1409 - ARNALDO SILVA

Ao emergir dos juniores do Vitória Futebol Clube, Arnaldo Silva chegaria à equipa principal dos “Sadinos” na época de 1969/70. Com a sua estreia na 1ª divisão a ser promovida por José Maria Pedroto, o jovem praticante esbarraria na forte presença de Arcanjo. Com o referido colega a ser o preferido no delinear do esquema táctico, o jogador de origem guineense, na disputa por um lugar no sector mais ofensivo, ainda teria de enfrentar, também no encetar da caminhada sénior, a concorrência de Vítor Batista e do “magriço” Figueiredo. Parcamente utilizado, a verdade é que o ponta-de-lança continuaria a ser encarado como uma grande promessa saída das “escolas” do emblema sediado na cidade de Setúbal. Por essa razão, o avançado-centro manter-se-ia pelo Bonfim durante mais uma temporada. Porém, o Serviço Militar Obrigatório viria, de alguma forma, a atrapalhar a evolução do atleta. Integrado no contingente com destino a Angola, a solução encontrada para o seguimento da sua carreira surgiria no Benfica de Luanda. Já a viagem de volta à metrópole levá-lo-ia de novo a vestir o listado verde e branco. No entanto, com poucas presenças em campo em 1974/75, o atacante acabaria por ver a sua ligação aos “Sadinos” a terminar com o final da campanha de regresso a Portugal.
Com o intuito de jogar mais, seguir-se-ia a sua integração no plantel de 1975/76 do Esperança de Lagos. Com o emblema algarvio, pela primeira vez na história, a disputar a 2ª divisão, Arnaldo Silva tornar-se-ia num dos grandes destaques do grupo de trabalho sob a alçada do treinador Valentim Alexandre. Ao terminar a referida época como o melhor marcador da equipa do Barlavento, o atacante começaria a ser cobiçado por outros emblemas. Nesse sentido, com o Marítimo a ganhar a corrida pelo seu concurso, o jogador cumpriria a campanha de 1976/77 na Madeira. No “Leão do Almirante Reis”, o avançado começaria por conquistar as preferências de Pedro Gomes. Todavia, o grande momento dessa primeira época no Funchal surgiria nas últimas jornadas do Campeonato. Com os “Verde-rubro” a receber o Olhanense, o ponta-de-lança marcaria o último golo da vitória por 4-0 e, com a goleada frente aos algarvios, ajudaria a selar a subida de patamar e a carimbar a consequente estreia da colectividade insular nas lides da 1ª divisão.
Curiosamente, apesar da sua importância na promoção da agremiação funchalense, Arnaldo Silva deixaria os Barreiros. A época de 1977/78, continuando a alimentar aquela que terá sido a melhor fase da sua carreira, passá-la-ia ao serviço do Portimonense. Após o ano realizado no Algarve e que representaria o regresso do avançado à 1ª divisão, o jogador voltaria à ilha da Madeira. Pela segunda vez a envergar as cores do Marítimo, o atacante continuaria a sublinhar-se como um intérprete muito poderoso fisicamente e com habilidade suficiente para justificar a presença nos “plateaus” primodivisionários. Essa ideia, ainda com o atleta a vogar pelos principais palcos do futebol luso, desvanecer-se-ia nos anos vindouros, com a perda de algum fulgor. No escalão máximo, mas com números modestos, o ponta-de-lança ainda representaria o Académico de Viseu e o Belenenses. Já numa fase marcadamente descendente e errante, tempo ainda para várias participações nos degraus secundários e em emblemas como o Beira-Mar, Torreense, Cova da Piedade, Vasco da Gama de Sines, Seixal e Amora.

1408 - ARMANDO MANHIÇA

Chegaria a Lisboa numa altura em que, no país natal, já tinha vestido as camisolas da Académica de Chamanculo e do Sporting de Lourenço Marques. Contudo, apesar de consagrado como um dos grandes intérpretes a actuar nas provas moçambicanas, a sua entrada no plantel de 1964/65 do Sporting Clube de Portugal não teria o efeito esperado. Depois da estreia, pela mão do treinador Armando Ferreira, numa partida a contar para a Taça de Portugal, Armando Manhiça continuaria a revelar algumas dificuldades em adaptar-se à nova realidade competitiva e, tirando a mencionada excepção, o atleta passaria as duas primeiras épocas em Alvalade a jogar praticamente no conjunto de “reservas”.
A grande mudança aconteceria já no decorrer da temporada de 1966/67 e por força da sua passagem do miolo do terreno até ao centro do sector mais recuado. Como defesa, Armando Manhiça, dono de um físico impressionante e a revelar uma coragem ímpar, voltaria a destacar-se como um futebolista de elevados índices exibicionais. Alcunhado como o “115 do Sporting”, tal a sua valia para os desempenhos colectivos dos “Leões”, daí em diante, o jogador passaria a ser tido como um dos elementos fulcrais para os sucessos do clube.
Com a sua importância a emergir no cumprir de cada partida, a época de 1967/68 sublinhá-lo-ia, ainda mais, como um dos indiscutíveis no alinhamento inicial do Sporting. Essa preponderância levaria os responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol a incluí-lo nas convocatórias para os desafios da selecção. Por Portugal, chamado a jogo por José Maria Antunes, Armando Manhiça estrear-se-ia, a 30 de Junho de 1968, num amigável forasteiro frente ao Brasil. Seguir-se-ia, em Dezembro do mesmo ano, a sua inclusão numa das jornadas a contar para a Fase de Qualificação do Mundial de 1970 e essa peleja contra a Grécia, sempre acompanhado no centro da defesa nacional pelo seu colega de clube José Carlos, dar-lhe-ia a segunda e derradeira internacionalização “A”.
Após, na campanha de 1968/69, ter ajudado o Sporting a ser um dos vencedores da Taça Intertoto, a última época de Armando Manhiça ao serviço do Sporting, empurrá-lo-ia para o ocaso vivido no decorrer dos primeiros anos com as cores leoninas. Esse facto, levaria o jogador a mudar de rumo e a prosseguir a carreira mais a norte. Com a entrada nas Antas a suceder-se em 1970/71, o defesa recuperaria a importância perdida em Alvalade. Durante as temporadas vindouras, com algumas excepções, o atleta assumir-se-ia como um dos mais importantes membros da equipa “azul e branca” e à custa da aura de futebolista fiável, voluntarioso e intrépido acumularia, ao envergar a camisola do FC Porto nas diferentes provas nacionais e estrangeiras, algumas dezenas de partidas disputadas.
Para seu enorme infortúnio, um grande acidente de viação, afectá-lo-ia de tal maneira que, após a temporada de 1973/74 sem efectuar qualquer partida, Armando Manhiça decidira, em definitivo, pôr um ponto final na caminhada enquanto jogador profissional de futebol. Regressado a Moçambique, o antigo defesa-central voltaria a abraçar a modalidade, mas, dessa feita, já no desempenho das tarefas de treinador. Como técnico, numa carreira que não consegui descortinar grande parte do trajecto, um dos maiores destaques viria com a sua nomeação para seleccionador nacional da Guiné-Bissau.

1407 - CANDEIAS

Meses após o nascimento, Manuel Candeias, na companhia dos pais, deixaria a aldeia natal, na zona do Fundão, para passar a residir no bairro lisboeta de Alcântara. Alguns anos depois, já como um apaixonado pelo futebol, entraria para as “escolas” do Atlético Clube de Portugal. Tendo dado os primeiros passos na modalidade ainda na infância, o jovem praticante continuaria a subir os diversos degraus formativos até atingir, na temporada de 1963/64, a equipa principal. Com o emblema da Tapadinha, por essa altura, a disputar o escalão secundário, o defesa-central ainda demoraria alguns anos até chegar ao convívio dos “grandes”. Essa barreira, orientado por Angel Oñoro, ultrapassá-la-ia com o encetar da campanha de 1966/67 e como parte de um grupo de trabalho onde estavam incluídos Marinho, Rodolfo Seminário, Botelho e o “astro” Matateu.
Com o emblema alcantarense a teimar num trajecto desportivamente instável, Candeias, progressivamente a cimentar-se como uma das figuras da equipa, acompanharia o Atlético na senda de descidas e subidas que caracterizaria a caminhada do clube nas décadas de 1960 e 1970. Uma das provas da sua importância, no seio do grupo de trabalho, surgiria com a braçadeira de capitão entregue à sua responsabilidade. Como um elemento de cariz intrépido e incansável, o defesa-central depressa conseguiria transformar-se num grande exemplo para os colegas de balneário. Ao nunca virar a cara à colectividade “alfacinha”, o jogador alimentaria a aura mítica que muitos ainda recordam e as 13 temporadas como sénior, ao serviço da agremiação sediada em Alcântara, ficariam como forte testemunho de uma entrega impar.
Apesar de ter dedicado ao clube 23 anos da sua vida como futebolista, número que faz de si o elemento que durante mais tempo representou o clube, Manuel Candeias ainda haveria de ser assediado por um dos maiores rivais do Atlético. No entanto, o “namoro” com Belenenses, com os “Azuis” a quererem concretizar a transferência apenas à custa da cedência de vários futebolistas, esbarraria na intransigência dos dirigentes da Tapadinha em aceitar um negócio em tais moldes. Ironicamente, mais tarde, o defesa viria a ser dispensado. Já consagrado como o jogador que mais vezes tinha envergado a camisola da agremiação alcantarense, o central ter-se-á negado à exigência do treinador uruguaio José Caraballo que, segundo o especulado na altura, haveria de informar o atleta que, para continuar no clube, teria de primeiro “treinar à experiência”.
Com a saída da Tapadinha, seria o Montijo, ainda na 1ª divisão, a receber o atleta. Na Margem Sul do Rio Tejo, Manuel Candeias chegaria na campanha de 1976/77, para ainda completar mais uma temporada pelo conjunto aldegalense. Com um ano sabático pelo meio, de seguida, segundo a informação retirada do sítio oficial da Federação Portuguesa de Futebol, o defesa-central terá sido inscrito no plantel de 1979/80 do Sporting Clube de Linda-a-Velha. Já com as “chuteiras penduradas”, o antigo defesa, nas funções treinador, voltaria a ligar-se ao Atlético e, dessa feita, para orientar as camadas jovens da agremiação lisboeta.

1406 - DIMAS

Ponta-de-lança nos juniores da Académica, na subida à primeira equipa da “Briosa”, a falta de um defesa-esquerdo faria com que o treinador Vítor Manuel adaptasse o jovem praticante à desfalcada posição. A partir dessa temporada de 1987/88, em qualquer dos emblemas por onde passou, Dimas Manuel Marques Teixeira não voltaria a abandonar o sector mais recuado. Logo naquela que viria a tornar-se na campanha da sua estreia na 1ª divisão, os índices revelados como um lateral trabalhador, humilde, com boa resistência física, fiável, capaz de acções ofensivas e até dono de um forte remate, levá-lo-iam a ser um dos titulares nos “Estudantes” e, nesse sentido, uma das melhores revelações das provas portuguesas.
Mesmo com as 2 campanhas seguintes passadas na disputa do 2º escalão, Dimas conservaria os níveis exibicionais em parâmetros elevados. Essas aferições seriam decisivas para a mudança para o plantel de 1990/91 do Estrela da Amadora. Com o regresso ao convívio dos “grandes” a ser promovido pelo treinador Manuel Fernandes, o defesa voltaria a demonstrar qualidades para evoluir de forma positiva e nem a presença no grupo de trabalho de colegas como o tarimbado Álvaro Magalhães impedi-lo-ia de conseguir jogar com bastante frequência. Como um dos elementos mais utilizados pelos “Tricolores”, na temporada de chegada à Reboleira, o jogador teria a oportunidade de participar em momentos históricos para o clube. Depois de entrar em campo na Supertaça, também as provas sob a alçada da UEFA passariam a fazer parte do seu currículo e a estreia da equipa da Linha de Sintra na Taça dos Vencedores das Taças levá-lo-ia a ser titular nas 2 partidas frente ao Neuchâtel Xamax e numa das mãos disputadas com o RFC Liège.
Com nova despromoção a levar Dimas a entregar-se às pelejas dos escalões secundários, o lateral-esquerdo voltaria a revelar uma tenacidade merecedora de outros voos. Nesse sentido, seriam o Vitória Sport Clube e Marinho Peres a abrirem-lhe, mais uma vez, as portas da 1ª divisão. Em Guimarães voltaria a disputar as competições continentais. Manter-se-ia igualmente como um dos pilares dos esquemas tácticos desenhados pelos diferentes treinadores responsáveis pela agremiação minhota e os anos passados na “Cidade Berço”, muito para além de sublinhar o atleta como um intérprete de cariz primodivisionário, fá-lo-iam dar novo salto na carreira.
Ao acompanhar Paulo Bento na transferência para o Benfica, Dimas passaria a trabalhar com Artur Jorge. Na Luz a partir da campanha de 1994/95, o defesa voltaria a ganhar um lugar de destaque. A preponderância conquistada, depois de já ter representado os “olímpicos” e os sub-21, empurrá-lo-ia para a principal equipa à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Chamado por António Oliveira às jornadas correspondentes à Fase de Qualificação para o Euro 96, o atleta, após consumado o apuramento, também seria convocado para o torneio disputado em Inglaterra. Nisso de Fases Finais, numa caminhada que, em termos totais, daria ao jogador um somatório de 44 internacionalizações “A”, falta ainda fazer referência à presença, já a trabalhar com Humberto Coelho, no Euro 2000.
Após a vitória na Taça de Portugal de 1995/96 e com a temporada seguinte em já andamento, o lateral aceitaria o convite da Juventus e, ao deixar o Benfica, mudar-se-ia para a Serie A. Com as cores da “Vecchia Signora”, o jogador não deixaria impressionar-se pela constelação de estrelas a exibir-se com o emblema transalpino. Com Marcello Lippi a apostar em si com regularidade, o defesa contribuiria para a conquista de 2 “Scudettos”. Para além dos títulos referidos, o jogador também seria muito importante na caminhada da Champions League de 1997/98. A aludida edição da prova sob a égide da UEFA terminaria com os italianos a disputar a final, mas com Dimas, na derradeira partida, a não sair do banco de suplentes.
Com a preponderância apresentada durante o período a jogar pela Juventus, por certo muitos terão ficados surpreendidos com a sua transferência, mais uma vez com a temporada a decorrer, para o Fenerbahçe. À passagem pela Turquia seguir-se-ia o Standard Liège e, em 2000/01, o ingresso no Sporting. Em Alvalade, Dimas, afectado por uma grave lesão no joelho esquerdo, pouco jogaria. Todavia, mesmo tendo saído para o Marseille a meio da época, o defesa ainda participaria na “dobradinha” de 2001/02.
Depois de em 2002 ter posto um ponto final na carreira enquanto jogador, Dimas manter-se-ia ligado à modalidade. Colaboraria com as “escolas” de Luís Figo, trabalharia como Coordenador para o futebol do Estoril Praia e, já a desempenhar as funções de técnico, para além da experiência à frente da equipa “b” e sub-23 da B-SAD, tem trabalhado como treinador-adjunto de José Morais, com passagens pelo Barnsley, Karpaty ou Al-Hilal.

1405 - NIROMAR

Erguida a sua formação na soma dos períodos passados no Vasco da Gama e no Madureira, seria na última agremiação referida que Niromar teria a oportunidade de fazer a transição para o patamar sénior. Mais tarde surgiria o empréstimo ao Club Deportivo Português e a digressão que, ao serviço do emblema sediado em Caracas, traria o avançado até Portugal. Agradados com as prestações do jogador, seriam as pessoas à frente do Beira-Mar a mostrarem-se interessados na sua contratação. Depois de negociarem o seu “passe” com os dirigentes do conjunto a jogar em casa no Estádio Aniceto Moscoso, o atleta fixar-se-ia na Beira Litoral e começaria a envergar as cores da colectividade aveirense.
Integrado no plantel de 1978/79 do Beira-Mar, Niromar, avançado que podia posicionar-se em todas as posições do sector mais ofensivo, mas, que, preferencialmente, jogava a extremo, rapidamente conseguiria cativar os responsáveis técnicos dos “Auri-Negros”. Com Fernando Cabrita como treinador, e a partilhar o balneário com nomes como Veloso ou Sousa, a sua estreia na 1ª divisão sublinhá-lo-ia como um intérprete deveras veloz e com enorme capacidade para conseguir descobrir os espaços vazios no seio das linhas defensivas adversárias. Com tais predicados, não demoraria muito tempo até que conjuntos de outra monta começassem a olhar para si como um bom reforço e, cumprido um par de temporadas no Estádio Mário Duarte, as boas exibições levá-lo-iam até à “Cidade Invicta”.
Com a entrada no FC Porto a suceder na época de 1980/81, Niromar começaria a trabalhar sob a intendência de Hermann Stessl. Com os “Dragões” ainda no rescaldo do “Verão Quente”, o atacante assumir-se-ia como um elemento útil para o plantel. Ainda assim, apesar de ser utilizado várias vezes, o extremo nunca conseguiria alcançar a importância necessária para conquistar um lugar como titular. Esse facto, na campanha seguinte à sua chegada às Antas, empurrá-lo-ia para um empréstimo à Sanjoanense. Após o ano cumprido a disputar a 2ª divisão, os sinais dados durante o período de cedência fariam com os “Azuis e Brancos” voltassem a requisitar a sua presença. Porém um grave desastre de automóvel afastá-lo-ia, durante vários meses, das lides futebolísticas e, por razão da demorada recuperação, o avançado não marcaria qualquer presença em campo na temporada de 1982/83.
Seguir-se-ia novo empréstimo, mas, dessa feita, ao Portimonense. Sem deixar de competir na 1ª divisão, mas talvez afectado pelas mazelas deixadas com o acidente de viação, a verdade é que Niromar não seria capaz de dar a resposta necessária para que, com clareza, conseguisse afirmar-se como um dos elementos basilares no conjunto ao cargo de Manuel José. Com o termo da temporada de 1983/84, o jogador deixaria o emblema do Barlavento algarvio e rumaria ao Estrela da Amadora. A campanha efectuada na Reboleira, com índices exibicionais bem interessantes, dar-lhe-ia nova oportunidade para regressar ao convívio dos “grandes”. Essa chance surgiria a convite do Sporting da Covilhã e a época de 1985/86 tornar-se-ia na última do atleta naquele que é o patamar máximo do futebol português.
Já nos escalões inferiores, Niromar, após mais um ano a trabalhar com os “Leões da Serra”, entraria na derradeira fase da carreira. Lousada e Campomaiorense tornar-se-iam nos emblemas desses capítulos finais. Todavia, um incidente na passagem pela colectividade alentejana, viria a precipitar o termo da sua caminhada enquanto futebolista. Por conta de um desentendimento entre o jogador e os dirigentes do clube, o avançado, após passar a folga na cidade do Porto, viria a ser punido. Com o conflito a arrastar-se pelos trilhos judiciais, os tribunais dariam razão ao atleta que, agastado pelo conflito, acabaria a vincar a época de 1988/89 como a última do seu trajecto competitivo.

1404 - VASSALO


Júnior do Benfica, Pedro Vassalo acabaria chamado à selecção portuguesa a disputar certames no mesmo escalão. Com a primeira internacionalização a acontecer numa partida frente a Inglaterra e a contar para a edição de 1978 do Torneio Internacional do Mónaco, esse jogo, orientado por Peres Bandeira, encaminharia o jovem defesa-esquerdo para uma caminhada que, em exclusivo no patamar sub-18, acumularia 6 pelejas com a “camisola das quinas”. Já no que ao trajecto clubístico diz respeito, o atleta não teria tanta sorte e, terminada a formação, a sua estreia como sénior dar-se-ia longe da Luz.
Integrado no plantel de 1979/80 do Rio Maior, Vassalo daria início a um percurso dedicado às disputas dos escalões inferiores. Depois de, por um ano, experimentar a 3ª divisão, a mudança para Trás-Os-Montes levá-lo-ia a subir um degrau na escala competitiva. A visibilidade conseguida ao serviço do Desportivo de Chaves começaria a revelar, nos dois anos passados na cidade flaviense, perspectivas de um futuro risonho. O passo seguinte, no sentido de uma evolução positiva, emergiria na oportunidade oferecida pelo Salgueiros e o acordo rubricado com o emblema sediado no portuense bairro de Paranhos, dar-lhe-ia a estreia no convívio com os “grandes”.
Como membro do plantel a jogar em casa no Estádio Vidal Pinheiro, a época de1982/83, como dito no final do parágrafo anterior, serviria para Vassalo dar os passos iniciais na 1ª divisão. Orientado nessa estreia por Henrique Calisto, o defesa, mesmo ao disputar o lado canhoto do sector mais recuado com colegas mais experientes, conseguiria assumir-se como um dos elementos de maior utilização no decorrer do Campeonato Nacional. Com a época seguinte, a sua importância cresceria ainda mais. O atleta aumentaria o número de desafios cumpridos naquela que é a prova mais relevante agendada para o calendário futebolístico português e esse facto serviria para sublinhar a surpresa materializada no final da temporada, a qual resultaria da procura de outro rumo para a carreira do jogador.
A entrada no Paços de Ferreira faria de 1984/85 a primeira época de uma caminhada a afastá-lo, em definitivo, do escalão máximo do futebol luso. Aos 3 anos passados na “Capital do Móvel” seguir-se-iam outros emblemas, dos quais o destaque maior iria para o Mangualde. Na localidade do Distrito de Viseu, com uma época pelo meio ao serviço do Vila Real, o defesa jogaria 4 temporadas. Porém, mesmo com a caminhada competitiva bem sublinhada pela metade final da carreira, o tempo ainda disponibilizaria a Vassalo a oportunidade de colorir o seu trajecto com a paleta de outras agremiações. Nesse sentido, depois de mudar de residência para o Ribatejo, falta-me ainda fazer referência ao União de Almeirim, ao Atlético Futebol Clube Vale de Santarém e ao “pendurar das chuteiras” com o termo da temporada de 1996/97.

1403 - FONSECA

Saído das “escolas” do Benfica, Orlando António Fonseca da Costa chegaria à principal equipa dos “Encarnados” no decorrer da temporada de 1975/76. Avançado, o jovem praticante ver-se-ia preterido, na equipa ao cargo de Mário Wilson, por nomes como Nené, Jordão ou Vítor Batista. A falta de oportunidades no conjunto sénior das “Águias” levá-lo-ia, nos anos seguintes, a vogar por diferentes emblemas. Na primeira paragem dessa senda, o Montijo, o destaque alcançado faria com que o seu nome começasse a ser incluído nas equipas com o cunho da Federação Portuguesa de Futebol. Com a estreia pelas “esperanças” a acontecer a 11 de Junho de 1977, o atacante, nessa edição do Torneio de Toulon, ao lado de Gomes, Eduardo Luís, Frasco, Barão e outros ilustres nomes, iniciaria uma caminhada que viria a terminar, com a entrada nos “olímpicos”, num somatório de 6 internacionalizações.
Após ter também representado, sem nunca deixar a 1ª divisão, o Riopele e o Estoril Praia, o traquejo somado durante essas experiências justificariam um regresso à “Luz”. Porém, mesmo com as entradas em campo a surgirem de forma mais regular, Fonseca, na campanha de 1979/80, nunca haveria de conquistar o estatuto de titular no grupo de trabalho à guarda do “Velho Capitão”. Ainda assim, as duas passagens pelos seniores do Benfica trariam ao seu palmarés importantes troféus e, apesar de nunca ter conseguido afirmar-se como um elemento imprescindível, o avançado deixaria as “Águias” com a bagagem recheada pela conquista do Campeonato Nacional de 1975/76 e da Taça de Portugal correspondente à primeira época referida neste parágrafo.
A transferência para o Vitória Sport Clube na temporada de 1980/81 levá-lo-ia a trabalhar, depois da saída de Fernando Peres à 7ª ronda, com o técnico José Maria Pedroto. A ida para a cidade de Guimarães, a partir da mencionada campanha, faria com que Fonseca conseguisse regressar à regularidade merecida a um intérprete da sua categoria. Ao somar ao currículo várias dezenas de partidas esgrimidas no patamar mais importante do futebol luso, o atleta, muito para além de cimentar a agremiação minhota como o emblema mais representativo da carreira pessoal, faria com o seu estatuto no cenário competitivo português passasse a ser aferido como o de um elemento de valor primodivisionário.
Depois de 4 temporadas a exibir a camisola dos “Conquistadores”, durante as quais ajudaria o Vitória Sport Clube a regressar às competições organizadas na alçada da UEFA, a surpresa viria com a sua mudança para o plantel do Varzim. Mantendo-se ainda a disputar o escalão máximo, essa campanha de 1984/85, a trabalhar com Mourinho Félix, tornar-se-ia na última do atacante na 1ª divisão. Daí em diante, numa senda competitiva que ainda viria a estender-se por diversos anos, outros emblemas acabariam a colorir a sua caminhada. Felgueiras, Maia e o Esposende, preencheriam as derradeiras etapas de um trajecto que conheceria o fim com o termo da temporada de 1993/94.

1402 - LUÍS PEREIRA

Com a formação dividida entre as “escolas” do Limianos e as do FC Porto, seria no emblema do Douro Litoral que Luís Pereira seria promovido ao escalão sénior. Antes desse importante passo, surgiria ainda a convocatória aos juniores a trabalhar sob a intendência da Federação Portuguesa de Futebol. Com José Maria Canhoto encarregue do referido escalão, a 29 de Março de 1967, numa partida frente à congénere francesa, o atleta, ao lado de nomes como Raul Águas ou Vítor Batista, enriqueceria o seu currículo com 1 internacionalização. Não muito tempo depois, com a entrada na equipa principal “azul e branca” a acontecer na temporada de 1967/68, José Maria Pedroto transformar-se-ia no treinador a levar o médio-ofensivo à estreia na 1ª divisão. Porém, apesar de ser tido como um praticante de enorme potencial, a verdade é que na aludida campanha, tal como na seguinte, o jovem jogador não conseguiria muitas oportunidades para entrar em campo. Seguir-se-iam o empréstimo ao Famalicão, a chamada ao Serviço Militar Obrigatório, a incorporação no contingente a viajar para Angola e o tempo passado com as cores do Benfica de Luanda.
Fontes há que referem o seu regresso a Portugal novamente pela porta do Famalicão. Sem não ter consigo confirmar tal informação, o que é certo é sua integração no plantel de 1971/72 do Tirsense. No entanto, a nova experiência na 1ª divisão teria, individualmente, o mesmo resultado do período passado nas Antas, ou seja, o centrocampista acabaria por ser pouco utilizado. Já a grande mudança na sua caminhada profissional surgiria com mais uma transferência. No Riopele a partir da campanha 1973/74, Luís Pereira, dentro de campo, assumir-se-ia como o verdadeiro cérebro de uma caminhada que teria o seu ápice numa inédita presença na 1ª divisão. Com o conjunto da Pousada de Saramagos a atingir o patamar máximo na temporada de 1977/78, o médio-ofensivo tornar-se-ia num dos nomes, ao lado de Vitorino e Teixeira, a disputar todas as 30 jornadas do Campeonato Nacional. Infelizmente, apesar do bom desempenho do jogador, o conjunto minhoto não cumpriria os objectivos colectivos e, um ano volvido sobre a promoção, regressaria ao degrau secundário.
Após mais uma época no Riopele, Luís Pereira prosseguiria a sua carreira no União de Lamas. Já o retorno ao convívio com os “grandes”, aconteceria uns anos mais tarde e numa altura em que representava a colectividade a jogar em casa no Estádio Vidal Pinheiro. Com a entrada no Salgueiros a acontecer em 1981/82, o médio voltaria a contribuir para nova subida. No escalão máximo, mesmo num troço do seu trajecto profissional já sublinhado pela veterania, o atleta, na edição de 1982/83 do Campeonato Nacional, conseguiria assumir-se como um dos pilares da equipa portuense. Em Paranhos, tendo perdido alguma preponderância no delinear do esquema táctico, ainda cumpriria outro ano. De seguida, como os capítulos finais de uma caminhada competitiva, emergiriam ainda o São Pedro da Cova, o Gondomar e o “pendurar das chuteiras” com o termo da temporada de 1986/87.

1401 - FRANCISCO SILVA

Seria já como internacional que Francisco Silva chegaria à principal equipa do Vitória Futebol Clube. Com a “camisola das quinas”, o defesa estrear-se-ia no escalão actualmente conhecido como sub-18. Depois desse “amigável” frente a França, disputado a 11 de Novembro de 1975, o jovem atleta continuaria a merecer a confiança dos diferentes técnicos a trabalhar sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse sentido, o jogador, com o emblema de Portugal, ainda teria a oportunidade de passar por outros patamares competitivos e conseguiria, numa soma que iria levá-lo até aos “Esperanças”, um total de 23 desafios feitos com as cores lusas.
No que respeita ao percurso clubístico, tal como desvendado no parágrafo anterior, Francisco Silva estrear-se-ia nos seniores com o listado verde e branco dos “Sadinos”. Nessa temporada de 1977/78, apesar de ter sido lançado por Fernando Vaz, seria já com Carlos Cardoso como treinador que o defesa acabaria por ser utilizado com maior regularidade. Nas épocas seguintes, as suas entradas em campo aumentariam de número progressivamente. Com o patente crescimento, o jogador passaria a ser aferido como um dos esteios do sector mais recuado da colectividade setubalense e conseguiria somar ao currículo muitas jornadas cumpridas na 1ª divisão. Porém, apesar de promissores os anos iniciais, a verdade é que o atleta, a partir de certa altura, começaria a ter menos preponderância no seio do plantel e decidiria, talvez à procura do fulgor perdido, mudar de rumo.
Na Académica a partir da campanha de 1984/85, Francisco Silva, muito para além de recuperar a titularidade, manter-se-ia como um atleta a disputar aquele que é o mais importante escalão do futebol português. Os dois primeiros anos na cidade de Coimbra serviriam, um pouco mais, para sublinhá-lo como um atleta de indubitável natureza primodivisionária. Porém, esse período pródigo em termos individuais seria interrompido por uma insistente lesão. Afectado por uma grave pubalgia e com o departamento médico da “Briosa” a ser incapaz de debelar a maleita, o defesa passaria a totalidade da época de 1986/87 sem somar qualquer minuto em campo e, finda a referida temporada, o atleta deixaria os “Estudantes”.
A restante carreira de Francisco Silva, por certo afectada pela lesão sofrida, deixaria de ter o brilho anteriormente apresentado. Mesmo assim, muito para além do percurso que viria a percorrer, o jogador ainda conseguiria participar em momentos de grande importância para as colectividades que passaria a representar. Um dos bons exemplos vivê-lo-ia com a época cumprida ao serviço da Associação Desportiva de Fafe. Na agremiação minhota, o defesa integraria o plantel de 1987/88 e, nesse sentido, faria parte do grupo de trabalho que, pela primeira vez na história da colectividade, conseguiria a promoção ao Campeonato Nacional da 1ª divisão.
Infelizmente para o jogador, a subida dos fafenses não significaria o seu regresso ao convívio com os “grandes”. Aliás, com a saída da Académica de Coimbra, Francisco Silva não mais regressaria ao degrau maior do futebol luso. Após o ano passado no Minho, o jogador entraria numa fase diferente da caminhada competitiva, exclusivamente dedicada aos patamares inferiores. Barreirense, Vasco da Gama de Sines, Torres Novas, Mineiro Aljustrelense e, como capítulo final de uma caminhada que, em mais de década e meia, incluiria uma dezena de temporadas na 1ª divisão, o Cova da Piedade transformar-se-ia no último emblema a incluir no currículo do defesa.
Com o fim da carreira de futebolista, Francisco Silva não abandonaria a modalidade. Com um percurso dedicado as funções de treinador, o destaque terá de ir para a sua colaboração com as camadas jovens de um dos mais populares emblemas da cidade de Setúbal, o Comércio e Indústria.

1400 - MANUEL OLIVEIRA

Futebolista polivalente que, durante a carreira, haveria de posicionar-se tanto a extremo, como a interior e também a médio, Manuel Oliveira seria descoberto por Fernando Vaz. Convidado pelo referido treinador para fazer testes com os “Leões”, o jovem praticante agradaria aos responsáveis pelo emblema “alfacinha” e acabaria por ingressar nas “escolas” do Sporting Clube de Portugal. Alguns anos mais tarde viria a subida ao escalão sénior. Porém, apesar de ser aferido como uma grande promessa, a verdade é que, num plantel tão rico, onde ainda marcavam presença  quatro dos “5 violinos”, o atleta não conseguiria convencer o técnico Randolph Galloway e passaria a temporada de 1951/52 entre as “reservas”.
As épocas seguintes pouco mais trariam a Manuel Oliveira do que uma mão cheia de desafios disputados pela equipa principal do Sporting. Ainda assim, as poucas partidas cumpridas de “verde e branco” serviriam, mormente, para duas coisas. Primeiro, ao dar o seu contributo em 3 jornadas, surgiria a vitória no Campeonato Nacional de 1952/53. Mais tarde, viriam as chamadas à Selecção Militar e as 8 internacionalizações cumpridas ao serviço desse conjunto.
Com Manuel Oliveira a usufruir de poucas oportunidades, uma alteração de rumo começaria a justificar-se para a sua carreira. Então, a propósito da hipotética transferência de Germano para o Sporting, mudança que nunca chegaria a concretizar-se, surgiria o compromisso com Atlético. Apresentado na Tapadinha para a temporada de 1956/57, o atleta passaria a assumir-se como um elemento imprescindível e de cariz primodivisionário. Mesmo com a passagem para a CUF na época seguinte, o estatuto de titular manter-se-ia. Na colectividade do Lavradio, emblema que viria a tornar-se no mais representativo do seu trajecto enquanto praticante, o jogador passaria o resto da sua caminhada de futebolista. No entanto, mais importante do que ter “pendurado as chuteiras” ao serviço da agremiação barreirense, seria a passagem para as funções de treinador e, com essa decisão, o encetar de funções que sublinhariam o antigo médio como um dos melhores técnicos portugueses durante mais de três décadas.
Começaria nas funções de treinador já com a campanha de 1962/63 em andamento e com a saída do argentino Anselmo Pisa. Aos comandos da CUF, logo na temporada de 1964/65, atingiria, com o final do Campeonato Nacional, o 3º posto da tabela classificativa. Essa brilhante posição, a melhor de sempre na história da colectividade, levaria o grupo de trabalho às suas ordens a qualificar-se, também em jeito de novidade, para a edição da época seguinte da Taça das Cidades com Feira. Porém, no que a bons resultados diz respeito, não só o já referido faria parte da sua carreira como técnico. Também no FC Barreirense, o rigor de Manuel Oliveira traria frutos e o 4º lugar alcançado em 1969/70 daria ao listado “vermelho e branco” a possibilidade de fazer a estreia nas provas da UEFA e de participar na já aludida competição continental.
Numa longa caminhada a desempenhar as funções de treinador, Manuel Oliveira, apelidado como o “Mestre da Táctica”, seria responsável por diversas inovações a nível mundial, como por exemplo a implementação do hoje tão popularizado esquema 3-4-3. Nesse trajecto, ao representar mais de duas dezenas de clubes, os destaques, como é lógico, acabariam entregues às suas passagens pela 1ª divisão. Naquele que é o escalão máximo luso orientaria, para além do mencionado, Farense, Leixões, Belenenses, Sanjoanense, Olhanense, Beira-Mar, Marítimo, Portimonense, Vitória Futebol Clube, AD Fafe e Nacional da Madeira. Também há a registar os diferentes serviços prestados nos escalões inferiores e as experiências no estrangeiro. Falta ainda dizer da sua importância, como professor, para a formação dos seus pares ou falar acerca do seu papel como comentador desportivo, como Presidente do Sindicato dos Treinadores de Futebol ou como fundador da Associação Nacional de Treinadores de Futebol.

1399 - LAURETA

Tal como o avô Francisco, o pai ou o irmão João, Alfredo Magalhães da Silva Rodrigues também ficaria popularizado pela alcunha Laureta. Da mesma forma, até em configurações mais vincadas do que os familiares, o seu nome acabaria ligado ao futebol e em particular ao Vitória Sport Clube. No emblema minhoto, o jovem praticante, ainda nos patamares de formação, começaria a destacar-se como um elemento de características mais ofensivas, jogando, sempre do lado canhoto, no meio-campo ou como extremo. Ainda nessa posição, naquela que viria a ser a sua época de estreia como sénior, passaria a temporada de 1980/81 emprestado ao Mirandela. Porém, apesar de disputar a 2ª divisão, as suas exibições seriam suficientes para chamar à atenção dos responsáveis pelo conjunto de “esperanças” à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com a estreia a acontecer em plena disputa da edição de 1981 do Torneio de Toulon, essa partida, jogada a 7 de Junho, serviria de arranque a uma caminhada que, em vários escalões, terminaria com 18 internacionalizações por Portugal.
De todas as suas chamadas à selecção, aquela que mais viria a destacar-se seria a que permitiria ao jogador acrescentar ao currículo pessoal uma peleja feita pelo mais importante “conjunto das quinas”. Chamado pelo famoso Otto Glória, Laureta, nesse encontro frente ao Brasil, agendado a 8 de Junho de 1983, começaria sentado no banco de suplentes, para, no início do segundo tempo, entrar para o lugar de Festas. Ainda assim, sendo esse, incontestavelmente, um dos momentos altos da sua carreira, outros houveram de similar importância. No Vitória Sport Clube, emblema ao qual regressaria para integrar o plantel de 1981/82, passaria 4 temporadas na equipa principal. Nessas 4 campanhas viveria ocasiões de fulcral importância para a sua evolução como futebolista. O primeiro, no trabalho com José Maria Pedroto, resultaria na sua mudança de posição. Já mais recuado no terreno de jogo, como lateral-esquerdo, o atleta assumir-se-ia como um praticante rápido, agressivo, de uma resistência física tremenda e preparado para assumir a titularidade.
Depois de aferido como um dos intérpretes mais consistentes a exibir-se nas provas lusas, avaliação que levá-lo-ia a ser sondado pelo Benfica, Laureta haveria de ser contratado pelo FC Porto. Com a transferência a integrá-lo no plantel de 1985/86 dos “Azuis e Brancos”, o lateral-esquerdo voltaria a trabalhar sob os comandos de Artur Jorge, treinador que tinha sido adjunto de José Maria Pedroto no Vitória Sport Clube. Na época de entrada nas Antas, o jogador arrogar-se-ia como um dos elementos mais utilizados, contribuindo, desse modo, para a conquista do Campeonato Nacional. Já na campanha seguinte, também como resultado de uma lesão, o atleta perderia alguma preponderância. Ainda assim, essa seria a temporada que inscreveria os “Dragões” na lista de vencedores da mais prestigiada prova mundial e com a sua participação na eliminatória frente ao Brondby, o defesa ajudaria à conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus.
A segunda metade do seu trajecto enquanto sénior levá-lo-ia de novo ao Minho. Dessa feita na “Cidade dos Arcebispos”, Laureta, sempre como um dos titulares da equipa, passaria as 4 temporadas seguintes ao serviço do Sporting de Braga. Seguir-se-ia, sem nunca abandonar o escalão máximo do futebol luso e como um dos elementos do “onze” sediado em Barcelos, a passagem do lateral pelo Gil Vicente. Por fim, transformando-se o passo no derradeiro capítulo da sua caminhada de futebolista profissional, o jogador disputaria a campanha de 1994/95 na 2ª divisão e com as cores da Académica de Coimbra.
Retirado das competições profissionais, Laureta abraçaria diversos projectos. Fora do “mundo da bola”, passaria a dedicar-se ao ramo têxtil. Porém, o futebol manter-se-ia como uma grande paixão e seriam várias as suas aparições. Como praticante, ainda faria o “gostinho ao pé” na variante de praia e vestiria, nos escalões “regionais”, a camisola do Sande São Lourenço. Também no ramo do agenciamento chegaria a colaborar com Paulo Futre. Já na actualidade, o antigo atleta trabalha com o departamento de formação do Vitória Sport Clube.

1398 - CALHAU

Ao longo destes mais de 13 anos de existência do “blog”, deparei-me com “cromos” muito difíceis. Encontrei-me, logicamente em sentido figurado, com futebolistas, como aquele que hoje aqui apresento, cuja carreira é um verdadeiro mistério. Sem excepção, todos esses árduos trabalhos tiveram, inevitavelmente, o condão de transportar a minha ideia para o dia em que a decisão tomada fez-me querer escrever a biografia do antigo atleta do Lusitano de Évora, José Maria. Desnecessário será dizer que a apoquentação sentida com a materialização dessa opção foi tremenda. No entanto, agora entendo o exagero da tal angústia, pois a figura que escolhi para este dia, no tempo despendido à pequena investigação e leituras prévias à elaboração dos textos aqui apresentados, logo tratou de sublinhar o avançado acima referido como uma demanda bem simples!
Iniciemos a exposição…
Escolhi para publicar, como a colorida estampa já destapou, Calhau. Posso já começar por dizer-vos que nada mais sei sobre a identificação do atleta. Não conheço o seu nome completo, nem sequer se a denominação apresentada no cromo, pondo já de parte tratar-se de um nome próprio, faz referência a uma qualquer alcunha ou ao apelido a transportar-nos para a filiação. Por outro lado, penso que consegui apurar, segundo o que retirei de algumas fontes, a data de nascimento! O que li diz-me que o jogador terá nascido a 2 de Agosto de 1943. Com isto, acredito que, por esta altura, já estareis a perguntar! Então, sabes o dia do aniversário e não conheces mais nada sobre a pessoa?! Não é bem assim…
A explicação para a pergunta que, hipoteticamente, podereis estar a fazer, está relacionada com uma das poucas conjunturas competitivas que descobri sobre o futebolista. Aliás, foi esse cenário que fez nascer em mim a vontade de explorar a sua carreira. O contexto é o do Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1961, disputado em Portugal e que levaria a jovem “equipa das quinas” à conquista do troféu. Como agora é fácil de adivinhar, Calhau, pelas boas indicações dadas enquanto praticante a envergar as cores da Sanjoanense, foi um dos elementos escolhidos pelo seleccionador David Sequerra para fazer parte do grupo de trabalho que, às ordens de José Maria Pedroto, acabou a participar no mencionado certame. Outra informação que consegui obter foi a de que o médio – aí está outro dado de relevância – nunca terá tido a oportunidade de cumprir, no desenovelar da vitoriosa caminhada, qualquer minuto em campo.
Bom… Está praticamente a esgotar-se tudo o que consigo afiançar (é melhor desconfiarem deste termo) sobre o futebolista. Que mais há a revelar? Uma das coisas que também li, é que Calhau, em data que não consegui descortinar com precisão, mas que a lógica leva-me a dizer que terá acontecido em tempos raianos à disputa do torneio sob a alçada da entidade maior do futebol europeu, chegou a ser chamado à selecção de juniores do norte, para participar numa peleja frente à congénere do sul. Terá o encontro servido de uma espécie de audição e de possível triagem para a formação do grupo que entrou no certame de 1961? Não faço a mínima ideia!
Claro está que falta dar-vos a informação que tirei do cromo que, de alguma forma, enceta esta publicação. Pela colecção a que pertence a figura, partindo do princípio que não há qualquer erro nesta associação, Calhau terá chegado à principal equipa da Sanjoanense. Referindo-se a estampa, tal como outra que faz parte do meu espólio, à temporada de 1963/64, então deverei concluir que o atleta terá participado na Zona Norte do Campeonato Nacional da 2ª divisão, campanha que a agremiação sediada no distrito de Aveiro terá terminado na 11ª posição da tabela classificativa.
Mais?! Deixo para os especialistas!

1397 - BRAVO

Ainda como elemento pertencente às “escolas” do Benfica, João Bravo viria a ser convocado para os trabalhos das jovens selecções portuguesas. No escalão hoje conhecido como sub-18, o atacante seria incluído num grupo de trabalho onde marcariam também presença nomes que acabariam por ficar bem conhecidos no futebol luso, casos de Formosinho, Cavungi ou Chalana. Nesse “particular” frente a França, disputado no barreirense Estádio D. Manuel de Mello, o atleta entraria em campo já no decorrer da partida e, com disputa calendarizada para 1 de Janeiro de 1975, o jogador conseguiria embelezar o seu currículo com 1 internacionalização.
Com o fim do percurso formativo, Bravo seria chamado aos seniores do Benfica. No entanto, a forte concorrência de elementos com mais traquejo no plantel sob o comando de Mário Wilson, faria com o jogador passasse a temporada de 1975/76 com as “reservas” “encarnadas”. Sem conseguir somar qualquer minuto pela equipa principal, o avançado terminaria a sua ligação às “Águias” e arrepiaria caminho com outros emblemas ao peito. No ano seguinte à saída da Luz, o jovem atleta, a vogar pela 2ª divisão, passaria a envergar a camisola do Torres Novas. Na campanha subsequente, já ao serviço do União de Tomar, o maior destaque, sem menosprezar outros acontecimentos, haveria de ir para o balneário partilhado com António Simões e com Eusébio. Falta ainda fazer referência, nesses primeiros anos, à época vivida com cores do Benfica de Castelo Branco, a qual permitiria ao atleta dar um salto qualitativo na sua caminhada profissional.
Com a sua evolução a justificar outros patamares competitivos, seria o Boavista a apostar na sua contratação. No Bessa a partir da temporada de 1980/81, Bravo conseguiria, no comando de diferentes técnicos, assumir-se como um dos principais esteios da equipa. Logo na primeira campanha com as “Panteras”, para além da estreia naquele que é o patamar maior do futebol português, também as competições continentais surgiriam na sua caminhada, com o atleta a participar nas eliminatórias da Taça UEFA frente ao Vasas e ao Sochaux, como uma verdadeira novidade. Já na quarta campanha cumprida com os “Axadrezados”, Bravo acabaria por desperdiçar algum do fulgor até aí apresentado. Com a perda de preponderância no seio do grupo de trabalho do Boavista, brilho que em anos anteriores chegaria a prometer outros voos, o fim da época de 1983/84 traria igualmente o termo da sua ligação à colectividade portuense.
Seguir-se-ia a aposta no Tirsense. Porém, aquela que viria a tornar-se na agremiação mais representativa do seu trajecto competitivo levá-lo-ia, por outro lado, a afastar-se em definitivo dos contextos competitivos primodivisionários. Daí em diante, durante meia-dúzia de temporadas consecutivas, os “Jesuítas” configurar-se-iam como a sua nova morada. Já mesmo na fase derradeira da carreira, num regresso à zona de Lisboa, o atacante ainda teria tempo para exibir a camisola do Bairro da Boavista e, na campanha de 1992/93, o emblema do Atlético do Cacém.