531 - HÉLDER

Se foi no Estoril-Praia que se estreou nos seniores, seria também pelos da Linha de Cascais que Hélder atingiria o patamar internacional. Corria a temporada de 1991/92, a sua primeira no escalão máximo do nosso futebol e a sua terceira como profissional, quando, para um particular frente à Holanda, Carlos Queiroz o leva à estreia na selecção nacional.
Ora, a sua primeira internacionalização acabaria por servir de mote para que, logo na época seguinte, os "Grandes" de Lisboa encetassem uma luta pelo seu concurso. O Benfica acabaria por levar avante esta corrida, e juntaria ao seu grupo de trabalho um dos defesas centrais mais promissores da altura. Forte fisicamente, com um sentido posicional superior, Hélder tinha ainda a vantagem de, ao contrário de muitos dos seus colegas de posição, conseguir tratar a bola com um cuidado excepcional. Estas suas características fizeram com que, rapidamente, conseguisse ganhar um lugar no "onze" das "Águias". Importante na conquista da Taça de Portugal de 1992/93 e no Campeonato Nacional do ano seguinte, o estatuto de Hélder ia ganhando maior destaque com o avançar dos anos. Considerado, com toda a justiça, como um dos melhores centrais portugueses nos anos 90, a importância que tinha no seio da defesa "encarnada" e da "Equipa das Quinas" era fulcral. Por Portugal, ao lado de Fernando Couto, faria parte do grupo que, comandado por António Oliveira, devolveria o nosso país aos principais cenários competitivos. Em Inglaterra, no Euro de 1996, jogaria todas as partidas do torneio. Tais exibições, de portentosas que seriam, acabariam por o pôr nas bocas do mundo.
Com tudo isto, adivinhava-se que a sua passagem pelo Benfica teria, para bem próximo, um fim certo. Com os da "Luz", por razão de severas dificuldades financeiras, a atravessarem uma grave crise, a saída de Hélder para o Deportivo acabaria por ser, muito mais do que um merecido prémio para o atleta, um importante encaixe para o clube. Chegaria a meio da temporada de 1996/97, e em Espanha, sem ser um dos mais preponderantes na manobra da equipa, conseguiria ser um membro muito importante. Contudo, nesta caminhada, uma grave lesão acabaria por arruinar a sua progressão.
Aleijado num joelho, Hélder, por consequência da tal mazela, ficaria afastado dos relvados por um longo período de tempo. Já depois da recuperação, o seu espaço na equipa galega ficaria bastante reduzido. No entanto, a certeza que as suas qualidades ainda estariam intactas, levariam com que outro conhecido do futebol português, ele que na Galiza já havia sido treinado por Carlos Alberto Silva e John Toshack, o escolhesse para reforço do seu grupo. No Newcastle, às ordens de Bobby Robson, faria, por empréstimo, uma temporada. Acabaria por falhar a vitória na "La Liga", arrecadada nesse ano pelos de La Coruña. No entanto, finda essa cedência, acabaria por garantir um lugar no plantel, dos anos vindouros.
Depois de mais duas temporadas no "Depor", deu-se o regresso ao Benfica. Os da "Luz", ainda não refeitos da pior fase da sua longa história, já caminhavam para um lugar mais solarengo. Com Camacho ao leme da equipa, e com Hélder a envergar a braçadeira de Capitão, o Benfica regressaria aos tão almejados títulos. Incrivelmente, essa vitória na Taça de Portugal de 2003/04, precederia nova saída de Hélder.
Sem a renovação do contrato, o defesa acabaria por prosseguir a sua carreira por outras paragens. Depois de defender as cores do PSG e de um "último suspiro" ao serviço do gregos do Larissa, Hélder, em 2006, poria um ponto final na sua vida de futebolista.
Hoje é o timoneiro da equipa "b" das "Águias". Os resultados, num clube que andou, durante demasiado tempo, afastado da sua "formação", são francamente animadores. A equipa secundária do Benfica é uma das mais fortes na Liga 2 (2014/15). Encontra-se nos lugares cimeiros e, com um terço do Campeonato realizado, enche de esperança todos os adeptos "encarnados".

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