1299 - JOSÉ AUGUSTO

Natural da Guiné-Bissau, seria nas “escolas” do Vitória Sport Clube que José Augusto terminaria o percurso formativo. Ainda no emblema de Guimarães, o defesa, que também podia posicionar mais adiantado no terreno de jogo, teria a oportunidade de subir ao patamar sénior. Lançado pelo treinador Mário Imbelloni na temporada de 1979/80, a presença de elementos com maior traquejo no plantel, haveria de dificultar a afirmação do jovem atleta. Aliás, as épocas seguintes, mesmo com várias mudanças no comando técnico vimaranense, não seriam muito pródigas para a sua evolução e, no final da campanha de 1981/82, o jogador deixaria a “Cidade Berço”.
Com poucas partidas disputadas durante os primeiros anos da carreira, a transferência para o Desportivo de Chaves, mesmo que a disputar os patamares inferiores, daria ao jogador mais oportunidades para melhor nutrir as capacidades futebolísticas. Ainda assim, seria necessária outra mudança para que, de forma mais concreta, conseguisse dar corpo à sua qualidade. No Desportivo das Aves a partir da temporada de 1984/85, José Augusto transformar-se-ia numa das figuras do plantel e, logo nessa campanha de arranque com o listado alvo-rubro, acabaria por inscrever o seu nome na história do emblema sediado no concelho de Santo Tirso.
Como elemento do plantel que venceria a edição de 1984/85 do Campeonato Nacional da 2ª divisão, o jogador seria igualmente um dos responsáveis pela primeira subida do emblema da Vila das Aves ao patamar maior do futebol português. Já no desenrolar da época cumprida entre os “grandes”, José Augusto manter-se-ia como uma das principais figuras do grupo de trabalho à guarda do Professor Neca. Contudo, a presença do defesa em 22 partidas da principal prova do calendário nacional, seria insuficiente para impedir a despromoção do clube. Também para o jogador, a descida seria “fatal”, pois, a partir dessa data, não mais regressaria ao escalão máximo. Ainda assim, as suas exibições seriam suficientes para mantê-lo no plantel e as 4 campanhas cumpridas com os “Avenses” fariam da colectividade uma das mais representativas da sua caminhada como futebolista.
Seguir-se-iam, numa carreira a entrar na última fase, as passagens pelo Olhanense, União de Leiria, as 4 temporadas com as cores da Associação Desportiva de Fafe e, ao ainda serviço da agremiação minhota, o fim do trajecto como desportista no termo da campanha de 1993/94. Todavia, o “pendurar as chuteiras” não significaria para o antigo defesa o afastamento definitivo da modalidade. Como técnico, José Augusto já carrega uma longa experiência. Reconhecido pelo seu trabalho como adjunto de Manuel Machado, foram inúmeros os emblemas pelos quais passaria. Nesse sentido, destaque para os anos com o Moreirense, Vitória Sport Clube, Académica de Coimbra, Nacional da Madeira ou com os gregos do Aris de Salónica. Há também que referir as épocas em que, na condição de treinador-principal, esteve à frente do Caçadores das Taipas.

1298 - JORGE DUARTE

Filho do “magriço” Manuel Duarte, Jorge terminaria a formação num dos clubes representados pelo seu pai. Também ao serviço da Associação Desportiva de Fafe, o jovem médio chegaria ao patamar sénior. Incluído no plantel principal da colectividade sediada na sua terra natal, seria no emblema minhoto, que, a partir da temporada de 1993/94, cumpria a primeira etapa do seu percurso competitivo.
Apesar de militar nos escalões secundários durante vários anos, onde para além de vestir a camisola do emblema acima aludido, também representaria o Tirsense e o Desportivo das Aves, o crescimento demonstrado por Jorge Duarte começaria a prometer uma oportunidade no patamar maior do futebol português. A ocasião, sem deixar o listado alvirrubro dos avenses, surgiria na temporada de 2000/01 e com o regresso do clube ao convívio dos “grandes”. Durante a dita campanha, ao preservar os números das épocas anteriores, o médio manter-se-ia como um dos pilares do conjunto inicialmente orientado pelo Professor Neca e, mais tarde, por Carlos Carvalhal. Mesmo com o 17º lugar da tabela classificativa a não dar como cumpridos os objectivos do colectivo, a verdade é que os índices do jogador afastá-lo-iam de ser arrastado na despromoção e acabariam por encaminhá-lo para um novo desafio.
No Vitória Sport Clube da temporada de 2001/02, Jorge Duarte não conseguiria convencer Augusto Inácio dos seus predicados. Pouco utilizado durante o ano cumprido em Guimarães, o Verão seguinte ao da sua chegada à “Cidade Berço”, empurrá-lo-ia para num rumo diferente. Não tendo a necessidade de mudar-se para muito longe, o médio passaria a vestir o equipamento do Moreirense e a campanha de 2002/03 devolvê-lo-ia ao estatuto de titular. Aliás, na minha singela opinião, as 3 épocas passadas na agremiação de Moreira de Cónegos tornar-se-iam no melhor período do seu trajecto profissional. Os números não deixariam muitas dúvidas e as 97 partidas disputadas no Campeonato Nacional, elevariam o atleta ao 1º posto dos jogadores com mais partidas realizadas pelo clube, naquela que é a prova mais importante do calendário futebolístico português*.
Com o fim do contrato que ligava o atleta ao Moreirense e com vários conjuntos primodivisionários no seu encalço, Jorge Duarte decidir-se-ia pelo ingresso noutro emblema também representado pelo seu pai. Ao dar preferência ao Leixões, o médio acabaria por regressar ao escalão secundário. Ainda assim, no desenrolar desses anos passados no Estádio do Mar, o jogador ainda teria mais uma experiência no escalão máximo e com a colectividade fundada em Matosinhos a conseguir a promoção, a temporada de 2007/08 tornar-se-ia na sua 6ª campanha, e última, a disputar a 1ª divisão do futebol luso.
Depois de 2 temporadas em que voltaria a envergar as cores do Desportivo das Aves, tornando-se o emblema do Concelho de Santo Tirso no clube mais representativo da carreira do médio, o jogador, terminada a época de 2009/10, decidiria ser a hora certa para “pendurar as chuteiras”. Apesar de retirado dos relvados, o antigo atleta não abandonaria a modalidade. Por um lado, tem tido algumas experiências no cargo de Director-Desportivo, como são exemplo as passagens pelo Trofense e AD Fafe. Em paralelo, a abertura de uma agência na área da gestão de carreiras, deu a oportunidade a Jorge Duarte de representar alguns futebolistas.

*nesse “ranking”, Jorge Duarte, no decorrer da temporada de 2021/22, seria ultrapassado por Fábio Pacheco

1297 - VITINHA

Formado no Benfica, seria como membro do plantel sénior do Estoril Praia, embora na condição de “emprestado” pelo emblema das “Águias”, que Vitinha surgiria no radar da Federação Portuguesa de Futebol. Com a “camisola das quinas”, o extremo-direito seria chamado aos trabalhos do patamar sub-20 e a 17 de Maio de 1979, pela mão de Peres Bandeira, conseguiria estrear-se no conjunto luso. Depois do particular frente a Espanha, o atacante ainda voltaria a representar Portugal e, com mais um par de participações no referido escalão e um golo frente ao Japão, coloriria o seu currículo com 3 internacionalizações.
Depois da entrada no António Coimbra da Mota na campanha de 1978/79 e logo para ser orientado pelo mítico José Torres, as 4 temporadas passadas no emblema da Linha de Cascais, com o interregno de um ano durante o qual seria cedido pelo Benfica ao União de Lamas, dariam a Vitinha o traquejo suficiente para ser aferido como um elemento valioso em qualquer plantel primodivisionário. As campanhas feitas ao serviço dos “Canarinhos” no escalão máximo português teriam continuidade, a partir da época de 1983/84, na margem direita do Rio Sado. No Vitória Futebol Clube, ao conservar na passagem pela cidade de Setúbal um número elevado de partidas disputadas na 1ª divisão, Vitinha encontraria no treinador Manuel de Oliveira uma fonte inspiradora.
Apesar de ter acompanhado o Vitória na despromoção que, na temporada de 1986/87, levaria os “Sadinos” a disputar o escalão secundário, Vitinha não perderia o ímpeto competitivo dos palcos maiores e, um ano volvido sobre a descida, já o avançado regressava ao convívio dos “grandes”. No Algarve, onde, na segunda campanha ao serviço do Farense, voltaria a encontrar-se com o seu antigo treinador em Setúbal, o inglês Malcolm Allison, o avançado somaria mais 3 campanhas ao currículo sénior. Com as duas primeiras a militar na 1ª divisão, curiosamente seria na última época no sul do país, a tal longe do patamar principal, que o atacante viveria um dos grandes momentos da carreira. Ao galgar as eliminatórias da Taça de Portugal, os “Leões de Faro” chegariam aos derradeiros desafios da prova. Mesmo sem entrar em campo na final, nem na finalíssima, o atleta contribuiria para as passagens nas rondas precedentes e desse modo, veria o seu nome arrolado como um dos intérpretes de tão importante feito.
Numa caminhada profissional com um total de 9 temporadas de cariz primodivisionário, os últimos anos como futebolista, trariam ao trajecto de Vitinha outros emblemas. O regresso ao Estoril Praia, o Amora, o Barreirense e o Fanhões antecederiam a última aventura do atacante. No Grupo Desportivo Negro Rubro, ao lado de nomes conhecido do futebol luso, como o paraguaio Sotil ou Hermano, antigo avançado com presença na 1ª divisão ao serviço do Sporting da Covilhã, o jogador acabaria por experimentar e vencer o Campeonato de Macau.

1296 - ROBERTO ASSIS

Filho de João Moreira, vigilante do parque de estacionamento do Estádio Olímpico Monumental, Roberto Assis seria persuadido pelo próprio pai a prestar provas no Grêmio. Dono de qualidades muito acima da média, o jovem praticante rapidamente convenceria os responsáveis pelas “escolas” do emblema de Porto Alegre do seu valor. Já integrado nos conjuntos de formação da colectividade gaúcha, o destaque dado às suas exibições levá-lo-ia também às jovens equipas à guarda da Confederação Brasileira de Futebol. Começaria pelos sub-15 e ao subir os diferentes degraus do “Escrete”, o médio-ofensivo acabaria chamado aos mais importantes certames a nível global. Nessa caminhada passaria pelo Mundial sub-16 de 1987, seria campeão na edição de 1988 do Sudamericano sub-20 e ganharia a medalha de bronze no Mundial sub-20 de 1989.
Também ao serviço do clube, a sua evolução daria indicadores muito auspiciosos. Nesse sentido e poucos dias após completar 17 anos de idade, Roberto Assis seria chamado à estreia na principal equipa do Grêmio. Porém, logo no começo dessa temporada de 1988, surgiria o assédio do Torino. Com medo de perder o atleta, que chegaria a ser fotografado com a camisola do emblema italiano, os dirigentes do emblema de Porto Alegre, com o “reforço” do contrato e a oferta de uma casa para a família, conseguiriam demover o futebolista de uma mudança para o “calcio”.
A permanência no Grêmio levaria o jogador aos primeiros troféus da carreira. Logo na campanha de estreia como sénior, Roberto Assis ajudaria o colectivo “tricolor” a conquistar o Campeonato Gaúcho. Repetiria a vitória no “estadual” nas épocas de 1989 e de 1990. Paralelamente, também a Copa do Brasil acabaria por abrilhantar o palmarés do médio. Na final de 1989, o atleta seria chamado ao “onze” inicial pelo treinador Cláudio Duarte e o golo por si concretizado logo aos 7 minutos de jogo, ajudaria o colectivo do Rio Grande do Sul a vencer a o Sport Recife por 2-1.
Já em 1991 uma grave lesão acabaria por condicionar a evolução do médio-ofensivo. Depois de recuperado, mas longe dos níveis que o tinham levado a ser aferido como uma das grandes promessas do futebol brasileiro, Roberto Assis, na temporada de 1992/93, seria apresentado como reforço do Sion. Mesmo longe dos palcos mais mediáticos do desporto mundial, os desempenhos conseguidos nas provas helvéticas e até nas pelejas sob a alçada da UEFA, levariam o Sporting a apostar na sua aquisição. Ao chegar a Alvalade ao lado de Outtara, avançado contratado à mesma agremiação suíça, o médio, nessa campanha de 1995/96, rapidamente perderia o encanto. Anunciado como um intérprete de técnica refinada, dono de um passe certeiro e capaz de entender o jogo de forma superior, também a marcação de bolas paradas serviria para publicitar as suas capacidades. Porém, a verdade revelaria um jogador completamente desenquadrado com a exigência competitiva das competições lusas. Ainda assim, contribuiria para a vitória na Supertaça, mas passados apenas alguns meses após a sua chegada a Lisboa, o futebolista seria cedido a outro emblema.
Numa senda de empréstimos, Roberto Assis vestiria as camisolas do Vasco da Gama, do Flamengo e, mais uma vez, envergaria as cores do Sion. Talvez pela “dobradinha” conquistada ao serviço do emblema helvético, uma nova oportunidade seria dada ao futebolista brasileiro e, com a temporada de 1997/98, o médio apresentar-se-ia em Alvalade. No entanto, tal como da primeira passagem pelos “Leões”, o jogador voltaria a desapontar. Já em 1998/99, também o Estrela da Amadora entraria na sua aventura portuguesa. Para infelicidade do atleta, os resultados conseguidos na Reboleira seriam parecidos aos obtidos de “verde e branco”. Seguir-se-iam, num trajecto um pouco errante, as experiências no Japão, no México, o regresso ao Brasil para representar o Corinthians e o final de carreira, em 2002, após vestir a camisola do Montpellier.
Depois de “pendurar as chuteiras”, Roberto Assis, mormente como empresário, manter-se-ia ligado ao futebol. Nessas funções, para além de representar outros atletas, passaria a gerir a carreira do seu irmão mais novo, o internacional “canarinho” Ronaldinho Gaúcho. Noutras tarefas, é dono do Porto Alegre FC, emblema fundado em 2006.

1295 - LUÍS VOUZELA

Terminaria a formação já como atleta do Académico de Viseu e numa altura em que ainda conciliava o desporto com a profissão numa pastelaria. Impossibilitado de manter ambas as actividades, daria prioridade ao desporto, mas os primeiros anos como atleta profissional, até pela intromissão do Serviço Militar Obrigatório, revelar-se-iam complicados. Ainda assim, depois da estreia nos seniores na temporada de 1992/93, Luís Miguel Silva Tavares, já por essa altura popularizado pelo nome da sua terra, a vila de Vouzela, acabaria por singrar no “mundo da bola”. Na campanha de 1994/95, ainda comandado por João Cavaleiro, o treinador que o tinha lançado na equipa principal, assumiria um papel de relevo no seio do conjunto “estudante”. Nessa evolução, bastaria mais uma época para que conseguisse um dos saltos mais importantes da carreira e as boas exibições na divisão de honra levá-lo-iam ao patamar máximo português.
A transferência para a União de Leiria na temporada de 1996/97, serviria de primeiro passo para afirmar o “trinco” como um futebolista de cariz primodivisionário. Durante as 6 temporadas passadas com o emblema sediado nas margens do Rio Lis, 5 das quais na 1ª divisão, Luís Vouzela viveria os melhores momentos da carreira. A valorização conseguida durante os esses anos, por culpa das boas campanhas nas provas internas, levariam o Sporting, no decorrer da época de 1999/00, a sondar o emblema leiriense com vista à mudança do médio para Alvalade. Contudo, as exigências feitas pela colectividade beirã inviabilizariam a ligação aos “Leões” que, meses mais tarde, consagrar-se-iam como campeões nacionais.
Também pelas posições cimeiras conquistadas pela União de Leiria, Luís Vouzela assumir-se-ia como um dos bons jogadores a exibir-se em Portugal. A grande prova do seu valor viria com a convocatória aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Arrolado por Rui Caçador à partida disputada em Marco de Canaveses frente à Alemanha, o médio-defensivo, a 15 de Agosto de 2000, acrescentaria ao currículo 1 internacionalização “B”. Porém, nem essa chamada faria com que o “trinco” desse o salto para um emblema com ambições de outra monta. Ainda assim, o jogador saberia manter-se na 1ª divisão e Santa Clara e Moreirense dar-lhe-iam ao percurso outras 3 temporadas entre os “grandes”.
Em 2006/07, após uma temporada no Beira-Mar, Luís Vouzela teria a oportunidade de dar azo às primeiras aventuras no estrangeiro. No entanto, as curtas passagens pelos cipriotas do Olympiakos Nicósia e pelos gregos do Niki Volou esbarrariam em incumprimentos salariais. Já de volta a Portugal, sensivelmente um ano após a partida, o médio continuaria a sua senda pelos palcos secundários. Desportivo de Chaves, Nelas, Penalva do Castelo, Académico de Viseu, Nogueirense e Oliveira de Frades acabariam por colorir uma carreira que terminaria em 2014 e com o atleta já com os 40 anos de idade cumpridos.
Após “pendurar as chuteiras” Luís Vouzela manter-se-ia ainda ligado à modalidade e durante alguns meses assumiria um cargo como dirigente do Académico de Viseu. Depois viria o trabalho na Câmara Municipal de Vouzela, a experiência como técnico dos Vouzelenses e a passagem pelos Estados Unidos da América, onde voltaria à prática do futebol. Já de regresso à sua terra e às funções no município, o antigo atleta retornaria também às tarefas de treinador, nomeadamente à frente do Campia e do Santacruzense.

1294 - VÍTOR GOMES

Ao destacar-se nas camadas de formação do FC Porto, onde, como júnior, chegaria a envergar a braçadeira de capitão, Vítor Gomes seria promovido à equipa principal dos “Azuis e Brancos” na temporada de 1968/69. Como um elemento de pendor ofensivo e, tendencialmente, a exibir-se mais encostado a um corredor, o jovem atleta, pela mão do treinador José Maria Pedroto, seria, numa partida frente à Sanjoanense, convocado à estreia na 1ª divisão. Naquela que foi a sua época de arranque como sénior, apesar de, na maioria das vezes, ser chamado à ficha de jogo na condição de suplente, as oportunidades, com uma frequência bastante satisfatória, repetir-se-iam ao longo da campanha. De igual modo, outras seriam as competições a fazer parte dessa etapa inicial e, prova de uma evolução bem positiva, a participação na Taça dos Vencedores das Taças entraria no currículo do futebolista como um merecido prémio.
Mesmo com o crescimento demonstrado durante a temporada referida no parágrafo inicial, Vítor Gomes deixaria o FC Porto e acabaria por dar continuidade à sua carreira noutro emblema. Na Académica de Coimbra a partir da campanha de 1969/70, o jogador integrar-se-ia num dos melhores planteis da história da “Briosa”. Ao partilhar o balneário com os irmãos Campos, com Maló, Artur Correia, Simões, Rui Rodrigues, Carlos Alhinho, Gervásio, Serafim, Crispim, Manuel António ou o veterano Augusto Rocha, também ele contribuiria para uma época cujo momento mais alto chegaria com os quartos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças. No entanto, apesar do brilharete colectivo, o número de partidas disputadas por si acabaria por ficar aquém do esperado. Sem abandonar o escalão máximo, a verdade é que as épocas seguintes, nos índices individuais do atleta, revelar-se-iam bem mais discretas. Para ser concreto, o futebolista só voltaria a destacar-se alguns anos depois e com nova mudança de camisola.
Mantendo-se na “Cidade dos Estudantes”, a transferência para a União de Coimbra coincidiria com a estreia do emblema beirão na 1ª divisão. No decorrer do Campeonato Nacional de 1972/73, Vítor Gomes, com 22 presenças em campo, destacar-se-ia como um dos elementos mais utilizados pelos três homens que passariam pelo comando técnico do emblema da “Cruz de Santiago”, a saber: Francisco Andrade, Zeca e Couceiro Figueira. No entanto, como é fácil de adivinhar pela “dança” dos treinadores, o clube não conseguiria cumprir os desígnios da manutenção e, também para a infelicidade do jogador, essa temporada transformar-se-ia na despedida do escalão máximo.
Daí em diante Vítor Gomes não mais regressaria à 1ª divisão. Mesmo afastado dos principais holofotes do futebol português, o atleta, mormente no patamar secundário, teria a oportunidade de envergar camisolas com grande tradição no desporto luso. Penafiel, Famalicão, Recreio de Águeda, Sanjoanense, União da Madeira, Oliveirense, Nogueirense e Arouca preencheriam um trajecto que no termo da temporada de 1985/86 e ao serviço do modesto Bustelo, acabaria por conhecer o seu final.

1293 - LUZ

Antes ainda de aparecer na equipa principal do Boavista, já Luz brilhava nos patamares de formação dos “Axadrezados”. Igualmente avaliado pelos responsáveis técnicos da Federação como uma grande promessa, o guardião seria integrado no grupo que, com as cores de Portugal, conseguiria qualificar-se para a edição de 1969 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Sob a alçada da dupla David Sequerra (seleccionador) e Francisco Polido (treinador), depois da estreia frente à Itália ainda nas partidas de apuramento, o jovem futebolista seria arrolado à comitiva com destino à República Democrática da Alemanha e, ao lado de nomes bem conhecidos do futebol português, casos de Laranjeira, Carlos Simões, Carolino ou Barbosa, disputaria a Fase Final do referido certame.
Com o empurrão dado pelas internacionalizações somadas com a “camisola das quinas”, o guarda-redes, na temporada de 1969/70, emergiria no conjunto sénior do Boavista. Com as “Panteras” recém-regressadas à 1ª divisão, Luz, ligeiramente atrás na luta pela titularidade, acabaria por quase dividir o lugar à baliza com Quim. Todavia, apesar dos bons números apresentados, a frequência das suas presenças na ficha de jogo não teriam continuidade na campanha seguinte. Aliás, daí em diante o jogador disputaria poucas partidas pelos “Axadrezados” e, por razão da falta de oportunidades, a relação entre o atleta e o clube terminaria com o fim da campanha de 1971/72.
Com a saída do Bessa, o jogador encetaria um longo caminho longe dos palcos principais do futebol nacional. Sporting de Espinho, Salgueiros e Paços de Ferreira também fariam parte dessa etapa, cumprida durante 8 temporadas consecutivas. Seguir-se-ia, ainda na 2ª divisão, a entrada no plantel de 1979/80 do Penafiel. A chegada ao conjunto rubro-negro daria a oportunidade ao guardião de inscrever o seu nome numa das mais importantes páginas da história da colectividade sediada no Vale do Sousa. Já como um guarda-redes experimentado, Luz daria ao último reduto penafidelense a força necessária para a inédita subida ao escalão principal. Com a estreia do clube no patamar maior do futebol português a acontecer na época de 1980/81, essa campanha serviria igualmente para devolver o atleta ao convívio dos “grandes” e, de alguma forma, dar outra justiça aos números do seu currículo.
Como um dos pilares das duas primeiras campanhas primodivisionárias do Penafiel, seria com a despromoção do clube ao escalão secundário que daria início a um novo périplo. Nessa senda, depois de uma curta passagem pela Sanjoanense, Luz teria ainda a oportunidade de, na temporada de 1983/84 e ao serviço do Recreio de Águeda, voltar às pelejas da 1ª divisão. O guardião regressaria também ao Paços de Ferreira que, com mais 4 temporadas cumpridas com a camisola dos “Castores”, tornar-se-ia no emblema mais representativo de toda a sua caminhada desportiva.
Após “pendurar as luvas” no final da temporada de 1987/88, o antigo guarda-redes manter-se-ia ligado ao futebol. No Paços de Ferreira, onde em épocas idas e em paralelo aos deveres de jogador, já tinha experimentado as tarefas de treinador, António Luz passaria a dedicar-se à vida de técnico. Numa carreira que durante os primeiros anos fá-lo-ia cirandar por emblemas do norte do país, o grande destaque terá de ir para às ligações erguidas no arquipélago do Açores, nomeadamente ao serviço de agremiações como o Vitória do Pico, o Fayal Sport Club, o Lajense ou o Flamengos.

1292 - RAMOS

Extremo dono de uma velocidade estonteante e de uma técnica bem acima da média, Manuel Ramos cedo começaria a destacar-se nas “escolas” do Farense. Tão boa seria a evolução demonstrada durante o percurso formativo que, como júnior do emblema algarvio, o atacante seria chamado aos trabalhos das jovens equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com a camisola de Portugal estrear-se-ia no escalão sub-17, a 01 de Junho de 1995 e pela mão de Rui Caçador. Essa partida frente à Áustria, a contar para o Torneio Internacional da Suíça, encetaria um percurso que levaria o atleta, entre o patamar referido, os sub-20 e sub-21, a somar ao currículo um total de 21 internacionalizações.
Também no clube, o crescimento demonstrado levá-lo-ia a ser aferido como uma grande promessa. Uma das provas desse valor emergiria com a convocatória do avançado à equipa principal, ainda no decorrer do último ano de formação. Com Paco Fortes como “timoneiro” do Farense, Ramos, nessa temporada de 1995/96, acabaria chamado à estreia na 1ª divisão. Progressivamente começaria a impor-se no plantel, não só como um elemento útil aos objectivos do colectivo sotaventino, mas como um dos melhores intérpretes do conjunto. No desenrolar da campanha de 1997/98, já o extremo havia conseguido posicionar-se como um dos mais utilizados da colectividade algarvia. Manteria esse estatuto na época seguinte e, por conseguinte, a mudança de emblema no defeso estival de 1999 transformar-se-ia numa enorme surpresa.
A real razão para a saída de Ramos, tal como veiculado pelos periódicos desportivos da altura, seria a rescisão unilateral, por parte do atleta, do contrato que o ligava ao clube. Ao alegar salários em atraso, o atacante deixaria o Algarve e acabaria por rubricar um novo vínculo com o Salgueiros. Porém, no emblema sediado na cidade do Porto, ao contrário do que a sua evolução vinha a revelar, o extremo não conseguiria atingir os níveis exibicionais de anos anteriores. Ao fim de um par de temporadas ao serviço da colectividade do bairro de Paranhos, o jogador acabaria por dar novo rumo à carreira e, com tal passo, afastar-se-ia do escalão máximo do futebol português.
A entrada na Ovarense marcaria uma nova fase no percurso profissional do jogador. A passagem pelo emblema vareiro na temporada de 2001/02 transformar-se-ia no primeiro capítulo de Ramos como um representante de emblemas a militar nos escalões secundários. Nessa senda, o destaque acabaria por ir para o regresso do avançado ao Algarve. Numa caminhada que terminaria em 2005, Lagoa, Almancilense e Quarteirense seriam os emblemas a colorir o derradeiro troço do futebolista que, com apenas 27 anos de idade, decidiria ser a altura certa para “pendurar as chuteiras”.

1291 - FÉLIX ANTUNES

Natural do Barreiro, seria no Luso que Félix Antunes começaria a dar os primeiros passos no futebol. Já a ligação às empresas da CUF, nomeadamente às unidades sediadas na capital, levá-lo-ia, na primeira metade da década de 1940, a vestir a camisola dos Unidos de Lisboa. Pelo colectivo “alfacinha” o atleta estrear-se-ia na 1ª divisão e, acima de tudo, destacar-se-ia como um praticante de fino recorte técnico e excelente entendimento do jogo.
Os seus predicados fariam com que os responsáveis pelo Benfica vissem nele um óptimo reforço. Entraria para o plantel principal das “Águias” na temporada de 1946/47 e como um futebolista feito. Porém, apesar de habituado às posições do meio-campo, o húngaro Janos Biri acabaria por adaptá-lo ao sector mais recuado. Na defesa, em sentido contrário ao habitual para a época, manteria com a bola a mesma relação de elegância de anos anteriores. Muito para além do “pontapé para a frente”, a sua leitura dos lances permitir-lhe-ia, de forma subtil, antecipar-se aos adversários. Já capacidade de sair a jogar com o esférico controlado, qualidade praticada com ambos os pés, levariam os passes certeiros de Félix a lançar também os companheiros mais avançados no terreno.
Com tanta habilidade, Félix rapidamente conquistaria um lugar de destaque no “onze” do Benfica. Nesse sentido, ainda que numa altura em que os rivais do Sporting dominavam o futebol português, o defesa, que chegou a ser aferido como um dos melhores da posição a nível internacional, tornar-se-ia num dos pilares dos sucessos a cargo das “Águias”. No que ao palmarés pessoal diz respeito, o atleta começaria com o triunfo na Taça de Portugal de 1948/49. Na mesma competição, depois da presença na final da referida campanha, ajudaria à vitória em 3 outras edições. Claro está, tão ou mais importantes do que os brilharetes na apelidada “Prova Rainha”, viria a conquista do Campeonato Nacional de 1949/50 e, no final da mesma campanha, a inolvidável Taça Latina ganha no Jamor, frente aos franceses do Bordeaux.
Também pelo “conjunto das quinas”, Félix trilharia o seu percurso. Após a estreia pela mão do seleccionador Armando Sampaio, o “particular” frente à Espanha a 20 de Março de 1949, daria início a uma caminhada que somaria 15 internacionalizações. Seria, no entanto, o derradeiro jogo disputado com as cores de Portugal que acabaria por mudar, de forma cabal, o seu percurso. Numa derrota de 9-1 frente à Áustria, o jogador, para além de ver avaliada a sua exibição como negligente, seria igualmente multado e apontado como um dos principais responsáveis pelo enorme desaire. Pior ainda, com o Benfica a pôr-se ao lado da Federação, veria o clube acrescentar outra coima ao castigo aplicado pela entidade maior do futebol nacional. Não muito tempo depois, no desenrolar da 3ª jornada do Campeonato de 1953/54, o placard desfavorável na visita ao Vitória Futebol Clube, traria ao intervalo uma acesa discussão no balneário “encarnado”. Com o insinuar da sua culpa no resultado negativo, o futebolista, ao sentir-se mais uma vez injustiçado pelo emblema da “Águia”, revelaria a revolta com o arremessar da camisola para o chão e com o lançar das chuteiras pelo ar. Quem não gostaria muito da atitude, apontando o gesto como um enorme desrespeito pela colectividade, seria o Presidente Joaquim Bogalho que, de forma irrevogável, suspenderia o defesa por um período de 3 anos!
Por razão da punição, Félix tomaria a decisão de deixar o Benfica e prosseguir a caminhada futebolística no Torreense e na 2ª divisão. No emblema do Oeste jogaria apenas a temporada de 1954/55, mas o suficiente para inscrever o nome na história da agremiação, como um dos intérpretes da primeira promoção ao patamar máximo.

1290 - MOREIRA

De quando em vez surge um jogador que, no repto de escrever a sua biografia, emerge à minha vista como um verdadeiro desafio ou, melhor dizendo, como uma meta praticamente impossível de cruzar! Alguns, logo à partida, consigo adivinhá-los com tais dificuldades. Porém, neste caso foi bem diferente e tendo em conta a importância que teve para o histórico emblema que o lançou e até para as jovens selecções portuguesas, nunca pensei em Manuel Moreira como uma enorme luta! Bem, é melhor começar a história…
Ao sobressair nas “escolas” do Leixões, o defesa, no último ano de formação, acabaria chamado pelo seleccionador David Sequerra para disputar o Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1961. No certame organizado em Portugal, juntar-se-ia a um grupo de jovens atletas onde é fácil destacar nomes como os de Peres, Serafim, Carriço, Oliveira Duarte ou Simões. Comandado no campo pelo treinador José Maria Pedroto, Moreira acabaria por ser um dos mais utlizados durante a competição. Já com o conjunto nacional a marcar presença na final frente à Polónia, a sua presença no sector mais recuado da equipa ajudaria à inviolabilidade da baliza lusa e, em favor da “camisola das quinas”, aos 4-0 do placard final.
A presença no referido torneio, onde somaria 4 jogos, elevá-lo-ia ao estatuto de grande promessa saída das camadas formativas do Leixões. Na época imediatamente a seguir à vitória de Portugal, a de 1961/62, Moreira acabaria promovido à equipa principal matosinhense e logo com o predicado de primeiro futebolista internacional do clube. Por coincidência, a subida a sénior coincidiria com a estreia do emblema nas competições europeias. Num plantel com grandes nomes, casos de Raul Machado, Jacinto, Osvaldo Silva ou Jaburú, a verdade é que, inicialmente, as presenças em campo escasseariam. Ainda assim, o técnico argentino Filpo Nuñez daria algum espaço ao defesa e, espantem-se!, ao jogador seria dada a oportunidade de participar nas duas partidas da Taça dos Vencedores das Taças frente aos romenos do Progresul de Bucareste.
A evolução demonstrada com o listado vermelho e branco da camisola do Leixões revelá-lo-ia, progressivamente, como um elemento de muita utilidade ao plantel. Com o trajecto trilhado a levá-lo somente às disputas primodivisionárias, Moreira teria na temporada de 1967/68 um dos melhores anos da carreira. Já a envergar a braçadeira de “capitão” e como um dos mais utilizados durante a referida campanha, o defesa posicionar-se-ia como um dos principais esteios das manobras tácticas da equipa comandada por António Teixeira. Curiosamente, quando tudo parecia indicar o contrário, o jogador começaria a eclipsar-se. Tal seria o “desaparecimento” que, depois de uma época de 1968/69 bem modesta e, ainda assim, com presença na Taça das Cidades com Feira, já não mais consegui acompanhar o seu rasto!
Custa-me a acreditar, mas pode ser possível, que o atleta, perto de completar apenas 26 anos de idade, tenha desistido do percurso desportivo! O que aconteceu de verdade, não sei! Tentei perceber, e esta parece-me a solução mais lógica para todo este “mistério”, a hipótese do defesa ter optado por prosseguir a carreira num emblema de um escalão inferior. Não muito usual para a época, também coloquei o pressuposto de uma contratação por parte de uma colectividade estrangeira. Em ambos os casos e depois de muito procurar, nada consegui apurar! Deixo-vos com a questão por responder e com a esperança de um dia deslindar o enigma!

1289 - EUSÉBIO

Após terminar o percurso formativo com as cores do Tirsense, a mudança para a equipa principal, na temporada de 1985/86, dar-se-ia sem a necessidade de cambiar de clube. Porém, com os “Jesuítas” afastados do escalão máximo, Eusébio, veria os anos iniciais do trajecto pelo patamar sénior a cingirem-se à disputa da 2ª divisão. Tal cenário acabaria por alterar-se na campanha de 1989/90. Ao ajudar à promoção conseguida no final da época anterior, o médio encetaria uma grande caminhada pelos palcos principais do futebol luso e sempre com números bem positivos.
Com a estreia entre os “grandes” a acontecer pela mão do Professor Neca, Eusébio não deixaria intimidar-se pelo salto competitivo e, desde logo, assumiria um papel preponderante na manobra táctica do conjunto sediado em Santo Tirso. Ao pautar-se como um elemento aguerrido, os equilíbrios por si conseguidos no sector intermediário dariam um enorme contributo aos desempenhos colectivos. Nesse sentido, num plantel que também contava com elementos de grande traquejo, casos do guarda-redes Lúcio, Tueba, José Maria, Quim, entre outros, o centrocampista tornar-se-ia num dos pilares do 9º posto conquistado no termo do Campeonato Nacional e, igualmente, um dos grandes responsáveis pela chegada da equipa aos quartos-de-final da Taça de Portugal.
Em termos individuais, a temporada seguinte também correria de feição para o médio. No entanto, a 16ª posição e a consequente descida de divisão do Tirsense, levaria Eusébio a procurar dar um novo rumo à carreira. Avaliado como um praticante de indubitáveis índices primodivisionários, o atleta seria apresentado como reforço do Sporting de Braga. Com a mudança para o Minho a acontecer na preparação da temporada de 1991/92, o atleta conseguiria manter-se como um elemento com muitas presenças em campo. Aliás, esse registo seria uma constante na grande parte da sua caminhada profissional e talvez por essa razão, sem desprimor para qualquer um dos emblemas, a sua mudança para o Beira-Mar tenha causado alguma surpresa.
A exactidão dos números acabaria por desenhar a transferência para a colectividade de Aveiro como o início de uma das relações mais importantes do trajecto de Eusébio enquanto futebolista. Nos “Aurinegros” a partir de 1993/94, as duas passagens pelo emblema a jogar em casa no Estádio Mário Duarte, empurrá-lo-ia para o momento mais alto da carreira. Pelo meio, sem deixar o escalão máximo, surgiria a campanha de 1995/96 a jogar de novo pelo Tirsense. Essa temporada feita ao serviço da agremiação fundada na sua terra natal, também traria para o currículo do médio um facto interessante e os 97 jogos cumpridos na 1ª divisão pela referida colectividade, transformá-lo-iam no 2º atleta na história do clube com mais presenças no patamar maior do futebol português.
De volta ao Beira-Mar, a temporada de 1998/99, em termos de troféus, tornar-se-ia na mais marcante da sua caminhada. Com a progressão na Taça de Portugal a encaminhar o conjunto aveirense até à final da prova, Eusébio seria um dos escolhidos pelo técnico António Sousa para entrar de início na derradeira peleja da competição. No Estádio Nacional, frente ao Campomaiorense, o médio transformaria a sua exibição num elemento pendular para o êxito colectivo e, frente ao emblema alentejano, contribuiria para a vitória por 1-0.
A partida disputada no Jamor viria a assinalar o final da ligação com o Beira-Mar, mas também o termo das suas participações primodivisionárias. Daí em diante, numa carreira já marcada pela fase descendente, Eusébio ainda representaria outros emblemas. Nesse sentido, Freamunde, Ovarense e o regresso ao Tirsense marcariam os últimos passos de uma caminhada que terminaria em 2002.

1288 - KOSTADINOV

Formado no Trakia Plovdiv, entretanto rebaptizado como Botev Plovdiv, Kostadin Kostadinov, muito mais do que ser visto como uma das promessas saídas das “escolas” do emblema búlgaro, acabaria por tornar-se, também como resultado de uma longa ligação, numa das grandes lendas da colectividade.
Atacante que tanto podia posicionar-se no centro do sector mais ofensivo ou mais descaído para a direita, Kostadinov caracterizar-se-ia como um intérprete dono de uma grande mobilidade, rapidez e com um “faro” para o golo bem acima da média. Ao entrar na equipa principal na temporada de 1975/76, o avançado não demoraria muito até conseguir conquistar o seu espaço. Tão boa seria a evolução demonstrada que, antes ainda de completar 20 anos de idade, seria convocado para a principal selecção do seu país. Chamado por Tsevtan Ilchev a um embate frente à Roménia, esse particular agendado para a cidade de Blagoevgrad a 14 de Fevereiro de 1979, encetaria um percurso que levaria o futebolista ao maior certame de futebol. Já cimentado como uma das grandes figuras da equipa nacional, seria no México que teria um dos momentos altos da carreira. Integrado num grupo com imensos nomes com passagem por Portugal, casos de Mihaylov, Radi, Petrov, Getov, Sadakov, Dragolov, Mladenov e Gospodinov, a sua ajuda levaria a Bulgária a atingir os oitavos-de-final do Mundial de 1986.
Também ao serviço do clube, onde partilharia o balneário com outros atletas bem nossos conhecidos, como é o exemplo de Slavkov, Bota d’Ouro e antigo elemento do Desportivo de Chaves, Kostadinov viveria momentos inolvidáveis. Internamente, na senda desses brilharetes e numa liga tradicionalmente dominada por outros emblemas, há que nomear o 2º lugar do Trakia em 1985/86. Claro que o maior destaque terá de ir para a conquista da Taça da Bulgária de 1980/81, onde, ao entrar como titular na derradeira partida da prova, contribuiria para a vitória por 1-0, frente ao Pirin Blagoevgrad. Para colorir ainda mais o currículo do jogador, existem, igualmente, as várias participações nas competições organizadas sob a alçada da UEFA. Nesse sentido, tenho de sublinhar a exibição do avançado na Taça dos Vencedores das Taças de 1981/82, onde colaboraria na vitória histórica frente ao FC Barcelona. Para finalizar há que mencionar o golo por si concretizado e que, na edição de 1984/85 da prova europeia ainda agora aludida, ajudaria a derrotar o Bayern de Munique.
Numa caminhada tão rica, Kostadinov teria também a oportunidade de experimentar alguns contextos competitivos de países estrangeiros. A primeira saída do atleta dar-se-ia na temporada de 1987/88 e em direcção a Portugal. Ao disputar as provas lusas, o avançado, mesmo ao não conseguir, de forma indubitável, assumir-se como um dos principais nomes arrolados ao alinhamento inicial do Sporting de Braga, acabaria por somar números bem interessantes. Ainda assim, o destino levá-lo-ia a outras paragens e, logo na campanha seguinte, o atacante apresentar-se-ia como reforço dos gregos do Doxa Dramas.
Já a terminar o trajecto enquanto futebolista, o atleta voltaria ao emblema que o tinha formado. De regresso a Plovdiv, jogaria ainda 2 épocas que contribuiriam para firmá-lo como uma das maiores figuras do emblema. Ao “pendurar as chuteiras” em 1992 e com 350 partidas disputadas na Liga búlgara, Kostadinov tornar-se-ia no 5º jogador do clube com mais presenças na prova. Já os golos, 106 concretizados na referida competição, deixá-lo-iam um pouco mais acima na respectiva tabela e elevariam o avançado ao 2º posto dos goleadores do Botev no Campeonato.
Já depois de retirado dos relvados, o antigo jogador manteria o elo à modalidade. Em muito desse trajecto ligado ao Botev, Kostadinov tem desempenhado os papeis de treinador, mas também de director.

1287 - KOSTADINOV

Como membro das jovens selecções búlgaras, com as quais, a exemplo, participaria nos Mundiais sub-20 de 1985 e de 1987, no Euro sub-21 de 1990 ou na chegada à final da edição de 1987 do Torneio de Toulon, também no CSKA Sófia, Emil Kostadinov depressa adoptaria um papel relevante.
Ao subir à equipa principal na temporada de 1984/85, onde encontraria diversos nomes bem conhecidos do futebol português, tais como Mladenov, Radi, Voynov, Slavkov ou Tanev, o jovem avançado conseguiria tornar-se numa das principais figuras do plantel. Aferido como um atleta de uma velocidade estonteante e dono de uma técnica e entendimento do jogo ímpares, acabaria por formar com Hristo Stoichkov e Lyuboslav Penev uma das parcerias mais famosas do emblema da capital e que, em certa medida, contribuiria para as conquistas de 3 Campeonatos, 3 Taças da Bulgária, 1 Supertaça, bem como ajudaria o clube a atingir as meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças de 1988/89.
Avaliado um dos elementos da equipa mais cobiçados pela Europa fora, com emblemas de Espanha e França no seu encalço, o avançado daria a preferência a uma transferência para o FC Porto. Com a entrada nas Antas a acontecer na temporada de 1990/91, Kostadinov encontrar-se-ia com o treinador Artur Jorge que, para aproveitar a sua rapidez, colocá-lo-ia em campo como extremo-direito. Mesmo ligeiramente afastado da sua posição, o jogador não estranharia a adaptação e, tanto nessa época de estreia com os “Dragões”, como daí em diante, assumir-se-ia como um dos mais importantes elementos da estratégia “azul e branca”.
Titular indiscutível, raras seriam as vezes, mesmo com a mudança de treinadores e o regresso às funções no centro do ataque, que o nome do atleta não apareceria na ficha de jogo. Nesse sentido, com o destaque a ser apontado à dupla composta com o internacional português Domingos, Kostadinov transformar-se-ia num dos principais responsáveis pelas vitórias do FC Porto em 3 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal e 4 Supertaças Cândido de Oliveira.
Tal como no percurso futebolístico, também com as cores do país natal, Kostadinov arrogar-se-ia como uma das grandes estrelas. Na principal selecção da sua pátria, o avançado estrear-se-ia a 24 de Dezembro de 1988, pela mão de Boris Angelov. Depois desse particular frente aos Emirados Árabes Unidos, num percurso recheado por 70 internacionalizações e 24 golos concretizados, o atacante teria a oportunidade de ser chamado a participar nos principais certames organizados no contexto da modalidade. Para além das convocatórias ao Euro 96 e Mundial de 1998, o destaque terá de ir para a presença do jogador no Campeonato do Mundo de 1994. Ao lado de Iordanov, Balakov, Mihaylov, Mihtarski ou do já aludido Stoichkov, a Bulgária surpreenderia tudo e todos e alcançaria o 4º lugar no torneio disputado nos Estados Unidos da América.
O resto da sua carreira, ainda que colorida por emblemas de renome, tornar-se-ia, no plano individual, um pouco mais pálida. Após a mudança para o Deportivo La Coruña já com a temporada de 1994/95 em curso, seria ainda durante a mesma campanha que Kostadinov encetaria a sua ligação ao Bayern München. No emblema bávaro viveria outro dos grandes momentos da sua senda competitiva, com a vitória na Taça UEFA de 1995/96. Depois seguir-se-ia uma fase mais errante da caminhada profissional e que levaria o atacante ao Fenebahçe, aos mexicanos do Tigres, ao regresso ao CSKA Sófia, e ao fim do percurso como atleta em 2000 e ao serviço do Mainz.
Voltaria a ligar-se ao futebol, com destaque para a entrada nos quadros da Federação búlgara, onde, a convite de Mihaylov, antigo guardião do Belenenses e Presidente da referida instituição, assumiria as tarefas de Director-Técnico.