1588 - GOTTARDO

Lançado pelo União Barbarense, emblema da sua cidade natal, seria a contratação por parte do Guarani que lançaria o defesa-central na ribalta do futebol brasileiro. No conjunto sediado em Campinas a partir da temporada de 1982, nesse momento e nos anos vindouros, o jogador passaria a partilhar o balneário com nomes bem conhecidos do futebol português, casos de João Luiz, Roldão, Ricardo Rocha, Chiquinho Carioca, Gil Baiano, Zé Mário, Moroni e Marlon Brandão. Como um dos elementos do plantel chamado ao “onze” com bastante regularidade, o atleta começaria a ver a sua cotação a crescer e seria após uma curta experiência ao serviço do Náutico que o atleta teria no Botafogo o maior interessado na sua contratação.
Com a entrada no emblema “carioca” a acontecer na campanha de 1987, os anos seguintes, onde manteria a preponderância de épocas anteriores, empurrá-lo-iam para as vitórias nos“estaduais” de 1989 e de 1990. No entanto, apesar dos sucessos colectivos alcançados ao lado de Luís Gustavo ou de Donizete, Wilson Gottardo, talvez à procura de outros voos, decidiria mudar novamente de emblema. A verdade é que a aposta no Flamengo de 1991 viria a tornar-se na mais acertada e o defesa, logo no ano da chegada ao “Mengão”, estrear-se-ia pela principal selecção do Brasil. Integrado no “Escrete”, participaria na edição de 1991 da Copa América. No certame organizado no Chile, comandado por Falcão e ao lado de Ricardo Rocha e Branco, alinharia em 3 partidas como titular, mas veria a Argentina vencer o torneio. De volta ao percurso clubístico, as conquistas do “Rubro- negro” acrescentariam mais troféus ao seu palmarés pessoal e ao “estadual” e à Copa Rio de 1991, o atleta ainda somaria o “Brasileirão” de 1992.
Como um dos jogadores mais conceituados no Brasil, Gottardo, para a temporada de 1993/94, seria apresentado como o principal reforço do Marítimo. Inicialmente orientado por Edinho para, mais tarde, passar a ser treinado por Paulo Autuori, o defesa-central entraria para a história do emblema madeirense, como um dos elementos a participar na estreia dos “Insulares” nas competições de índole continental. Na Taça UEFA seria chamado à 1ª mão do embate frente ao Royal Antwerp, mas depois da presença em campo na derrota forasteira por 2-0, o jogador veria a agremiação belga a passar para a ronda seguinte.
Também no plano das provas internas, a passagem de Gottardo por Portugal não seria a mais pródiga. Apesar de utilizado com regularidade, algumas lesões atrapalhariam a sua afirmação no plantel dos “Leões do Almirante Reis”. Ao procurar tratar-se das mazelas num joelho, alguns meses após a chegada ao Funchal, o defesa-central regressaria ao Brasil e com a recuperação concluída assinaria um novo contrato com o Botafogo. No “Estrela Solitária”, integrado no plantel de 1994, o atleta iniciaria mais uma senda marcada pelo sucesso. Nesse sentido, com um curto empréstimo ao São Paulo pelo meio, o jogador seria figura fulcral na conquista, sob a alçada técnica de Paulo Autuori e lado-a-lado com o seu irmão Gerson Gottardo, do “Brasileirão” de 1995.
Após deixar o listado alvinegro por suposto atraso nos pagamentos salariais, o jogador prosseguiria a carreira no Fluminense de 1997. Seguir-se-ia, ainda no decorrer da mesma temporada, o Cruzeiro. Com a chegada a Minas Gerais, à imagem de momentos anteriormente vividos, o defesa-central tornar-se-ia numa das principais figuras dos desenhos tácticos da equipa. A referida preponderância, tal como no Botafogo, entregar-lhe-ia a braçadeira de capitão e, para além dessa responsabilidade, teria também o privilégio de vencer pelo colectivo de Belo Horizonte o Campeonato Mineiro de 1997 e de 1998, a Copa Libertadores de 1997 e a Recopa Sul-americana de 1998.
Com a carreira como futebolista a conhecer o fim ao serviço do Sport Recife, onde ainda venceria o Campeonato Pernambucano de 1999, a nova ligação de Wilson Gottardo com a modalidade seria já nas tarefas de treinador. Nas referidas funções, o antigo defesa passaria por diversos emblemas e para além de abraçar os projectos do Vila Nova, Bonsucesso, São José, Tupi ou CRAC Catalão, ainda aceitaria representar o Botafogo e o Resende, mas como dirigente.

1587 - ALEIXO

Descoberto pelo Sporting nas “escolas” do Montijo, Edmundo Fernando Silva Aleixo, depois de passar pelos “reservas” leoninos e após um regresso, por empréstimo, ao emblema aldegalense, estrear-se-ia na principal equipa dos “Verde e Brancos” na temporada de 1960/61. Porém, essa chamada sob a batuta do técnico argentino Alfredo González, partida disputada na Tapadinha, não teria continuidade. Aliás, o Serviço Militar Obrigatório levá-lo-ia, quase de seguida, até Moçambique e o Sporting de Lourenço Marques tornar-se-ia na oportunidade para o médio de características ofensivas prosseguir a carreira.
Pouco tempo passado sobre o regresso à metrópole, Aleixo seria apresentado como reforço do plantel do Varzim. Com os “Lobos-do-mar” a disputar a 1ª divisão, essa campanha de 1964/65, comandado por Artur Quaresma, daria início àquela que viria a tornar-se na maior ligação clubística do atleta. Ao longo de 7 anos consecutivos a servir o emblema nortenho e a partilhar o balneário com ilustres nomes da colectividade, casos de Quim Rosa, Sidónio, Fernando Ferreira ou Salvador, a referida passagem torná-lo-ia numa das figuras com mais jogos disputados pelo clube no escalão máximo. Para além dessas 125 históricas partidas, as quais representariam a titularidade em grande parte das campanhas cumpridas, o médio seria peça fundamental na manutenção do conjunto entre os “grandes” e em boas classificações, como vira a tornar-se o 6º posto conseguido com o termo do Campeonato Nacional de 1969/70. Ainda assim, a despromoção sofrida no fim da época de 1970/71 levá-lo-ia a prosseguir a caminhada competitiva noutras paragens e a mudança para o Boavista encaminhá-lo-ia para uma nova camisola.
A entrada no Estádio do Bessa na campanha de 1971/72, onde voltaria a encontrar-se com o treinador Joaquim Meirim, daria ao seu currículo, num cômputo de uma dezena de temporadas primodivisionárias, outras duas campanhas no patamar máximo do futebol luso. No entanto, ao contrário da titularidade conquistada em maior parte do período passado com as cores do Varzim, Edmundo Aleixo nunca conseguiria impor-se como um dos membros incontestáveis do “onze” inicial dos “Axadrezados”. Já a acusar alguma veterania, o médio tomaria então a decisão de deixar as “Panteras” para, na época de 1973/74 e ao oferecer-se às pelejas da 2ª divisão, passar a representar o Gil Vicente. Já o fim da sua carreira como futebolista ocorreria não muito longe de Barcelos e, ao descer mais um patamar competitivo, seria no Vizela que, com a conclusão das provas agendadas para 1974/75, haveria de “pendurar as chuteiras”.

1586 - FERREIRINHA

Ao começar o percurso formativo nas “escolas” do Tirsense, seria a entrada para a equipa de juniores do FC Porto que, na campanha de 1952/53, viria a dar um enorme impulso na sua carreira. Logo na época de chegada ao jovem conjunto dos “Dragões”, Fernando Ferreira, popularizado no “jogo da bola” por Ferreirinha, daria um enorme contributo para aquele que viria a transformar-se no primeiro título nacional, a nível do futebol de formação, da história dos “Azuis e Brancos”. Com o destaque conseguido pela mencionada conquista, o interior-esquerdo, caracterizado pela excelsa habilidade com o esférico nos pés, entraria no radar dos responsáveis pela Federação Portuguesa de Futebol. Com o conjunto luso a disputar a Fase Final da edição de 1954 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA, o atleta, a 11 de Abril de 1954, seria chamado, por Miguel Costa, à partida frente à República da Irlanda. Ainda no decorrer do certame disputado na República Federal da Alemanha, o jogador entraria em campo em mais 4 ocasiões e a somar à presença alcançada em 1958 pelos “esperanças”, o seu currículo ficaria colorido por um total de 6 internacionalizações.
Curiosamente, apesar de reconhecidas as suas qualidades, Ferreirinha, na altura de subir a sénior, veria o seu lugar tapado por outros colegas. Sem espaço no FC Porto, o atacante regressaria à terra natal para, na temporada de 1954/55, voltar a envergar a camisola do Tirsense. Mesmo com os “Jesuítas” a militar na 2ª divisão, o jogador não deixaria de mostrar ambição suficiente para, cumprido um par de campanhas, chamar a atenção de outras colectividades. A sua contratação pelo Sporting de Braga em 1956/57 mantê-lo-ia pelo degrau secundário do futebol luso. No entanto, a sua estreia no escalão máximo estaria para breve, pois, no final da última época referida, os “Guerreiros” conseguiriam a tão almejada subida.
Já no convívio com os “grandes”, orientado pelo magiar János Szabó, Ferreirinha manter-se-ia como um dos pilares do conjunto minhoto. Esse factor, par a par com as boas classificações colectivas, dar-lhe-iam o ensejo de, mais uma vez, retornar a um dos emblemas já por si representado. No FC Porto de 1959/60 acabaria por perder alguma da preponderância de anos precedentes. Ainda assim, a saída das Antas, um ano após o regresso à “Cidade Invicta” não deixaria de ser algo surpreendente. Seguir-se-ia o Vitória Sport Clube. Todavia, apesar de apresentado como um dos principais reforços dos vimaranenses para 1960/61, o interior, sob a alçada de Artur Quaresma, não conseguiria afirmar-se como um dos nomes habitualmente chamados ao “onze”. A tal titularidade viria a alcança-la logo na temporada seguinte. Ainda assim, ao contrário da esperada continuidade, o jogador voltaria a mudar de emblema e seria o Leixões, dessa feita, a recebê-lo. Após a passagem por Matosinhos, Ferreirinha aceitaria o desafio do Sporting de Braga e, tal como anteriormente, voltaria, na campanha de 1964/65, a disputar a 2ª divisão e, numa espécie de “déjà vu”, seria também uma das principais peças da nova subida e da época cumprida já no patamar maior.
A época de 1965/66 marcaria nova passagem vivida ao serviço da equipa principal do Tirsense. Contudo, essa experiência pelos “Jesuítas” proporcionaria ao atleta, já na temporada de 1967/68, a transição para as funções de treinador-jogador. Manter-se-ia em idênticas funções durante os anos seguintes, mas já com as cores do Famalicão. Depois abraçaria, em exclusivo, as tarefas de técnico. Passaria por clubes, casos do Sporting de Braga, Paços de Ferreira, Desportivo das Aves, Moreirense ou Leixões, mas seria no Riopele, colectividade que levaria à estreia na 1ª divisão, que voltaria a treinar na principal prova do panorama futebolístico português.

1585 - ANTCHOUET

Cedo despontaria no FC 105, emblema da capital gabonesa. Ainda em idade adolescente apareceria no conjunto principal sediado em Libreville e o destaque merecido logo nesses primeiro anos de carreira sénior levá-lo-ia a ser cogitado para as sendas da equipa nacional. Pela selecção do seu país, arrolado pelo brasileiro Antônio Dumas, treinador com algumas passagens por Portugal, o atacante marcaria presença na CAN de 2000 e num grupo a contar com outros conhecidos do futebol luso, casos de, Thierry Mouyouma, Théodore Nguéma e de Armand Ossey, Henri Antchouet viveria um dos grandes momentos na sua caminhada futebolística.
Seria após uma curta passagem pelos camaroneses do Canon Yaoundé que o atacante chegaria a Portugal. Apesar de apresentar uma estatura mediana, Antchouet caracterizar-se-ia por ser dono de uma velocidade estonteante e de uma condução com a bola nos pés bem acima da média. Com a entrada no plantel do Leixões rubricada para a temporada de 2000/01, onde voltaria a encontrar-se com Mouyouma, o jogador passaria a disputar a 2ª divisão “b”. Ainda assim, resultado directo dos desempenhos colectivos realizado nas campanhas seguintes, a sua cotação começaria a crescer. A alimentar tal contexto surgiria, em primeiro lugar, a chegada da agremiação matosinhense à final da Taça de Portugal de 2001/02. No Estádio Nacional, chamado à peleja por Carlos Carvalhal, o atleta faria parte do “onze” alinhado para defrontar o Sporting. Apesar da derrota, a comparência no Jamor, daria aos “Bebés do Mar” o direito de disputar a Supertaça e a Taça UEFA do ano seguinte. Em ambas as provas o internacional gabonês marcaria presença e o seu golo frente ao FK Belasica ajudaria à eliminação dos macedónios na referida prova de índole continental.
Pouco depois do arranque da campanha de 2002/03, face aos bons desempenhos registados até então, surgiria a sua transferência para o Belenenses. Com os “Azuis” a disputar a 1ª divisão, a estreia de Antchouet no escalão máximo do futebol português, dar-se-ia pela mão de Marinho Peres. Apesar do salto competitivo, o avançado não deixaria intimidar-se pelo acréscimo de exigência do novo patamar. Nesse sentido, conservaria o estatuto de titular, configurando-se, não só como uma das figuras do emblema lisboeta, mas também como um dos grandes destaques das provas lusas. Durante praticamente 3 anos, o avançado ajudaria o emblema a jogar em casa no Estádio do Restelo a cumprir as suas metas colectivas. Embora muitos desses objectivos pouco mais ultrapassassem a manutenção, a verdade é que o atleta conseguiria valorizar-se. A prova de tal acréscimo de importância viria, depois de em 2004/05 ter voltado a trabalhar sob a alçada de Carlos Carvalhal, com a transferência para uma das ligas de maior relevo a nível mundial. Todavia, a mudança para o Alavés não teria os resultados projectados e o jogador encetaria em Espanha um dos piores períodos da carreira.
Desadaptado à nova realidade, Antchouet entraria, quase de imediato, numa espiral de empréstimos. Vitória Sport Clube, os sauditas do Al-Shabab e os helénicos do Larissa, resultariam em novos insucessos. Pior ainda emergiria da passagem pela Grécia, onde, num controlo anti doping, o resultado positivo para o consumo de cocaína entregá-lo-ia a uma punição de 2 anos sem jogar. De regresso à competição, o atacante veria o Estoril Praia a abrir-lhe as portas. A frequentar o segundo escalão de 2009/10, o jogador ainda representaria no mesmo patamar, o plantel de 2010/11 do Moreirense. Seguir-se-ia a passagem pelo futebol da Índia e, depois da experiência no Churchill Brothers, o ingresso nos gauleses do Football Club des Gobelins Paris 13. Na modesta colectividade francesa viria a pôr um ponto final na caminhada enquanto futebolista, passando a desempenhar as funções de treinador, primeiro nas camadas jovens, para, mais tarde aceitar o cargo de adjunto no conjunto principal.

1584 - PIRUTA

Com percurso formativo concluído ao serviço do FC Porto, a subida ao patamar sénior afastá-lo-ia do Estádio das Antas. Aferido como dispensável no plantel dos “Azuis e Brancos”, José Soares de Freitas, popularizado no “universo da bola” como Piruta, encontraria no União de Lamas a oportunidade para dar seguimento à carreira. A disputar a edição de 1966/67 da Zona Norte do Campeonato Nacional da 2ª divisão, o médio começaria a destacar-se pela atitude intrépida e a roçar, por vezes, a raia do permissível. Como um elemento dono de uma entrega inabalável, o jovem jogador, após um par de anos cumpridos com a camisola negro-rubra, viria a conhecer um novo emblema. A mudança entregá-lo-ia a outra descida no patamar competitivo. Por outro lado, a transferência introduzi-lo-ia a um capítulo deveras importante e o Grupo Desportivo Riopele, ao longo dos anos, tornar-se-ia na agremiação mais representativa da sua senda como futebolista.
Com a entrada no emblema sediado no concelho de Vila Nova de Famalicão a ocorrer na temporada de 1968/69, Piruta passaria a integrar um projecto com ambições de monta superior ao escalão por essa altura disputado. Concluída a segunda campanha do médio no emblema fabril, num grupo de trabalho em que a estrela maior era Mascarenhas, o jogador tornar-se-ia numa das figuras da subida da colectividade minhota ao segundo patamar. Daí até a uma nova promoção, apesar da constante proximidade a tal objectivo, ainda decorreriam alguns anos. A meta, num grupo de trabalho comandado por Ferreirinha, seria atingida com o termo da campanha de 1976/77 e o 1º posto conquistado na Zona Norte da 2ª divisão, levaria o Riopele, na campanha seguinte, à estreia entre os “grandes”.
A verdade é que para Piruta, a temporada de 1977/78, ao lado de companheiros como Padrão, Jorge Jesus, Garcês, Fonseca ou Luís Pereira, desembocaria numa grande desilusão. Como um dos elementos mais utilizados pelo treinador mencionado no parágrafo anterior, a avaliação pessoal obtida pelo médio até seria positiva. Já em termos colectivos, com o Riopele a quedar-se pelo penúltimo posto da tabela classificativa, a história seria completamente diferente. No entanto, mesmo com o revés sofrido com a despromoção, o jogador, à altura capitão de equipa, decidira manter-se fiel à colectividade e ao estender a caminhada competitiva por mais duas épocas, continuaria a defender as cores do grupo minhoto.
Com o fim da carreira de futebolista a chegar com o termo da temporada de 1979/80, Piruta, ao manter-se ligado à modalidade, abraçaria as responsabilidades inerentes à posição de treinador. Nessas funções, mormente envolvido nas contendas dos degraus secundários, teria passagem por diversos emblemas. Riopele, União de Lamas, Freamunde, Vianense e Paredes transformar-se-iam igualmente nas cores de uma caminhada que viveria o seu vértice com a passagem pelo primodivisionário plantel de 1993/94 do Famalicão.

1583 - TELMO

Já com alguma experiência no futebol brasileiro, feita de passagens por Volta Redonda, Barra Mansa, Madureira, Sport e Central, Telmo Além da Silva chegaria a Portugal para representar o Campomaiorense. Porém, a estreia na 1ª divisão de 1997/98, já bem perto do termo da mencionada prova, ficaria marcada pelo azar – “(…) num célebre jogo com o Sporting, em Campo Maior, João Alves, então treinador dos alentejanos, lançou o lateral-esquerdo brasileiro Telmo, aos 63', a substituir Vincze. O jogo estava a correr de feição para os galgos, em vantagem no marcador, mas Telmo sete minutos depois cometeu um "penalty" perfeitamente escusado sobre Oceano, mesmo junto à linha de fundo, sem que o capitão leonino tivesse hipótese de criar perigo. Alves substituiu-o pouco depois, mas o erro estava feito e abriu caminho à reviravolta do Sporting, que venceu por 5-3”*.
No início da campanha seguinte à da sua chegada a Portugal dar-se-ia a transferência do defesa para o Santa Clara. A disputar o segundo escalão português, o retrocesso na caminhada desportiva, acabaria a dar-lhe a oportunidade de inscrever o seu nome na história da colectividade micaelense. Com o emblema insular a disputar os lugares cimeiros da tabela classificativa e com Telmo como uma das figuras de tal proeza, o fim da competição ditaria a inédita subida do conjunto açoriano. Mais uma vez na 1ª divisão, Telmo manter-se-ia como um dos pilares do “onze” idealizado por Manuel Fernandes. No entanto, as boas prestações do esquerdino seriam insuficientes para ajudar à manutenção e o jogador viveria a campanha de 2000/01 de volta às pelejas secundárias.
A meio da última época referida no parágrafo anterior, concretamente em Dezembro de 2000, Telmo acabaria transferido para o Sport. O regresso ao Brasil não duraria mais do que alguns meses e o lateral-esquerdo voltaria a Portugal e ao plantel de 2001/02 do Santa Clara. A cevar brilhantemente a sua cotação, o atleta, resultado das boas exibições lavradas pelo emblema sediado na cidade de Ponta Delgada, acabaria por cair nas boas graças de outra colectividade lusa. A mudança para o Sporting de Braga ocorreria na preparação da campanha de 2002/03. Todavia, a experiência com os “Guerreiros” teria duas fases bem distintas, com o primeiro ano a mostrar o defesa como um elemento amiúde arrolado às estratégias colectivas e uma segunda temporada a traduzir-se num verdadeiro ocaso.
O desaparecimento ocorrido na agremiação arsenalista levá-lo-ia a rubricar um contrato com um novo emblema. A mudança para o Varzim em 2004/05, afastaria o defesa da 1ª divisão. Ainda assim, mesmo apartado, em definitivo, do convívio com os “grandes”, o atleta, nesse momento, encontrar-se-ia com aquela que viria a tornar-se na mais importante ligação que haveria de conhecer no futebol. Daí em diante, a sua caminhada desenrolar-se-ia numa senda de mais de uma década passada com as cores dos “Lobos-do-mar”, ligação que viria somente a terminar, com o jogador já com 40 anos de idade, e após a conclusão das provas agendadas para 2014/15.
Com o “pendurar das chuteiras”, Telmo manter-se-ia ligado ao futebol e após a passagem como treinador nos patamares formativos do Varzim, seguiram-se as experiências como dirigente, primeiro ao serviço da AD Oliveirense, para, depois, vir a abraçar novo projecto com o emblema poveiro.

*retirado do artigo publicado a 01/11/2001, em www.record.pt

1582 - DRAGOLOV

Produto das “escolas” do Beroe, Vasili Ivanov Dragolov, como tantos outros jovens na sua condição, antes de conseguir afirmar-se na equipa principal do clube que o havia formado, teria ainda de passar por outro emblema. Com a estreia sénior a ocorrer no plantel de 1979/80 do Hebar Pazardzhik, para o avançado-centro seguir-se-ia o regresso à colectividade sediada na cidade de Stara Zagora. Ao passar a integrar o plantel principal dos “Verdes” na temporada 1980/81, o jogador encetaria uma longa caminhada onde, no decorrer de 8 campanhas consecutivas, contribuiria para os sucessos do colectivo e igualmente para cevar a sua cotação no futebol da Bulgária.
O primeiro desses êxitos viria com a inédita vitória do seu clube no Campeonato búlgaro. Num emblema habituado à luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa e por várias qualificações para as provas de índole continental, a época de 1985/86 traria a Dragolov várias novidades à sua senda competitiva. Nesse sentido, ao lado de nomes com passagens pelo futebol luso, casos de Peytchev, Kachmerov e Anguel Kostadinov, o ponta-de-lança tornar-se-ia numa das principais figuras da conquista referida no começo do parágrafo. Como primeira consequência dessa brilhante caminhada, ele que já contava com presenças nas “esperanças”, viriam as convocatórias para a principal selecção da Bulgária. Chamado ao “onze” por Ivan Vutsov, o atleta entraria em campo, a 23 de Abril de 1986. No entanto, após essa partida forasteira frente à Bélgica, viriam ainda: uma segunda internacionalização num jogo com a Coreia do Norte, um golo nesse encontro frente à congénere asiática e a sua inclusão na lista de desportistas a viajar para o Mundial de 1986.
No certame organizado no México, o atacante faria parte de uma comitiva a incluir um largo rol de atletas que ficariam conhecidos em várias colectividades portuguesas. Todavia, com Mihaylov, Petrov, Sadakov, Mladenov, Gospodinov, Getov, Radi e Kostadin Kostadinov, como componentes desse balneário, a Bulgária claudicaria logo na Fase de Grupos. Para piorar o cenário, Dragolov tornar-se-ia num dos jogadores sem qualquer minuto em campo na passagem pelo Campeonato do Mundo. Ainda assim, a sua cotação não sairia beliscada e o ponta-de-lança manter-se-ia como uma das figuras mais apreciadas no futebol do seu país.
O valor que soube manter ao longo de uma década como futebolista sénior levá-lo-ia além-fronteiras. Com a abertura do Bloco de Leste ao Ocidente e depois da passagem pelo plantel de 1988/89 do Levski Sofia, à altura denominado Vitosha Sofia, Dragolov teria a primeira experiência no estrangeiro. Com o avançar do seu trajecto desportivo, os gregos do Larissa e do Ionikos antecederiam a passagem por Portugal. Com a entrada no Torreense a acontecer na temporada de 1991/92, o ponta-de-lança apanharia o emblema saloio de regresso ao escalão máximo. Comandado por Manuel Cajuda, o jogador assumir-se-ia como um dos principais nomes da equipa. Porém, apesar de pertencer a um grupo com nomes de boa monta, as prestações colectivas, com o 16º lugar no termo do Campeonato Nacional, não mais dariam do que a despromoção. Mesmo assim, o atleta manter-se-ia no grupo a pelejar já no panorama secundário luso e a sua saída do conjunto sediado no Oeste verificar-se-ia apenas no final da época de 1992/93.
Depois do regresso à Bulgária, onde viria, de novo, a representar o Beroe e também o Cherno More, Dragolov acabaria por “pendurar as chuteiras”. Retirado dos relvados, o antigo avançado manter-se-ia ligado ao futebol e passaria a contar no currículo com as funções de treinador do Lokomotiv de Stara Zagora e de dirigente do Beroe.

1581 - MODAS

Com uma forte ligação ao Juventude de Évora, emblema onde completaria a formação e no qual faria a estreia como sénior, António Francisco Sargaço Modas ajudaria os alentejanos a cumprir aquele que viriam a tornar-se num dos melhores períodos da agremiação. Com a estreia no conjunto principal a acontecer na temporada de 1970/71, o defesa-lateral ou médio-ala, encetaria esse trajecto no 3º escalão. Ainda assim, tal caminhada desembocaria num período pródigo para os “Cacaruças”. Com o crescimento competitivo da colectividade, a passagem dos anos de 1970 para a década de 1980, em conjuntos orientados inicialmente por Fernando Peres e mais tarde por Dinis Vital e com planteis compostos por ilustres membros do universo futebolístico, tais como Jorge Jesus, Dário, Bolota, Sabú, João Peres, Coentro Faria, Barrinha, Luís Filipe, entre outros, traria para o currículo do jogador as lutas pelos lugares cimeiros na 2ª divisão. Mesmo sem conseguir atingir o degrau maior do futebol luso, essas épocas serviriam para aumentar a sua cotação e, essencialmente, para fazer crescer a cobiça de outros colectivos.
Apesar de ter o Juventude de Évora como a divisa mais representativa da sua passagem pelo futebol, a verdade é que seria a mudança para outro emblema que traria à caminhada de Modas os melhores anos da carreira. Com a transferência para o Ginásio de Alcobaça a acontecer na temporada de 1981/82, logo nessa campanha, onde voltaria a ser treinado por Dinis Vital, o defesa contribuiria para a chegada da colectividade sediada na região do Oeste às meias-finais da Taça de Portugal e, acima de tudo, daria um enorme contributo para a subida à divisão máxima. Já no convívio com os “grandes”, onde agremiação e jogador fariam a estreia, a sua utilidade manter-se-ia intacta. Aliás, o atleta seria um dos pilares do sector mais recuado idealizado, primeiro por Orlando Moreira e, com a saída deste após a 10ª jornada, sob a orientação de Edmundo Duarte. No entanto, a inscrição do seu nome em 24 rondas do Campeonato Nacional, marcá-lo-ia como um dos rostos do desacerto colectivo e da consequente despromoção vivida com o termo das provas agendadas para 1982/83. Ainda assim, Modas manter-se-ia fiel ao clube e só cumprida mais uma época no patamar secundário é que tomaria a decisão de voltar à sua cidade natal.
Dessa feita a representar o Lusitano de Évora, o regresso do jogador ao Alentejo levá-lo-ia a entrar no terceiro grande capítulo da sua senda competitiva. Com um par de anos feitos no Campo Estrela, seguir-se-iam, sempre nos escalões inferiores, o Atlético de Reguengos, o Juventude de Évora, o Sporting de Viana e o Mourão. Com o fim da carreira como futebolista a surgir, já nas pelejas “distritais”, com o selar da campanha de 1992/93, o antigo defesa manter-se-ia ligado à modalidade. De novo a representar o emblema que o tinha formado há mais de duas décadas, Modas passaria a dedicar-se às tarefas de treinador, mormente a cumprir funções nas camadas jovens do clube, mas também no conjunto principal.

1580 - VICENTE

Com o percurso formativo concluído com as cores do Varzim, Vicente Fangueiro Pereira teria a primeira oportunidade como sénior ao serviço do modesto Aguçadoura FC. Com um arranque de caminhada discreto que, após a estreia na temporada de 1984/85, ainda abrangeria, no par de campanhas seguintes, passagens por Marinhas e Ribeirão, seria a época de 1987/88 a apresentá-lo a uma colectividade de maior peso no cenário futebolístico português. Com a entrada no Famalicão, o médio passaria a disputar a 2ª divisão. No emblema minhoto, a caminhada do jogador tornar-se-ia numa roda-viva, com uma descida no termo do primeiro ano e com duas subidas consecutivas nos dois anos subsequentes. Contudo, mesmo tendo feito parte do grupo a ajudar à promoção ao escalão maior, o atleta haveria de mudar de colectividade e apresentar-se-ia, nas provas agendadas para 1990/91, a envergar novas cores.
Cobiçado por ser um elemento pleno de raça, a transferência para o União da Madeira introduzi-lo-ia na mesma à 1ª divisão. Num grupo de trabalho orientado por Rui Mâncio e com nomes míticos na história da colectividade insular, como Marco Aurélio, Lepi, Nelinho, Dragan ou Jairo, Vicente demoraria ainda algum tempo até conseguir asseverar-se como um dos pilares dos estratagemas tácticos montados. Tal afirmação emergiria com a temporada seguinte à da sua chegada ao emblema funchalense. Todavia, as várias aparições em campo seriam insuficientes para contrariar as fracas exibições colectivas e, por conseguinte, o 18º posto na tabela classificativa.
Mesmo com a descida, o médio manter-se-ia fiel ao clube e continuaria ligado ao União por mais uma campanha. Já de regresso ao continente, Vicente acabaria por assinar contrato com aquele que viria a tornar-se no emblema mais representativo da sua carreira. Com a chegada ao Felgueiras na temporada de 1993/94, o atleta faria parte da caminhada mais faustosa da história do conjunto a vestir de azul e grená. Ao encetar tal colaboração ainda na disputa da divisão de Honra, seria a entrada de Jorge Jesus para o comando técnico da equipa que viria a alterar todo o paradigma competitivo. Nesse sentido, seria com o termo das provas agendadas para 1994/95 que o jogador, juntamente com os companheiros de balneário, festejaria o regresso ao convívio com os “grandes”. Por outro lado, a época seguinte à ainda agora mencionada, daria ao centrocampista, com a estreia do emblema do Tâmega e Sousa na 1ª divisão, a oportunidade de inscrever o seu nome nos anais do clube. Contudo, mesmo num plantel composto por Sérgio Conceição, Leal, José Carlos, Teixeira, Abel Silva, Clint, Costa, Lewis, Coelho, Baroni, Amaral, Rosário, Earl, Krstic, Bozinovski, entre outros nomes consagrados no futebol luso, a verdade é que uma segunda volta desastrosa no Campeonato Nacional ditaria a descida da agremiação.
Com a temporada de 1997/98 a ditar o fim da ligação entre o médio e o Felgueiras, o atleta entraria na fase mais errante da caminhada enquanto futebolista. Longe dos principais palcos do futebol, os regressos ao Varzim e ao Famalicão, dariam início a diferentes experiências, todas elas de um ano apenas, a levá-lo ainda a envergar as camisolas do Bragança, Paredes, Ermesinde e Tirsense. Em 2002/03, depois de, com as cores dos “Jesuítas”, ter “pendurado as chuteiras”, surgira a altura certa para Vicente calçar as sapatilhas e nas quadras de futsal passar a representar o Rio Ave.

1579 - MESIANO

Nascido em Buenos Aires e com uma longa carreira na Argentina, Enrique Mesiano assentaria essa caminhada competitiva em emblemas como o Huracán e o Club Atlético Nueva Chicago. No entanto, apesar de ser um praticante de gabadas qualidades, o seu trajecto acabaria traçado, em grande parte, na disputa dos escalões secundários do mencionado país sul-americano. Tal trilho, mormente cumprido com as cores da agremiação sediada no bairro de Mataderos, escondê-lo-ia da atenção de agremiações de monta maior e afastá-lo-ia, talvez por idêntica justificação, das chamadas à camisola “alivceleste”.
Uns bons anos mais tarde, seria como dono do currículo aludido no parágrafo anterior que Mesiano entraria em Portugal. Apresentado como reforço do plantel de 1953/54 do Atlético, o extremo, por toda a habilidade logo revelada, depressa conseguiria um lugar de destaque no “onze” do emblema “alfacinha”. No popular bairro da capital lusa, o atleta começaria por encontrar-se com outros conterrâneos. Aliás, a época da sua chegada à Tapadinha coincidiria com a contratação de outro argentino, o atacante António Castiglia. Para completar a trindade de futebolistas nascidos no “País das Pampas”, Mário Imbeloni, esse com os encargos entregues a um treinador-jogador, marcaria também presença no grupo de trabalho alcantarense.
Apesar de assente o contexto competitivo da agremiação de Lisboa, não só nos intérpretes argentinos, mas num plantel riquíssimo, os anos seguintes trariam ao clube essencialmente lugares da segunda metade da tabela do Campeonato Nacional da 1ª divisão. Composto o conjunto igualmente por nomes como os internacionais Ernesto, Germano, Ben David ou Carlos Martinho, a verdade é que o Atlético andaria fugido das lutas cimeiras. Já Mesiano, apesar de iniciar a senda com as cores do emblema do bairro de Alcântara como titular, veria a veterania a causar alguns estragos no que concerne à sua condição e desempenhos corporais. Tais lesões, a afectá-lo principalmente a partir da campanha de 1955/56, começariam a subtrair presenças suas ao alinhamento inicial. Progressivamente a perder o estatuto de titular, ainda assim, o jogador, com os seus predicados técnicos e tácticos a sobreporem-se às outras questões de ordem física, continuaria a justificar um lugar no plantel do clube. Pior, no que ao cenário colectivo diz respeito, viria com a temporada de 1956/57. Com o emblema “alfacinha” a não conseguir prestações a oferecer-lhe uma posição para além dos últimos postos da grelha classificativa, o termo da referida época resultaria numa despromoção e as derradeiras exibições do atacante, com a aludida descida, seriam cumpridas nas contendas secundárias.