do clube. Já para o seu pai esta sua opção, a de uma vida de desportista, não foi recebida da melhor forma. Para o Sr. Manuel Baía, guarda-fiscal de profissão, a prioridade para os filhos, à parte das outras actividades em que estavam inseridos, teriam de ser os estudos. No entanto, tanta coisa junta - escola, treinos e jogos - começou a atrapalhar o quotidiano de Vítor. Assim, quando decidiu informar o seu pai da escolha pelo futebol, como podem imaginar, instalou-se a discussão. Felizmente o seu pai reconsideraria na sua proibição e, deste modo, o jovem jogador, haveria de prosseguir a sua carreira. Ainda bem que assim tudo se passou, pois, pouco tempo depois, devido à lesão Mlynarczyk (1988/89), Vítor Baía era escolhido para titular da baliza "Azul e Branca". Com esta chamada de Artur Jorge ao "onze" inicial, Vítor Baía, habitual no escalonamento titular da selecção portuguesa de s-20, abdicaria da participação no Mundial disputado na Arábia Saudita.
Boa escolha, dirão uns, má, dirão outros, mas o que podemos concluir é que esta opção fez com que conseguisse cimentar o seu lugar no clube. Foi desta maneira, com o à vontade que aí chegou, que também se tornou num dos ídolos dos adeptos. Dono das redes, passou a ser uma das figuras habituais nos relvados nacionais. As suas exibições mostravam-no, a cada partida, como um prodígio. A maneira como abordava os lances, a capacidade que tinha em controlar todo o espaço a si entregue, faziam com que a confiança nas suas capacidades aumentasse. Por essa razão, Artur Jorge, o mesmo treinador que já o havia elevado a principal elemento na defesa das redes portistas, chama-o para os trabalhos da selecção principal. A 19 de Dezembro de 1990, Vítor Baía conseguia a primeira de 80 internacionalizações pelo seu país. Com a camisola das "quinas" participaria nos maiores certames mundiais de futebol. Faltou-lhe a chamada de Scolari ao Europeu de 2004, organizado em Portugal. Injustamente, digo peremptoriamente, até porque, nesse mesmo ano, acabaria por ser eleito como o melhor da Europa na sua posição.
Outra coisa que não conseguiu alcançar na selecção, foi títulos. Já com as camisolas dos clubes que representou, FC Porto e Barcelona, não se pode dizer o mesmo. Vítor Baía conseguiu, inclusive, chegar ao topo dos praticantes com mais troféus conquistados na história do futebol. Assim, como podem imaginar, é extensa a lista de que é feito essa parte do seu currículo. Contudo, nunca é demais relembrar que pelo meio, Vítor Baía é "dono" de 1 Taça das Taças, 1 Supertaça Europeia (ambas pelo Barcelona), 1 Liga dos Campeões, 1 Taça UEFA e 1 Intercontinental (estas últimas ao serviço do FC Porto).

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