1221 - AZEVEDO


Depois da estreia pelo Barreirense, seria já como atleta do Luso que João Azevedo acabaria a prestar provas no Benfica. Apesar de ter agradado, um desentendimento com o treinador Vítor Gonçalves por causa do dinheiro para a viagem de regresso a casa, levá-lo-ia a prometer que não vestiria mais a camisola das “Águias”. Pouco tempo após esse episódio, o guardião assinaria pelo Sporting. Mesmo com Jaguaré e Artur Dyson à sua frente na disputa por um lugar à baliza, o jovem atleta não deixaria intimidar-se. Começaria essa temporada de 1935/36 na sombra dos outros dois colegas, mas para o fim da referida campanha já tinha conquistado a titularidade.
Manter-se-ia como elemento do “onze” leonino praticamente a carreira toda. Apesar de não ter uma estatura impressionante, a habilidade que demonstrava na defesa das redes vinha muito da atitude destemida, sentido de abnegação e de uma agilidade felina. “Hércules do Barreiro”, “O violino das balizas”, “Gato de Frankfurt” ou “Tigre Português”, seriam alguns dos epítetos que ganharia durante o percurso desportivo, tanto com a camisola do Sporting, como com as cores de Portugal. Muitas dessas alcunhas surgiriam de outros tantos episódios vividos durante as pelejas competitivas. Ao serviço do colectivo nacional luso, com exibições brilhantes frente à Alemanha e à Espanha, ganharia, respectivamente, os dois últimos títulos acima aludidos. Muitos mais circunstâncias contribuiriam para outros tantos “baptismos”. Conta-se que num “derby” frente ao Benfica, para decidir o desfecho do Campeonato de Lisboa, Azevedo haveria de contrair uma grave lesão. Numa altura em que as substituições ainda não existiam, a sua saída acabaria por ser colmatada pelos colegas de campo. Porém, com as “Águias” a acercar-se cada vez mais do último reduto “verde e branco”, o guardião tomaria a decisão de regressar ao jogo e, de braço ao peito, continuar a dar o seu contributo. No fim veria o seu colectivo a erguer o troféu e, louvado como um herói, sairia do rectângulo carregado em ombros.
Como já foi dado a entender, Azevedo também conseguiria destacar-se como um valioso elemento da selecção portuguesa. Nesse sentido, a primeira partida disputada com a principal “camisola das quinas” aconteceria a 28 de Novembro de 1937. Em Vigo, no Estádio dos Balaídos, o guarda-redes seria chamado à estreia pelo mítico Cândido de Oliveira. O “particular” frente à Espanha, numa altura em que os jogos entre equipas nacionais eram bem escassos, marcaria um trajecto de praticamente uma década a representar o país. Apesar de Portugal, durante esse período, nunca ter conseguido uma qualificação para um dos principais torneios de futebol, o guarda-redes, com exibições soberbas, conseguiria destacar-se, também aos olhos da imprensa estrangeira, como um grande intérprete. Na caminhada a defender os interesses lusos acabaria aferido como um dos melhores jogadores e, nesse sentido, terminaria a carreira com 19 internacionalizações a abrilhantarem o seu currículo.
Mas em termos de palmarés, nada melhor para avaliar o seu valor do que aquilo que conseguiria ganhar ao serviço do Sporting. Ao andar de “Leão ao peito” durante a fase mais prolífera da história do clube, época coincidente com a linha avançada dos “cinco violinos”, só em Campeonatos Nacionais ajudaria à vitória de 7 edições. Já Taças de Portugal seriam 4 e, para colorir um pouco mais a caminhada, surgiriam ainda 2 Campeonatos de Portugal e 8 “regionais” de Lisboa. Ora, como é fácil de calcular, amealharia para o seu trajecto 21 títulos. Tal número, por altura da sua saída da colectividade “alfacinha”, transformá-lo-ia no futebolista mais premiado do clube. Todavia, o fim de ligação com os “Verde e Branco” acabaria por não ter o “glamour” merecido. Ultrapassado por Carlos Gomes, e tendo praticamente deixado de ser chamado à ficha de jogo, chegaria a pedir para integrar a equipa técnica. Para além de ver recusada a pretensão de manter-se ao serviço do emblema lisboeta, a maneira como veria chegar o anúncio da “separação”, tornaria tudo um pouco mais dramático. Diz-se que a carta de rescisão terá sido entregue, sem a pompa, aviso ou a devida homenagem ao atleta e “capitão” de equipa, no dia em que terá ido receber aquele que viria a tornar-se no seu último salário leonino.
Ainda faria a temporada de 1953/54 ao serviço do Oriental, ao fim da qual decidiria pôr termo à vida desportiva. No Barreiro passaria a investir na compra de um Táxi. Anos mais tarde, sem conseguir grande retorno no negócio escolhido, viajaria para Londres, onde, sem que nunca ninguém soubesse da sua história, trabalharia durante vários como motorista de um colégio.

1220 - TITO

Ao surgir na categoria principal do Atlético Clube de Portugal na primeira metade da década de 60, Tito deparar-se-ia com a agremiação alcantarense a disputar o escalão secundário. Produto das camadas de formação do emblema lisboeta, o jovem avançado acabaria por conseguir estrear-se no escalão maior uns anos após a promoção a sénior. No entanto, a temporada de 1966/67, com o espanhol Ángel Oñoro como treinador, terminaria abaixo do expectável e com o objectivo da manutenção a não ser cumprido. O seu regresso à 1ª divisão, sem deixar o clube, dar-se-ia na campanha de 1968/69. Colectivamente, o resultado seria o mesmo. Todavia, em termos pessoais, o ponta-de-lança destacar-se-ia não só como um dos atletas mais utilizados por Peres Bandeira, mas também como o melhor marcador da equipa.
Os números revelados naquela que viria a tornar-se na última temporada de Tito com as cores do Atlético, serviriam para que o jogador fugisse à descida de divisão. Curiosamente, a mudança para o União de Tomar na época de 1969/70, ainda que mantivesse o avançado no convívio com os “grandes”, terminaria da mesma maneira que as duas experiências anteriores. De volta à 2ª divisão, esse aparente passo atrás na carreira, desembocaria na mais importante transferência da sua vida profissional. Ao ser visto como uma aposta segura, o atacante deixaria a colectividade nabantina e seria apresentado, à altura, como o reforço mais caro de sempre da história do Vitória Sport Clube.
No Minho a partir de 1971/72, o atleta vincaria as suas qualidades e, rapidamente, passaria a ser visto pelos adeptos como um ídolo. Nos 7 anos ao serviço do Vitória de Guimarães, Tito sublinharia aquilo que já era sabido sobre as suas qualidades. Mesmo sem ser uma figura com um físico impressionante, a verdade é que a sua rapidez de movimentos e de execução fariam dele um dos mais mortíferos avançados a actuar nas provas lusas. Mantendo-se sempre como um dos titulares, ajudaria o clube nortenho na luta pelos lugares cimeiros das competições em disputa. Nessas contendas, o maior destaque consegui-lo-ia integrado numa das linhas ofensivas mais famosas a laborar na “Cidade Berço”. Com o brasileiro Jeremias e Romeu como parceiros do ataque, a época de 1974/75 tornar-se-ia icónica. Colectivamente, sob a batuta de Mário Wilson, os vimaranenses terminariam no 5º posto da tabela classificativa. Já em termos pessoais, o avançado conseguiria, no Campeonato Nacional, concretizar 17 golos e, tal marca, levá-lo-ia ao 3º lugar no “ranking” dos Melhores Marcadores.
Já com Fernando Caiado a orientar a equipa, a temporada de 1975/76 também seria de grande importância para a sua caminhada profissional. Com a presença em campo ou, por exemplo, com o golo concretizado frente ao FC Porto nos quartos-de-final, Tito tornar-se-ia numa das figuras do Vitória no galgar de eliminatórias na Taça de Portugal. Com a chegada à final, o avançado seria chamado, como elemento do alinhamento inicial, à disputa marcada para o Estádio das Antas. Porém, a peleja frente ao Boavista não correria de feição para o jogador e companheiros e o 2-1 assinalado pelo placard no final de jogo, entregaria o troféu aos “Axadrezados”.
Numa altura em que já envergava a braçadeira de “capitão”, Tito veria a sua intenção de terminar a carreira no Vitória negada por um desencontro com a direcção. Deixaria o clube como um dos atletas com mais partidas disputadas na 1ª divisão e, com a marca a revelar toda a sua monta, como o mais prolífero goleador da história da equipa no escalão máximo português. No seguimento, na temporada de 1978/79, assinaria contrato com o primodivisionário Famalicão e daria início a uma senda, tão típica por essa altura, em que alternaria as presenças em Portugal com experiências no futebol norte-americano. Passaria pela NASL e pelos Toronto Blizzard e ainda pelo First Portuguese. No nosso país, para além do já aludido, o avançado ainda representaria o Feirense e, no papel de treinador-jogador, vestiria a camisola do Coelima.
Depois de terminada a carreira como futebolista, Tito ainda teria outras experiências como treinador. Destacar-se-ia como adjunto de António Morais no Vitória de Guimarães ou, nas mesmas funções, como braço-direito de Eurico Gomes no Tirsense e no Nacional da Madeira.

1219 - PAULO ASSUNÇÃO

Promovido à equipa principal do Palmeiras por Luiz Felipe Scolari, Paulo Assunção deparar-se-ia com uma forte concorrência no meio-campo. Ainda assim, e com o internacional César Sampaio a ter a primazia para o lugar de “trinco”, as oportunidades conseguidas na temporada de 1999, seriam suficientes para merecer a atenção da Confederação Brasileira de Futebol. Integrado nos trabalhos dos sub-20, o jogador, com a respectiva comitiva “canarinha”, atravessaria o Oceano Atlântico e veria um torneio disputado em Portugal tornar-se numa espécie de premonição. Nesse sentido, por “empréstimo” do emblema paulista, o médio acabaria a representar o FC Porto de 2000/01. Mesmo a treinar com o plantel sob a alçada de Fernando Santos, a referida campanha passá-la-ia a disputar os desafios do conjunto “B”. Contaria, sem entrar em campo, com uma única passagem pelo “banco” da equipa principal. Todavia, e mesmo sem ter conseguido convencer os responsáveis pelo emblema portista, o traquejo ganho na passagem pela “Cidade Invicta”, faria com o regresso ao Palestra Itália desse um forte ímpeto à sua caminhada.
Com o crescimento revelado, 2002 levaria o atleta a ser visto como uma das figuras em ascensão no Palmeiras. O crescimento demonstrado no retorno ao Brasil, faria com que o Nacional da Madeira, com a aproximação do “mercado de Inverno” de 2002/03, visse em Paulo Assunção um reforço seguro. Como elemento do plantel a cargo de José Peseiro, o médio-defensivo rapidamente assumiria um lugar de relevo no esquema táctico desenhado pelo treinador. Na campanha seguinte, já sob a alçada de Casemiro Mior, o “trinco” manteria a importância no “onze” e terminaria a época como uma das principais figuras do 4º lugar alcançado no Campeonato Nacional 2003/04.
Ao destacar-se como um futebolista tacticamente evoluído, capaz de executar transições ofensivas e com uma enorme presença em todas as acções defensivas da equipa, Paulo Assunção voltaria ao “radar” do FC Porto. Época e meia depois do regresso a Portugal, o horizonte do centrocampista parecia, novamente, pintar-se de “azul e branco”. Todavia, tal como da primeira passagem, o intuito de integrar o plantel principal acabaria por escapar aos objectivos do atleta. Após assinar o vínculo laboral, sem espaço no grupo de trabalho, o jogador seria encaminhado para um “empréstimo”. Ao juntar-se a Bruno Alves no AEK de Atenas, voltaria também a reencontrar-se com o técnico Fernando Santos. Esse período passado na Grécia, com a titularidade garantida, serviria para alimentar positivamente a sua evolução e, com uma base sólida, garantir a afirmação do jogador no Estádio do Dragão.
Transformado num dos esteios do FC Porto, Paulo Assunção começaria a engrossar o currículo. Campeão Nacional nas 3 temporadas disputadas pelo emblema nortenho, também a vitória na edição de 2005/06 da Taça de Portugal passaria a figurar no seu palmarés. Tais prestações, com as várias participações na “Champions” a ajudar ainda mais à valorização do médio, levariam outros emblemas a irem no seu encalço. Ora, já com o Atlético de Madrid assumidamente interessado no atleta e a renovação com os “Dragões” num impasse, o impensável ocorreria – “Saí do Olival e vieram cinco indivíduos e disseram-me que se não renovasse até quarta-feira levava um tiro no joelho, eu expliquei que as coisas não são assim. Depois, saí dali e fui directo à polícia, enquanto eles me perseguiam de carro. Isso transtornou-me e perdi a confiança”*.
O episódio levaria Paulo Assunção a decidir-se, em definitivo, pela partida. Ao abrigo da Lei Webster, rescindiria com o FC Porto e, com início da ligação na campanha de 2008/09, passaria a representar o Atlético de Madrid. Nos “Colchoneros”, onde partilharia o balneário com Seitaridis, Maniche ou Simão Sabrosa, o médio manteria os níveis exibicionais bem elevados. Seria também durante o tempo passado na capital espanhola que, mais uma vez, voltaria a ser veiculado para a equipa nacional portuguesa. Depois de, em 2008 e ainda com Luiz Felipe Scolari como seleccionador, ter visto o seu nome associado a uma possível convocatória lusa, a imprensa desportiva, com o Mundial de 2010 a abeirar-se, voltaria a pô-lo como um dos hipotéticos arrolados à “camisola das quinas”. Tal internacionalização nunca viria a acontecer. Porém, mesmo sem a passagem por um grande evento de selecções, a verdade é que o palmarés do jogador, enquanto elemento do conjunto madrileno, continuaria a somar troféus. As vitórias nas edições da Liga Europa de 2009/10 e de 2011/12 transformar-se-iam em momentos icónicos. Para compor um ramalhete já bem colorido, a sua carreira acabaria também por contar com os triunfos na Supertaça da UEFA de 2010/11 e na Copa del Rey de 2009/10.
Já numa fase descendente do seu percurso competitivo, Paulo Assunção envergaria ainda as camisolas do São Paulo, do Deportivo La Coruña e dos gregos do Levadiakos. Daria por terminado o percurso enquanto atleta em 2014, já depois de findada a experiência helénica. Durante vários anos viveria afastado das lides futebolísticas, para, nesta época de 2021/22, assumir-se como treinador nos “distritais” da Associação de Futebol do Porto, ao serviço do FC Pedroso.

*retirado do artigo publicado em www.rtp.pt a 26/01/2009

1218 - ÁLVAREZ

Tal como com tantos nomes de temporadas mais antigas, nomeadamente atletas vindo do estrangeiro e com passagens por emblemas de menor monta em Portugal, a informação sobre a carreira de Ramón Manuel Álvarez é, não muito longe de uma completa incógnita, feita de dados pouco concretos ou mesmo bastante confusos. Ora, ao utilizar como introdução para esta pequena biografia a ideia das dificuldades que encontrei aquando das minhas tentativas para descobrir linhas fidedignas e que alinhassem, de uma forma clara, a cronologia da caminhada desportiva deste espanhol, passarei, de seguida, a expor o pouco que consegui apurar.
Parece que não há grande dúvida quanto à naturalidade de Álvarez, que, através de várias fontes, podemos aferir como nascido na Galiza e, com mais pormenor, na cidade de Vigo. Já quanto aos primeiros passos da carreira, aqueles que precederiam a sua chegada às provas portuguesas, aí sim, começam as dúvidas. Sendo que parece seguro afirmar que a entrada no nosso país terá acontecido na campanha de 1962/63, o que terá ocorrido antes, já é mais difícil de confirmar. Ainda assim, há fontes que asseveram o médio como jogador do Celta de Vigo, na temporada de 1961/62. Também há quem diga que, entre a passagem pelo emblema galego e a chegada ao Sporting de Espinho, o centrocampista terá tido a primeira experiência no Cádiz CF. Para baralhar tudo, a mesma fonte, a tal que afirma a passagem pela colectividade andaluza antes da entrada em Portugal, lá mais à frente, sublinha essa experiência inicial com “Los Piratas”, não antes do atleta ter atravessado a fronteira, mas como um interlúdio entre as várias campanhas passadas com os “Tigres”!
Confuso?! Eu avisei!
Com intervalo ou não, o que também parece ser certo é que a passagem de Álvarez pelo Sporting de Espinho, para além de encetada na época de 1962/63, terá terminado com o final da campanha de 1964/65. Sem nunca deixar o 2º escalão luso, a transferência para a Associação Desportiva Sanjoanense manteria o médio no degrau secundário. No entanto, a troca de emblema acabaria por revelar à caminhada competitiva do atleta outros horizontes. Como um dos elementos mais preponderantes do plantel, destacando-se pela capacidade de interpretar o jogo e pela habilidade em servir os colegas mais avançados no terreno, a sua ajuda serviria para elevar o conjunto “alvinegro” ao patamar máximo. Com o regresso do clube ao convívio dos “grandes”, o jogador manter-se-ia como um dos mais importantes no alinhar da equipa. A prova do seu valor aferir-se-ia pela quantidade de vezes em que seria chamado à ficha de jogo e as 38 partidas disputadas, divididas por 2 temporadas, transformariam o espanhol no 8º futebolista com mais presenças pelo clube na 1ª divisão.
Mesmo avaliado como um bom jogador, a verdade é que a temporada de 1967/68 revelaria o médio um pouco mais discreto. A perda de preponderância terá, provavelmente, ajudado na decisão que levaria o atleta a deixar Portugal. O passo seguinte, como já tinha sido ligeiramente destapado, acabaria por ser o de retorno a Espanha e o acordo assinado, sem confirmado a estreia ou o regresso na união, com o Cadiz CF.

1217 - ANDERSON

Descoberto no Grêmio Maringá pelo Corinthians, a sua entrada em 2000 na equipa sénior do conjunto de São Paulo, coincidiria, na temporada, com a presença da agremiação brasileira no Mundial de Clubes da FIFA. Apesar de não ter sido chamado pelo treinador Oswaldo de Oliveira ao torneio vencido pelo seu emblema, a estreia conseguida durante a referida época serviria para lançar os alicerces de uma carreira que, sem grande demora, faria do jovem defesa uma referência no sector mais recuado do “Timão”.
Com a progressão revelada, a temporada de 2002 mostraria Anderson já como um jogador incontestado no alinhar do “onze” inicial. Divididas por 6 campanhas, as mais de 200 partidas oficiais disputadas pelo Corinthians, fariam do defesa-central um dos responsáveis pela conquista de vários títulos colectivos. Nesse sentido, a vitória na Copa do Brasil de 2002 e no “Estadual” Paulista de 2003, transformá-lo-iam também num alvo da selecção. Aliás, a internacionalização “A” pelo “Escrete”, na temporada em que a colectividade paulista acabaria por vencer o Campeonato Brasileiro, chegaria a 27 de Abril de 2005. Chamado por Carlos Alberto Parreira ao desafio frente às Honduras, o jogador não desapontaria e, para além da estreia na equipa principal do seu país, brindaria o momento com um golo.
A qualidade exibida durante os anos passados ao serviço do Corinthians, faria com que a sua cotação subisse e que, igualmente, começasse a ser cobiçado por outros emblemas, nomeadamente na Europa. Ao ver-se envolvido na transferência de Roger, Anderson, para a temporada de 2005/06, seria apresentado como reforço do Benfica. Em Lisboa passaria 2 épocas de bom nível, em que, para além de ajudar as “Águias” a vencer a edição de 2005/06 da Supertaça Cândido de Oliveira, brilharia nas campanhas trilhadas pelo clube nas competições continentais. Para a memória ficaria a dupla feita com Luisão e que, na campanha da sua chegada à Luz, ajudaria os “Encarnados”, depois de eliminar Manchester United e Liverpool, a chegar aos quartos-de-final da “Champions”.
Como já foi referido, a consistência das exibições feitas pelo Benfica alimentaria, ainda mais, o valor do defesa. Desejado por clubes com maior poderio financeiro, Anderson, no Verão de 2007, mudar-se-ia para França. No entanto, a experiência no Olympique Lyonnais ficaria bem aquém do esperado. Sem nunca conseguir afirmar-se como um dos titulares, as épocas seguintes ficariam marcadas pelos empréstimos ao São Paulo e ao Cruzeiro. Curiosamente, o período em que estaria contratualmente ligado ao emblema gaulês até serviria para enriquecer o palmarés pessoal do atleta. Depois de, em 2007/08, acrescentar ao seu currículo a conquista da Ligue 1 e da Coupe de France, o regresso ao Brasil arrolá-lo-ia como vencedor do “Brasileirão” de 2008 e do Campeonato Mineiro de 2009.
Em 2011, em definitivo de volta ao seu país, Anderson assinaria contrato com o Santo André. Com a segunda parte da carreira caracterizada por alguma errância, o retorno ao Brasil serviria para sublinhar, ainda mais, essa realidade. Seguir-se-iam as passagens pelo Atlético Mineiro e pelo Paraná. Já o fim dessa caminhada chegaria em 2013, aos 33 anos de idade e com o defesa, resultado das exigências da alta-competição, a assumir um grande desgaste emocional. Ao dedicar-se aos negócios pessoais, ainda andaria afastado da modalidade. No entanto, em 2016 chegaria a um acordo com a Portuguesa dos Desportos e passaria a fazer partes dos quadros técnicos do emblema paulista.

1216 - OLIVEIRA DUARTE

Ao crescer nas “escolas” do Sporting, Oliveira Duarte cedo começaria a destacar-se como um jogador de capacidades superiores. A servir de aferição à qualidade demonstrada nos jovens conjuntos “leoninos”, surgiria a chamada por parte de David Sequerra à, agora denominada, equipa de sub-18 da Federação Portuguesa de Futebol. Ao envergar a “camisola das quinas”, com José Maria Pedroto como treinador de campo, o avançado marcaria presença em todas as partidas do Torneio Internacional de Juniores de 1961. O extremo canhoto destacar-se-ia como um dos titulares lusos e, com isso, tornar-se-ia num dos principais elementos da conquista lusa no certame organizado em Portugal.
Na temporada seguinte à da vitória aludida no parágrafo anterior, Oliveira Duarte seria chamado aos trabalhos da equipa principal do Sporting. A estreia, numa partida a contar para a Taça de Portugal frente ao Oriental, traria também ao currículo do jovem atleta o primeiro golo sénior. No entanto, apesar de um arranque auspicioso, as poucas partidas disputadas nessa época de 1961/62, levá-lo-ia a pensar no futuro de maneira diferente. Com outras ambições para além do sucesso desportivo, o atacante, com os estudos em mente, decidiria prosseguir a carreira futebolística na cidade de Coimbra. Na Académica, sem largar a 1ª divisão, entraria em 1962/63. Ao reencontrar-se com José Maria Pedroto e, mais tarde, ao trabalhar sob a alçada de Mário Wilson, o atacante realizaria campanhas de muito bom nível. As avaliações feitas ao seu desempenho, levariam os responsáveis do Sporting a assegurá-lo como um reforço seguro e o verão de 1965 marcaria o seu retorno a Alvalade.
Depois da titularidade assumida com as cores da “Briosa”, no regresso a Lisboa, Oliveira Duarte continuaria a merecer um lugar no “onze” inicial. A preponderância assumida durante a temporada de 1965/66, transformá-lo-ia numa das principais figuras do Sporting na conquista do Campeonato Nacional dessa época. Por razão do título vencido, chegaria a estar pré-convocado para o Mundial de 1966, mas, no momento de compor a comitiva final, seria preterido por outros atletas. Conseguiria, alguns meses depois do certame realizado em Inglaterra e da chamada à equipa “B” de Portugal, merecer a primeira internacionalização “A”. Com a dupla Manuel de Luz Afonso e Otto Glória ainda à frente da selecção nacional, a 13 de Novembro de 1966, numa partida de qualificação para o Euro 68, o extremo-esquerdo entraria em campo frente à Suécia.
Numa altura em que já era visto como um dos grandes nomes a actuar em Portugal, o Serviço Militar Obrigatório e o destacamento para a Guerra Colonial, levá-lo-ia até África. Em Angola, em paralelo com os deveres marciais, Oliveira Duarte passaria a envergar a camisola do Sporting de Luanda. De volta às lides do “Leão” “alfacinha” na temporada de 1968/69, o atacante daria de caras com a presença de atletas em franca afirmação. A competição levada a cabo pela integração no plantel de elementos como Dinis, empurraria o atacante para uma linha de opções secundárias. Com a falta de partidas disputadas, a “Cidade dos Estudantes”, a Académica de Coimbra e a conclusão do Curso em Agronomia, passariam a figurar no seu horizonte como o caminho a seguir. Pela “Briosa” jogaria as 3 últimas épocas da carreira, pondo, em 1973, fim à caminhada como atleta. Anos mais tarde, ao integrar a “entourage” de João Amado de Freitas, regressaria ao emblema “Verde e Branco” para ocupar o lugar de Director do Departamento de Futebol.

1215 - ALBERTO DE JESUS

Formado no Benfica, o jovem atleta acabaria por, na segunda metade da década dos anos 30, prosseguir a ainda curta carreira noutro emblema lisboeta. Já no Belenenses, mesmo com a qualidade do grupo de trabalho a não facilitar a sua afirmação, o atacante passaria a desenhar-se como uma das figuras dos “Azuis”. A sua integração no conjunto sediado nas Salésias, com posição assegurada no sector mais ofensivo da equipa sénior, contribuiria para alguns episódios importantes. Com o clube a chegar ao derradeiro desafio das edições de 1939/40 e 1940/41 da Taça de Portugal, Alberto de Jesus sublinharia a sua relevância e seria um dos nomes chamado a campo na primeira das duas finais referidas.
Mas apesar do saldo positivo retirado da passagem pelo Belenenses, seria a mudança para o Estoril Praia que iria, passados alguns anos, catapultar a sua carreira. Com a entrada no emblema da Linha de Cascais na campanha de 1941/42, o jogador passaria a disputar a 2ª divisão. Todavia, a época de 1943/44 traria os primeiros sinais de uma vincada mudança. Depois de confirmada a subida de escalão e, com tal feito, assegurar a estreia do clube no patamar maior do futebol luso, os “Canarinhos” marcariam presença no derradeiro encontro da Taça de Portugal. Com a peleja frente ao Benfica agendada para o Estádio das Salésias, o regresso a uma “casa” que bem conhecia, adicionaria à carreira do atleta outra final. Contudo, para sua infelicidade, a nova tentativa para ganhar o troféu, resultaria em mais uma derrota.
Outro dos momentos inolvidáveis para Alberto de Jesus enquanto atleta do Estoril Praia, seria a chamada à equipa nacional. Por altura de um “particular” agendado para Madrid, ser-lhe-ia dada a primeira oportunidade para envergar a principal “camisola das quinas”. Depois de Miguel Lourenço, a partida frente à Espanha torná-lo-ia no segundo futebolista do clube a representar o conjunto “A” de Portugal. Numa altura em que os “matches” de selecções escasseavam, ao jogo disputado no dia 21 de Março de 1948 seguir-se-iam outras ocasiões e o jogador ainda acrescentaria ao currículo mais 1 internacionalização “A” e outra pelo conjunto “B”.
Para além do estatuto alcançado com as chamadas às equipas nacionais, as qualidades apresentadas por Alberto de Jesus a cada jornada disputada, características que permitiriam ao jogador posicionar-se em diversos lugares, mantê-lo-iam como um dos mais conceituados atletas a actuar em Portugal. Com o seu emblema cimentado no convívio com os “grandes”, as temporadas cumpridas por si até ao final da carreira em 1953, cimentá-lo-iam como uma das grandes figuras da história do clube. Com 12 temporadas cumpridas de amarelo vestido, 8 delas feitas no escalão máximo luso, os 182 jogos pelo Estoril Praia na 1ª divisão, torná-lo-iam no atleta com mais partidas conseguidas pela agremiação "canarinha" no patamar maior do futebol português.

1214 - LOURENÇO

Descoberto no Sporting Clube da Cruz, popular colectividade do bairro de Paranhos, a sua transferência para o FC Porto, abriria a José Lourenço a porta das principais competições portuguesas. No Campo da Constituição, na temporada 1942/43, iria encontrar-se com atletas que, já por essa altura, mereciam os mais altos elogios. Com tanto gabarito a preencher o dia-a-dia no novo emblema, com Pinga e Araújo como nomes maiores de um sector ofensivo que também contava com Correia Dias, Pratas ou o internacional Gomes da Costa, a sua época de entrada na categoria principal dos “Azuis e Brancos” poucos jogos daria ao currículo do extremo-direito.
O húngaro Lippo Hertzka, que na campanha de 1942/43 apenas tinha chamado o atleta à disputa de um par de jornadas correspondentes ao “Regional” sob a égide da Associação de Futebol do Porto, logo na campanha seguinte faria de Lourenço um dos principais elementos do esquema táctico. Daí em diante, a qualidade das suas exibições assegurá-lo-iam, na grande maioria das pelejas dos “Dragões”, como uma das caras arroladas ao “onze” inicial. A titularidade, mantida durante a meia dúzia de anos em que defenderia os interesses competitivos dos “Azuis e Brancos”, transformá-lo-iam num dos preferidos dos adeptos. No entanto, não só no seio dos adeptos o avançado veria a sua cotação a subir. Também da Federação Portuguesa de Futebol começariam a olhar para si como um elemento de valor. Apesar de nunca ter chegado ao principal “conjunto das quinas”, a chamada à equipa “B” dar-lhe-ia a merecida internacionalização. Convocado à disputa agendada para o Stade du Parc Lescure, o dia 3 de Maio de 1947, serviria para o atacante, frente à França, vestir a camisola de Portugal.
Outros momentos inolvidáveis também preencheriam a caminhada de Lourenço. Com o FC Porto afastado dos títulos de índole nacional, a hegemonia demonstrada pelo clube no âmbito regional, levaria o atleta a acrescentar ao seu currículo pessoal 6 Campeonatos do Porto. Ainda assim, e sem diminuir a importância das referidas conquistas, a temporada de 1947/48 traria um dos episódios mais marcantes, não só da sua carreira, como da história do clube portuense. Com o Arsenal, à altura tido como um dos melhores colectivos mundiais, a digressão da agremiação londrina pela Europa, levá-la-ia ao Estádio do Lima. Após a vitória frente ao Benfica uns dias antes, o embate com os “Dragões” haveria de ser vaticinado como uma fácil missão. Todavia, o jogo marcado para o dia 6 de Maio de 1948, correria bem diferentes das projecções e, com Lourenço como um dos destaques dos portistas, o “placard” a assinalar 3-2 acabaria favorável ao “onze” português.
Pouco tempo depois do ribombante triunfo sobre o poderoso clube inglês, Lourenço deixaria o FC Porto. Seguiria a sua carreira não muito longe e, sem abandonar o escalão máximo, passaria a envergar a camisola do Boavista. De “axadrezado” desde 1948/49, a época imediatamente à da sua entrada no plantel, após a despromoção, coincidiria com a vitória das “Panteras” no Campeonato Nacional da 2ª divisão. Manter-se-ia durante vários anos ligado ao clube até, segundo fontes que não consegui confirmar, mudar a morada para o continente africano. Em Angola terá representado o Lusitano do Lobito, onde haveria de jogar ao lado de José Águas.

1213 - ADÃO

Com passagem pelo Sporting Clube de Bissau, seria já em Portugal e no Boavista que Adão da Silva viria a ser reconhecido como um atleta de alto gabarito. Com a entrada no Bessa a acontecer nos finais dos anos 70, o defesa-central não demoraria muito até conseguir merecer o seu lugar de destaque no “onze” inicial das “Panteras Negras”. Na época de 1979/80, sob o comando do técnico Mário Lino, começaria a ser visto como um dos esteios do sector mais recuado do conjunto portuense. Logo no princípio da referida temporada, seria arrolado para, de início no jogo, defrontar o FC Porto na disputa da Supertaça Cândido de Oliveira. Ao actuar os 90 minutos do encontro marcado para o Estádio das Antas, ajudaria na retenção das ofensivas adversárias e, desse modo, tornar-se-ia numa das principais figuras da vitória “axadrezada” por 2-1.
Ao ter a carreira praticamente toda ligada ao Boavista, é com normalidade que consideramos Adão como uma das históricas personagens da vida do clube. No entanto, a sua importância, que também justifica a sua longevidade como atleta impreterível do emblema sediado na Freguesia de Ramalde, extravasaria os anos passados a envergar a “camisola do xadrez”. Como é fácil de entender ao analisarmos os números do seu percurso profissional, o defesa, para quase todos os treinadores com passagem pelo Bessa, assumir-se-ia como um elemento regularmente presente nas convocatórias dos mais diferentes embates futebolísticos. Tirando algumas excepções, essa frequência rapidamente incluiria o jogador no rol de nomes com o selo primodivisionário. Para o estatuto de figura-mor, em boa medida e em igual força, contribuiriam as glórias colectivas. Aliás, essa relação de interdependência, o laço entre o homem e o conjunto, seria a chave de muitos sucessos.
No campo dos êxitos, para além do óbvio, ou seja, o troféu ganho e aludido no primeiro parágrafo, podemos começar pelas participações nas diferentes provas estruturadas pelo organismo aglutinador dos emblemas do “Velho Continente”. No âmbito das pelejas europeias, com a edição de 1979/80 da Taça dos Vencedores das Taças a marcar a sua estreia, a Taça UEFA também acabaria por preencher o percurso competitivo do internacional guineense. Como é igualmente claro, todos esses desafios, numa primeira instância, resultariam de uma boa performance colectiva nas competições portuguesas. Nesse sentido, para o ataque do Boavista às posições cimeiras do Campeonato Nacional, tal como da apelidada “Prova Rainha”, em muito contribuiriam as qualidades futebolísticas de Adão. Como um atleta possante, intrépido e incansável perante qualquer disputa, o central passaria a figurar como um exemplo para colegas de balneário e a merecer todo o respeito por parte dos adversários. Esse facto, como não poderia deixar de ser, ficaria sublinhado pela justa entrega ao seu braço esquerdo da braçadeira de “capitão” de equipa.
Depois de cerca de uma década ligado ao Boavista, o jogador, cuja única superstição era entrar primeiro com o pé canhoto em campo, veria as derradeiras etapas do trajecto competitivo levá-lo, com idêntica dedicação, a envergar outros emblemas. Já fora dos cenários primodivisionários, Adão teria uma curta experiência no plantel de 1989/90 da União de Leiria para, na campanha seguinte e após uma boa temporada com as cores do Feirense, dar por terminada a sua carreira.