1139 - RONNIE GLAVIN


Ao aproveitar a descida do Partick Thistle ao segundo escalão escocês, Ronnie Glavin, até aí um elemento não muito utilizado do plantel, conseguiria assumir-se como um dos jogadores mais importantes no regresso do seu emblema à “Premier Division”. De volta ao patamar máximo na temporada de 1971/72, seria ainda na metade inicial dessa campanha que venceria o primeiro grande troféu da carreira. Chamado ao “onze” inicial, ajudaria a derrotar o Celtic e, depois de uma vitória por 4-1, a inscrever a conquista da Taça da Liga no palmarés pessoal.
Curiosamente, seria o Celtic o próximo emblema na sua caminhada profissional. Depois de destacar-se como um futebolista talentoso, dono de uma técnica superior, de uma enorme visão de jogo e de um remate tão valioso como as outras habilidades já referidas, ainda no Partick Thistle começariam a surgir os primeiros rumores de emblemas interessados na contratação do médio-ofensivo. Veiculados Manchester United e Glasgow Rangers como futuros destinos, seria o apelo do emblema de que era adepto que levaria o atleta a mudar de cores.
Após 6 épocas ao serviço do Partick Thistle, a mudança na temporada 1974/75 para o Celtic, transformaria o médio no jogador mais caro da história do emblema “católico”. Talvez pressionado pelos números da transferência, a verdade é que a primeira campanha de Ronnie Glavin de “verde e branco” seria um pouco discreta. Todavia, daí em diante conseguiria afirmar-se como um dos elementos de referência no seio do plantel. Nesse sentido, a parceria com Kenny Dalglish tornar-se-ia num bom tónico para alavancar as exibições do atleta. Já como um dos elementos mais utilizados da equipa, e depois da vitória na Taça da Escócia de 1974/75, seguir-se-iam outros títulos, com destaque para as vitórias nas edições de 1976/77 e 1978/79 da Liga escocesa e ainda para a conquista de outra Scottish Cup, em 1976/77.
A importância revelada em cada jogo levá-lo-ia a ser convocado à selecção nacional. Incrivelmente, e ao destacar-se como um dos bons nomes do futebol escocês dos anos 70, Ronnie Glavin apenas conseguiria 1 internacionalização na sua carreira sénior. Nessa partida, disputada no mítico Hampden Park a 27 de Abril de 1977, acabaria por defrontar a congénere sueca. Chamado a jogo pelo treinador Willie Ormond, o médio entraria no “onze” inicial e contribuiria, no “particular” frente á nação escandinava, para a vitória por 3-1.
Outro pormenor interessante sobre a sua carreira, aconteceria no final da campanha 1978/79, com o fim da ligação ao Celtic. Apesar de ser um dos nomes habituais na ficha de jogo, a especulada necessidade de dar um novo ânimo à sua caminhada competitiva, levaria o médio a procurar um novo rumo. Até aqui tudo normal, mas a grande curiosidade desse episódio tornar-se-ia na escolha da nova colectividade a representar, ou seja, na troca do histórico emblema da cidade de Glasgow pela 3ª divisão inglesa e pelo modesto Barnsley. No entanto, a transferência traria, pelo menos a nível pessoal, algo extra ao currículo do jogador. Ao fim de 5 temporadas de excelsas exibições, Ronnie Glavin tornar-se-ia na grande estrela da equipa, ao ponto de, ainda hoje, ser recordado como um dos melhores atletas de sempre do conjunto sediado em Yorkshire.
Seria então do Barnsley que, já numa etapa avançada da sua carreira, reforçaria o Belenenses. Sob a alçada do britânico Jimmy Melia, mesmo já com 34 anos de idade, o médio-ofensivo assumiria um papel importante no esquema táctico dos “Azuis”. No Restelo marcaria presença na maior parte das pelejas calendarizadas para a temporada de 1984/85, mas a ligação com os da “Cruz de Cristo” terminaria após um ano de boas exibições. Seguir-se-ia o regresso a Inglaterra e os primeiros passos em novas funções. De volta ao Barnsley, ainda que no papel de adjunto-jogador, começaria a ganhar alguma experiência como técnico. Passaria, também nessas funções, pelo Stockport County, onde voltaria a encontrar-se com o “manager” inglês com quem tinha trabalhado em Lisboa.
Já após representar os escoceses do Cowdenbeath e os norte-americanos do St. Louis Steamers, Ronnie Glavin passaria a dedicar-se, em exclusivo, às tarefas de treinador. Numa carreira bem longa, o antigo internacional pela Escócia trilharia o seu caminho em emblemas de escalões mais baixos e patamares amadores de Inglaterra.

1138 - CARLOS GARCIA


Com um percurso bem vincado pelas escolas do Sporting de Braga, seria ainda no último ano de júnior que Carlos Garcia seria puxado aos trabalhos da equipa principal. Todavia, mesmo com a chamada nessa campanha de 1968/69, a sua estreia em campo só aconteceria na época seguinte. Nesse sentido, a época de 1969/70, pela mão do treinador e ex-bicampeão europeu Costa Pereira, marcaria não só a estreia do médio no conjunto sénior bracarense, mas também os primeiros passos do jovem atleta na 1ª divisão.
Infelizmente, resultado de uma campanha muito atribulada para a agremiação minhota, a despromoção no final da temporada de 1969/70 iria, durante alguns anos, interromper a caminhada do jogador no patamar máximo. O regresso dar-se-ia em 1975/76 e numa altura em que Carlos Garcia já havia assumido um papel fulcral no miolo dos “Guerreiros”. Curiosamente, depois desse retorno, onde manteria a titularidade, os anos seguintes revelariam um jogador com exibições mais discretas. Com a diminuição da sua preponderância e com o decréscimo de partidas disputadas a revelar-se como o principal sintoma dessa perda, ainda assim o centrocampista ajudaria à edificação de vários marcos na história do Sporting de Braga. Depois do contributo para a chegada dos “Arsenalistas” à final da Taça de Portugal de 1976/77, seguir-se-ia, ainda na mesma época, a presença no derradeiro jogo da Taça da Federação Portuguesa de Futebol e o golo por si concretizado que, frente ao Estoril Praia, selaria a vitória na única edição da prova.
Os anos seguintes trariam ao currículo do jogador a estreia nas provas europeias, mais concretamente na Taça UEFA de 1978/79. Já a época subsequente tornar-se-ia, na ligação como atleta, na última ao serviço do Sporting de Braga. De seguida, assinaria contrato com o Penafiel e, sem nunca deixar a 1ª divisão, teria ainda uma curta passagem pelo Rio Ave de 1982/83. No entanto, o fim da carreira enquanto praticante não determinaria o seu afastamento do futebol.
Ao “pendurar as chuteiras” depois de envergar as cores dos vilacondenses e já com uma experiência, como treinador-jogador, no emblema penafidelense, Carlos Garcia passaria a dedicar-se, em exclusivo, às tarefas de técnico. Nas novas funções a sua caminhada continuaria como adjunto do Sporting de Braga. Já como treinador-principal, o Sporting de Espinho e, mais uma vez, o emblema minhoto dar-lhe-iam, na transição da década de 80 para a de 90, a oportunidade para orientar equipas na 1ª divisão. Daí em diante, a sua carreira pautar-se-ia por clubes dos escalões secundários. Nessa senda de largos anos há nomear também as suas passagens pelo Desportivo de Chaves, Moreirense, Académica, Leça, Desportivo das Aves, Vizela ou Feirense.
 
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1137 - JACINTO JOÃO

Por ser ainda muito novo acabaria impedido de jogar no campeonato de juniores pelo São Paulo. Porém, o afastamento do emblema fundado pelos missionários que também regiam o colégio que frequentava, levá-lo-ia, ao lado dos meninos do bairro de Luanda onde morava, a fundar o Brazzaville Futebol Clube. Curiosamente, alguns anos depois seria o Sport Congo e Benfica a abrir-lhe as portas da competição organizada. Seguir-se-ia, sempre na capital angolana, a entrada no Benfica de Luanda e, por razão das boas exibições, a curiosidade revelada pelas “Águias” da metrópole.
Em Lisboa, num Benfica acabado de sagrar-se bicampeão europeu, o extremo-esquerdo pouco mais conseguiria do que algumas oportunidades na equipa de “reservas”. Dispensado após alguns meses de treinos, o atacante decidir-se-ia pelo retorno a Angola e, ao afastar-se das camisolas encarnadas, para representar o FC Luanda. Conta-se que logo após o regresso ao país natal, Jacinto João continuaria a receber convites vindos das principais colectividades portuguesas. Talvez por razão do desaire da primeira experiência, haveria de recusá-los a todos. No entanto, tanta insistência traria os seus frutos e, em 1965, o Vitória de Setúbal conseguiria convencer o atleta a fazer nova viagem até Portugal.
Nos “Sadinos”, apesar da primeira temporada e meia pautada pela discrição, Jacinto João iria tornar-se na figura maior da história do clube setubalense. Com uma técnica superior, que permitia ao atacante executar fintas maravilhosas, também o aspecto físico das suas arrancadas e o forte remate contribuiriam para o estatuto granjeado com o galgar dos anos. O avançado em muito alimentaria o “período de áureo” do Vitória Futebol Clube e as metas alcançadas pelo colectivo. Sob a batuta de Fernando Vaz e, posteriormente, de José Maria Pedroto, o extremo brilharia no lado canhoto e seria peça fundamental no 2º lugar alcançado no Campeonato de 1971/72, nas diferentes participações nas competições europeias e, com um golo concretizado após driblar dois adversários, na vitória da Taça de Portugal de 1966/67.
Tamanha importância e igual brilhantismo dariam ao futebolista um lugar na selecção nacional. Com a estreia pelo principal conjunto de Portugal a acontecer pela mão de José Maria Antunes, o avançado passaria a ser um dos nomes normalmente listado nas convocatórias da “equipa das quinas”. Depois dessa partida frente à Roménia, disputada a 27 de Outubro de 1968, e ainda no âmbito dos encontros referentes à Qualificação para o Mundial de 1970, o atleta seria chamado a participar noutros desafios. Ao conseguir, ao longo do seu percurso profissional, somar mais alguns jogos após a referida a fase de acesso, Jacinto João terminaria a participação com as cores lusas com um total de 10 internacionalizações e 2 golos.
Apesar das 13 temporadas ao serviço do Vitória de Setúbal associarem, incontornavelmente, a carreira do avançado ao emblema da margem norte do Rio Sado, Jacinto João ainda vestiria outras cores. Para além das camisolas já referidas no começo desta pequena biografia, o atleta, num interregno dado à sua longa experiência com o listado vertical verde e branco, envergaria também as cores da paulista Portuguesa dos Desportos. Já nos últimos anos da sua carreira, a qual terminaria no início da década de 80, destaque ainda para as passagens pela AD Fafe e pelo Caldas*.

*Li uma alusão à sua contratação pela UD Seia na época 1981/82. Como não consegui confirmar a informação, decidi não incluir tal referência no texto principal.

1136 - JORGE LUÍS

Apesar preferir focar-me nos aspectos desportivos das carreiras aqui relatadas, há uma curiosidade que, ao ter acontecido na primeira metade da caminhada futebolística de Jorge Luís, não poderia deixar passar sem fazer referência… Falo de descidas!
Tudo começaria em 1995, com a profissionalização do atleta ao serviço do Fluminense. Logo na temporada de 1996, o lateral-esquerdo veria o conjunto “tricolor” a ser despromovido ao 2º patamar do “Brasileirão”. No entanto, uma decisão de “secretária” acabaria por reverter o destino da equipa e o emblema “carioca” manter-se-ia na Serie A do Campeonato brasileiro. “Sol de pouca dura”, pois logo no ano seguinte, o mesmo fado e, dessa feita, sem volta a dar. Pior viria ainda a acontecer na campanha subsequente e, com o 19º lugar na classificação geral, a inevitável queda para o 3º escalão nacional.
O regresso ao principal escalão da agremiação sediada no Bairro das Laranjeiras aconteceria em 2000 e por razão de uma edição especial do “Brasileirão” que, com o intuito de homenagear João Havelange, faria com que a CBF juntasse numa única prova, todos os emblemas de todos os diferentes patamares. Já o ano de 2001 levaria Jorge Luís de novo às sendas das descidas e logo em dose dupla! A mudança e curta experiência no Guarani, terminaria com a despromoção do emblema paulista no "estadual". De seguida, ainda no decorrer da mesma temporada, a transferência para o Santa Cruz que, com uma pobre campanha na Serie A, pouco mais traria ao currículo do jogador do que outro tropeção Campeonato nacional abaixo!
Talvez com o intuito de pôr termo ao azar, o defesa, na temporada de 2002/03, tomaria a decisão de dar continuidade ao trajecto profissional no Varzim. Contudo, a mudança para Portugal voltaria a alimentar a tal “malapata” e o emblema poveiro, no final da referida campanha, acabaria por descer ao 2º escalão. Ainda assim, os desempenhos individuais do atleta, mesmo com as 6 despromoções a enegrecer-lhe a senda, mantê-lo-iam bem estimado. Tido como um futebolista de bons índices físicos e com uma técnica superior, o Sporting de Braga vê-lo-ia como um elemento válido para reforçar o sector mais recuado. No Minho a partir de 2003/04 e ao tornar-se num dos nomes mais chamado à ficha de jogo, Jorge Luís passaria a ser aferido como um dos melhores laterais a jogar no nosso país. Sob a alçada do Professor Jesualdo Ferreira, as exibições feitas pelos “Guerreiros” fariam catapultar o valor do seu “passe” e, já com a cotação em alta, seria do Dínamo de Moscovo que surgiria nova oportunidade.
Numa altura em que o emblema da capital russa investia muito no mercado nacional, o defesa acabaria por partilhar o balneário dos moscovitas com nomes como Nuno Espírito Santo, Enakarhire, Costinha, Derlei, Danny, Seitaridis, Almani Moreira ou com o antigo colega nos bracarenses, o atacante Cícero. Porém, nem a companhia faria com que a experiência fosse mais agradável para o esquerdino. Após a temporada de 2006, em que pouco teria para contar, a abertura das transferências de Inverno nos países ocidentais, descerraria as portas ao atleta para um regresso a Portugal e, por empréstimo, novamente ao Sporting de Braga.
No final da época de 2006/07 e com a venda dos direitos desportivos ao Internacional de Porto Alegre, o defesa voltaria ao Brasil. Já numa fase descendente do seu percurso desportivo, destaque ainda para a passagem pelo CRB Alagoas. Por fim, como derradeiro capítulo, uma última experiência em Portugal e a disputa dos escalões inferiores com as cores do Trofense.

1135 - CAMACHO

Descoberto no Albacete pelo Real Madrid, a integração de José António Camacho no emblema sediado na capital espanhola dar-se-ia através do conjunto “b”, o Castilla. No entanto, a passagem do defesa-esquerdo pela equipa secundária dos “Merengues” seria curta. As exibições de bom nível, com destaque para a sua capacidade de sacrifício e combatividade, levá-lo-iam, ainda no decorrer da temporada de chegada, aos primeiros passos na formação principal.
Da estreia à titularidade também não demoraria muito tempo. Depois da primeira chamada em Março de 1974, a campanha seguinte mostraria um atleta pronto para assumir um lugar no “onze” do Real Madrid. Tal ascensão e a qualidade demonstrada em campo empurrá-lo-ia, ainda no decorrer da época de 1974/75, para a principal selecção espanhola. Lançado na “La Roja” pelo mítico Ladislav Kubala, Camacho estrear-se-ia com a camisola do seu país numa peleja frente à Escócia, em Fevereiro de 1975. No seguimento dessa partida e dando jus a um caminho que, com as cores do clube, continuaria a mostrar um elemento de excelsas qualidades, as oportunidades suceder-se-iam com regularidade. Ao somar 81 internacionalizações, o lateral canhoto tornar-se-ia num dos nomes que mais vezes conseguiria representar a Espanha. Nesse trajecto, destaque para as suas presenças nos Mundiais de 1982 e 1986 e nos Europeus de 1984 e 1988.
No Real Madrid, como já foi desvendado, o seu trajecto também seria merecedor de grandes louvores. Num percurso de 16 temporadas a envergar a camisola “madridista”, Camacho, quase sempre como um dos indiscutíveis da equipa, participaria em 577 jogos oficiais. Nem mesmo a grave lesão num joelho, sofrida a meio da temporada de 1977/78, haveria de diminuir a sua influência no grupo de trabalho. Mesmo depois de afastado por um período bem superior a um ano, o defesa regressaria na plenitude das suas capacidade e pronto para ajudar os colegas a novas vitórias. Nesse campo, o das conquistas, o palmarés do atleta, como em tantos aspectos numéricos do seu currículo, transformar-se-ia em algo invejável. Para além das 9 “La Ligas” vencidas, o esquerdino conseguiria amealhar 5 Copas del Rey, 1 Taça da Liga, 2 Supertaças e 2 Taças UEFA.
Ao “pendurar as chuteiras” no final da temporada de 1988/89, a paixão pela modalidade e pelo Real Madrid, mantê-lo-ia ligado ao futebol. Como treinador, começaria pelas camadas jovens do clube para, mais tarde, passar a adjuvar Alfredo Di Stéfano na equipa principal. Seguir-se-iam inúmeras experiências com técnico-principal, incluindo algumas passagens pelo comando dos “Merengues”. Ainda nessas tarefas, também experimentaria orientar outros emblemas no principal escalão de “nuestros hermanos”. Para além de Rayo Vallecano, Espanyol, Sevilla, Osasuna e das presenças no Euro 2000 e Mundial de 2002 à frente da selecção espanhola, destaque também para as duas passagens por Portugal. Sempre ao serviço do Benfica, o antigo defesa conseguiria, frente ao FC Porto de José Mourinho, entregar aos escaparates da “Luz” a edição de 2003/04 da Taça de Portugal. Para além do já arrolado, falta ainda fazer referência, àquelas que foram as mais recentes oportunidades de trabalho, ou seja, aos anos passados à frente dos destinos das equipas nacionais da China e do Gabão.

1134- KIMMEL

Depois de, na temporada de 1988/89, ajudar o Fortuna de Düsseldorf a bela uma campanha, a subida de divisão levaria Michael Kimmel à estreia na 1 Bundesliga. Já a disputar o principal escalão do seu país, a escassez de partidas jogadas faria com que o médio alemão começasse a procurar outro rumo para a carreira. De volta ao patamar secundário, acabaria por ser no FC 08 Homburg que o jogador daria um novo impulso à sua, ainda curta, caminhada.
Seria do emblema sediado no estado germânico do Sarre que o centrocampista chegaria a Portugal. Com a União de Leiria a abrir-lhe as portas das provas nacionais, Kimmel rapidamente conseguiria tornar-se numa das referências do conjunto da “Cidade do Lis”. Logo na época de chegada, a de 1992/93, o atleta ocuparia no miolo do terreno um lugar de destaque. Já na temporada seguinte, mantendo-se como um dos titulares, continuaria a ser uma das peças fundamentais do esquema táctico da equipa e, sob a alçada do técnico Manuel Cajuda, tornar-se-ia numa das principais figuras do emblema beirão no regresso à 1ª divisão.
No escalão maior do futebol português, já sob o comando do treinador Vítor Manuel, Kimmel conseguiria perpetuar-se como um dos esteios do meio-campo defensivo. Durante mais duas temporadas, sempre como um dos bons elementos do conjunto leiriense, continuaria a ser o “pulmão” e o “músculo” necessário às metas colectivas. Ao pautar os 4 anos ao serviço da União de Leiria pela capacidade de luta e abnegação, seria com grande surpresa que os adeptos acompanhariam o anúncio da saída do futebolista.
Após empurrar o emblema beirão para lugares na metade superior da tabela classificativa e depois de, igualmente, pôr o seu cunho na participação na Taça Intertoto de 1995/96, a partida do médio dar-se-ia em direcção a Trás-os-Montes. No Vila Real, com o clube a apostar fortemente na promoção à divisão de Honra, Kimmel, acompanhado pelos colegas Abel e Manuel Lavos, seria recebido como um dos principais reforços para a temporada de 1996/97. No entanto, falhado o objectivo da subida, o médio decidir-se-ia por deixar o emblema transmontano para fixar-se de novo na Região Centro. Sem voltar ao escalão máximo, passaria a representar emblemas de menor monta e, um ano volvido sobre a sua partida de Leiria, o jogador assinaria contrato pelo Beneditense.
Sempre nos escalões inferiores, o atleta continuaria a caminhada desportiva em colectividades mais modestas. Para além do já referido, Bidoeirense e Alqueidão da Serra haveriam também de colorir um trajecto que conheceria o fim já na segunda metade da primeira década do século XXI. “Penduradas a chuteiras”, mas sem deixar a modalidade, Kimmel passaria a dedicar-se às artes de treinador. Após alguns anos em que conciliaria as actividades de futebolista com as de técnico, ao retirar-se dos relvados começaria a dedicar-se a uma carreira que acabaria por ter uma forte ligação às camadas jovens da União de Leira.

1133 - TEIXEIRA

Jogador polivalente que podia desempenhar qualquer posição na defesa e no meio-campo, Adelino Teixeira ficaria conhecido pelo enorme sentido de abnegação posto em todas as missões a si entregues.
Ainda como um jovem jogador, seria descoberto pelo Leixões enquanto futebolista da Sanjoanense. Acordada a mudança para Matosinhos, depressa confirmaria o seu potencial e na temporada de 1970/71, lançado pelo treinador António Medeiros, conseguiria a oportunidade para fazer a estreia pela equipa sénior. Logo na segunda campanha com o listado alvirrubro, o atleta passaria a merecer um lugar de destaque no plantel principal. Mesmo com a passagem pelo comando técnico de várias personalidades, o nome de Teixeira manter-se-ia como um dos mais chamados às fichas de jogo.
A regularidade patenteada ao longo dos anos passados no Estádio do Mar, revelada pela constante titularidade, levaria a que outros emblemas passassem a olhar para si como um bom reforço. Completadas 4 temporadas ao serviço do emblema leixonense, seria o FC Porto a convencer o atleta a mudar de ares. Sem necessidade de um grande período de adaptação, Teixeira rapidamente conquistaria o direito de passar ao “onze” inicial. De “azul e branco”, o atleta ajudaria o clube a atingir objectivos de maior monta e, com tais metas, acabaria por enriquecer o seu currículo. Logo na temporada de 1974/75, a da sua chegada às Antas, participaria, pela primeira vez, na Taça UEFA. Mais tarde chegariam os títulos e as vitórias dos Campeonatos Nacionais 1977/78 e de 1978/79 seriam os maiores feitos de “dragão” ao peito.
Venceria também a edição de 1976/77 da Taça de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira de 1981/82. Para acrescentar a um palmarés bem recheado, outras das suas conquistas seriam as chamadas à selecção de Portugal. Com a principal “camisola das quinas”, conseguiria a sua estreia, ao ser chamado a jogo por José Maria Pedroto, a 13 de Novembro de 1974. Depois desse particular frente à Suíça, Teixeira continuaria a ser convocado com alguma regularidade. Fruto do trabalho apresentado no FC Porto, o jogador, ao participar em diferentes fases de qualificação, amealharia um total de 12 internacionalizações “A”.
Após 9 campanhas a defender o FC Porto, a ligação entre o clube e o jogador haveria de conhecer o seu término. Já numa fase descendente da sua carreira, mas ainda com muito para dar à modalidade, Teixeira decidir-se-ia pela mudança para o Boavista. Sem nunca deixar a “Cidade Invicta”, o atleta passaria outras 2 temporadas ao serviço dos “Axadrezados”. Por fim, a transferência para o Penafiel, onde, na época de 1985/86, terminaria a sua caminhada como futebolista.
Depois de 16 temporadas como sénior, em que nunca jogou noutro patamar senão na 1ª divisão, Teixeira decidiria “pendurar as chuteiras”. Ainda assim, o seu afastamento do futebol não seria em definitivo e o antigo jogador viria, logo de seguida, a assumir as funções de treinador. Nas tarefas de técnico, num percurso pautado pelos patamares secundários, começaria pelo Penafiel. Mais adiante seguir-se-iam outros emblemas e as experiências em colectividades como Ovarense, Sporting de Espinho, Oliveirense, Oliveira do Hospital ou os regressos ao Leixões e Sanjoanense.

1132 - MÁRIO CAMPOS

Com o objectivo de continuar os estudos sem largar a prática do futebol, Mário Campos, seguindo a peugada do irmão Vítor, deixaria Torres Vedras para seguir viagem até Coimbra. Ao trocar as “escolas” do Torreense pelos juniores da Académica, o médio daria seguimento à sua caminhada desportiva ao mesmo tempo que, no Curso de Medicina, manteria pojante a vida estudantil. Logo na temporada de chegada às camadas jovens da “Briosa”, a de 1965/66, os bons desempenhos levá-lo-iam a ser convocado à equipa sénior. Na referida chamada, correspondendo essa partida à sua estreia na 1ª divisão, brindaria a aposta do treinador Mário Wilson com um golo. Já na época seguinte passaria a trabalhar em definitivo com o grupo principal e não tardaria muito até conseguir afirmar-se como um dos grandes símbolos da mística estudantil.
Ao personificar a figura do “doutor- futebolista”, Mário Campos, aos poucos, começaria a conquistar o seu lugar na equipa conimbricense. Pela campanha de 1967/68, a sua terceira com as cores da Académica, já o centrocampista era visto como uma das importantes peças do grupo de trabalho. Essa crescente preponderância, em muito contribuiria para os sucessos do colectivo. Depois de ajudar ao 2º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional de 1966/67 e, ainda no mesmo ano, à chegada à final da Taça de Portugal, as campanhas seguintes trariam outros momentos de orgulho às hostes estudantis.
Na edição de 1968/69 da Taça das Cidades com Feira, na eliminatória frente ao Lyon, dar-se-ia a estreia do médio nas competições continentais. No segmento terminal da mesma temporada, outra presença no derradeiro desafio da Taça de Portugal. Aliás, essa disputa ficaria para história. No seguimento dos protestos estudantis vividos em Coimbra, a equipa de futebol, com Mário Campos listado no “onze” inicial, entraria no Estádio do Nacional com as capas do traje académico aos ombros e em claro apoio aos protestos contra a opressão perpetrada pelo regime totalitarista de Marcello Caetano. Já na campanha subsequente, resultado da referida presença no Jamor, a inolvidável caminhada até aos quartos-de-final da Taça das Taças, com a “Briosa” a cair aos pés dos ingleses do Manchester City.
Por razão do já relatado, e como aqui também foi destapado, Mário Campos passaria a ser visto como um dos grandes símbolos da história da Académica. Os números, com as 12 temporadas passadas nas margens do Mondego a servirem de prova, ajudariam a sublinhá-lo como um dos nomes mais importantes da colectividade, nas décadas de 60 e 70. Como tal, a braçadeira de “capitão” transformar-se-ia num justo prémio. Recompensa pelo excelso trabalho realizado em campo, seriam também as chamadas às diferentes selecções nacionais. Com 2 convocatórias pelos sub-21 de Portugal a abrilhantarem o currículo do jogador, destaque para a sua internacionalização “A” conseguida, sob a alçada de José Maria Antunes, num “particular” em Wembley, frente à congénere inglesa.
Com a sua carreira a manter-se ligada à Académica até à temporada de 1976/77, realce ainda para a sua passagem pela União de Leira. Na “Cidade do Lis”, e já a disputar a 2ª divisão, poria um ponto final ao trajecto enquanto futebolista, passando a dedicar-se às actividades médicas, nas quais chegaria a Director do Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.