478 - FONSECA

Produto da formação do Leixões, seria no clube de Matosinhos, que Fonseca conseguiria os primeiros sucessos da sua carreira. Não falo de títulos, troféus ou qualquer coisa desse tipo. Refiro-me à notoriedade que, por razão das suas boas exibições, rapidamente conseguiu conquistar no seio do futebol português.
Tão boas foram essas suas prestações que o Benfica, ao fim de apenas 3 temporadas como sénior, decide apostar nele para reforçar o seu plantel. Claro que, por esta altura, o dono da baliza das "Águias" dava pelo nome de José Henrique, o mítico "Zé Gato". Ora, tendo em conta este contexto, não será surpresa nenhuma dizer-se que as dificuldades do jovem guarda-redes foram enormes. Nunca conseguiria impor-se como titular absoluto e, para piorar um pouco o cenário, poucas seriam as partidas em que viria a ser utilizado. Ainda assim, seria no Benfica que Fonseca conseguiria os primeiros títulos da sua carreira, ao conquistar 2 Campeonatos (1970/71; 1971/72) e 2 Taças de Portugal (1969/70; 1971/72).
De seguida, ainda contratualmente ligado aos "Encarnados", seguiram-se os empréstimos. Regressou ao Leixões e acabaria por fazer uma incursão por Espanha, onde vestiria a camisola do Ourense.
Foi já no seguimento desta sua experiência como emigrante que Fonseca assinaria pelo Varzim. Na Póvoa, onde esteve entre o Verão de 1975 e o de 1977, a sua vida como profissional conheceria uma outra dimensão. Reconhecido que era como um grande guardião, Fonseca haveria de ser chamado aos trabalhos da principal selecção nacional, conquistando frente à Dinamarca, num desafio pertencente à Qualificação para o Mundial de 1978, a sua primeira internacionalização "A".
Com este nova meta atingida na sua carreira, Fonseca vê o seu passo seguinte a aproximá-lo de outro dos grandes do futebol nacional, o FC Porto. Com esta mudança, logo nesse ano de estreia nas Antas, Fonseca veria o seu nome a entrar para a história dos "Dragões". A razão é simples e prende-se com a vitória no Campeonato Nacional... um Campeonato, apenas???!!! É verdade, hoje parece-nos impossível que um Campeonato, no que aos troféus do FC Porto diz respeito, seja tão badalado. Mas esse de 1977/78, não é um qualquer! Representa, isso sim, o fim de um longo jejum, que fez com que os de "Azul e Branco" estivessem 19 anos sem poder erguer o dito troféu.
Uma das histórias que Fonseca recorda na sua carreira, prende-se com um dos mais decisivos jogos dessa caminhada, o 1-1 nas Antas, frente ao Benfica, correspondente à 28 jornada - "O meu equipamento de jogo trazia-o sempre para casa e a minha mulher fazia o favor de me o ir levar no dia do jogo. Acontece que os portões abriram muito mais tarde do que a hora habitual... naturalmente que havia uma confusão tremenda! A minha mulher ia com o meu filho mais novo e carro foi abalroado, porque não podia passar. Eu estava a ficar um pouco nervoso porque as coisas não me apareciam à hora determinada. Chegou-me a notícia que a minha mulher não podia passar. Eu vim a correr pela rampa do Estádio das Antas, desesperado para ir buscar o equipamento. Passei o portão, descalço, faltava meia hora para começar o jogo, esquecendo-me até do que estava a acontecer com a minha mulher e com o meu filho".
Depois do FC Porto, onde ainda viria a conquistar outro Campeonato Nacional e uma Supertaça, a vida de Fonseca passa, mais uma vez, pelos espanhóis do Ourense, seguido de Famalicão e Desportivo de Chaves. Seria já na cidade flaviense que o guardião decidiria pôr um ponto final na sua carreira e onde viria a ter a sua primeira experiência como treinador.

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