860 - PHIL BABB

Tendo saído das “escolas” do Millwall, a única oportunidade dada a Phil Babb seria na equipa de “reservas”. Sem conseguir conquistar o seu espaço no conjunto de Londres, o jogador decidiria prosseguir a carreira noutro emblema. A mudança, no entanto, acarretaria uma certa privação. Ao contrário dos “The Lions”, que em 1989/90 frequentavam o patamar máximo inglês, o seu novo clube disputava uns escalões mais abaixo.
Na época seguinte, a de 1990/91, Phil Babb faria a primeira partida numa equipa sénior. Na “third division”, o atleta acabaria por ganhar um lugar no meio-campo do Bradford City. As boas prestações, conseguidas durante os 2 anos passados no clube, trariam os seus resultados. Mesmo estando a competir num patamar inferior, a verdade é que as suas qualidades começariam a ser apreciadas por emblemas de maior nomeada. Nesse sentido, é apresentado como reforço do Coventry e, em 1992/93, volta ao convívio dos “grandes”.
Na época a seguir à sua chegada às West Midlands, a carreira do jogador sofre um verdadeiro impulso. Já a jogar mais recuado no terreno, as suas exibições deixá-lo-iam bem visto. Como defesa, o atleta veria a sua velocidade, a capacidade de desarme e de marcação a inflacionarem a sua cotação. Para juntar às qualidades como futebolistas, também como Homem começa a ser visto como um grande exemplo. Por essa razão, a braçadeira de capitão fica ao seu encargo. No final da temporada mais um prémio e o central é votado pelos adeptos como o jogador do ano.
Paralelamente a tudo isso, aparecem na carreira do jogador as cores nacionais. Apesar de nascido em Inglaterra, o central daria a sua preferência à camisola da República da Irlanda. Depois da estreia em Março de 1994, Phil Babb veria o seu nome incluído por Jack Charlton na lista de jogadores a disputar o Mundial de 1994. No torneio organizado nos Estados Unidos da América o atleta é chamado a jogo em todas as partidas, ajudando o seu país a chegar aos oitavos-de-final.
No regresso a Inglaterra, Phil Babb ainda volta ao Coventry. Começa a temporada nos “Sky Blues”, mas a sua cotação já era alta de mais para que o clube conseguisse segurá-lo. É nesse contexto que aparece o Liverpool. Procurando resolver os problemas defensivos das campanhas anteriores, os “Red” decidem apostar forte no reforço do sector mais recuado. Pela mudança do internacional irlandês, o emblema de Merseyside pagaria qualquer coisa como £3,6 milhões. Parece pouco, mas na altura haveria de estabelecer um novo recorde para a transferência mais cara de um defesa na Premier League.
Entre 1994/95 e 1998/99, e apesar de só ter conseguido 1 League Cup (1994/95) para o seu palmarés, Phil Babb afirmar-se-ia como um dos atletas mais utilizados. Contudo, a chegada de Gérard Houllier viria alterar esse paradigma. Apoquentado por algumas lesões, que o deixariam em baixo de forma, o defesa acabaria por perder algum protagonismo. Na sequência desses episódios, o técnico francês, que já tinha ao seu dispor Sami Hyypia e Henchoz, decide emprestar o atleta. Em Janeiro de 1999 muda-se para o Tranmere Rovers e ajuda o clube do 2º escalão inglês a chegar à final da League Cup.
Já o Sporting entraria na sua carreira na temporada de 2000/01. O período em que representaria os “Leões” tornar-se-ia no mais prolífero em termos de troféus. No entanto, muito mais do que conseguir amealhar a Supertaça de 2000/01 e o Campeonato e Taça de Portugal da campanha seguinte, há um episódio que Phil Babb jamais esquecerá – “ «Lembro-me quando entrou no balneário: magrinho, com um cabelo enorme, ao estilo do Steve McManaman... Recordo-me que estávamos a fazer um exercício de ataque contra defesa. Aí, todos os atacantes vinham para cima de nós e vem na minha direcção um miúdo... Finta para aqui, finta para ali, passa por mim e coloca a bola no ângulo. Viraram-se todos para mim 'Babbsy, o miúdo deu cabo de ti' e coisas assim...". Ora, a seguinte tentativa foi ligeiramente diferente... "Finta para aqui, finta para ali, consegue o remate e eu acerto-lhe com o braço e mandei-o ao chão! Ele está no chão e viro-me para ele 'nunca mais!'. Começou a olhar para mim, sem saber o que raio se estava a passar. Ficou tudo em silêncio no treino... Acho que tive uma importante influência na carreira dele. Não será preciso dizer que foi para o outro lado e nunca mais voltou"»*.
Apesar de oferecido ao jogador um novo contrato, o defesa, por razões familiares, decidiria deixar Lisboa. No regresso às provas britânicas assinaria pelo Sunderland, onde, ao cabo de 2 temporadas, decidiria pôr um ponto final na sua caminhada como futebolista. Depois do “adeus” aos relvados, o antigo internacional orientaria a sua vida em diversas direcções. Para além de ter comprado parte da revista “Golf Punk” e de, como comentador, participar em programas da Sky Sports, Phil Babb daria primeiros passos como treinador nos amadores do Hayes & Yeading.

*retirado do artigo publicado em http://www.record.pt, a 12/11/2016

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