795 - SRNÍCEK

Depois de ter passado por diversos clubes durante os anos de formação, seria no Banik Ostrava que Pavel Srnícek faria a estreia no patamar sénior. Com um arranque de carreira normal para um jovem atleta, as primeiras temporadas do guardião, na sombra do internacional checoslovaco Ludek Miklosko, seriam discretas. Contudo, e já na temporada de 1990/91, dar-se-ia uma mudança radical. Tendo conseguido assegurar a titularidade, a presença do emblema nas competições europeias também ajudaria a catapultar a sua carreira. Essa visibilidade faria com que outros emblemas perseguissem o seu concurso e, em Janeiro de 1991, o guarda-redes acabaria transferido.
Mesmo sem a cotação muito elevada, de Inglaterra apareceria a tal proposta para o jogador. O Newcastle, ainda que no 2º escalão, surgiria como uma oportunidade em tudo irrecusável. É certo que a vida nos “Magpies”, pelo menos nos primeiros tempos, não haveria de ser um mar de rosas para Srnícek. Ainda assim, os anos seguintes elevá-lo-iam a uma das estrelas tanto do conjunto “geordie”, como do seu país.
Aliás, um dos grandes prémios que a transferência para o Reino Unido traria, seria a sua elevação ao estatuto de internacional. Pela República Checa, Srnícek seria chamado ao apuramento para o Euro 96. Nessa partida frente à congénere de Malta, jogada em Outubro de 1994, o guardião daria o passo inicial para estar presente no primeiro grande certame da sua carreira. No referido evento de selecções, também ele disputado em Inglaterra, o atleta acabaria como um dos suplentes de Petr Kouba. Mesmo sem ter entrado em campo, ainda assim, faria parte do grupo que, contra todas as expectativas, conseguiria chegar à final do torneio. Na sequência dessa participação, e com a recusa da Alemanha em disputar a Taça das Confederações, a presença ficaria à responsabilidade da equipa 2ª classificada no Europeu. Com Pavel Srnícek já como “dono e senhor” das redes do seu país, e chamado ao “onze” inicial em todos os jogos, a República Checa acabaria por conquistar o “bronze” nessa edição de 1997.
Voltando ao seu percurso no Newcastle, os 7 anos e meio que passaria com o emblema do Norte de Inglaterra serviriam para cimentá-lo como uma referência para colegas e adeptos. Mesmo atravessando alturas em que a sua presença em campo não era a mais regular, a importância que mantinha no seio do grupo faria com que a sua dispensa, se é que alguma vez chegou a ser equacionada, nunca chegasse a concretizar-se. Muito para além de qualquer especulação, a verdade é que Srnícek participaria em momentos de extrema importância para o clube. Já com Kevin Keegan aos comandos, o guardião estaria no regresso da equipa ao escalão máximo. Depois dessa promoção à “Premier League”, conseguida no final da temporada de 1992/93, viria a luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa. A conquista do título, 3 anos após a subida de divisão, quase seria alcançada. Só não aconteceu, pois, a par de uma descida de forma do conjunto alvi-negro, um “super” Manchester United haveria de os ultrapassar na recta final dessa corrida e conseguiria arrebatar o troféu.
Tendo esse período em Inglaterra marcado a primeira metade da sua carreira, já a segunda parte caracterizar-se-ia por diversas mudanças de rumo. Com passagens por diversos campeonatos e diferentes emblemas, seria já na recta final do seu percurso profissional que Srnícek chegaria a Portugal. Foi já depois de Itália, onde vestiu as cores do Brescia e Cosenza, e de ter representado os britânicos Sheffield Wednesday, Portsmouth e West Ham, que chegaria a vez de defender a baliza do Beira-Mar. Em Aveiro ficaria duas temporadas. Após o primeiro ano, em que não conseguiria evitar a descida dos “Aurinegros”, a época de 2005/06 ficaria marcada pela conquista do Campeonato da Divisão de Honra.
Após um curto regresso ao Newcastle, Srnícek, em 2007, decidiria ser o momento certo para “pendurar as luvas”. Mantendo-se ligado à modalidade, fundaria a sua própria escola de futebol e, durante um par de anos, como treinador de guarda-redes, passaria pela equipa técnica do Sparta de Praga.
Pavel Srnícek faleceria em 2016, vítima de problemas cardíacos.

794 - RODRIGO FABRI

As boas temporadas feitas pela Portuguesa dos Desportos na segunda metade da década de 90, fariam com que um dos jovens talentos saídos das “escolas” do clube de São Paulo, começasse a ser apontado como um dos grandes craques do futebol brasileiro. Tendo sido considerado, logo nesses primeiros anos, como um dos melhores médios do campeonato “canarinho”, a convocatória para a selecção brasileira seria o resultado dessas boas prestações. Com essa chamada viria o melhor prémio e, em 1997, a sua presença na Taça das Confederações permitir-lhe-ia a conquista do primeiro troféu da sua carreira.
Tamanho destaque, faria com vários clubes na Europa tentassem a sua contratação. Roma, Deportivo La Coruña e Real Madrid seriam, nessa disputa, os nomes mais falados pela comunicação social. A escolha do médio recairia nos da capital espanhola e Rodrigo Fabri passaria a vestir de branco. No entanto, a opção revelar-se-ia desacertada e, tirando na apresentação e pouco mais, seriam raras as vezes que o centrocampista envergaria a camisola “merengue” – “Foi uma decisão errada, pois apesar de jogar a pré-temporada, nunca fui aproveitado na temporada regular. Tinham grandes jogadores no elenco que me tiraram o espaço”*.
Sucessivos empréstimos fariam com que o jogador passasse a andar numa roda-viva entre os dois lados do Atlântico. Flamengo, Santos, Valladolid, Sporting e Grêmio seriam as cores que envergaria durante os anos de contrato com os “madridistas”. Tendo tido, nas colectividades referidas, prestações de bom nível, a sua passagem por Lisboa também revelaria um atleta de fino recorte técnico. A importância que, nessa época de 2000/01, acabaria por ter em Alvalade, levaria os responsáveis do emblema “leonino” a tentar a sua contratação. Contudo, os valores exigidos pelo Real Madrid, insuportáveis para os “Verde e Brancos”, acabariam por fazer com que o clube português recuasse na sua intenção.
É já depois dessa fase de constantes cedências, que surge nova oportunidade em Espanha. Desta feita, vindo do Atlético, o convite feito ao jogador faria com que a esperança de conseguir vingar na Europa renascesse. Ainda assim, o médio atacante falharia mais uma vez nesse seu intuito. Mesmo tendo ainda jogado algumas partidas oficiais pelos “Colchoneros”, coisa que não tinha acontecido na anterior passagem pela cidade, o saldo acabaria também por ser negativo.
O regresso em definitivo ao Brasil, e ao Atlético Mineiro, levaria a que, a partir de 2004, alguns troféus começassem a colorir o seu palmarés. O Campeonato Brasileiro de 2006, vencido ao serviço do São Paulo, ou o “estadual” catarinense, conquistado com a camisola do Figueirense, seriam os títulos conseguidos nessa derradeira fase como profissional. Já em 2009, depois de uma última temporada pelo Santo André, Rodrigo Fabri decide ser a altura certa para pôr um ponto final no seu percurso de futebolista. Sucessivas lesões levariam a que atleta tomasse essa decisão e, apesar de ter continuado a manter a boa forma física em emblemas amadores, a sua actividade mudaria. Tendo decidido investir em diversas áreas de negócios, o antigo médio passaria a apostar na construção civil e na criação de gado.

 
*retirado de http://esporte.band.uol.com.br, publicado a 23/11/2016

793 - ROBERT

Desde tenra idade que Robert revelaria uma enorme aptidão para o desporto. Ainda longe de alguém pensar que haveria de brilhar como futebolista, seria no atletismo, em especial no triplo salto, que começaria por mostrar as suas habilidades. Todavia, o futebol estava no sangue da família e sendo filho de um avançado-centro, o pequeno Laurent acabaria por apaixonar-se pela modalidade.
Já integrado na selecção de Reunião, ilha francesa situada no Oceano Índico, Laurent Robert seguiria até à metrópole, para representar a sua região natal. No torneio dedicado exclusivamente a jovens, o pé canhoto do jovem jogador impressionaria a maioria dos “olheiros” ali presentes. Entre os vários clubes interessados na sua contratação, a escolha acabaria por recair no Brest. Contudo, a sua passagem pelo emblema da Bretanha seria curta e, passados apenas alguns meses, o esquerdino já estava ao serviço das camadas de formação do Montpellier.
No Sul de França acabaria por fazer a transição para as provas seniores. Numa realidade competitiva bem diferente, o jovem extremo acabaria por sentir algumas dificuldades de adaptação. Com uma forte concorrência dentro do plantel, só na temporada de 1995/96, a segunda com a equipa principal do Montpellier, é que Robert conseguiria merecer algum destaque. A partir daí, as suas capacidades começariam a projectá-lo como um dos bons talentos no futebol gaulês. Nesse sentido, poucos estranharam que outros emblemas fossem no seu encalço. O Paris Saint-Germain acabaria por vencer essa corrida e, no começo da temporada de 1999/00, o avançado acabaria por mudar-se para a capital.
Quase em simultâneo com a ida para a “Cidade Luz”, surge a sua primeira chamada à selecção gaulesa. Apesar de, durante a sua carreira, ter arrecadado apenas 9 internacionalizações, esse “particular” com a Irlanda do Norte acabaria por abrir-lhe as portas para um dos certames com a chancela da FIFA. Tendo participado em mais algumas partidas, o seu nome acabaria incluído na lista dos atletas a disputar a Taça das Confederações de 2001. No torneio organizado entre o Japão e a Coreia do Sul, Robert, tendo participado em 4 partidas, acabaria por ajudar os “Bleus” a chegar à final. No derradeiro encontro, com o jogador a entrar em campo aos 57 minutos, um golo de Patrick Vieira dar-lhe-ia o primeiro grande troféu do seu percurso como profissional.
A sua passagem pelo PSG, acabaria por servir de transição para aquela que terá sido a melhor fase da sua carreira. Sem ganhar qualquer título no “Parc des Princes”, os dois anos em que aí jogaria permitir-lhe-iam elevar o seu valor. Ainda sem ser uma das grandes estrelas do futebol europeu, o Newcastle, valendo-se das boas exibições feitas pelos parisienses, decidiria apostar na sua contratação. A transferência, consumada já com a temporada de 2001/02 a decorrer, levaria para Inglaterra um jogador que era conhecido pela sua técnica, bons cruzamentos e pontaria na marcação de livres. Na “Premier League” confirmaria tudo isso. No entanto, outra faceta sua emergiria. Acusado também de ser muito intempestivo, Robert haveria de enfrentar algumas acusações pela sua falta de entrega. Apontado como um jogador negligente, os problemas com os treinadores começariam a acumular-se. Já com Graeme Souness aos comandos dos “Magpies”, esse seu lado negativo agudizaria a má relação com os responsáveis do clube. No jogo de despedida, mais uma polémica. Após o apito final, o francês haveria de dirigir-se aos adeptos e, depois de oferecer todas as peças do seu equipamento, acabaria a correr em direcção aos balneários, somente em cuecas!
A derradeira fase da sua carreira acabaria por sublinhar os maus momentos passados no último ano em Inglaterra. Sem o fulgor de outrora, e demonstrando uma enorme falta de motivação, o atacante acabaria por representar vários emblemas. No espaço de 3 temporadas, Robert acabaria por vestir as cores de Portsmouth, Benfica, Derby County, Levante, Toronto FC e, para finalizar, dos gregos do Larissa. No meio de tanta mudança, a passagem por Lisboa haveria de ter o seu momento alto num dos clássicos do futebol português – “Joguei sobre a direita nesse jogo, numa diagonal sofri uma falta e marquei o livre. A bola saiu forte, bateu no chão e passou por cima do Vítor Baía (…). Acho que ele não foi muito feliz naquela jogada”*.

 
*retirado do artigo de Sérgio Pereira, publicado em www.maisfutebol.iol.pt, a 15/12/2009

792 - PABLO AIMAR


Descoberto no Estudiantes de Río Cuarto, seria no River Plate que Pablo Aimar terminaria a sua formação. No entanto, a mudança para Buenos Aires foi tudo menos fácil. Com o intuito que prosseguisse os estudos, o seu pai haveria de opor-se à sua ida para a capital. Consta que só concordou com essa ideia, depois de Daniel Passarela ter ido, pessoalmente, pedir-lhe autorização!
A sua qualidade técnica, associada a uma excelente interpretação das dinâmicas de jogo, levá-lo-iam, desde muito cedo, a impressionar os mais distintos adeptos da modalidade. Diego Armando Maradona, a esse propósito, diria que “El Mago”, apelido que viria a ganhar uns anos mais tarde, era o único futebolista que pagaria para ver jogar!
À margem dos elogios, e com relativa facilidade, o médio ofensivo conseguiria impor-se na equipa principal do River Plate. Os golos que marcava, e, na maioria dos casos, as bolas que oferecia aos seus colegas mais avançados, permitir-lhe-iam uma senda de importantes triunfos. Juntando os Torneios de “Apertura” e “Clausura”, as 5 vitórias na Liga Argentina, ou, entre outras distinções, a conquista do Mundial s-20 de 1997, serviriam para exponenciar o seu valor. Tanto destaque, faria com que da Europa, começassem a surgir interessados no seu concurso. O crescente assédio pelos seus préstimos, com vários emblemas na corrida, acabaria com a sua transferência para o Valência.
Contratado por Rafa Benítez em 2000/01, Pablo Aimar vestiria a camisola dos “Los Che” numa das melhores fases da história do clube. Com os seus toques de pura magia, o “playmaker” seria de enorme importância na conquista das “La Ligas” de 2001/02 e 2003/04. Durante essas 6 temporadas, também nas competições europeias o médio conheceria o sucesso. Muito para além da disputa final da “Champions” de 2000/01, a vitória na edição de 2003/04 da Taça UEFA seria um marco na sua carreira. Também pelo Benfica chegaria a mais 2 finais da referida competição, entretanto rebaptizada como Liga Europa. No entanto, e ao contrário da primeira presença, pelas “Águias” o atleta não conseguiria erguer o troféu.
Ainda antes da sua mudança para Lisboa, Pablo Aimar envergaria as cores do Zaragoza. Durante esses dois anos, o médio, ainda que com exibições de encher o olho, acabaria por ser muito fustigado por lesões. Aliás, essa era uma das críticas que, ainda durante o tempo em Valência, era alvo. No Benfica, esse seu aspecto mais frágil seria tido em conta pelos responsáveis da equipa e, tomadas a necessárias precauções, as prestações do atleta torná-lo-iam num dos favoritos da massa adepta.
Voltando um pouco atrás, a sua contratação pelos “Encarnados” em 2008/09, numa altura em que a participação em 2 Mundiais, numa Taça das Confederações e em 2 edições da Copa América faziam dele uma estrela de cariz internacional, ficaria marcada por momentos curiosos. Perseguido por emblemas como o Everton, a vontade de o trazer para Portugal superaria um sem número de obstáculos. Num derradeiro esforço para materializar esse desejo, entra em cena, como o próprio Aimar haveria de contar, uma das mais prestigiadas figuras do emblema “alfacinha” – “Ia para Inglaterra mas um homem como o Rui Costa apanha um avião, vai para a porta de tua casa e diz-me: «Vou retirar-me, quero que uses a minha camisola». É impossível ficar indiferente a este gesto. Depois agradeci-lhe o que fez porque o que vivi foi fantástico. Joguei numa equipa enorme com colegas de qualidade gigante”*.
5 anos de “Águia” ao peito renderiam ao seu currículo mais 5 títulos. 1 Campeonato e 4 Taças da Liga seriam o resultado de uma união que terminaria em 2013. Depois, viria a passagem pelos malaios do Johor FC e o adeus no clube que, na segunda metade da década de 90, o tinha lançado para o estrelato. Após essa despedida, e apesar de algumas propostas, Pablo Aimar manter-se-ia afastado do futebol. Felizmente, essa realidade mudaria já este ano (2017) e, a convite da Federação argentina, o antigo “astro” aceitaria o cargo de seleccionador dos s-17 do seu país.

 
*retirado do artigo de Flávio Miguel Silva, publicado no jornal “Record”, a 06/03/2016

791 - FYSSAS

Quando Fyssas chegou a Portugal, não era propriamente um desconhecido no mundo do futebol. No entanto, e sem ser um dos nomes mais badalados na modalidade, década e meia como profissional e várias chamadas à selecção grega, davam ao defesa a experiência necessária para que o Benfica visse nele um elemento importante para o reforço do plantel.
Tendo chegado na abertura do “mercado de Inverno”, o acordo entre as duas partes tinha sido selado em Novembro de 2003. Já depois desse encontro entre o atleta e os responsáveis directivos do emblema “encarnado”, o FC Porto, sem resultado, ainda tentaria desviar o lateral do Estádio “da Luz” – “Se eu fosse outro tipo de pessoa, talvez tivesse aceitado a proposta do FC Porto, tinha melhor equipa, o treinador era o José Mourinho... mas já tinha dado a minha palavra ao Benfica e tenho valores. Agradou-me o interesse do FC Porto, mas não podia aceitar, apesar de terem sido muito correctos comigo”*.
O Benfica, orientado por Camacho, ganhava uma nova alma para o lado esquerdo da defesa. É certo que os seus melhores anos já tinham passado. Não tão veloz quanto o desejado para alguém da sua posição, o lateral compensava essa sua fraqueza com uma leitura de jogo mais hábil. Ora, essa prática, apurada durante um longo percurso, vinha já desde 1990, ano da sua estreia pelos seniores do Panionios. No emblema de Nea Smyrni, cidade situada nos subúrbios de Atenas, o atleta passaria quase uma década. Durante esse intervalo, haveria de conquistar o primeiro grande título. Numa final que terminaria com o placard a assinalar 1-0, o clube de Fyssas conseguiria derrotar o Panathinaikos, acabando por vencer a Taça da Grécia de 1997/98.
Ironicamente, o emblema que se seguiria na sua carreira seria o Panathinaikos. Na capital, transferido a meio da temporada de 1998/99, o jogador acabaria por viver um dos seus melhores períodos como profissional. Semanas após a sua contratação, num desafio frente à Finlândia, Fyssas consegue a primeira chamada à principal selecção helénica. Já no que diz respeito às metas alcançadas com o clube, o esquerdino haveria de colorir o seu currículo com mais vitórias. Curiosamente, essas conquistas concretizar-se-iam numa altura em já jogava pelo Benfica. Tendo participado nessas competições ainda na primeira metade da temporada de 2003/04, o defesa acabaria também por fazer parte do rol de vencedores da Taça e Campeonato grego.
O ano de 2004 haveria de ser verdadeiramente prolífero para o lateral. Muito mais do que vencer a final da Taça de Portugal, desafio no qual marcaria um dos golos, Fyssas conquistaria o maior troféu da sua carreira. Pela selecção nacional, haveria de ser chamado ao Euro 2004. No torneio organizado em Portugal, no caminho para o derradeiro jogo, participaria em todas as partidas. Nesse último encontro, mais uma vez seria chamado ao “onze” titular. Como um dos principais pilares da equipa, ajudaria a Grécia a derrotar a “Equipa das Quinas” e acabaria por conquistar o tão almejado troféu.
Após mais uma temporada ao serviço do Benfica, e durante a qual, com as cores do seu país, participaria também na Taça das Confederações, Fyssas transfere-se para os escoceses do Hearts. Nesses que foram os últimos anos como futebolista, o fim do seu percurso aconteceria já no regresso ao Panathinaikos. Depois dessa temporada de 2007/08, onde seria treinado pelo português José Peseiro, o atleta decidira ser a altura certa para “pendurar as chuteiras”. A sua ligação ao futebol manter-se-ia e, como dirigente, há que destacar o seu trabalho na Federação Helénica.

 
*retirado do artigo de João Araújo, publicado no jornal “O Jogo”, a 08/01/2017

790 - PETER RUFAI

Peter Rufai nasceu filho do Rei de Idimu. No entanto, e longe das obrigações da família, a sua grande paixão era o desporto. Mas nem o facto de na sua casa o futebol ser visto com pouco entusiasmo, impediria o jovem príncipe de enveredar pela modalidade que tanto gostava. Começaria a carreira no seu país, passaria pelo Benim e, finalmente, viajaria até à Europa.
A sua chegada à Bélgica em 1987, onde também concluiria os estudos, aconteceria numa altura em o guardião já tinha vestido a camisola da Nigéria. Tendo participado na CAN de 1984, o seu estatuto de internacional permitir-lhe-ia a transferência para o Lokeren. Depois de ter representado clubes como o Stationery Stores, Femo Scorpions e o Dragons de L’Oueme, o ingresso num dos campeonatos do “velho continente” faria com o que o seu valor aumentasse. Com um físico imponente, reflexos felinos e uma atitude destemida, a sua importância no seio da selecção também cresceria. Chamado à Taça de África das Nações de 1988 e peça fulcral na conquista da edição de 1994, a sua presença no Campeonato do Mundo como que cimentaria a sua relevância para a equipa nacional.
A participação no Mundial de 1994, viria numa altura em que Peter Rufai já tinha representado, para além dos emblemas acima citados, os belgas do Beveren e os holandeses do Go Ahead Eagles. Apesar da inexistência de nomes sonantes no seu percurso, as boas exibições no certame organizado pelos Estados Unidos, projectavam uma grande mudança na sua carreira. Bem, essa alteração até surgiria! Todavia, e para grande espanto, a sua preferência recairia no Sporting Clube Farense. No Algarve, o guarda-redes encontraria um clube que estava a atravessar o melhor período da sua história. Orientado pelo catalão Paco Fortes, o emblema algarvio, logo nessa época de 1994/95, consegue a primeira qualificação para as provas europeias. Também pelas “Super Eagles”, o atleta conseguiria manter-se na linha da frente e seria convocado a jogar a Taça das Confederações de 1995. É então que, entre outros convites, surge o interesse de um dos “3 grandes” – “No caso do Sporting lembro-me bem, foi mesmo o Farense que me pediu para ficar e eu aceitei. Foi no final da época em que nos apurámos para a Taça UEFA. Não queriam que eu saísse e eu pensei que jogar a Taça UEFA ia ser muito bom e como gostava muito da minha vida no Algarve escolhi ficar”*.
Tendo ficado mais ano e meio em Portugal, o convite do Hércules faria com que Peter Rufai, já no decorrer da temporada de 1996/97, mudasse de país. Meia temporada no patamar cimeiro espanhol, seria suficiente para que um dos maiores emblemas da “La Liga” o contratasse. No Deportivo La Coruña, ainda que na sombra do camaronês Jacques Songo’o, o guardião viveria o sonho de jogar num clube de grande dimensão. Curiosamente, e mesmo sem conquistar a titularidade, o seu estatuto na selecção nigeriana manter-se-ia intocável. A prova disso mesmo viria com a convocatória para o Mundial de 1998, onde conseguiria ser um dos esteios da equipa.
Foi ainda durante a passagem pela Galiza que o seu pai acabaria por falecer. A questão da sucessão ao trono fica então em cima da mesa e, para resolver esse assunto, Peter Rufai viaja até ao seu país. Contudo, e ao contrário da pretensão da sua família, o jogador acabaria por abdicar – “Nunca quis ser Rei. Se aceitasse não poderia ser futebolista. Eu sei que ia ter uma vida boa, porque eu sei como viviam os meus pais. Mas aquilo não era para mim. Não me fazia feliz. Eu queria era o futebol”*.
Já depois de ter posto um ponto final na sua carreira, decisão tomada após uma temporada ao serviço do Gil Vicente, Rufai fez questão de manter a ligação à modalidade. Tirou o curso de treinador no Reino Unido (1999/00), começou a trabalhar com jovens na Bélgica e acabaria por fundar o seu próprio empreendimento. O antigo futebolista é o mentor do projecto Dodo Mayana Soccerthon e, de volta ao seu país natal, tem ajudado a formar novos talentos e a lançá-los profissionalmente.


*retirado do artigo de João Tiago Figueiredo, em www.maisfutebol.iol.pt, publicado a 21/01/2016

789 - SONKAYA

Filho de imigrantes turcos a residir na Holanda, seria no país de acolhimento que Fatih Sonkaya começaria a dar os primeiros pontapés na bola. Depois de ter passado por outros emblemas de menor nomeada, o fim do seu percurso formativo far-se-ia no Roda. No mais representativo clube da cidade de Kerkrad, e já após o empréstimo de um ano ao VVV Venlo (1999/00), as suas prestações haveriam de o pôr em plano de destaque. Não só no Campeonato holandês, como também no seu país de origem, as suas qualidades começariam a ser bastante elogiadas. É da Turquia que, no entanto, acabaria por surgir um dos maiores louvores aos seus primeiros anos como profissional. O atleta, a 20 de Abril de 2003, é chamado a representar a selecção nacional, fazendo a estreia num particular frente à República Checa.
Essa primeira internacionalização levaria o defesa, numa história bem curiosa, a disputar um dos grandes certames para selecções. Sendo a França a acolher a edição de 2003 da Taça das Confederações, o lugar para o vencedor do Euro, que pertencia aos gauleses, ficaria em aberto. A preferência recairia na Itália, segunda classificada no referido torneio do “Velho Continente”, que, ainda assim, declinaria o convite. A Alemanha, como finalista vencida do Mundial de 2002, e a Espanha, à altura no segundo posto do “ranking” FIFA, também recusariam participar. Conclusão: a vaga em aberto sobraria para a equipa que tinha ficado em terceiro lugar no último Campeonato do Mundo, ou seja, a Turquia.
Depois dessa participação, e como um dos atletas que, amiúde, era chamado à equipa nacional, o Besiktas, para a temporada de 2004/05, decide avançar para a sua contratação. Contudo, e numa altura em que no emblema turco tinha a concorrência de nomes como o do internacional espanhol Juanfran, as oportunidades conseguidas em Istambul seriam poucas. É então que surge o interesse do FC Porto. À altura orientado por Co Adriaanse, a equipa portuense procurava um substituto que conseguisse colmatar a saída do grego Seitaridis. Uma das escolhas do treinador holandês, conhecedor do seu trabalho, recairia sob Sonkaya. O pior é que o defesa, desde a sua saída do Roda, parecia ter entrado numa espiral descendente e, mais uma vez, não conseguiria agarrar um lugar.
Após o insucesso nessa passagem pelo Estádio do Dragão (2005/06), e depois dos empréstimos à Académica de Coimbra e Roda, a ligação ao emblema “Azul e Branco” conhece o seu fim. Durante algum tempo, nos jornais desportivos nacionais, ainda viria à baila o interesse de diversos emblemas. Tendo sido veiculada a sua ida para os turcos do Bursaspor, como para os alemães do Energie Cottbus, a verdade é que o defesa manter-se-ia desempregado até Janeiro de 2009.
Já última fase do seu percurso profissional, e bem longe do estrelado vaticinado a partir de certa altura, seria feita em cubes mais modestos. Passagens pelo Khazar Lankaran (Azerbaijão) ou pelo Kayseri Erciyesspor (Turquia) serviriam apenas para anunciar um fim de carreira bastante discreto. Essa caminhada acabaria por terminar na República Turca do Chipre do Norte e a envergar as cores do Cetinkaya TSK.

788 - LÉO

Saído das escolas do Americano, emblema de Campos dos Goytacazes, o início do seu percurso profissional haveria de ser algo agitado. Em constantes mudanças, Léo, nos primeiros anos da sua carreira, passaria por diferentes emblemas. Depois de ter merecido algum destaque na colectividade que o tinha formado, o União de São João decide então contratá-lo. Igual sucesso teria no seu novo clube e, nem a estreia no principal escalão do “Brasileirão”, atrapalharia a sua evolução.
O único revés nessas temporadas iniciais, aconteceria na ida para o Palmeiras. Sem que Luiz Felipe Scolari concedesse grandes oportunidades ao atleta, os poucos meses passados no Palestra Italia tornar-se-iam num pequeno desaire. Contudo, e como diz o povo, “depois da tempestade vem a bonança”. Ora, a sua transferência para o Santos provaria isso mesmo. Sendo um atleta que, apesar da baixa estatura, nunca soube virar as costas à luta, Léo conseguiria conquistar os responsáveis técnicos do clube de São Paulo. Na Vila Belmiro, as boas exibições levá-lo-iam a merecer a chamada ao “Escrete”. Com a principal selecção “canarinha”, o lateral-esquerdo participaria na Taça das Confederações de 2001. Todavia, a melhor participação no dito certame, estaria reservada para a edição de 2005. Numa equipa recheada de estrelas, onde estava incluído o benfiquista Luisão, o defesa daria a sua contribuição para a vitória do Brasil.
Voltando ao clube, também ao serviço Santos conseguiria o seu quinhão de conquistas. É certo que a primeira passagem não seria tão prolífera quanto a segunda. Ainda assim, e sendo um dos atletas mais utilizados no plantel, as temporadas que se seguiriam à sua chegada em 2000, dariam ao atleta 2 vitórias no “Brasileirão” (2002; 2004). Mas, muito mais do que qualquer título conquistado, aquilo que maior destaque merecia era a “raça” que Léo mostrava dentro de campo. Mesmo sendo um defesa seguro, também no auxílio ao ataque o lateral era bastante eficaz. Esses predicados fariam com que o Benfica, para a temporada de 2005/06, decidisse apostar na sua contratação. Apesar dos 30 anos de idade, as qualidades técnicas e a disponibilidade que sempre mostrou, permitiriam que a sua adaptação ao futebol europeu acontecesse com facilidade. Esse facto faria com que, logo à sua chegada, conseguisse conquistar um lugar no “onze” inicial. Nas 4 épocas que se seguiriam, o atleta venceria 1 Taça da Liga e 1 Supertaça. Contudo, a sua maior vitória seria a conquista do coração dos adeptos. Aliás, e como as suas palavras o comprovam, a paixão sempre foi reciproca – "Foram tempos muito bonitos. Identifiquei-me muito com o clube e com os adeptos. Eles sempre me trataram como se estivesse em casa. Estive aí em agosto e foi bonito de ver que fiquei na história do clube, não esperava ver-me nesse museu tão lindo. O Benfica fez sentir-me que fui especial para todos"*.
A sua saída do Benfica aconteceria na época de Quique Flores. O regresso ao Santos em 2009, haveria de dar ao atleta a oportunidade de conquistar alguns dos maiores títulos da sua carreira. Já numa fase descendente do seu percurso como futebolista, conseguiria, ainda assim, ser de extrema importância para os seus colegas. Ao lado de craques como Elano, Ganso ou Neymar, Léo ajudaria o “Peixe” a conquistar 3 “estaduais” paulistas, 1 Copa do Brasil, a Copa dos Libertadores de 2011 e, no ano seguine, a Recopa Sudamericana. Esta última fase da sua carreira acabaria também por contribuir para outros recordes. Léo tornar-se-ia num dos atletas com mais jogos feitos pelo emblema “alvi-negro” e, na era pós-Pelé, no jogador com mais títulos ganhos pelo clube. Ora, esta ligação seria celebrada em conjunto com outra data histórica. Por altura dos 100 anos da Vila Belmiro, Santos e Benfica juntar-se-iam num amigável e, desse modo, fariam uma homenagem ao defesa.

 
*retirado do artigo de Gonçalo Lopes, publicado em http://www.dn.pt, a 08/10/2016

787 - ROCHEMBACK


Saído das “escolas” do Internacional de Porto Alegre, Fábio Rochemback rapidamente conquistou a fama de ser um médio completo. A agressividade que mostrava a defender, em pé de igualdade com a sua aprumada técnica, davam-lhe a oportunidade para poder ocupar qualquer lugar no miolo do terreno. Tanto a “trinco”, como em tarefas mais ofensivas, o jovem atleta, na mudança do milénio, posicionava-se como uma das mais talentosas promessas do futebol brasileiro. Esse vaticínio seria cimentado com a sua chamada à principal selecção brasileira. Com apenas 19 anos, o jogador faria a sua estreia com a “Canarinha”, sendo, nesse mesmo ano de 2001, chamado a disputar a Copa América e a Taça das Confederações.
Claro está que, com tanto alarido, o seu valor aumentaria substancialmente. Na corrida que já se adivinhava, quem acabaria por ganhar o seu concurso seria o Barcelona. Contudo, a sua mudança para a Espanha não traria os resultados esperados. Mesmo após o normal período de adaptação, Rochemback nunca conseguiria atingir os níveis exibicionais exigidos a uma tão grande promessa. Muitos apontariam a sua irreverência, como a principal razão para falta de sucesso no emblema “blau-grana”. A confirmar isso mesmo, seriam, à altura, veiculadas algumas notícias que reportavam o seu mau comportamento e, pior ainda, quezílias com os colegas de equipa.
O azar de uns é a sorte de outros… Depois da desilusão na sua passagem pela Catalunha, é o Sporting que consegue o seu empréstimo. Tendo chegado a Alvalade na época de 2003/04, o médio conseguiria afirmar-se como um dos melhores jogadores do plantel. Nessa primeira temporada, seria eleito como um dos grandes futebolistas a actuar em Portugal. As suas “performances”, já nos anos que se seguiriam ao da sua chegada, manter-se-iam em níveis bem elevados, sendo, inclusive, um dos grandes obreiros da chegada dos “Verde e Branco” à final da Taça UEFA de 2004/05. Ainda assim, a sua passagem pelos “Leões” ficaria marcada por mais um caso de indisciplina. Após ser substituído num jogo frente ao FC Porto, Rochemback dirigir-se-ia ao treinador José Peseiro de uma forma abusiva, sendo alvo de um processo disciplinar.
A temporada de 2005/06 ainda começaria em Lisboa. No entanto, as boas exibições conseguidas ao serviço do Sporting, há muito que tinham despertado a atenção de outros clubes. Nesse sentido, o Middlesbrough acabaria por comprar o seu “passe” ao Barcelona. Os anos que se seguiram na sua carreira, 3 para ser mais exacto, passá-los-ia na “Premier League”. Na principal divisão inglesa, o jogador haveria de conseguir afirmar-se como um dos craques aí presentes e ajudaria o clube a chegar à final de uma competição europeia. Ainda assim, a presença no derradeiro jogo da edição de 2005/06 da Taça UEFA, haveria de trazer a Rochemback, mais uma vez, o amargo sabor da derrota.
Mesmo bem cotado, e finda a sua ligação ao emblema britânico, a sua decisão de voltar ao Sporting sobrepor-se-ia a qualquer outra proposta. Mesmo demonstrando uma forma pouco condizente com o seu papel de atleta de alta competição, condição que já vinha dos seus últimos tempos em Inglaterra, a época de regresso a Alvalade até seria positiva. Já o começo da temporada de 2009/10, sublinharia esse aprumo físico deficiente. Tendo perdido espaço na equipa, é então que surge a oportunidade de jogar no Brasil. O Grêmio, que até já tinha tentado a sua contratação no ano anterior, acaba por conseguir convencê-lo. No entanto, essa etapa no seu país marcaria a última fase do seu percurso profissional. Para além dessa nova passagem pela cidade de Porto Alegre, o médio defenderia ainda as cores dos chineses do Dalian Aerbin e, pondo um ponto final na sua carreira, passaria pelo Ipiranga de Sarandi.

TAÇA DAS CONFEDERAÇÕES

Um dia depois após Portugal, com um honroso 3º lugar, ter terminado a sua primeira participação na Taça das Confederações, o “Cromo sem caderneta” decidiu dedicar-se a este certame. Por essa razão, o mês de Julho será dedicado a antigos atletas que, tendo representado emblemas nacionais, também disputaram esta competição.