628 - MICHAEL OWEN

Há sempre alguma dificuldade em afirmar, com certeza absoluta, que um bom atleta na “formação”, no muito que ainda tem de carreira, irá manter-se como um bom jogador. Ora a desconfiança que, nesse sentido, poderia ter pairado sobre Michael Owen, rapidamente se dissipou.
O jovem atacante que, por altura da sua estreia nos seniores, já tinha uma série de chamadas às selecções jovens inglesas, entrava na principal equipa do Liverpool, com 16 anos. A tenra idade, no entanto, não o impediria de, logo nesse primeiro jogo, marcar um golo. Aliás, a naturalidade com que se apresentava nas áreas adversárias, era um dos seus principais atributos. Desde os primeiros pontapés na bola, que, dentro de campo, o “golo” era o seu melhor companheiro. Os recordes que, por esses tempos, bateu, acompanhá-lo-iam, também, em Anfield. À excepção dessa temporada de estreia, em todas as outras, acabaria por demonstrar para o que estava talhado. Nesse sentido, Michael Owen, entre 1997/98 e 2003/04, conseguiria ser sempre o melhor marcador da equipa.
A habilidade goleadora de Owen em muito fortaleceria o Liverpool. Tendo vencido, em dois anos consecutivos (1997/98; 1998/99), o prémio de Melhor Marcador da Liga Inglesa, os seus golos, acima de tudo, devolveriam o clube aos caminhos da glória europeia. A Taça UEFA de 2000/01 e a Supertaça europeia do ano seguinte, como que a relembrar os brilharetes nos anos 80, acabariam por ser disso exemplo.
Esses troféus, que à falta da vitória na Liga inglesa, eram um excelente consolo, levariam a que a “France Football”, para o ano de 2001, consagrasse Michael Owen com o “Ballon d’Or”. A distinção confirmava o avançado como um dos melhores executantes, a nível mundial. Outra prova desse estatuto, seria o interesse de diversos emblemas no seu concurso. Ora, quem, no defeso de 2004, conseguiria convencer Owen a mudar de cor, acabaria por ser o Real Madrid. Contudo, aquilo que seria visto como um passo em frente na sua carreira, acabaria por revelar-se um pouco diferente.
A mudança para a “La Liga”, para um ataque em que conviviam nomes como os de Morientes, Raúl ou Ronaldo, mostraria um jogador com dificuldades em adaptar-se. Sem conseguir impor-se no “onze” “Merengue”, e com a pressão por parte da massa adepta, a estadia do atleta acabaria por ser muito curta. No entanto, muito mais do que o falhanço nessa aventura por Espanha, as “mazelas” que a aventura deixaria no jogador, acabariam por afastá-lo das suas melhores exibições.
É certo que a sua transferência para o Newcastle, mesmo tendo em conta as lesões que o começariam a assolar, devolveria Michael Owen a um bom nível. Os £16.8 milhões pagos, recorde para o clube, acabariam, principalmente nas últimas 2 épocas, por ter algum retorno. Os 4 anos passados em St. James Park, confirmariam o avançado como um dos habituais na selecção inglesa. Ele que já tinha feito a sua estreia, com 19 anos apenas, no França 98, acabaria, depois de marcar presença no torneio organizado por Japão e Coreia do Sul (2002), por conseguir a sua terceira chamada a um Mundial (2006).
Não sei se tendo esse facto em consciência, o Manchester United aposta na sua contratação. O regresso a um clube de topo, acabaria por, mais uma vez, mostrar um Michael Owen um tanto descontextualizado. Sem nunca conseguir ser titular indiscutível, a sua ida para Old Trafford acabaria por ter outra vantagem. Ele que, a nível nacional, e durante as 8 temporadas em que representou o Liverpool, apenas tinha vencido 4 Taças (1 Taça de Inglaterra; 2 Taças da Liga; 1 Community Shield), conseguiria a sua primeira Liga Inglesa.
A conquista do título de Campeão em 2010/11, como que anteciparia o terminar da sua carreira. Esse fim, numa fase em que já eram bem visíveis as suas dificuldades, ocorreria um pouco mais cedo que o normal. Arrasado por graves lesões, Michael Owen, com 33 anos e já ao serviço do Stoke City (2012/13), acabaria por se retirar dos relvados. Desde então, o antigo internacional tem-se mantido afastado do futebol. As únicas aparições têm sido feitas nos canais de televisão, onde vai mantendo um lugar como comentador.

627 - SHEVCHENKO

Foi como fã de Blokhin que começaria a dar as primeiras corridas atrás de uma bola. Nesse sentido, nada melhor que o clube do seu ídolo para começar a jogar!
Ora, o Dínamo de Kiev entraria na vida de Shevchenko, já após a mudança da sua família para a capital ucraniana. Convidado por um olheiro do clube, o jovem jogador, no dia de prestar testes, agradou. A rapidez com que convenceu os responsáveis pelas camadas de formação, seria a mesma com que conseguiria afirmar-se no seio do grupo. Com 14 anos apenas, destaca-se num torneio organizado pelo Liverpool; ganha umas botas oferecidas por Ian Rush; e começa a superar etapas, até chegar à equipa principal.
A passagem aos seniores do Dínamo de Kiev, fez com que Shevchenko começasse a destacar-se a nível nacional. Os 5 Campeonatos ganhos, com os títulos de Melhor Jogador (1997) e Melhor Marcador (1999) a adornarem todo esse sucesso, seriam um passo importante para a conquista da fama. Todavia, muito mais importante do que essas vitórias, haveriam de ser as presenças na Liga dos Campeões.
Com Valery Lobanovskyi ao leme da equipa, e com Rebrov ou Kaladze a ornamentarem um grupo bastante forte, a “Champions” acabaria por ser o palco ideal para Shevchenko. Em 1997/98, o Dínamo chegaria aos quartos-de-final. Mas, muito mais do que atingir esse patamar, ficariam na memória, ainda na fase de grupos, as duas vitórias frente ao Barcelona. Em Kiev, 3-0 seria o resultado. Contudo, o grande feito estaria reservado para o Camp Nou. Nessa jornada, o “placard” terminaria em 0-4… e Shevchenko assinaria um memorável “hat-trick”!!!
A campanha que dissiparia qualquer dúvida, seria, no entanto, a de 1998/99. Shevchenko, dono de uma técnica apurada e sublime na hora de chutar a bola, tornar-se-ia fulcral nessa caminhada. Os seus golos, para além de ajudarem à eliminação de equipas como o Arsenal ou o Real Madrid, auxiliariam o grupo a chegar bem longe na competição. Esses 18 tentos, acabariam por levar o Dínamo de Kiev às meias-finais. Já o avançado sagrar-se-ia o Melhor Marcador dessa edição da “Champions”.
Seria ridículo dizer-se que, aquando da sua chegada a Itália, Shevchenko era um desconhecido. Certo é que, para ser considerado uma “estrela”, ainda faltava mais qualquer coisa. Esse “pormenor” acabaria por ser superado ao serviço do AC Milan. Em San Siro, numa das mais exigentes ligas europeias, o atacante conseguiria cimentar a sua qualidade goleadora. Alcançaria, também, os títulos mais importantes da sua carreira. Finalmente, e ao lado de Rui Costa, teria o prazer de conquistar a Liga dos Campeões (2002/03). A esse troféu, juntaria 1 “Scudetto”, 1 Taça de Itália, 1 Supertaça Europeia e 2 Títulos de Melhor Marcador do “Calcio”. Nisto, a grande prova da sua chegada ao topo… a consagração da “France Football” e a, merecida, atribuição do “Ballon d’Or” de 2004.
A sua ida para o Chelsea, ocorreria 7 temporadas após a sua chegada a Itália. Mas a sua mudança para a Liga Inglesa, ao invés de se transformar num acréscimo para o seu currículo, haveria de mostrar um Shevchenko inadaptado ao estilo britânico. Sem nunca conseguir impor-se, a passagem por Stamford Bridge não deixaria grandes saudades.
Depois de passar a final da Liga do Campeões (2007/08) no banco de suplentes, Shevchenko volta para o Milan. A curta passagem pelos “Rossonero”, acabaria por anteceder o regresso ao seu país. Seria no Dínamo de Kiev que o internacional ucraniano passaria os últimos anos da sua carreira. O fim chegaria em 2012. Shevchenko, que já tinha marcado presença no Mundial de 2006, retirar-se-ia do futebol profissional, logo após a participação no Euro, organizado entre a Polónia e a Ucrânia.

626 - NEDVED

Após passar por diferentes clubes durante a sua juventude, Nedved faria a transição para os seniores no Dukla de Praga. O clube, pertença do exército, serviria para o médio cumprir o serviço militar. Contudo, muito mais do que esse propósito, essa passagem pelos “militares” seria a montra para que, também na capital checa, outro clube nele reparasse.
Seria durantes os anos em que estaria ao serviço do Sparta de Praga, que a carreira de Nedved sofreria um grande impulso. Veloz, com uma capacidade técnica de excelência e uma visão de jogo impressionante, o médio tanto jogava nas alas, como no apoio directo aos avançados. Essas suas características, num plantel que contava com vários internacionais, rapidamente o haveriam de pôr como um dos principais dinamizadores da equipa.
Os 4 Campeonatos ganhos, em 4 temporadas, seriam demonstrativos do poderio do grupo. Todavia, o evento que iria alterar o rumo da sua carreira, chegaria depois dessa quarta vitória. No final da época de 1995/96, jogar-se-ia o Europeu de selecções. A República Checa partia para Inglaterra com um grupo coeso, mas, ainda, sem grandes estrelas. Tudo isso iria alterar-se com o desenrolar do torneio. Os checos chegariam à final e, mesmo depois da derrota com a Alemanha, nomes como os de Nedved, Poborsky, Patrik Berger ou Smicer passariam a merecer outra atenção.
É na sequência do Euro 96 que Nedved chega à Lazio. Numa altura em que os de Roma estavam na mó de cima, os títulos na carreira do médio começam a acumular-se. Numa equipa comandada por Sven-Göran Eriksson, e por onde passariam Fernando Couto e Sérgio Conceição, a Lazio começa a sua senda de sucessos com a vitória na Taça de Itália de 1997/98 e a presença, nesse mesmo ano, na final da Taça UEFA. Com objectivos bem definidos, os “Aquile” tinham em Nedved o timoneiro dentro de campo. A maneira como pautava o jogo empurraria todo o grupo. A Taça dos Vencedores das Taças (1998/99), onde marcaria o último golo da extinta competição, seria o interlúdio para o grande final. O tão almejado “Scudetto” acabaria por chegar em 2000, numa temporada onde a Lazio venceria também a Taça de Itália e a Supertaça Europeia.
A “Serie A” voltaria a ganhá-la já com as cores da Juventus (2001/02; 2002/03). A mudança para Turim, mesmo sob os protestos dos adeptos da Lazio, dar-se-ia no Verão de 2001. Na “Vecchia Signora”, mesmo com a pressão de substituir Zidane, Nedved não faria mais do que dar continuidade às excelentes exibições. O estatuto de “estrela”, que daí retiraria, seria asseverado pouco tempo depois. A “France Football” agraciaria o internacional checo com o “Ballon d’Or” de 2003, imortalizando, dessa maneira, o seu nome.
Não foram apenas as 8 temporadas em que vestiu as cores da Juventus, que o puseram no coração dos adeptos. A sua dedicação à equipa acabaria por ir um pouco mais além. Com a descida ao segundo escalão em 2006, consequência do escândalo que ficaria conhecido como “Calciopoli”, Nedved permaneceria no clube. Com Buffon, Del Piero e Trezeguet a fazer parte desse balneário, os “Bianconeri”, um ano depois, regressariam aos maiores palcos. Tempo ainda para ver Nedved completar mais duas épocas no Campeonato Italiano. Essas temporadas, muitos mais do que as derradeiras na sua carreira, acabariam por fazer de Nedved o estrangeiro com mais anos de clube.
Após terminar a sua vida nos relvados, a ligação com a Juventus continuou. Depois de uma curta experiência como treinador, onde desempenhou as funções de adjunto, Nedved passaria à condição de dirigente. É, neste momento (2015/16), um dos vice-directores do clube.

625 - GULLIT

É no final dos anos 70, que Ruud Gullit, como profissional, conhece o seu primeiro clube. Essa temporada de estreia no Haarlem, ainda que no principal escalão holandês, acabaria por ditar a despromoção da equipa. O passo atrás, muito mais do que prejudicial, permitiria ao grupo reorganizar-se. Dessa restruturação, como grande dinamizador, emergiria Gullit.
O regresso do Haarlem à “Eredivisie” tornar-se-ia numa grande surpresa. A pequena colectividade, muito para além de lutar pela manutenção, haveria de conseguir, nessa temporada de 1981/82, a qualificação para as competições europeias. Gullit, como o grande mestre da equipa, passaria a ser um dos atletas mais apetecíveis na Holanda.
Rápido, forte e com uma habilidade espantosa para o golo, o seu nome começou a ser cogitado noutros patamares. Ora, quem aproveitaria para as suas fileiras, acabaria por ser o Feyenoord. A mudança para um dos maiores clubes do país, daria os primeiros títulos à sua carreira. A “dobradinha” na época de 1983/84, acabaria por ser o ponto mais alto dessa sua passagem. No entanto, aquilo que mais se destacava era a sua evolução. Para ela, muito contribuiriam o convívio com grandes nomes do futebol, casos de Ivan Nielsen e, claro, Johan Cruijff.
Se o Feyenoord é um nome grande na Holanda, o PSV, em meados dos anos 80, preparava-se para atingir o topo da Europa. É nesse sentido que a contratação de Gullit acontece. Duas temporadas no emblema de Eindhoven, corresponderiam a mais 2 Campeonatos ganhos pelo médio ofensivo. Todavia, o grande prémio para o jogador acabaria por ser uma nova transferência.
Já com Sílvio Berlusconi como o “patrão” do Milan, a construção de uma equipa que arrasasse tanto em Itália, como pela Europa fora, era um grande desejo. Num plantel que contava com Baresi, Costacurta, Maldini, Ancelotti, Donadoni e Evani, nada melhor, só para completar o ramalhete, que a inclusão de Marco van Basten e Ruud Gullit. O conjunto, logo no ano de estreia dos dois holandeses (1987/88), venceria a “Serie A”. A caminhada, contudo, ainda não tinha atingido o topo idealizado por Berlusconi… pelo meio, o renascer da “Laranja Mecânica”.
Adiantando-se ao clube, na senda dos grandes sucessos, Gullit venceria o “Ballon d’Or” de 1987. O galardão seria dedicado a Nelson Mandela e à sua luta. Anos mais trade, o líder anti-apartheid, durante um encontro entre ambos, agradecer-lhe-ia o gesto, dizendo-lhe – “Agora muitos asseguram ser meus amigos, mas, naqueles anos, tinha muito poucos. Tu eras um dos meus soldados”*.
No ano seguinte ao do prémio da “France Football”, Gullit disputaria a 8ª edição do Europeu de selecções. O referido torneio, testemunharia o renascer de uma ideia antiga. A Holanda, mais uma vez recheada de craques, apresentava-se na Alemanha. Esse novo grupo, também ele orientado por Rinus Michels, acabaria por vingar a selecção de 1974. Numa campanha que até começaria com uma derrota frente à União Soviética, os holandeses chegariam à final. No Estádio Olímpico de Munique, ao contrário do que Cruijff, Neeskens e “companhia” tinham conseguido, esta nova “Laranja Mecânica” sairia vencedora. Depois de, nas meias-finais, afastarem a Alemanha Federal, os golos de Gullit e Marco van Basten derrotariam a U.R.S.S., abrindo caminho à conquista do troféu.
O regresso a Itália marcaria o início de um período áureo, na relação de Gullit com o Milan. Já com Frank Rijkaard nas fileiras, ele que haveria de se transferir do Sporting, os “Rossonero” conquistariam a Europa. A primeira vítima seria o Steaua de Bucareste, para, passado um ano, arrasarem com o Benfica. Destas duas finais, em 1989 e 1990, sairiam as duas Taças dos Campeões Europeus que constam na carreira de Gullit. A estas podemos ainda juntar 2 Taças Intercontinentais, 2 Supertaças Europeias e ainda, incluindo o que acima já foi referido, 3 “Scudettos”.
Apesar do papel de Gullit nesta caminhada gloriosa, a verdade é que o internacional holandês, nos derradeiros anos de Milan, haveria de perder alguma preponderância. Já sem o peso de outrora, a regularidade com era chamado à equipa, baixaria muito. Acabaria por não ser chamado à final da Taça dos Campeões Europeus de 1993 (vitória do Marseille), e, no final dessa temporada, seria emprestado à Sampdoria.
A fase final da sua carreira passá-la-ia em Inglaterra. Primeiro como jogador, e, depois, acumulando essas funções com as de treinador, Gullit defenderia as cores do Chelsea. A vitória na FA Cup (1996/97), seria o momento alto dessa sua passagem por Stamdford Bridge. Curiosa, seria também a análise que, alguns anos depois, faria desses seus últimos anos – “Quando fui do Milan para a Sampdoria e de seguida para o Chelsea, disfrutei muito mais do futebol, diverti-me mais, tive mais liberdade, expressei-me muito melhor no campo. Por sua vez, nunca mais ganhei como no Milan. Ganhei partidas, ganhei em diversão, mas nunca voltei a ganhar ao mais alto nível”*.

*retirado da entrevista conduzida por Martín Mazur, em “El Gráfico” (Maio de 2010)

624 - GEORGE BEST

"Maradona good. Pelé better. George Best”. – Nunca um apelido coube tão bem numa personagem!!! Sim, George Best foi muito mais do que um jogador ou do que um simples homem. George Best foi um ídolo “pop”!!!
Nascido na capital da Irlanda do Norte, diz-se que a sua paixão pelo futebol vinha desde miúdo. A bola, muito mais do que uma camarada, era, nesses tempos de infância, a sua companheira na hora de dormir. Foi assim que cresceu, e foi assim que, anos mais tarde, seria descoberto por um olheiro do Manchester United. A mudança dos Cregagh Boys, colectividade amadora de Belfast, para Manchester até pode ter sido difícil. Contudo, a espontaneidade com que continuou a jogar à bola fá-lo-ia, na habituação a essa nova realidade, derrotar as adversidades.
Aos 17 anos de idade, George Best haveria de ser chamado à categoria principal dos “Red Devils”. A sua velocidade, a capacidade de fintar qualquer adversário e a habilidade para criar oportunidades de golo, não demorariam muito a entregá-lo ao “onze” inicial. Passados alguns anos, já em 1966, nos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus, dois golos marcados no Estádio da Luz (vitória por 1-5 frente ao Benfica), levá-lo-iam às primeiras páginas dos jornais. A lenda crescia, sob a manchete “O quinto Beatle” …
Por essa altura, já George Best tinha ganho a sua primeira Liga inglesa (1964/65). Voltaria a vencer mais uma em 1966/67 e, grande momento da sua carreira, conquistaria a Taça dos Campeões Europeus de 1968. Faltou-lhe a presença num Mundial. No entanto, essa participação esteve quase para acontecer. Espantosamente, deixaria escapar a oportunidade no derradeiro jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 1966. Nessa última jornada, Best seria incapaz de ajudar os seus companheiros, e a Irlanda do Norte não levaria de vencida a modesta Albânia.
O “Ballon d’Or” de 1968, viria consagrar tudo aquilo que George Best era dentro dos relvados. Todavia, muito daquilo que o tornaria numa lenda viva, passava-se fora de campo. Frases como – “Em 1969 deixei as mulheres e o álcool. Foram os piores 20 minutos da minha vida”; ou ainda “Gastei muito dinheiro com bebidas, mulheres e carros. O resto esbanjei.”, são bem os retratos da sua vida boémia.
Esses excessos levá-lo-iam a desperdiçar grande parte da carreira desportiva. Tinha apenas 27 anos quando, em 1974, abandonou o Manchester United. A partir desse momento, atravessaria um sem número de emblemas, em diferentes países. As passagens pelos Estados Unidos, República da Irlanda, África do Sul, Hong Kong, Austrália ou até os esporádicos regressos a Inglaterra, nunca mais trariam de volta o génio irlandês.
George Best, sempre consciente das suas escolhas, vivê-las-ia intensamente. Talvez tivesse sido melhor ou como o próprio chegou a reconhecer – “Se eu tivesse nascido feio, vocês não ouviriam falar de Pelé. Dou-me muito bem com as garotas, gosto de divertir-me, de tirar prazer do dinheiro que ganho e por isso não me dedico inteiramente ao futebol. Eu não serei um monge do futebol, apesar de treinar com vontade e de jogar com mais vontade ainda. Sinto que posso fazer o que quiser com a bola, não importa o adversário. Por isso, poderia ser melhor que Pelé, se quisesse.”

623 - MASOPUST

Seria com a camisola do FK Baník Most, colectividade da sua terra natal, que Masopust daria os primeiros passos de uma carreira memorável. Ainda adolescente, mudar-se-ia para o FK Teplice, mas, verdade seja dita, o novo emblema não tinha dimensão suficiente para a sua categoria. Ora, nesse sentido, seria curta a sua passagem pelo clube, tendo, em 1952, assinado por um dos grandes do futebol checoslovaco.
No Dukla de Praga o seu génio desenvolver-se-ia. Médio elegante, com uma capacidade técnica excepcional, Masopust rapidamente pegaria no meio campo da equipa. Talhando, com a sua visão de jogo, o caminho do sucesso, ajudaria a ganhar 4 Taças da Checoslováquia. Já o número de Campeonatos vencidos, durante os anos que vestiu a camisola do clube, subiria para o dobro.
É verdade que o Dukla, com o poderio mostrado durante os anos 50 e 60, representaria uma grande fatia no seu sucesso. Contudo, seria a equipa nacional que, como Pelé haveria de dizer, o ajudaria a chegar à condição de “um dos maiores ícones que o futebol conheceu”. Para tal, muito contribuiriam os torneios onde participaria. Ora, e se o Mundial de 1958, com a sua selecção a ser eliminada precocemente, nem contribuiria muito para esse estatuto, já o Euro que se seguiria e o Mundial de 1962, catapultariam Masupost para os anais do futebol.
É verdade que no Europeu de 1960, já a Checoslováquia havia chegado às meias-finais. Contudo, e porque a competição, nesse ano, conhecia apenas a sua primeira edição, a repercussão de tal brilharete seria relativa. Por essa razão, a sua chegada ao Chile, dois anos depois, não arrastaria grandes multidões. No entanto, com o avançar do torneio muito mudaria.
A maneira como pegava na bola, impressionava até os mais atentos. O modo como, singelamente, fintava um, dois ou três adversários, mostraria que, em todas as listas de craques, faltava o seu nome. Essa situação alterar-se-ia rapidamente. A chegada da Checoslováquia ao último jogo do Mundial, muito para isso contribuiria. Dessa derradeira partida, Masupost sairia derrotado. No entanto, o golo que marcou e que inauguraria o “placard”, muito mais do que afrontar as probabilidades do favorito Brasil, faria com que o atleta saísse do torneio como uma das figuras de proa.
Nesse mesmo ano de 1962, a “France Football” agraciaria o jogador com o “Ballon d’Or”. Não tendo conquistado nenhum título relevante, o galardão laureava sua a inteligência, habilidades e, porque não dizê-lo, a postura correcta como vivia o futebol. Daí em diante, Josef Masopust passou a ser um nome de elite; passou a figurar no rol mais importante dos futebolistas. A convocatória para a selecção do mundo, por altura da despedida de Stanley Matthews (1965), viria provar isso mesmo.
Numa altura em que os jogadores de Leste raramente eram vistos na metade ocidental da Europa, Masopust haveria de ser autorizado a mudar-se para a Bélgica. Na R. Crossing Molenbeek, já como treinador-jogador, faria a transição dos relvados para o banco de suplentes. Como técnico, apesar de não tão fulgurante, o antigo internacional haveria de conseguir os seus momentos altos. Muito para além do regresso ao Dukla de Praga ou a passagem pelo comando da selecção do seu país, o maior destaque da sua nova carreira consegui-lo-ia ao serviço do FC Zbrojovka Brno, quando em 1978 levaria o emblema ao título nacional checoslovaco.

622 - STOICHKOV

A sua faceta irascível levaria a que o próprio pai, funcionário do Ministério da Defesa, metesse uma “cunha” para que Stoichkov fosse jogar no CSKA de Sófia. Farto das condutas inadequadas do filho, a ideia era discipliná-lo no emblema pertença do exército. Pior, é que o seu mau feitio, bem presente nas passagens pelo Maritsa Plovdiv ou pelo FC Hebros, haveria de conservar-se intacto. Logo no ano de estreia pelos da capital búlgara, na final da Taça, Stoichkov envolve-se em confrontos com um adversário. A cena de pancadaria, envolvendo o guarda-redes Mihailov (Belenenses), acabaria por ter sérias repercussões.
O Partido Comunista Búlgaro haveria de tomar uma posição sobre o assunto e as sanções não tardaram a surgir. A pena, nessa época de 1984/85,passaria pela não atribuição do troféu. Paralelamente a este primeiro castigo, e com mão bem pesada, foi decretada a extinção de ambas as colectividades (CSKA e Levski). Já os jogadores acabariam por ser banidos de toda a prática desportiva.
No seguimento desta novela, o severo castigo acabaria por ser uma fachada. Os clubes contornariam a imposta cessação, mudando de nome. Já para os futebolistas, volvido um ano sobre o anúncio da sentença, uma pequena amnistia haveria de os devolver aos relvados.
O perdão viria a tempo de restituir Stoichkov aos grandes momentos. Dono de uma técnica apuradíssima e letal na hora de afrontar as balizas contrárias, o atacante tornar-se-ia na estrela maior do seu clube. Decisivo na vitória de 2 Campeonatos, para ele, conquistaria uma série de prémios individuais. Neste sentido, a “Bota d’Ouro” de 1990 acabaria por ser o móbil para uma nova etapa na sua carreira.
Com os olhos postos naquele que, por duas vezes consecutivas, tinha sido eleito o melhor jogador do seu país, andavam já muitos clubes. Quem melhor conseguiria aliciar o internacional búlgaro, acabaria por ser o Barcelona. Na Catalunha, num grupo recheado de craques, Stoichkov nunca deixaria de se destacar. Jogadores como Michael Laudrup, Guardiola, Zubizarreta, Koeman, Romário, entre tantos outros, seriam incapazes de ofuscar a genialidade do atacante. Claro está, com um balneário tão rico, o que também não faltou foram os títulos. A vitória na Taça dos Campeões Europeus de 1991/92, a Supertaça Europeia do ano seguinte, bem como as 4 Ligas espanholas conquistadas, seriam os marcos principais da sua primeira passagem pelos “Blaugrana”.
Muito mais do que as 5 temporadas ao serviço do Barcelona, a sua afirmação, viria, em definitivo, com o Mundial de 1994. Nos Estados Unidos da América, é certo que ladeado por jogadores como Balakov (Sporting) ou Kostadinov (FC Porto), Stoichkov empurraria os seus companheiros para uma campanha brilhante. Deixando para trás equipas como a Alemanha ou a Argentina, a Bulgária acabaria por ceder nas meias-finais. O 4º lugar acabaria por ser a posição final da sua equipa. Contudo, para Stoichkov o torneio tomaria proporções bem maiores. O caminho feito pela sua equipa, mas, principalmente, a maneira imaculada como Stoichkov enfrentaria todos esses desafios, levá-lo-iam a ser tido como um dos melhores a nível do globo. A confirmação desse estatuto viria alguns meses depois, com a “France Football” a atribuir-lhe o “Ballon d’Or”.
A saída do Barcelona no Verão de 1995, acabaria por marcar a última fase da sua carreira. A curta passagem pelo Parma (1995/96) e o regresso a Espanha, mostrariam um Stoichkov já a afastar-se das melhores prestações. Ainda assim, as 2 temporadas que passaria com as cores do Barcelona, dar-lhe-iam para acrescentar alguns títulos ao currículo. A Taça dos Vencedores das Taças de 1996/97 e a Liga espanhola do ano seguinte, seriam como o “canto do cisne” na sua vida profissional. Ainda jogaria mais alguns anos. No entanto, as passagens pela Bulgária (CSKA Sófia), Japão (Kashiwa Reysol), Arábia Saudita (Al Nassr) e Estados Unidos (Chicago Fire; DC United) não seriam mais do que a confirmação do fim.
Já depois de se retirar dos relvados, Stoichkov enveredaria pela carreira de técnico. Encetaria funções na selecção principal do seu país, para depois assumir os comandos de emblemas como o Celta de Vigo, os sul-africanos do Mamelodi Sundowns, Litex Lovech, ou, ainda na Bulgária, um conturbado mês passado ao leme do CSKA Sófia.

621 - DENIS LAW

Nascido em Aberdeen, no seio de uma família pobre de pescadores, Denis Law, desde cedo, mostraria uma grande paixão pelo “jogo da bola”. Esse gosto pela modalidade levá-lo-ia, em detrimento de outras escolas, a escolher a Powis Academy. Ora, seria enquanto estudante da dita instituição, conhecida pelas suas equipas de futebol, que Law haveria de ser descoberto por um olheiro do Huddersfield.
Franzino e, ainda por cima, sendo estrábico, a primeira impressão que o jovem praticante causou no treinador, não foi a melhor. Contudo, esta desconfiança duraria até ao momento em que a bola começou a rolar. Aí, ele que tinha chegado para treinar “à experiência”, passou de imediato a uma certeza, acabando, aos 15 anos de idade, por assinar contrato.
Com o Huddersfield na 2ª divisão, a estreia de Law na equipa principal, dar-se-ia um ano e meio após a sua chegada. A tenra idade com havia sido promovido aos seniores, em nada parecia afectar as suas qualidades. Logo começaram a surgir ofertas pelo jovem futebolista. O primeiro haveria ser Matt Busby, “manager” do Manchester United. Anos mais tarde, e depois de trocar o Huddersfield pelo Liverpool, Bill Shankly também tentaria a sua sorte. Contudo, as maquias oferecidas em ambos os casos, nunca agradariam aos responsáveis do clube.
Ao fim de 4 anos, condicente com as habilidades do atacante, lá apareceu uma boa proposta. £55 000, montante recorde em Inglaterra, e Law mudar-se-ia para o Manchester City. A chegada ao novo clube, com a transferência a ocorrer numa fase adiantada da época, em nada afectaria o rendimento do jogador. Rápido, com um pé direito fabuloso e um jeito para os golos que punha qualquer defesa em sentido, ninguém dizia que Law estava a fazer a sua estreia na “First Division”.
Os poucos jogos feitos nesse primeiro ano, ainda que suficientes para salvar os “The Citizens” da despromoção, seriam o tónico para uma segunda época de gabarito. Mais de duas dezenas de golos, numa equipa que ficaria abaixo do meio da tabela, seriam o móbil para uma nova transferência. Desta feita, quem apareceria na carreira de Law, seriam os italianos do Torino. Contudo, a adaptação a uma nova realidade seria pouco grata ao atacante. Época volvida e o regresso do escocês consumar-se-ia. Finalmente, Matt Busby, que até já o havia orientado num jogo pela selecção da Escócia, conseguia a sua contratação. Novo recorde para uma transferência em Inglaterra (£115,000) e a vida do avançado iria mudar para sempre.
Itália ficara para trás. Um acidente de carro, quando o seu colega Joe Baker decidiu entrar ao contrário numa rotunda; conflitos com o treinador, a quem acusaria de pedir a sua expulsão a um árbitro; e a fuga para Aberdeen, aquando de uma imposta mudança para a Juventus, tinham sido peripécias a mais!!! Talvez o que Law não adivinharia, é que o seu regresso a Manchester, muito mais do que um resgate, haveria de o elevar à condição de astro.
Para esse estatuto de estrela, muito contribuíram os títulos que foi conseguindo. Curiosamente, seria antes de conquistar a Liga Inglesa, ou qualquer outra competição importante, que Denis Law seria agraciado com uma das mais importantes distinções individuais. Em 1964 o avançado escocês vence o Ballon d’Or. Este facto mostra bem da qualidade do jogador. Claro está que outros factores, muito para além dos troféus, pesaram na escolha da “France Football”. Os 46 golos marcados na temporada de 1963/64, recorde ainda em vigor no Manchester United, terão tido a sua importância. Já a sua chamada, na comemoração do centenário da Federação Inglesa, para jogar pela Selecção do Mundo, haveria de ser mais um incentivo.
Os títulos acabariam por surgir. Sem esquecer a Taça de Inglaterra, ganha logo no seu ano de estreia pelo Manchester United (1962/63), Denis Law ainda haveria de juntar ao seu currículo 2 “Charity Shields” (1965/66; 1967/68) e 2 Ligas Inglesas (1964/65; 1966/67). Claro está, nesta senda de vitórias, é impossível esquecer a Taça dos Campeões Europeus de 1968. Na final, disputada frente ao Benfica, o Manchester United acabaria por sair vencedor. No entanto, para o avançado, esta vitória também teria o seu amargo de boca. Uma grave lesão no joelho impedi-lo-ia de disputar tanto as meias-finais, como a derradeira partida da competição.
Aliás, seria a dita lesão que marcaria o início do seu declínio. Com a saída de Matt Busby, o clube começa, também, a entrar numa fase menos boa. Nisto, com o agravar dos problemas físicos, tudo começa a conjugar-se para que o seu afastamento se concretize. Antes disso, Law jogaria mais um ano no Manchester City. Essa última temporada, com o jogador bem distante do que havia habituado os fãs, acabaria, para si, por ser um misto de emoções. Por um lado, a tristeza de marcar o último golo da época ao Manchester United, confirmando a (impensável) descida do seu antigo emblema. Por outro, é nesse ano de 1974 que Denis Law, pela primeira vez na sua vida profissional, tem o prazer de participar num Mundial de Futebol.

620 - SAMMER

Com certeza, por influência do seu progenitor, Matthias Sammer haveria de começar a praticar futebol no Dynamo de Dresden. Passando por todas as categorias de formação do clube, o atleta, alguns anos mais tarde, chegaria à equipa principal. A sua estreia, numa altura em que o treinador era o seu pai, dar-se-ia na temporada de 1985/86. Contudo, desenganem-se aqueles que pensam que, nesta promoção, terá havido algum favorecimento. Não! Klaus Sammer sabia que o seu filho era um craque. A prová-lo, sensivelmente um ano após a sua chegada aos seniores, a estreia pela Alemanha de Leste.
Apesar desta rápida ascensão, o sucesso em que imprimia o seu percurso, não era nenhuma surpresa. No mês anterior à primeira chamada aos “AA”, o jogador tinha feito um brilharete no Europeu de S-18. Tendo em Sammer um dos principais impulsionadores, a jovem selecção da RDA acabaria por bater o pé a equipas como a Jugoslávia ou à Republica Federal Alemã. Na final, derrotaria mais uma candidata e, com essa vitória frente à Itália, acabaria por conquistar o título.
A evolução de Sammer também era sentida no clube. Tendo começado a avançado, rapidamente foi recuando no terreno de jogo. Primeiro passaria para a ala esquerda, para, mais tarde, fixar o seu jogo no centro do campo. Como médio, Sammer começou a mostrar as suas melhores qualidades. Cerebral, o jogador começou a ser fulcral para a dinâmica da sua equipa. A sua visão de jogo, aliada à maneira como, com os seus passes, pautava e distribuía as ofensivas, faziam dele um dos pilares do Dynamo de Dresden. Os títulos não demorariam a chegar. E, se a temporada de 1988/89 traria o Campeonato, a época que se seguiria brindaria o atleta, e os seus companheiros, com uma “dobradinha”!
Tendo estas conquistas o seu peso, aquilo que realmente mudaria o sentido da sua carreira, haveria de ser uma campanha europeia. A Taça UEFA de 1988/89, acabaria por desempenhar um papel muito importante na sua vida profissional. Sem que bem se tenha apercebido de tal, a qualificação para as meias-finais da dita prova, acabaria por mudar o seu rumo. Nessa eliminatória, ao Dynamo de Dresden calharia em sorte o Stuttgart. Na suma dos dois encontros, os de Leste acabariam excluídos da prova. Sorte bem diferente haveriam de ter alguns jogadores. Nomes como os de Sammer ou do avançado Ulf Kirsten, chamariam a atenção… e, numa altura em que permissividade do SED (Sozialistische Einheitspartei Deutschlands) era bem maior, ambos os jogadores conseguiriam transferir-se para o emblema que os havia eliminado!
A estreia pelo Stuttgart, numa altura em que os dois campeonatos (RDA e RFA) ainda estavam separados, dar-se-ia em Agosto de 1990. Todo o contexto político vivido nessa altura, também estava a mudar o desporto germânico. Nesse sentido, em Setembro desse mesmo ano, Sammer haveria de capitanear a selecção da Alemanha Democrática, na sua última partida. A 3 de Outubro, a unificação da Alemanha, é o preâmbulo para a estreia do médio, tendo sido o primeiro nascido na RDA a fazê-lo na renascida “Mannschaft”.
A temporada de 1991/92, mostra uma “Bundesliga” resultado da unificação de uma nação. Para primeiro campeão, o Stuttgart! Ora, para Sammer, este título acaba por pô-lo, logo no ano seguinte, às portas do “Calcio”! Contudo, a transferência para o Inter de Milão acaba por não sortir o resultado esperado e, meia época volvida, o alemão volta ao seu país.
Contudo, “há males que vêm por bem”!!! O regresso à Liga Alemã, agora pela mão do Borussia de Dortmund, iria dar a Sammer os melhores momentos da sua vida profissional. Pode dizer-se que tudo começa pela mudança perpetrada por Ottmar Hitzfeld. Entendendo que o atleta renderia mais noutra posição, recua Sammer para o eixo da defesa. A líbero, a maneira batalhadora e abnegada como encarava os jogos começa a dar os seus frutos. Torna-se num dos melhores jogadores alemães e numa referência tanto a nível do clube, como nas convocatórias para a selecção.
É com a camisola germânica que disputa o Mundial de 1994. Nos Estado Unidos da América, apesar de não ter conseguido chegar além dos quartos-de-final, Sammer haveria de ser considerado como um dos melhores a actuar no torneio. Mas a glória com as cores da Alemanha, já depois de, na edição de 1992 ter perdido a final, consegui-la-ia no Euro 96. Após ter obtido o bicampeonato pelo Borussia de Dortmund (1994/95; 1995/96) e de, consequentemente, em ambas as temporadas, ter sido eleito o Melhor Jogador da Bundesliga, Sammer parte para Inglaterra. A campanha feita pela sua selecção, sem qualquer derrota, levá-lo-ia a disputar o derradeiro jogo. Nesse embate frente à República Checa, a grande surpresa do torneio, a Alemanha cumpriria o seu papel de favorita e, com a conquista da taça, daria a Sammer o único troféu conquistado, enquanto sénior, pelo seu país.
Esta sucessão de títulos, ao qual se junta o prémio de Melhor Jogador do Euro 96, encaminhá-lo-ia para outra distinção individual. O “Ballon d’Or”, atribuído pela revista France Football, é concedido ao Alemão, nesse mesmo ano. Melhor, pouco haveria para conseguir! Ainda assim, não tardou muito para que Sammer conseguisse abrilhantar, ainda mais, o seu currículo. Com Paulo Sousa na equipa, o Borussia de Dortmund conseguiria, para a temporada de 1996/97, atingir o derradeiro jogo da Liga dos Campeões! No Estádio Olímpico de Munique, o defesa, envergando a braçadeira de capitão, conduziria os seus companheiros para mais uma vitória. Desta feita, a vítima seria a Juventus e, aos fim de 90 minutos, e com o marcador a assinalar 3-1, Sammer haveria de erguer o troféu.
Este sucesso como que anunciaria a recta final na carreira de Sammer. Assolado por lesões, o internacional alemão acabaria por pôr um ponto final na vida de futebolista em 1999. Pouco tempo depois, tomava as rédeas da equipa, estreando-se nas tarefas de treinador. Já depois de, também nas mesmas funções, ter estado à frente do Stuttgart, Sammer deixaria o banco dos suplentes. É, agora (2015/16), Director Desportivo de outro colosso alemão, os bávaros do Bayern de Munique.

FIFA BALLON d'OR (parteIII)

Ano novo, vida… Para começarmos 2016, nada melhor do que continuarmos num tema que aqui já recordamos algumas vezes!!! Assim, Janeiro vai ser o mês de FIFA Ballon d’Or!!!

Não deixe de recordar: FIFA Ballon d’Or (parte I); FIFA Ballon d’Or (parte II)