1368 - VALTER

Com o percurso formativo feito com as cores do Barreirense, Valter subiria ao patamar seguinte ainda como atleta do emblema sediado na Margem Sul do Rio Tejo. Mormente a representar as “reservas”, mas com presença também assinalada na equipa principal, a temporada de 1968/69 marcaria o arranque da caminhada do médio enquanto sénior. Logo no ano seguinte, treinado por Manuel de Oliveira, surgiria a primeira partida do jogador no contexto primodivisionário. Aliás, daí em diante, a qualidade demonstrada pelo jovem atleta levá-lo-ia, durante muitos anos, a manter-se no escalão máximo e a alcançar voos de outra monta.
Um desses feitos resultaria do 4º posto alcançado no termo do Campeonato Nacional de 1969/70 e com a primeira classificação, na história do Barreirense, para as provas continentais. Na Taça das Cidades com Feira, Valter acabaria a jogar ambas as partidas referentes à ronda frente ao Dínamo Zagreb, mas para infelicidade do conjunto luso, a vitória por 2-0, selada na 1ª mão, seria insuficiente para levar de vencida a eliminatória e o Barreirense cairia frente à agremiação da antiga Jugoslávia.
Outra das suas glórias competitivas, ainda concretizada como elemento integrante do Barreirense, surgiria com a selecção nacional a emergir no horizonte do atleta. Numa altura em que, na sua 4ª campanha consecutiva na 1ª divisão, já tinha, no miolo do terreno, assumido a titularidade dos “Alvi-rubros”, a 3 de Abril de 1974, chamado por José Maria Pedroto ao “particular” frente a Inglaterra, Valter conseguiria para a sua carreira 1 internacionalização “A”. Já em 1981, dessa feita com a camisola da equipa “B”, o centrocampista voltaria a ser convocado e, numa peleja com a Alemanha, somaria mais uma partida com as cores de Portugal.
Já com o estatuto de internacional a colorir-lhe o currículo, Valter começaria a ser cobiçado por outros emblemas. Ao atravessar o Rio Tejo, o médio viria a rubricar um acordo contratual com o Sporting. Com a entrada em Alvalade a acontecer na temporada de 1974/75, o jogador, nessa época de estreia com os “Leões”, acabaria por não conseguir assumir-se como um dos elementos principais na táctica idealizada primeiro por Di Stéfano, depois por Osvaldo Silva e, mais tarde, por Fernando Riera. Contudo, as épocas seguintes mostrariam o contrário, com o atleta a revelar-se essencial nas manobras do “xadrez verde-branco”. Talvez por essa razão, a notícia da sua transferência para outro clube tenha emergido com alguma surpresa e, cumpridas 3 campanhas, o centrocampista acabaria por deixar a colectividade “alfacinha”.
Apesar, não sei se posso adjectivar o momento de tal forma, desse desaire, a verdade é que Valter não perderia o epíteto de bom jogador e as campanhas seguintes continuariam a ser passadas nos palcos principais do futebol português. Quase sempre como um elemento a ser chamado amiúde ao “onze”, o médio, no seguimento da saída de Alvalade, passaria as 3 temporadas precedentes ao serviço do Marítimo. Seguir-se-iam dois anos no Portimonense e a tal chamada, referida mais acima no texto, à selecção “B” de Portugal. Por fim, como termo da sua caminhada na 1ª divisão, somaria ainda a temporada de 1982/83 ao serviço do Amora.
Já a entrar na derradeira fase do percurso como jogador, Valter voltarias aos escalões secundários. Passaria pelo Estrela da Amadora, retornaria ao Barreirense e, numa carreira que terminaria com o fim da temporada de 1990/91, ainda teria tempo para vestir o equipamento do Estrela de Vendas Novas.
De seguida, mantendo-se ligado à modalidade, surgir-lhe-ia a oportunidade para abraçar a carreira de treinador. Com um percurso feito pelos patamares inferiores, o grande destaque para a caminhada de Valter Costa, entre outras experiências, viria com a longa ligação ao Alcains ou com o regresso ao Barreirense.

1367 - ACÁCIO MESQUITA

Com uma forte ligação ao FC Porto, Acácio Mesquita veria no pai um dirigente dos “Azuis e Brancos”. Já no tio, no irmão Carlos Mesquita e no primo Jerónimo Faria, estes dois últimos com quem chegaria a partilhar o balneário, conheceria outros militantes da modalidade que haveria de pô-lo, como uma das suas maiores figuras, nos anais do desporto português. Curiosamente, não seria apenas no futebol que conseguiria destacar-se. Para além de praticar basquetebol, ténis e natação, também o atletismo entraria na sua vida em contornos de excelência e, bem mais do que um especialista em várias disciplinas, o triplo-salto traria ao seu currículo um recorde nacional.
Regressando ao “jogo da bola”, Acácio Mesquita entraria para as “escolas” do FC Porto ainda em tenra idade. Também bem cedo passaria a representar a 3ª e a 2ª categoria dos “Dragões”, para, na temporada de 1926/27, com 17 anos apenas, fazer a estreia na equipa principal. Com a passagem dos anos, depois dessa primeira época sob a alçada do húngaro Akös Teszler, o avançado começaria a destacar-se como um elemento, contrariamente à possança prevalecente nas características dos outros colegas, como um intérprete de fino recorte técnico e com um entendimento superior das dinâmicas tácticas. Nesse sentido, seria com alguma facilidade que iria impor-se como um dos homens mais importantes no grupo de trabalho e, numa tríade da qual fariam parte Pinga e Valdemar Mota, transformar-se-ia num ícone da colectividade portuense.
Para além das vitórias em 9 “regionais” do Porto, e de ter ajudado às conquistas da edição de 1931/32 do Campeonato de Portugal e do Campeonato da I Liga de 1934/35, outros episódios contribuiriam para o estatuto legendário com que a sua carreira haveria de ser classificada. Um desses momentos, a incluir os dois futebolistas aludidos no parágrafo anterior, passar-se-ia numa partida frente ao First Vienna. Nesse “particular”, os três jogadores haveriam de destacar-se perante aquele que era visto como um dos melhores conjuntos europeus da altura e, com o "placard" final a assinalar 3-0 a favor dos portistas, o tripleto, pelo horário a que a partida havia sido disputada e pelas traquinadas impostas aos adversários, ganhariam o epiteto de “Os três diabos ao meio-dia”.
Como um dos grandes intérpretes da década de 1920 e de 1930, Acácio Mesquita também acabaria a envergar a “camisola das quinas”. Pelo seu país, como o 5º atleta da história do FC Porto a ser chamado às pelejas da selecção nacional, o avançado conseguiria somar 2 internacionalizações. Após já ter sido chamado noutras ocasiões, a sua estreia pelo colectivo luso aconteceria, pela mão de Laurindo Grijó, a 23 de Fevereiro de 1930. No seguimento desse “amigável”, disputado no Campo do Ameal, frente à França, o atleta ainda seria chamado para um encontro referente à Fase de Qualificação para o Mundial organizado em Itália e em Chamartin, a 11 de Março de 1934, numa copiosa derrota com a Espanha, o jogador daria por finalizada a sua caminhada com as cores de Portugal.
Cumpridas 11 campanhas, 101 jogos oficiais e 111 golos concretizados pelo plantel principal do FC Porto, Acácio Mesquita, com o fim da temporada de 1936/37, daria por terminada a carreira de futebolista. Com o elo à colectividade nortenha fortificada pelo longo percurso enquanto atleta, o antigo avançado manteria a ligação aos “Azuis e Brancos” e, mais tarde, viria também a desempenhar as funções de dirigente.

1366 - RAUL

Já com o título de juniores no currículo, a época seguinte seria, para Raul, a da promoção a sénior. Mantendo-se no FC Porto, o defesa começaria a trabalhar sob a alçada de Fernando Riera. No entanto, a preferência do treinador chileno recairia sobre Guedes e a temporada de 1973/73, no que ao desempenho pessoal do lateral-esquerdo diz respeito, resumir-se-ia a 2 partidas efectuadas no âmbito do Campeonato Nacional. Seguir-se-iam a curta passagem de uma época pelo União de Coimbra e o regresso às Antas. Porém, tal como da experiência anterior, o jogador não conseguiria conquistar grande espaço entre o plantel dos “Dragões”.
A época de 1975/76 serviria para Raul encetar a ligação que viria a mudar a sua vida no futebol. A caminhada como atleta do Sporting de Espinho, começaria com o clube na 2ª divisão. Ainda assim, com os “Tigres da Costa Verde” na disputa dos lugares cimeiros, esse cenário competitivo depressa mudaria e a campanha de 1977/78 marcaria o regresso da colectividade, e do atleta, ao convívio com os “grandes”. Curiosamente, essa temporada haveria de marcar o seu futuro na modalidade e ao ter como colega de balneário Manuel José, a amizade aí nascida, resultaria, alguns anos depois, numa grande parceria.
Aferido como um jogador com algumas pechas ofensivas, os seus grandes predicados, ou seja, o sentido posicional e a postura aguerrida, mantê-lo-iam como um dos elementos mais utilizados dentro do plantel. Nesse contexto, Raul tornar-se-ia num dos grandes esteios do emblema espinhense, naquele que viria a materializar-se como o período áureo do futebol do Sporting de Espinho. Por entre as 9 temporadas consecutivas em que o defesa envergaria o listado branco e preto, o destaque, naquele que seria o encetar de 5 anos seguidos no degrau maior do futebol luso, chegaria com a época de 1979/80 e a melhor posição de sempre da agremiação no Campeonato Nacional da 1ª divisão, isto é, o 7º lugar na tabela classificativa.
Já depois de ter ao seu cuidado a braçadeira de capitão, Raul decidiria mudar de rumo. Ao trocar o Sporting de Espinho pelo União da Madeira, o defesa daria os primeiros passos de uma caminhada que, na temporada de 1985/86, o levaria até Trás-os-Montes. Integrado no plantel do Desportivo de Chaves, o lateral-esquerdo também contribuiria para um dos melhores momentos da história do emblema flaviense e ajudaria, num grupo de trabalho comandado por Raul Águas, para o 5º lugar no Campeonato Nacional de 1985/86 e, na sequência da aludida classificação, para o correspondente apuramento para as provas sob a alçada da UEFA.
Com o derradeiro capítulo da sua vida enquanto futebolista a levá-lo a vestir a camisola dos Dragões Sandinenses, Raul Sousa, com o final da temporada de 1988/89, decidiria ser a altura certa para “pendurar as chuteiras”. Não muito tempo depois, já no desempenho das funções de treinador, dar-se-ia o reencontro com Manuel José. Primeiro como adjunto no Boavista, para, mais tarde, passar pelo Marítimo, também o Benfica marcaria a sua experiência como técnico. Finalmente, como timoneiro principal, há a destacar a sua passagem pelo União de Lamas.

1365 - MÁRIO REIS

Formado no Salgueiros, seria no emblema do popular bairro portuense de Paranhos que Mário Reis haveria de cumprir uma grande fatia do seu percurso enquanto futebolista. À parte do primeiro ano como sénior, fazendo fé em alguma informação, passado ao serviço do CD Portugal, o médio ganharia estaleca ao realizar diversas campanhas no conjunto a jogar em casa no Estádio Engenheiro Vidal Pinheiro.
De volta ao Salgueiros na temporada de 1967/68, Mário Reis apanharia o clube a discutir a 2ª divisão. Aliás, para infelicidade de todos os envolvidos, em particular do atleta aqui retratado, o referido período corresponderia a uma longa fase em que o emblema da “Cidade Invicta” estaria afastado do convívio com os “grandes”. Nesse sentido, os anos seguintes à campanha referida no começo deste parágrafo, seriam todos satisfeitos na disputa do patamar secundário. Ainda assim, o traquejo ganho durante mais de uma década permitiria ao médio ser visto, por outras colectividades, como um bom reforço e a mudança de emblema já no final dos anos de 1970 serviria também para alterar um pouco o paradigma da sua caminhada competitiva.
Com o Rio Ave em franca ascensão, a chegada à agremiação sediada em Vila do Conde levaria Mário Reis a participar num episódio histórico do emblema da caravela. Ao encetar a sua senda com o listado verde e branco na temporada de 1977/78, o médio manter-se-ia na 2ª divisão. Porém, em sentido contrário ao que tinha vivido no Salgueiros, a campanha de 1979/80 daria ao atleta, em paralelo com a estreia da colectividade no escalão maior, a sua primeira campanha no patamar máximo do futebol português.
Com a carreira de futebolista a aproximar-se do fim, para além do aludido, Mário Reis ainda teria oportunidade para voltar aos palcos primodivisionários. Sempre como elemento do plantel do Rio Ave, o jogador ainda manteria as funções de atleta durante algumas épocas, duas das quais nos principais palcos lusos. No entanto, com a ideia já moldada às tarefas de treinador, a sua preocupação ficaria mais virada para as funções técnicas. Com esse objectivo em mente, após, interinamente e ao lado de Soares e de Duarte, ter orientado, em 1979/80, o principal grupo “rioavista”, a derradeira campanha enquanto atleta cumpri-la-ia, em paralelo, já no exercício do papel de adjunto.
Como treinador-principal, Mário Reis, com um percurso bem longo, orientaria diversas equipas. Com várias experiências na 1ª divisão, há que exaltar as suas passagens pelo Rio Ave, Salgueiros, Vitória Futebol Clube ou União de Leiria. Contudo, o período mais prolífero da sua caminhada de técnico tê-lo-á vivido à frente do Boavista. Nas “Panteras”, encaminharia os seus discípulos para a final da edição de 1996/97 da Taça de Portugal. No Estádio Nacional do Jamor, já depois de, nas meias-finais, ter eliminado o Sporting, enfrentaria o Benfica e o tão almejado troféu, com o placard a revelar 3-2, iria parar aos escaparates do Bessa.
Logo no ano seguinte, dessa feita com o FC Porto como adversário, surgiria o momento de pelejar pela Supertaça Cândido de Oliveira. Numa competição ainda disputada a duas mãos, os seus pupilos, no agregado das partidas, conseguiriam bater os “Dragões” e enriquecer, com o tal feito, o palmarés de todo o grupo “axadrezado”.

1364 - MARINHO PERES

Ainda adolescente, destacar-se-ia, a disputar a divisão maior do “Paulistão”, no São Bento de Sorocaba. Tido como um defesa-central inteligente, seguro, forte fisicamente, com boa capacidade aérea e com uma enorme facilidade em interpretar o jogo, o jovem praticante depressa começaria a gerar cobiça entre emblemas de maior monta. Numa senda futebolística francamente ascendente, mesmo com a mudança para a capital estadual, Marinho Peres nunca descoraria os estudos, acabando por formar-se em Economia. Nos “gramados”, como acabei por destapar na frase anterior, seguiria atrás da mudança do seu treinador Wilson Francisco Alves que, já aos comandos da Portuguesa dos Desportos, indicaria a sua contratação. Apresentado como reforço da “Lusa” para a temporada de 1967, a sua evolução, ao lado de futuras estrelas como Leivinha ou Zé Maria, logo apontaria para outros voos e a estreia com a “Canarinha”, pelo mão de Aimoré Moreira, aconteceria frente ao Peru, em Julho de 1968.
Manter-se-ia como um dos grandes esteios da Portuguesa durante várias campanhas. No entanto, não seria só pelas 6 temporadas a vestir de “verde-rubro” que o defesa ficaria na história do emblema paulista. A 9 de Janeiro de 1972, o Benfica seria a equipa convidada para a festa de inauguração do novo recinto do clube, o Estádio da Independência, popularizado como “Canindé”. Mesmo com a partida a cifrar-se numa derrota doméstica por 3-1, o golo concretizado pelos da casa, na transformação de uma grande penalidade, seria da autoria de Marinho Peres que, desse modo, vincaria a importância do seu nome nos anais da colectividade brasileira.
Curiosamente, seria a busca por um bode expiatório a levar o jogar a mudar de camisola. Na procura de justificar os maus resultados do clube, o Presidente da Portuguesa acabaria por ordenar o afastamento de Marinho Peres, juntamente com outros 5 colegas. Contudo, com a cotação em alta, o defesa depressa veria surgir no seu encalço outros emblemas e a corrida pelo seu concurso viria a ser ganha pelo Santos. A partir da temporada de 1973, o atleta passaria a partilhar o balneário com Lima, Jair, Edu, Carlos Alberto, Clodoaldo ou o astro Pelé. Logo nessa época de estreia pelo “Peixe”, como um dos titulares da equipa, ajudaria a vencer o Campeonato Estadual. Entretanto, com o reconhecimento ganho com a transferência, a selecção brasileira cimentar-se-ia na caminhada desportiva do jogador e a convocatória para o Mundial de 1974 chegaria como um dos maiores prémios da sua carreira.
No certame disputado na Alemanha Federal, chamado por Mário Zagallo, Marinho Peres, com a competição a meio, passaria a envergar a braçadeira de capitão. Ainda assim, a confiança do treinador não ficaria só pela entrega da faixa à intendência do seu braço. No que diz respeito ao tempo passado em campo, o defesa conseguiria ser um dos elementos do “Escrete” que jogaria todos os minutos. Num total de 7 partidas disputadas, o atleta seria uma das principais figuras do 4º lugar conquistado. No entanto, mesmo com o Brasil a cotar-se abaixo das probabilidades arroladas na projecção do Mundial, as defraudadas espectativas não beliscariam a cotação do “zagueiro” e a nova mudança de rumo seria a melhor prova disso mesmo.
Impressionado pelas suas exibições, mormente a conseguida frente à Holanda por si orientada no Campeonato do Mundo acima referido, Rinus Michels, aos comandos do FC Barcelona, indicaria o defesa brasileiro como um bom elemento. Numa altura em que o Real Madrid e o Zaragoza já estavam na corrida por Marinho Peres, este seria apresentado como reforço para a temporada de 1974/75. Em Camp Nou, num grupo de trabalho a contar com craques como Neeskens ou Johan Cruyff, o brasileiro não deixaria intimidar-se pela enorme constelação de estrelas. Nos “blaugrana”, o jogador afirmar-se-ia como um dos mais utilizados no “onze”. Todavia, outros problemas surgiriam na sua passagem pela colectividade catalã e à custa da nacionalidade espanhola, herdada dos pais, a chamada ao Serviço Militar Obrigatório fá-lo-ia redesenhar o trajecto competitivo.
Para escapar aos deveres com o exército espanhol, situação que o levaria a fugir de carro para França, Marinho Peres acabaria por regressar ao Brasil e o Internacional de Porto Alegre passaria a ser a sua nova “casa”. Na colectividade sediada no Estado do Rio Grande do Sul, a temporada de 1976 seria sinónimo de um novo êxito e a vitória no Campeonato Brasileiro passaria a figurar no currículo do atleta como a conquista mais vistosa em termos clubísticos. Seguir-se-iam, numa carreira já aproximar dos últimos capítulos, o Palmeiras, o Galícia e o América do Rio.
Seria no emblema “carioca” que Marinho Peres daria os primeiros passos como técnico. Depois surgiria a parceria com o seu antigo “mestre” no Pallestra Itália, o inolvidável Têle Santana. Como adjunto do mítico treinador, passaria vários anos no Médio Oriente, até que a chance de assumir uma equipa surgiria de Portugal. No Vitória Sport Clube, o seu trabalho traria óptimos dividendos e a temporada de 1986/87, depois de atingidos os quartos-de-final da Taça UEFA, terminaria com o emblema vimaranense no 3º lugar do Campeonato Nacional. Na campanha seguinte assinaria contrato com o Belenenses e, tal como tinha acontecido no Minho, os resultados seriam glorificantes, com o triunfo na edição de 1987/88 da Taça de Portugal a assumir-se como o pináculo da ligação aos “Azuis”.
A partir dessa experiência em terras lusas, Marinho Peres, acarinhado pelo seu sorriso e amabilidade, viria a dividir a caminhada profissional entre Portugal e o Brasil. Com passagens por emblemas como Santos, Guarani, Botafogo e Portuguesa, no nosso país ainda regressaria ao Vitória Sport Clube e ao Belenenses. Nessa senda, orientaria também o Marítimo e o Sporting. Em Alvalade, o destaque viria com a Taça UEFA de 1990/91, onde os “Leões” atingiriam as meias-finais. Para terminar, é impossível não referir a sua importância no lançamento da brilhante carreira de Luís Figo.

1363 - TININHO

Tendo feito a temporada de 1971/72 entre os juniores e as “reservas”, António Egídio Fernandes, conhecido no mundo do futebol como Tininho, passaria a campanha seguinte já na equipa principal do Marítimo. Com o conjunto insular apenas na disputa das provas regionais, a época de 1972/73 tornar-se-ia num marco para o clube sediado na cidade do Funchal. Autorizados a discutir as competições de cariz nacional, os “verde-rubros” participariam na Liguilha de acesso à 2ª divisão e, depois de alguns “faits-divers” burocráticos, lá conseguiriam o tão almejado lugar.
Naquele que viria a ser o jogo de estreia do Marítimo no escalão secundário do Campeonato Nacional, Tininho seria escolhido pelo técnico Alberto Sachse para, frente à União de Leiria, incorporar o “onze” funchalense. Daí em diante, como um praticante de índole ofensiva que, no terreno de jogo, podia colocar-se tanto a extremo como a interior, o jogador passaria a assumir-se como um elemento preponderante nas manobras tácticas do conjunto madeirense. Nesse sentido, já com o fim da temporada de 1976/77 à vista, o atleta também seria escolhido para aquela que viria a tornar-se na partida a selar a primeira subida do clube ao escalão principal do futebol português. Frente ao Olhanense, numa ronda disputada no Estádio dos Barreiros, o treinador Pedro Gomes haveria de chamá-lo o ao “onze” inicial e, com o encontro a terminar num 4-0 favorável aos da casa, Tininho daria o seu contributo para a concretização da subida dos “Leões do Almirante Reis” – “Sempre que me lembro desse momento vem-me sempre à cabeça a enchente do Estádio dos Barreiros, quase 30 mil pessoas. Havia gente por todos os lados de pé a apoiar o Marítimo. Só de me lembrar começo a ficar todo arrepiado”*.
Com o início da caminhada de Tininho na 1ª divisão a acontecer na temporada de 1977/78, a mencionada campanha, em termos individuais e também colectivos, corresponderiam às projectadas expectativas. Curiosamente, mesmo ao manter-se como um dos titulares e de ver a sua equipa conseguir a manutenção, o jogador decidir-se-ia pela mudança de emblema e, num regresso ao patamar secundário, assinaria por um emblema do continente. No Rio Ave a partir de 1978/79, a época de estreia pelos vilacondenses daria ao currículo do atacante nova promoção. Porém, ao contrário do ano vivido com o Marítimo no convívio com os “grandes”, o atleta já não conseguiria alcançar números tão faustosos. Talvez por essa razão, a sua preferência para o passo seguinte acabaria por levá-lo de volta à ilha da Madeira, opção que haveria de pôr um fim ao seu trajecto primodivisionário.
Daí em diante, Tininho passaria a alterar períodos a representar emblemas madeirenses, com novas passagens por colectividades do continente. Nacional da Madeira, União de Leiria, União da Madeira, Torreense e Câmara de Lobos preencheriam o resto da sua carreira. Numa senda um pouco errante, mas que ainda prolongaria o seu trajecto no futebol por quase uma década, o jogador decidiria “pendurar as chuteiras” com o termo da campanha de 1988/89.

*retirado do artigo escrito por João Sá, publicado a 15/05/2021 em www.csmaritimo.org.pt

1362 - LÚCIO


Ao surgir no plantel sénior do Leixões ainda na metade inicial da década de 1970, Lúcio teria a primeira campanha de destaque durante a temporada de 1975/76. No decorrer da referida época primodivisionária, o jogador haveria de sobrepor-se ao seu concorrente directo, o guarda-redes João Serrão. Curiosamente, a chegada do Benje, como reforço para o plantel do ano seguinte, devolvê-lo-ia ao banco de suplentes e, para piorar a situação, as prestações colectivas, findo o Campeonato Nacional, levariam à despromoção do emblema matosinhense.
Com a mencionada descida, Lúcio ver-se-ia vetado à disputa do escalão secundário luso. Ainda assim, mesmo afastado dos holofotes maiores do futebol, o guardião conseguiria exibições de tal forma positivas que levariam os responsáveis por outros emblemas a aferirem o atleta como um possível elemento a contratar. Porém, essa situação só viria a concretizar-se passados 5 anos a vogar na 2ª divisão. No Varzim de 1982/83, numa altura que já era um praticante com bastante traquejo competitivo, teria a oportunidade de regressar ao patamar máximo e desse modo encetar aquela que viria a tornar-se na melhor fase da sua carreira.
No Varzim, o “magriço” José Torres seria o primeiro técnico a dar ao guarda-redes a titularidade. Aliás, daí em diante, o jogador tornar-se-ia num dos principais esteios da equipa e um dos elementos que, tirando raras excepções, passaria a ilustrar o “onze” inicial dos “Lobos-do-mar”. Essa preponderância, constante durante a primeira passagem pelo clube, seria suficiente para dar ao atleta o estatuto de histórico. Outro dos factores que contribuiriam para tal avaliação, prender-se-ia com as chamadas aos vários escalões sob a intendência da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse sentido, depois de já ter representado, por 4 vezes, o conjunto “olímpico” português, o guardião acabaria por conseguir a sua oportunidade pelos “AA”. Frente a Itália, numa partida a contar para a Fase de Apuramento do Euro 88, o treinador Juca ver-se-ia forçado a substituir o lesionado António Jesus e, com a entrada em campo no Stadio Giuseppe Meazza, Lúcio conseguiria 1 internacionalização com a principal “camisola das quinas”.
Depois da meia-dúzia de anos cumpridos com as cores do equipamento alvinegro, Lúcio decidir-se-ia pela mudança de emblema, passando, a partir da temporada de1988/89, a representar o Tirsense. Ao integrar o plantel dos “Jesuítas” ainda na 2ª divisão, o guarda-redes ajudaria a equipa a voltar ao escalão máximo. Nas duas épocas seguintes, ambas primodivisionárias, manter-se-ia sempre em plano de destaque e, apesar da veterania, conservar-se-ia como um dos nomes mais vezes chamados à titularidade. Porém, com a idade a deixar adivinhar um fim de carreira a aproximar-se, o guardião, com a saída da agremiação sediada em Santo Tirso, poria um ponto final na caminhada entre os “grandes”. Seguir-se-ia o regresso ao Varzim e para finalizar uma caminhada sénior de mais de duas dezenas de anos, o termo do trajecto enquanto futebolista, em 1993/94, já com as cores da AD São Pedro da Cova.
Apesar de arrumadas as luvas, Lúcio não ficaria afastado da modalidade. Como treinador-adjunto, construiria uma longa e sólida carreira. Sobretudo ao lado de Carlos Brito, o antigo guarda-redes passaria por emblemas como Rio Ave, Estrela da Amadora, Boavista, Nacional, Leixões, Penafiel e Freamunde.

1361 - NICOLAU VAQUEIRO

Surgiria na equipa principal do Leixões treinada por António Teixeira, na temporada de 1969/70, e numa altura em que já tinha sido chamado aos trabalhos das equipas de formação de Portugal. Sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol, depois da estreia a 11 de Novembro de 1968, Nicolau Vaqueiro acabaria também convocado para a disputa do Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1969. No certame realizado na antiga República Democrática Alemã, o atacante, ao entrar em campo na partida frente à Itália, daria à sua carreira a 2ª internacionalização.
De volta ao Estádio do Mar, o avançado, apesar da falta de experiência e com o Leixões a fazer parte das pelejas primodivisionárias, apenas demoraria uma temporada para conseguir impor-se como um elemento imprescindível nos trâmites tácticos do emblema matosinhense. Na campanha de 1970/71, num plantel onde também despontavam nomes como Tibi, Teixeira ou Eliseu, o extremo-direito terminaria a referida época como um dos mais utilizados por António Medeiros. Aliás, daí em diante esses seriam os preceitos em que Nicolau Vaqueiro passaria a apresentar-se. Sempre como um elemento de importância fulcral para os esquemas idealizados pelos diferentes treinadores, o atleta começaria a acumular, no currículo, um crescendo de partidas disputadas. Com 7 temporadas cumpridas com as cores dos “Bebés”, o somatório de jornadas feitas pela agremiação, num total de 156 presenças em campo, levá-lo-iam a ser aferido como um dos jogadores da colectividade nortenha com mais presenças no escalão máximo português.
Apesar da temporada de 1975/76 ter voltado a sublinhar Nicolau Vaqueiro como um dos titulares do Leixões e com o clube a conseguir a manutenção no patamar maior, o avançado tomaria a decisão de pôr fim à sua caminhada com o listado alvirrubro e de cambiar de paradeiro. Curiosamente, a transferência para o Sporting de Espinho levá-lo-ia, pela primeira vez na carreira, a abraçar as pelejas dos escalões secundários. Outra grande surpresa viria logo de seguida, com os “Tigres da Costa Verde” a atingirem os lugares com direito à promoção, mas com o atacante a dar preferência a nova mudança.
O ano passado a envergar a camisola do Rio Ave serviria de interlúdio para o regresso do jogador à 1ª divisão. Já no Famalicão, orientado inicialmente por Mário Imbelloni, a verdade é que Nicolau Vaqueiro não revelaria os índices exibicionais de anos anteriores. Sem nunca conseguir elevar-se a uma das escolhas para a linha-da-frente das pelejas da agremiação minhota, essa temporada de 1978/79, em termos individuais, terminaria com resultados abaixo do esperado. Para a frente no tempo, num trajecto a sublinhar-se de forma decrescente, o atacante não mais voltaria ao convívio com os “grandes”. Lusitânia de Lourosa, Desportivo das Aves e o Lousada seriam os emblemas, numa carreira de desportista que terminaria com o fim da época de 1982/83, a colorir a sua derradeira fase enquanto futebolista.
Apaixonado pela modalidade, Nicolau Vaqueiro passaria a abraçar as tarefas de treinador. Numa longa caminhada, mormente dedicada a emblemas a competir nos escalões secundários, o técnico ainda passaria pela 1ª divisão, em experiências à frente do Leixões e do Farense. Recentemente assumir-se-ia como dirigente e, na temporada de 2021/22, regressaria ao Trofense para desempenhar as funções de Team Manager.

1360 - MANUEL ANTÓNIO

Terminaria a formação no Tirsense para, na temporada de 1963/64 e ainda ao serviço dos “Jesuítas”, encetar a caminhada sénior. Um ano volvido sobre a promoção à equipa principal, no sentido de continuar a caminhada estudantil, Manuel António apresentar-se-ia em Coimbra. Mesmo tendo como única experiência a campanha passada a disputar a 3ª divisão, a verdade é que as qualidades do avançado agradariam aos responsáveis da “Briosa” e o ponta-de-lança seria integrado no plantel de 1964/65.
Treinado por Mário Wilson, a época de estreia de Manuel António pelos “Estudantes” seria de tal forma prolífera que rapidamente apareceriam outros emblemas interessados na sua contratação. Com o Benfica e o Sporting também no seu encalço, acabaria por ser o FC Porto a convencer o jovem atleta a mudar de ares. Nos “Azuis e Brancos” a partir da temporada de 1965/66, o ponta-de-lança, assumindo-se como um dos titulares do conjunto portuense, manteria as exibições em níveis elevados. No norte do país, ainda na campanha de chegada ao Estádio das Antas, algo de novo surgiria à caminhada do atleta e a partida frente ao Stade Français, a contar para a Taça das Cidades com Feira, representaria o arranque do seu trajecto nas competições continentais. Porém, nos 3 anos passados ao serviço dos “Dragões”, o maior destaque surgiria com a edição de 1967/68 da Taça de Portugal. Na apelidada “Prova Rainha”, apesar de não ter sido chamado à disputa da final, o avançado, com 6 golos feitos durante as eliminatórias, daria um enorme contributo para a conquista do troféu.
O regresso a Coimbra, por razão maior dos estudos, traria à carreira de Manuel António vários momentos de grande relevância, com o primeiro a emergir a 6 de Abril de 1969. Com a chamada à principal selecção nacional, o alinhamento escolhido por José Maria Antunes empurraria o avançado-centro para o “particular” frente ao México. Nessa senda com a “camisola das quinas”, depois do referido encontro, o atacante ainda participaria noutros desafios. Com destaque para as rondas referentes à Fase de Qualificação para o Mundial de 1970, o jogador acabaria por colorir o seu currículo com 4 internacionalizações feitas pelo colectivo de Portugal.
Também na temporada de 1968/69, Manuel António veria o seu palmarés enriquecido. Curiosamente, apesar de nem ter sido uma das épocas mais prolíferas do avançado, os 19 golos concretizados no decorrer do Campeonato Nacional, acabariam por elevá-lo à condição de Melhor Marcador da prova. Ainda nesse ano, viria a sua primeira presença numa final da Taça de Portugal. No Estádio do Jamor, chamado por Francisco Andrade à decisiva peleja, seria um remate certeiro do ponta-de-lança a abrir o marcador. Infelizmente para os de Coimbra, os dois golos do Benfica reverteriam o resultado e o troféu acabaria por escapar aos escaparates dos “Estudantes”.
Daí em diante a carreira futebolística de Manuel António, sempre em paralelo com o Curso de Medicina, seria dedicada, quase na totalidade, ao emblema conimbricense. Num total de 10 temporadas a envergar o negro da “Briosa”, o avançado, por tudo o que aqui já foi dito, tornar-se-ia num dos símbolos máximos do clube e da cultura do estudante-atleta. Nessa caminhada, há também que destacar as presenças nas competições sob a alçada da UEFA, mormente a edição de 1969/70 da Taça dos Vencedores das Taças, onde ajudaria os “Estudantes” a atingir os quartos-de-final.
Por fim, numa ligação à Académica que terminaria com o final da época de 1976/77, falta referir a sua passagem, de um ano apenas, pela União de Leiria. Depois de “pendurar as chuteiras”, Manuel António desligar-se-ia das actividades do futebol profissional e passaria a dedicar o seu tempo às tarefas relacionadas com a medicina.

1359 - NIZA

Com o término da sua formação a acontecer ao serviço dos juniores do Benfica, a conjuntura de uma colectividade que, durante a década de 1960, acabaria por participar em 5 finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus, levaria o jovem médio a ter grandes dificuldades em afirmar-se no plantel principal das “Águias”. Nesse sentido, no momento de fazer a transição para o patamar sénior, a temporada de 1966/67 seria cumprida com as cores do União de Tomar.
Com os passos iniciais da referida caminhada dados na disputa da 2ª divisão, Fernando Ferreira Nascimento, popularizado no mundo do futebol como Niza, veria os anos seguintes da sua carreira a prolongarem-se pelos escalões secundários. Depois da colectividade nabantina seguir-se-iam, em duas temporadas consecutivas, as passagens pelos Nazarenos e pelo Marinhense. Já a época de 1969/70 daria início a uma ligação que viria a tornar-se numa das mais representativas do seu trajecto futebolístico.
Com a União de Coimbra a disputar a 3ª divisão, o médio assumir-se-ia como um dos elementos preponderantes naquela que acabaria por vingar como a era de ouro do emblema beirão. Com duas promoções em três anos, Niza e os seus companheiros de balneário conseguiriam uma proeza nunca antes alcançada pelos da “Cruz de Santiago”. Com a estreia do clube no mais importante escalão luso, também o jogador encetaria o trajecto primodivisionário. Nessa temporada de 1972/73, a 5ª do atleta com os “Unionistas”, as suas exibições, mais uma vez, levá-lo-iam a um plano de destaque. Titular no sector intermediário idealizado pelos três treinadores que, durante a mencionada época, estariam ao leme da colectividade, as presenças em 27 partidas fariam dele um dos nomes mais vezes inscritos nas fichas de jogo do Campeonato Nacional.
Com a despromoção da colectividade conimbricense, resultado do último posto conseguido naquela que é a prova maior do calendário futebolístico nacional, Niza não mais voltaria ao convívio dos “grandes”. Sempre a vogar pelos escalões secundários, os anos seguintes ficariam marcados por alguma errância geográfica. União de Leiria, Febres, Mangualde e duas passagens distintas pela União de Coimbra, caracterizariam esse período, o qual antecederia outra das suas ligações longas. No Oliveira do Bairro a partir da temporada de 1978/79, o centrocampista entraria na derradeira fase da sua senda como praticante e as 5 campanhas cumpridas pelo emblema do distrito de Aveiro precederiam as passagens ao serviço de Marialvas e, num regresso, com as cores do Febres.
Já após ter “pendurado as chuteiras”, Fernando Niza passaria a dedicar-se, em exclusivo, às tarefas de treinador. Numa carreira duradoura, os escalões secundários tornar-se-iam no cenário para os seus desempenhos técnicos. Com alguns emblemas a merecerem maior destaque, casos da União de Coimbra ou Pampilhosa, o antigo médio ficaria conhecido pelos seus discursos fortemente motivacionais.

1358 - MORATO

Dividiria o percurso formativo entre o Charneca e o Sporting, mas seria ao serviço dos “Leões” que António Henriques Morato, no decorrer da temporada de 1956/57, acabaria por dar o salto para as competições seniores. Inicialmente a jogar pela equipa de “reservas”, o defesa-central, que também podia posicionar-se em lugares do sector intermediário, passaria os dois anos seguintes, ao da saída das “escolas” leoninas, longe das cogitações da categoria principal. Já na campanha de 1958/59, a história mudaria e a referida época, com o uruguaio Enrique Fernandez e, após a saída deste, com Mário Imbelloni no comando técnico da agremiação lisboeta, daria a estreia ao jogador no escalão máximo do futebol português.
As épocas seguintes, principalmente a partir de 1960/61, revelariam Morato como um dos grandes esteios do sector mais recuado do Sporting Clube de Portugal. Ao mostrar-se como um elemento deveras regular e, sem grandes exuberâncias técnicas, como um futebolista bastante fiável, o atleta, titularíssimo durante duas temporadas, acabaria por ser um dos grandes nomes associados à conquista do Campeonato Nacional de 1961/62. Paralelamente às exibições feitas com a camisola listada verde e branca, surgiriam também as oportunidades com o equipamento dado às pelejas da selecção nacional. Nesse contexto, depois de, a 8 de Dezembro de 1960, ter representado a equipa “B” lusa, a Fase de Apuramento para o Mundial de 1962 dar-lhe-ia a chance de entrar em campo pelo conjunto principal. A partida, sob o comando técnico de Fernando Peyroteo, seria jogada a 8 de Outubro de 1961 e resultaria numa derrota forasteira frente ao Luxemburgo.
Depois desse tempo, intervalo que viria a tornar-se no período áureo da sua carreira desportiva, a presença no plantel do internacional português Lúcio, levaria Morato a perder a titularidade. Como resultado dessa mudança, o defesa-central, sem grande espaço no Sporting, cederia o destino à ideia de um empréstimo. Com a passagem, na campanha de 1963/64, pelo Vitória Futebol Clube a devolvê-lo às presenças habituais no “onze”, o grande revés da experiência vivida pelo atleta no emblema sediado na cidade de Setúbal, prender-se-ia com o facto de o jogador ter passado ao lado da época que encaminharia os “Leões” até à conquista da Taça dos Vencedores das Taças.
Morato, na época de 1964/65, ainda voltaria a integrar o plantel do Sporting. Contudo, tal como na campanha que precederia a sua ida até à margem norte do Rio Sado, o regresso não devolveria o jogador aos números de campanhas transactas. Mais uma vez, mas dessa feita a título definitivo, o defesa tomaria a decisão de deixar Alvalade para prosseguir a carreira noutras paragens. Seguir-se-ia, ainda na 1ª divisão, o Lusitano de Évora. Depois do ano cumprido no emblema alentejano, surgem algumas dúvidas sobre a sua carreira. Com fontes a dar o atleta, em 1966/67, no Barreirense e outras dá-lo como futebolista da CUF, a única certeza viria com o seu retorno à capital, para, nas disputas do patamar secundário, competir a temporada de 1967/68 ao serviço do Oriental.

1357 - QUIM BRITO

Após ter terminado o percurso formativo no Sport Clube do Barco, José Joaquim Dias Lucas, popularizado como Quim Brito subiria aos seniores na popular colectividade da zona da Serra da Estrela. Com a modesta agremiação, nessa temporada de 1980/81, a disputar a 3ª divisão nacional, as épocas seguintes, com o emblema a vogar por entre a descida aos “regionais” e a nova promoção ao já referido escalão nacional, serviriam para dar estaleca ao defesa. Nesse sentido, a época de 1982/83 seria de fulcral importância para o jogador e com as prestações colectivas a merecerem um bom destaque, o atleta, acompanhado por outro futebolista pertença do mesmo “clã” familiar, acabaria transferido para o Sporting da Covilhã.
Como ligeiramente destapado no parágrafo anterior, seria na companhia de outro atleta do Sport Clube do Barco, o avançado César Brito, que Quim Brito acabaria integrado no plantel principal a jogar em casa no Estádio Municipal José dos Santos Pinto. Nos “Leões da Serra” a partir da temporada de 1983/84, o defesa-esquerdo rapidamente conseguiria conquistar um lugar de destaque no seio do grupo de trabalho. Na campanha de 1984/85, a seguinte à da sua chegada à cidade da Covilhã, o lateral tornar-se-ia num dos esteios da senda que, sob o comando do treinador Vieira Nunes, levaria o emblema da Beira Baixa às meias-finais da Taça de Portugal e ao regresso ao patamar maior do futebol português.
Com Quim Brito a consumar a estreia na 1ª divisão logo na jornada inicial do Campeonato Nacional, a derrota forasteira, por 2-0, frente ao Marítimo, encetaria um percurso, em termos meramente individuais, avaliado bem longe de classificações negativas. Ao ter marcado presença, até à 19ª ronda da principal prova do calendário futebolístico luso, em todos os desafios disputados pelo Sporting da Covilhã, tal facto transformar-se-ia num número bem demonstrativo do seu valor enquanto praticante da modalidade. Essa razão, mesmo com a descida da colectividade ao patamar secundário, daria alguns contornos de estranheza à sua saída do clube. Seguir-se-ia a partida para o Minho e a temporada, sob o comando do “magriço” José Carlos, passada a envergar as cores do Gil Vicente.
Numa carreira profissional que viria a findar bem antes daquilo que ditam as probabilidades, Quim Brito ainda vestiria as camisolas de outras agremiações. Sem mais abandonar os patamares secundários, depois da passagem por Barcelos, o defesa ainda representaria o União da Madeira. De seguida voltaria ao Sporting da Covilhã para, segundo os dados conferidos no “site” da Federação Portuguesa de Futebol, dar por finda a sua caminhada enquanto futebolista na temporada de 1990/91 e, num regresso ao 3º escalão, ao serviço da Associação Desportiva do Fundão.