912 - FILIPE AZEVEDO

Filho de emigrantes em França, seria no Marseille que Filipe Azevedo faria quase toda a sua formação. Chegaria também a representar os sub-18 gauleses, mas, incontornavelmente, o seu destino profissional estava fadado a Portugal. Ainda seria promovido à equipa sénior, onde haveria de partilhar o balneário com Rui Barros e Paulo Futre. Depois rebentaria o escândalo de corrupção, envolvendo o Presidente Bernard Tapie. Na debandada daí resultante, e com a maioria dos atletas à procura de novos destinos, também ele acabaria por partir.
Apesar de ter um convite do Sporting, o atacante daria a sua preferência ao recém-promovido Felgueiras. Com receio de não conseguir conquistar um lugar no conjunto de Alvalade, a sua escolha acabaria por incidir no emblema de onde eram oriundos os seus pais. A estreia na 1ª divisão portuguesa, com Jorge Jesus como treinador e um jovem Sérgio Conceição como colega, aconteceria no decorrer da campanha de 1995/96. Contudo, a escolha feita pelo avançado no início dessa temporada, revelar-se-ia pouco acertada e, depois de uma 2ª volta desastrosa, o emblema duriense não conseguiria evitar a descida.
Após 2 anos a disputar a Divisão de Honra, sem nunca conseguir a tão almejada promoção, o regresso de Filipe Azevedo ao patamar máximo do nosso futebol dar-se-ia com a mudança de clube. Tendo deixado o Felgueiras para ingressar no Alverca, o atacante daria novo elã à sua carreira. Depois de 2 campanhas em que os seus golos mereceriam o devido destaque, é do Leste da Europa que surge novo desafio – “Perguntaram-me: queres ir jogar na Liga dos Campeões? E eu fui para lá atrás desse sonho. Íamos participar na pré-eliminatória, que na altura era só a uma mão, só que calhou-nos jogar em Istambul contra o Besiktas e acabámos por ser eliminados”*.
A admiração que Yuriy Semin, à altura o treinador do Lokomotiv de Moscovo, tinha pelo trabalho do avançado, faria com que o mesmo tivesse um lugar assegurado no “onze” do emblema russo. Sendo o primeiro português a jogar no “País dos Czares” muitos estariam à espera que o avançado tivesse alguns problemas de adaptação. Contudo, e depois de um início bastante auspicioso, aquilo que deixaria a sua experiência um pouco aquém do esperado seria uma grave lesão. Tendo fracturado o pé, Filipe Azevedo ver-se-ia afastado dos relvados durante grande parte da temporada. Depois, e vivendo longe daqueles que deveria ter mais próximo, viriam os problemas familiares. Ora, a conjunção desses dois factores, mesmo com os responsáveis dos “Zheleznodorozhniki” (Ferroviários) a pedir a sua continuidade, levá-lo-iam a voltar a Portugal. A meio da temporada de 2000/01, o atacante passaria a vestir as cores de um primodivisionário Campomaiorense. Esse regresso marcaria a entrada na segunda metade da sua carreira, fase que acabaria por caracterizar-se pela passagem por vários clubes e campeonatos.
França, Índia, Espanha e Chipre seriam os países que também acabariam por colorir o seu trajecto. Tendo passado maior parte do seu tempo, desde a saída do clube alentejano, a disputar os escalões secundários, ainda assim há que destacar alguns momentos do que restou no seu percurso como futebolista. O regresso à “Ligue 1”, com as cores do Sedan ou a experiência num exótico Mahindra Utd, transformar-se-iam em pontos de interesse na carreira do avançado.
Mesmo afastado dos maiores palcos do futebol, a sua caminhada prolongar-se-ia até aos 35 anos. Já depois de em 2010 ter “pendurado as chuteiras”, o antigo atleta tem procurado aprender outras realidades dentro da modalidade. Entre vários estágios feitos em França, cursos de treinador e uma experiência na Arábia Saudita como treinador-adjunto do Al-Qadisiya, foi na AD Camacha que aceitou um cargo como dirigente. Em 2017, com a criação da SAD do emblema madeirense, Filipe Azevedo seria escolhido para as funções de Director Desportivo.


*retirado da entrevista de Carlos Torres, publicada em www.sabado.pt, a 18.06.2017

911 - ALBINO

Seria no Sport Lisboa e Tortosendo (actual Sport Benfica e Tortosendo) que Francisco Albino teria o primeiro contacto com o futebol e com as cores da sua paixão. O “encarnado” acompanhá-lo-ia pela vida fora e a mudança da sua família para a capital, serviria para alimentar, ainda mais, esse furor. Tendo o bairro de Campolide como nova morada, a proximidade ao Estádio das Amoreiras seria a desculpa perfeita para assistir a todos os jogos e treinos daquele que era o emblema do seu coração. Ainda adolescente, e com a bênção do treinador Arthur John, entra para as camadas jovens das “Águias”. Entre essa temporada de 1929/30 e a de 1932/33, subiria pelas diferentes categorias do clube. Em Dezembro de 1932 é chamado à estreia no “onze” principal e, daí em diante, tornar-se numa das principais figuras do Benfica.
Apesar de franzino, a vontade que mostrava dentro de campo transformá-lo-ia num exemplo para todos os colegas. Mesmo não sendo um poço de técnica e virtuosismo, a verdade é que a sua entrega haveria de mantê-lo como um dos favoritos de treinadores e adeptos. No meio-campo, fosse à direita ou no centro, o atleta tornar-se-ia num dos indiscutíveis do Benfica. Entre o final dos anos 30 e a década de 40, e numa altura em que o Sporting era a maior potência do futebol português, Albino acabaria por personificar a luta, a resistência e o querer afrontar essa hegemonia “verde e branca”.
A imagem criada à sua volta, torná-lo-ia num dos estandartes do clube “alfacinha”. Conquistado esse estatuto, foi com normalidade que Albino recebeu a primeira chamada à “Equipa das Quinas”. A 5 de Maio de 1935, sob a alçada de Cândido de Oliveira, entraria de início num particular frente à Espanha. Depois desse amigável disputado no Estádio do Lumiar, o médio voltaria a representar as cores de Portugal por mais 9 vezes. Apesar de ser um jogador de referência no panorama nacional e de estar no pico da sua carreira, a verdade é que, depois de 1939, o jogador preferiu não mais vestir a camisola da selecção. A razão? Só uma! A saída do treinador que o tinha levado à estreia.
Continuou de “Águia” ao peito e durante anos a fio, num cômputo de 13 temporadas na primeira equipa, ajudou à “mística” do clube. Foi também parte importante de relevantes conquistas. Nesse campo, foi pilar na vitória em 2 Campeonatos de Lisboa, 1 Campeonato de Portugal, 3 Taças de Portugal e 6 Campeonatos Nacionais (incluídos 3 Campeonatos da Liga). Todavia, os melhores momentos da sua vida desportiva viriam com outro tipo de louvores. A braçadeira de capitão, que tantas vezes envergou, seria um deles. Entretanto viriam as condecorações. Eleito Sócio de Mérito do Benfica (1938), laureado com a Águia de Prata (1940) e com a Medalha de Ouro da Federação Portuguesa de Futebol, todos esses prémios seriam reflexo do valor que deu ao desporto nacional.
Em Maio de 1945 o Benfica organizaria, muito mais do que uma festa de despedida, um jogo em homenagem à sua postura e entrega. Essa dedicação ficaria bem explícita num dos pormenores mais caricatos da sua carreira. Impossível nos dias que correm, Albino e os dirigentes “Encarnados” nunca teriam qualquer necessidade em assinar um contrato. Todavia, esse facto não diminuiria a vontade do jogador em ver reconhecido, monetariamente, o esforço posto em campo. Aliás, o médio ficaria conhecido pela sua famosa frase “Quando é que vem o tempero”, referindo-se aos prémios de jogo!

910 - BARBOSA

Podia ter posto em causa toda a sua carreira quando, ainda em idade júnior, decide assinar contrato pela Académica. Tendo ligação ao Boavista, esse seu acto poderia ter sido visto como uma traição. Mesmo assim, António Gama decide pôr de parte as altercações e, no final da campanha de 1968/69, o referido treinador chama o jovem defesa à equipa principal.
Ainda que na 2ª divisão, esse fim de temporada daria óptimas indicações. Depois de consumada a subida de escalão, a época de 1969/70 serviria para a sua afirmação. Aferidas as suas qualidades, Barbosa logo ficou como uma das referências no centro da defesa “axadrezada”. Curiosamente, e depois de ter ganho um lugar ao lado de Mário João, a chegada de um novo treinador daria outra orientação à sua carreira. Tendo visto nele distintas qualidades, Fernando Caiado, estrela com carreira feita entre o Boavista e o Benfica, empurra o jogador para meio-campo.
Seria nessa posição mais adiantada que, a partir da época de 1970/71, passaria a jogar. Ainda que algo turbulentas para o jogador, essa e as seguintes campanhas assegurariam que Barbosa como uma das figuras mais importantes do plantel boavisteiro. Quem ainda mais sublinharia esse seu estatuto, seria o antigo internacional “canarinho” Aimoré Moreira. Percebendo a influência que o atleta tinha na dinâmica da equipa, o técnico brasileiro faria dele o “capitão”. A braçadeira mantê-la-ia até à Revolução do 25 de Abril de 1974. Sendo descendente de uma família com plantações de café em Angola, o atleta, com a política a imiscuir-se no desporto, veria a sua liderança a ser rebatida. Para pôr fim à polémica, o médio decidiria abdicar da braçadeira e entregá-la-ia a um dos seus colegas.
Apesar da controvérsia, a importância que tinha para o plantel manter-se-ia. Por essa razão, nem mesmo a chegada de José Maria Pedroto ao Bessa, beliscaria o seu estatuto de titular. Todavia, a contratação do treinador traria algumas mudanças. A primeira, seria a sua passagem do meio-campo para a lateral direita. Depois, viria aquilo que transformaria as épocas vindouras nas mais importantes da sua carreira. Os títulos chegariam resultado de campanhas muito acima do expectável. Muito mais do que os lugares cimeiros na tabela classificativa, ou da presença nas competições europeias, seria à custa da Taça de Portugal que o sucesso passaria a fazer parte do trajecto do atleta. As vitórias nas edições de 1975/76 e 1976/77 da “Prova Rainha”, daria outra cor ao seu currículo. Passado alguns anos, o seu palmarés voltaria a colorir-se. Sob o comando do inglês Jimmy Hagan e depois de Mário Lino, Barbosa ajudaria o clube a erguer mais 2 troféus: a Taça de Portugal de 1978/79 e a Supertaça do ano seguinte.
Com a entrada nos “30”, a frequência da sua presença nas fichas de jogo começaria a diminuir. Mesmo com o fim a aproximar-se, Manuel Barbosa preferiria manter-se de “axadrezado”. Naquilo que foi a sua carreira sénior, transformando-se no atleta que mais vezes representou o clube no escalão máximo, acabaria por nunca vestir outras cores para além das do Boavista. Mesmo, ainda nas camadas jovens, tendo envergado a camisola das “quinas”, talvez tenha faltado uma internacionalização “A” para embelezar, ainda mais, o seu trajecto. Já na derradeira temporada como futebolista, a meio, Valentim Loureiro endereçar-lhe-ia o convite que o levaria à próxima tarefa dentro da modalidade. Pondo de parte as chuteiras, os primeiros passos como técnico dá-los-ia nessa época de 1982/83. Na estreia, encetaria uma espantosa recuperação até ao 5º posto. Destaque também para as suas passagens na 1ª divisão, pelo Penafiel e Desportivo de Chaves. Nas funções de treinador há que ainda fazer referência à sua experiência na China, onde, em 2011, levaria o Tianjin Teda à final da Taça.

909 - BOSSIO


Após ser revelado pelo Las Palmas, modesto emblema de Córdoba, seria uma das maiores colectividades da referida cidade argentina que acabaria por apostar na sua contratação. No Belgrano, a sua chegada acabaria por ser auspiciosa. Sendo utilizado com bastante frequência nessa temporada de 1993/94, logo outras agremiações foram no seu encalce. Ora, o assédio daria jus a nova transferência e, mesmo largando aquelas que eram as cores do seu coração, Bossio daria início a uma das relações mais proveitosas da sua carreira.
A mudança para os Estudiantes, ainda que tendo começado pelo 2º escalão, faria com que o guarda-redes começasse a ser visto como um dos melhores do país a actuar na sua posição. Depois de em Março de 1995 ter feito a estreia pela selecção principal, seguir-se-iam, ainda no decorrer desse ano, a disputa da Copa América e da Taça das Confederações. No seguimento de todas essas chamadas, viria um dos momentos mais importantes passados com a camisola da Argentina. Em 1996, o guardião seria convocado para os Jogos Olímpicos de Atlanta. Nos Estados Unidos da América, onde chegaria a jogar frente a Portugal, ajudaria o seu conjunto a chegar à final do Torneio. Infelizmente para si, no derradeiro desafio, perderia frente à Nigéria e teria de contentar-se com a Medalha de Prata.
Mesmo sem ter ganho grandes troféus com os Estudiantes, as 5 temporadas passadas com o emblema de La Plata, serviriam de trampolim para uma nova experiência. Num Benfica que ainda procurava um homem que pudesse fazer esquecer Michel Preud’Homme, Carlos Bossio seria visto como a solução para ocupar a posição deixada em aberto pelo fim da carreira do atleta belga. No entanto, ninguém estaria à espera que o lugar fosse entregue ao guarda-redes que, na preparação da época de 1999/00, era visto como a 3ª escolha. Na sombra de um emergente Robert Enke, pouco mais restou ao internacional argentino do que aceitar a sua condição de “2ª escolha”. Durante os 4 anos de “Águia” ao peito, intercalados por uma campanha passada ao serviço do Vitória de Setúbal, o jogador raramente conseguiria inverter o estatuto de suplente. Com exibições muitas vezes avaliadas como medíocres, ainda assim, o contexto em que trabalhou na “Luz” jamais alteraria a sua postura. Tido como uma pessoa grata, simpática e bondosa a sua presença no plantel benfiquista seria sempre muito acarinhada pelos colegas de balneário.
Com a Taça de Portugal de 2003/04 na bagagem, Bossio regressaria ao seu país para jogar pelo Lanús. No emblema da Província de Buenos Aires, colectividade pouco dada a disputar os grandes títulos, o guarda-redes conseguiria uma proeza ainda não alcançada no seu percurso profissional. Num plantel que também contava com o antigo atleta do FC Porto e Leixões, Nelson Benítez, a conquista do Torneio Apertura de 2007 surpreenderia o universo futebolístico sul-americano. Depois dessa conquista e já com 35 anos, Bossio decide aventurar-se mais uma vez no estrangeiro. Nos mexicanos do Querétaro pode dizer-se que iniciou a derradeira fase da sua carreira. Ainda assim, a sua caminhada duraria mais alguns anos. Defensa y Justicia e Tiro Federal, já nos escalões inferiores da Argentina, perlongariam o seu trajecto durante mais algumas campanhas.

908 - LUÍS LOUREIRO

Apesar de ter feito a transição para a categoria sénior num emblema dos patamares inferiores, esse facto não impediria Luís Loureiro de chegar aos maiores palcos nacionais e internacionais. Mais valor teria essa evolução sabendo que foi feita à custa de muito trabalho. Depois do Sintrense, e de vários anos a batalhar entre as antigas 3ª divisão e 2ª “b”, a sua transição para um dos históricos do futebol português, daria um primeiro empurrão ao seu percurso profissional.
O Portimonense e, já na divisão de Honra, o Nacional da Madeira seriam os degraus necessários para que o médio defensivo chegasse ao convívio dos “grandes”. Essa estreia, na temporada de 2001/02, seria feita com as cores do Gil Vicente. No emblema de Barcelos, o atleta impressionaria pela sua capacidade batalhadora. O médio rapidamente conseguiria transformar-se num dos melhores futebolistas a actuar na sua posição. O posicionamento, a maneira como conseguia ler os ataques adversários e, principalmente, a sua capacidade para desarmar essas mesmas ofensivas, levariam a que começasse a ser muito cobiçado.
Antes dos primeiros convites, a chamada de Luiz Felipe Scolari à selecção nacional levaria a que o seu valor aumentasse ainda mais. Apesar das 6 internacionalizações conseguidas durante os “amigáveis” de preparação para o Euro 2004, o seu nome não seria incluído na lista de convocados para a fase final. Mesmo assim, o interesse na sua contratação não diminuiria e para o Gil Vicente seria impossível aguentar o atleta nos seus quadros. Com o Olympique de Lyon a ser veiculado como um dos emblemas mais bem posicionados na aquisição dos seus préstimos, a verdade é que a transferência acordada levaria o “trinco” para bem perto de Barcelos.
A mudança para o Sporting de Braga, não manteria o médio durante muito tempo na “Cidade dos Arcebispos”. Ainda durante essa temporada de 2004/05, e numa altura em que os futebolistas portugueses estavam na berra para os lados da Rússia, Luís Loureiro seria transferido para o Dínamo de Moscovo. Contudo, e mesmo com Nuno Espírito Santo, Maniche, Jorge Ribeiro, Costinha, Frechaut ou Danny como companheiros de balneário, o jogador não ficaria muito tempo pela “Terra dos Czares”. Aliás, a partir desse momento, a sua carreira começaria a caracterizar-se por alguma errância. Sporting, Estrela da Amadora, os cipriotas do Anorthosis Famagusta, Boavista e um regresso ao Portimonense marcariam, em mudanças constantes, os últimos anos do seu percurso profissional.
Depois de um ano sabático, seria de volta ao primeiro emblema que, em 2010/11, poria um ponto final na sua carreira de desportista. Apesar da decisão, o antigo médio não conseguiria afastar-se da modalidade. Logo na temporada seguinte, sem abandonar o emblema da Vila Património Mundial, abraçaria as funções de treinador. No Sintrense daria os passos iniciais de uma caminhada que, até os dias de hoje, tem sido feita nos escalões secundários. Um pouco à imagem dos primeiros anos como futebolista, Luís Loureiro também já conta com passagens pelo Fátima e 1º de Dezembro. Esse trajecto levá-lo-ia a aceitar mais um desafio no estrangeiro. Em França, para esta temporada de 2018/19, o ex-internacional decidiria abraçar o papel de técnico dos Lusitanos de Saint-Maur.

907 - ERIKSSON

Após ter passado pela formação e conjunto “b” do Hammarby, seria já com 21 anos que Lars Eriksson teria a primeira oportunidade na principal equipa do emblema de Estocolmo. A partir desse momento, isso já no final da temporada de 1986, o jovem guarda-redes tomaria o lugar para si. A titularidade conquistada levaria a que os responsáveis da selecção começassem a equacionar o seu nome para as futuras convocatórias. Já em 1988, o guardião surge como “número 1” da equipa nacional. Depois dessa partida frente à Alemanha de Leste, seguir-se-ia a sua estreia numa grande competição. Mesmo sem ter entrado em campo, os Jogos Olímpicos de Seul acabariam por servir esse referido propósito.
Curiosamente, e no que diz respeito à selecção, Eriksson raramente conseguiria livrar-se da condição de suplente. Ainda que chamado durante anos a fio, e de ter sido convocado para os Mundiais de 1990 e 1994 e ainda para o Euro 92, seriam poucas as vezes que sairia da sombra de Thomas Ravelli. Já no que ao seu percurso clubístico diz respeito, as coisas seriam um pouco diferentes. Depois de no final de 1988, o Hammarby ter sido relegado ao 2º escalão, é no IFK Norrköping que prosseguiria a sua carreira. Logo no primeiro ano com o novo clube, o guarda-redes torna-se num dos principais pilares da vitória no Campeonato. Aliás, seriam as campanhas passadas no sudoeste do país que mais valorizariam o seu currículo. Essa caminhada de 7 épocas acabaria por trazer mais troféus ao seu currículo, entre eles 2 Taças da Suécia.
Mesmo com uma carreira em ascensão, só em 1995 é que Eriksson teria a primeira oportunidade para jogar fora do seu país. Contudo, a experiência nos belgas do Charleroi acabaria por não ser a esperada pelo atleta. Sem conseguir agarrar a titularidade, seria em Portugal que o jogador tentaria relançar a sua carreira. Num FC Porto que, com a possível venda do passe de Vítor Baía, tentava assegurar a sucessão para o lugar “à baliza”, a contratação do sueco parecia uma boa solução. Tendo chegado às “Antas” já a meio da temporada de 1995/96, a verdade é que o internacional nunca seria a primeira escolha para os seus treinadores. Ainda assim, como o viria a declarar, a passagem pela “Invicta” não seria negativa e, para além dos 3 Campeonatos, 1 Supertaça e 1 Taça adicionada ao seu palmarés, a experiência ficaria na sua memória – “Estive sempre muito feliz no Porto, adorava os adeptos, o clube a cidade e, além disso, estava numa grande equipa. Toda a gente andava feliz. Ganhámos três campeonatos consecutivos e uma Taça ao Benfica. Não joguei muito, sei que não deixei muita gente feliz, mas adorei a vida em Portugal e no Porto. Foram tempos muito positivos para mim”*.
O resto da sua carreira seria dedicada ao emblema que o tinha lançado anos antes. Tendo regressado à Suécia, seria no Hammarby que em 1998 voltaria à competição. Até 2001 não voltaria a conhecer outras cores. Depois, e já com as “luvas penduradas”, a sua ligação à modalidade manter-se-ia. Para além dos trabalhos nos resumos televisivos de jogos de futebol, Lars Eriksson tem trabalhado na selecção sueca como treinador de guarda-redes.

*retirado do artigo de Ricardo Gouveia, publicado a 05/03/2014, em http://www.maisfutebol.iol.pt

906 - CHIQUINHO CARLOS

Após conseguir destacar-se no Botafogo de Ribeirão Preto, os “gigantes” do futebol brasileiro começaram a ir no seu encalço. Numa corrida em que também participariam Corinthians e Santos, seria a proposta de um clube do Rio de Janeiro que atrairia o atleta. Com o acordo consumado, seria no Flamengo que, no meio de um plantel recheado de craques, Chiquinho Carlos continuaria a mostrar o porquê da sua aquisição. Nem as estrelas Zico e Sócrates, nem os emergentes Mozer e Bebeto teriam força suficiente para intimidar o jovem atacante. No emblema “carioca”, pelo qual jogaria um par de temporadas, as suas exibições e golos acabariam por empurrá-lo para outros voos. Como sequência lógica, a Europa entraria no seu percurso e essa viagem mudaria o correr da sua vida.
Seria o Benfica o emblema a recebê-lo no “Velho Continente”. Com as “Águias” a atravessar uma fase muito positiva, logo nessa temporada de 1986/87 Chiquinho começaria por adicionar importantes títulos ao currículo. Como um elemento bastante utilizado pelo inglês John Mortimore, o atacante teria um papel importante na conquista do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal. Também o ano seguinte seria, no campo desportivo, de grande satisfação para o avançado. Mesmo sem conseguir amealhar qualquer título, a brilhante caminhada dos “Encarnados” nas competições internacionais levá-lo-ia a estar presente num dos momentos mais importantes de toda a época. Depois de ter sido utilizado na grande maioria dos embates e, inclusive, ter marcado um golo numa das partidas dos quartos-de-final, o atacante seria escolhido para entrar de início na derradeira partida da competição. Infelizmente para o clube português, a “lotaria dos penalties” não correria de feição e a Taça dos Clubes Campeões Europeus seria ganha pelo PSV Eindhoven.
Surpreendentemente, a sua ligação ao Benfica terminaria no Verão de 1988. Mesmo assim, Chiquinho Carlos haveria de mostrar que ainda tinha muito a dar ao futebol português. Nas 7 temporadas seguintes, continuaria a prová-lo na 1ª divisão. No Vitória de Guimarães, Sporting de Braga e ainda no Vitória de Setúbal manter-se-ia como um elemento preponderante. Destaque para a sua passagem pela “Cidade Berço”, onde contribuiria para a vitória na Supertaça de 1988/89.
Já após ter passado a barreira dos 30 anos de idade, pode dizer-se que Chiquinho Carlos entra na última fase da carreira. Contudo, e mesmo afastado das principais competições nacionais, não é possível afirmar que esse capítulo tenha sido desinteressante. Muito pelo contrário, é a partir da temporada de 1995/96 que o seu percurso profissional começa a alimentar uma das curiosidades do mesmo. Tendo assinado contrato pelo Académico de Viseu, a mudança para a Beira Alta seria o primeiro passo para a sua “longevidade”. Seguir-se-iam o Atlético e o Mafra. No emblema saloio, com o terminar da campanha de 2000/01, o fim do seu trajecto como futebolista parecia adivinhar-se. Mais um engano. É então que o avançado decide dedicar-se à prática amadora e passa a defender as cores do Igreja Nova. A disputar os “regionais” de Lisboa, o atleta ainda consegue mais um par de surpresas. Primeiro passa a conciliar a vida de técnico no Mafra, com a do jogador dos “distritais”. Depois, provando que a sua habilidade dava para tudo, passa das zonas mais ofensivas do terreno de jogo para, como líbero, evitar os golos adversários.
Já em 2007, com 44 anos de idade, Chiquinho Carlos decide ser a hora certa para “pendurar as chuteiras”. Desde então, seria às funções de técnico que o antigo craque passaria a dedicar-se em exclusivo. No Mafra, onde já orientou os guarda-redes e até foi treinador principal, é agora (2018/19) um dos adjuntos de Filipe Martins.

905 - VITAL

Com a formação dividida entre o Caldas e o Benfica, a possibilidade de continuar na equipa “encarnada” ficaria inviabilizada pela presença de avançados mais experientes. Artur Jorge, Nené, Jordão, Vítor Baptista e, principalmente, Eusébio empurrariam Vital para fora da “Luz”. Nesse sentido, Famalicão e Marinhense seriam os emblemas que acolheriam o jovem atleta nos dois primeiros anos como sénior. Seguir-se-ia o Riopele.
No emblema do concelho de Famalicão, Vital participaria num dos mais importantes capítulos da “colectividade fabril”. Tendo chegado na temporada de 1974/75, o jogador participaria nas campanhas que levariam o clube à estreia na 1ª divisão. O destaque merecido durante essas 3 temporadas faria com que José Maria Pedroto, à altura técnico principal do FC Porto, decidisse apostar na sua contratação. Apesar de pouco utilizado, as exibições pelo emblema da “Invicta” levariam a que, a 16 de Novembro de 1977, conseguisse estrear-se com a principal camisola da selecção portuguesa. Chamado por Juca, o avançado, que já contava com algumas internacionalizações nas camadas jovens, entraria na segunda metade da partida frente ao Chipre. Mesmo sendo essa a sua única presença na equipa “A” o atleta deixaria a sua marca no desfecho da partida e, com um golo, daria o seu contributo para a vitória por 4-0.
A sua saída do FC Porto, a meio da temporada de 1979/80, levá-lo-ia a entrar numa fase mais errante da carreira. Mesmo não conseguindo fixar-se por muito tempo no mesmo clube, a verdade é que as suas qualidades, mormente o jogo aéreo, mantê-lo-iam em emblemas de topo. Nos anos seguintes, Betis, na única aventura pelo estrangeiro, o regresso ao Benfica e ainda o Boavista seriam as cores que passaria a envergar.
Curiosamente, aquela que seria a última fase da sua carreira afastá-lo-ia dos principais palcos competitivos. Sem ainda ter chegado aos 30 anos de idade, Vital passaria a competir nas divisões secundárias do futebol português. Apesar desse final um pouco surpreendente, o percurso do atacante não ficaria desvirtuado. Tendo representado importantes emblemas, também os títulos conseguidos serviriam de testemunho do seu sucesso. Divididos entre os anos no FC Porto e no Benfica, o avançado ajudaria as suas equipas a conquistar 3 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça.
Com o final da carreira de futebolista, a passagem para as funções de técnico seria imediata. No Vizela, onde ainda desempenharia o papel de treinador-jogador, daria os primeiros passos de uma longa caminhada. Tendo orientado diversos clubes, principalmente nos escalões inferiores, há que destacar a sua passagem pelo Sporting. Em Alvalade, onde entraria como adjunto de Octávio Machado, chegaria a comandar a equipa principal. Em 1997/98 seria dele a responsabilidade de dirigir os “Leões” durante algumas partidas. Contudo, e numa altura conturbada para o emblema de Alvalade, os resultados não ajudariam à sua continuidade. Ao fim de apenas algumas semanas, seria demitido e o argentino Vicente Cantatore acabaria por ocupar aquele que tinha sido o seu lugar
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NOTA INFORMATIVA

Com o início de uma nova temporada, o "Cromo Sem Caderneta" decidiu alterar o seu curso. A primeira mudança está à mostra de todos e passou por uma renovação do “visual”. A segunda prende-se com algumas das directrizes que, durante vários anos, serviram de pilar à edificação do nosso “blog”. Resolvemos, nesse sentido, pôr de parte os temas mensais com que brindávamos os nossos leitores. Em troca, as publicações passarão a ser mais regulares. Doravante, 3ª feira e 6ª feira serão os dias para as nossas “colagens”.