1299 - JOSÉ AUGUSTO

Natural da Guiné-Bissau, seria nas “escolas” do Vitória Sport Clube que José Augusto terminaria o percurso formativo. Ainda no emblema de Guimarães, o defesa, que também podia posicionar mais adiantado no terreno de jogo, teria a oportunidade de subir ao patamar sénior. Lançado pelo treinador Mário Imbelloni na temporada de 1979/80, a presença de elementos com maior traquejo no plantel, haveria de dificultar a afirmação do jovem atleta. Aliás, as épocas seguintes, mesmo com várias mudanças no comando técnico vimaranense, não seriam muito pródigas para a sua evolução e, no final da campanha de 1981/82, o jogador deixaria a “Cidade Berço”.
Com poucas partidas disputadas durante os primeiros anos da carreira, a transferência para o Desportivo de Chaves, mesmo que a disputar os patamares inferiores, daria ao jogador mais oportunidades para melhor nutrir as capacidades futebolísticas. Ainda assim, seria necessária outra mudança para que, de forma mais concreta, conseguisse dar corpo à sua qualidade. No Desportivo das Aves a partir da temporada de 1984/85, José Augusto transformar-se-ia numa das figuras do plantel e, logo nessa campanha de arranque com o listado alvo-rubro, acabaria por inscrever o seu nome na história do emblema sediado no concelho de Santo Tirso.
Como elemento do plantel que venceria a edição de 1984/85 do Campeonato Nacional da 2ª divisão, o jogador seria igualmente um dos responsáveis pela primeira subida do emblema da Vila das Aves ao patamar maior do futebol português. Já no desenrolar da época cumprida entre os “grandes”, José Augusto manter-se-ia como uma das principais figuras do grupo de trabalho à guarda do Professor Neca. Contudo, a presença do defesa em 22 partidas da principal prova do calendário nacional, seria insuficiente para impedir a despromoção do clube. Também para o jogador, a descida seria “fatal”, pois, a partir dessa data, não mais regressaria ao escalão máximo. Ainda assim, as suas exibições seriam suficientes para mantê-lo no plantel e as 4 campanhas cumpridas com os “Avenses” fariam da colectividade uma das mais representativas da sua caminhada como futebolista.
Seguir-se-iam, numa carreira a entrar na última fase, as passagens pelo Olhanense, União de Leiria, as 4 temporadas com as cores da Associação Desportiva de Fafe e, ao ainda serviço da agremiação minhota, o fim do trajecto como desportista no termo da campanha de 1993/94. Todavia, o “pendurar as chuteiras” não significaria para o antigo defesa o afastamento definitivo da modalidade. Como técnico, José Augusto já carrega uma longa experiência. Reconhecido pelo seu trabalho como adjunto de Manuel Machado, foram inúmeros os emblemas pelos quais passaria. Nesse sentido, destaque para os anos com o Moreirense, Vitória Sport Clube, Académica de Coimbra, Nacional da Madeira ou com os gregos do Aris de Salónica. Há também que referir as épocas em que, na condição de treinador-principal, esteve à frente do Caçadores das Taipas.

1298 - JORGE DUARTE

Filho do “magriço” Manuel Duarte, Jorge terminaria a formação num dos clubes representados pelo seu pai. Também ao serviço da Associação Desportiva de Fafe, o jovem médio chegaria ao patamar sénior. Incluído no plantel principal da colectividade sediada na sua terra natal, seria no emblema minhoto, que, a partir da temporada de 1993/94, cumpria a primeira etapa do seu percurso competitivo.
Apesar de militar nos escalões secundários durante vários anos, onde para além de vestir a camisola do emblema acima aludido, também representaria o Tirsense e o Desportivo das Aves, o crescimento demonstrado por Jorge Duarte começaria a prometer uma oportunidade no patamar maior do futebol português. A ocasião, sem deixar o listado alvirrubro dos avenses, surgiria na temporada de 2000/01 e com o regresso do clube ao convívio dos “grandes”. Durante a dita campanha, ao preservar os números das épocas anteriores, o médio manter-se-ia como um dos pilares do conjunto inicialmente orientado pelo Professor Neca e, mais tarde, por Carlos Carvalhal. Mesmo com o 17º lugar da tabela classificativa a não dar como cumpridos os objectivos do colectivo, a verdade é que os índices do jogador afastá-lo-iam de ser arrastado na despromoção e acabariam por encaminhá-lo para um novo desafio.
No Vitória Sport Clube da temporada de 2001/02, Jorge Duarte não conseguiria convencer Augusto Inácio dos seus predicados. Pouco utilizado durante o ano cumprido em Guimarães, o Verão seguinte ao da sua chegada à “Cidade Berço”, empurrá-lo-ia para num rumo diferente. Não tendo a necessidade de mudar-se para muito longe, o médio passaria a vestir o equipamento do Moreirense e a campanha de 2002/03 devolvê-lo-ia ao estatuto de titular. Aliás, na minha singela opinião, as 3 épocas passadas na agremiação de Moreira de Cónegos tornar-se-iam no melhor período do seu trajecto profissional. Os números não deixariam muitas dúvidas e as 97 partidas disputadas no Campeonato Nacional, elevariam o atleta ao 1º posto dos jogadores com mais partidas realizadas pelo clube, naquela que é a prova mais importante do calendário futebolístico português*.
Com o fim do contrato que ligava o atleta ao Moreirense e com vários conjuntos primodivisionários no seu encalço, Jorge Duarte decidir-se-ia pelo ingresso noutro emblema também representado pelo seu pai. Ao dar preferência ao Leixões, o médio acabaria por regressar ao escalão secundário. Ainda assim, no desenrolar desses anos passados no Estádio do Mar, o jogador ainda teria mais uma experiência no escalão máximo e com a colectividade fundada em Matosinhos a conseguir a promoção, a temporada de 2007/08 tornar-se-ia na sua 6ª campanha, e última, a disputar a 1ª divisão do futebol luso.
Depois de 2 temporadas em que voltaria a envergar as cores do Desportivo das Aves, tornando-se o emblema do Concelho de Santo Tirso no clube mais representativo da carreira do médio, o jogador, terminada a época de 2009/10, decidiria ser a hora certa para “pendurar as chuteiras”. Apesar de retirado dos relvados, o antigo atleta não abandonaria a modalidade. Por um lado, tem tido algumas experiências no cargo de Director-Desportivo, como são exemplo as passagens pelo Trofense e AD Fafe. Em paralelo, a abertura de uma agência na área da gestão de carreiras, deu a oportunidade a Jorge Duarte de representar alguns futebolistas.

*nesse “ranking”, Jorge Duarte, no decorrer da temporada de 2021/22, seria ultrapassado por Fábio Pacheco

1297 - VITINHA

Formado no Benfica, seria como membro do plantel sénior do Estoril Praia, embora na condição de “emprestado” pelo emblema das “Águias”, que Vitinha surgiria no radar da Federação Portuguesa de Futebol. Com a “camisola das quinas”, o extremo-direito seria chamado aos trabalhos do patamar sub-20 e a 17 de Maio de 1979, pela mão de Peres Bandeira, conseguiria estrear-se no conjunto luso. Depois do particular frente a Espanha, o atacante ainda voltaria a representar Portugal e, com mais um par de participações no referido escalão e um golo frente ao Japão, coloriria o seu currículo com 3 internacionalizações.
Depois da entrada no António Coimbra da Mota na campanha de 1978/79 e logo para ser orientado pelo mítico José Torres, as 4 temporadas passadas no emblema da Linha de Cascais, com o interregno de um ano durante o qual seria cedido pelo Benfica ao União de Lamas, dariam a Vitinha o traquejo suficiente para ser aferido como um elemento valioso em qualquer plantel primodivisionário. As campanhas feitas ao serviço dos “Canarinhos” no escalão máximo português teriam continuidade, a partir da época de 1983/84, na margem direita do Rio Sado. No Vitória Futebol Clube, ao conservar na passagem pela cidade de Setúbal um número elevado de partidas disputadas na 1ª divisão, Vitinha encontraria no treinador Manuel de Oliveira uma fonte inspiradora.
Apesar de ter acompanhado o Vitória na despromoção que, na temporada de 1986/87, levaria os “Sadinos” a disputar o escalão secundário, Vitinha não perderia o ímpeto competitivo dos palcos maiores e, um ano volvido sobre a descida, já o avançado regressava ao convívio dos “grandes”. No Algarve, onde, na segunda campanha ao serviço do Farense, voltaria a encontrar-se com o seu antigo treinador em Setúbal, o inglês Malcolm Allison, o avançado somaria mais 3 campanhas ao currículo sénior. Com as duas primeiras a militar na 1ª divisão, curiosamente seria na última época no sul do país, a tal longe do patamar principal, que o atacante viveria um dos grandes momentos da carreira. Ao galgar as eliminatórias da Taça de Portugal, os “Leões de Faro” chegariam aos derradeiros desafios da prova. Mesmo sem entrar em campo na final, nem na finalíssima, o atleta contribuiria para as passagens nas rondas precedentes e desse modo, veria o seu nome arrolado como um dos intérpretes de tão importante feito.
Numa caminhada profissional com um total de 9 temporadas de cariz primodivisionário, os últimos anos como futebolista, trariam ao trajecto de Vitinha outros emblemas. O regresso ao Estoril Praia, o Amora, o Barreirense e o Fanhões antecederiam a última aventura do atacante. No Grupo Desportivo Negro Rubro, ao lado de nomes conhecido do futebol luso, como o paraguaio Sotil ou Hermano, antigo avançado com presença na 1ª divisão ao serviço do Sporting da Covilhã, o jogador acabaria por experimentar e vencer o Campeonato de Macau.

1296 - ROBERTO ASSIS

Filho de João Moreira, vigilante do parque de estacionamento do Estádio Olímpico Monumental, Roberto Assis seria persuadido pelo próprio pai a prestar provas no Grêmio. Dono de qualidades muito acima da média, o jovem praticante rapidamente convenceria os responsáveis pelas “escolas” do emblema de Porto Alegre do seu valor. Já integrado nos conjuntos de formação da colectividade gaúcha, o destaque dado às suas exibições levá-lo-ia também às jovens equipas à guarda da Confederação Brasileira de Futebol. Começaria pelos sub-15 e ao subir os diferentes degraus do “Escrete”, o médio-ofensivo acabaria chamado aos mais importantes certames a nível global. Nessa caminhada passaria pelo Mundial sub-16 de 1987, seria campeão na edição de 1988 do Sudamericano sub-20 e ganharia a medalha de bronze no Mundial sub-20 de 1989.
Também ao serviço do clube, a sua evolução daria indicadores muito auspiciosos. Nesse sentido e poucos dias após completar 17 anos de idade, Roberto Assis seria chamado à estreia na principal equipa do Grêmio. Porém, logo no começo dessa temporada de 1988, surgiria o assédio do Torino. Com medo de perder o atleta, que chegaria a ser fotografado com a camisola do emblema italiano, os dirigentes do emblema de Porto Alegre, com o “reforço” do contrato e a oferta de uma casa para a família, conseguiriam demover o futebolista de uma mudança para o “calcio”.
A permanência no Grêmio levaria o jogador aos primeiros troféus da carreira. Logo na campanha de estreia como sénior, Roberto Assis ajudaria o colectivo “tricolor” a conquistar o Campeonato Gaúcho. Repetiria a vitória no “estadual” nas épocas de 1989 e de 1990. Paralelamente, também a Copa do Brasil acabaria por abrilhantar o palmarés do médio. Na final de 1989, o atleta seria chamado ao “onze” inicial pelo treinador Cláudio Duarte e o golo por si concretizado logo aos 7 minutos de jogo, ajudaria o colectivo do Rio Grande do Sul a vencer a o Sport Recife por 2-1.
Já em 1991 uma grave lesão acabaria por condicionar a evolução do médio-ofensivo. Depois de recuperado, mas longe dos níveis que o tinham levado a ser aferido como uma das grandes promessas do futebol brasileiro, Roberto Assis, na temporada de 1992/93, seria apresentado como reforço do Sion. Mesmo longe dos palcos mais mediáticos do desporto mundial, os desempenhos conseguidos nas provas helvéticas e até nas pelejas sob a alçada da UEFA, levariam o Sporting a apostar na sua aquisição. Ao chegar a Alvalade ao lado de Outtara, avançado contratado à mesma agremiação suíça, o médio, nessa campanha de 1995/96, rapidamente perderia o encanto. Anunciado como um intérprete de técnica refinada, dono de um passe certeiro e capaz de entender o jogo de forma superior, também a marcação de bolas paradas serviria para publicitar as suas capacidades. Porém, a verdade revelaria um jogador completamente desenquadrado com a exigência competitiva das competições lusas. Ainda assim, contribuiria para a vitória na Supertaça, mas passados apenas alguns meses após a sua chegada a Lisboa, o futebolista seria cedido a outro emblema.
Numa senda de empréstimos, Roberto Assis vestiria as camisolas do Vasco da Gama, do Flamengo e, mais uma vez, envergaria as cores do Sion. Talvez pela “dobradinha” conquistada ao serviço do emblema helvético, uma nova oportunidade seria dada ao futebolista brasileiro e, com a temporada de 1997/98, o médio apresentar-se-ia em Alvalade. No entanto, tal como da primeira passagem pelos “Leões”, o jogador voltaria a desapontar. Já em 1998/99, também o Estrela da Amadora entraria na sua aventura portuguesa. Para infelicidade do atleta, os resultados conseguidos na Reboleira seriam parecidos aos obtidos de “verde e branco”. Seguir-se-iam, num trajecto um pouco errante, as experiências no Japão, no México, o regresso ao Brasil para representar o Corinthians e o final de carreira, em 2002, após vestir a camisola do Montpellier.
Depois de “pendurar as chuteiras”, Roberto Assis, mormente como empresário, manter-se-ia ligado ao futebol. Nessas funções, para além de representar outros atletas, passaria a gerir a carreira do seu irmão mais novo, o internacional “canarinho” Ronaldinho Gaúcho. Noutras tarefas, é dono do Porto Alegre FC, emblema fundado em 2006.

1295 - LUÍS VOUZELA

Terminaria a formação já como atleta do Académico de Viseu e numa altura em que ainda conciliava o desporto com a profissão numa pastelaria. Impossibilitado de manter ambas as actividades, daria prioridade ao desporto, mas os primeiros anos como atleta profissional, até pela intromissão do Serviço Militar Obrigatório, revelar-se-iam complicados. Ainda assim, depois da estreia nos seniores na temporada de 1992/93, Luís Miguel Silva Tavares, já por essa altura popularizado pelo nome da sua terra, a vila de Vouzela, acabaria por singrar no “mundo da bola”. Na campanha de 1994/95, ainda comandado por João Cavaleiro, o treinador que o tinha lançado na equipa principal, assumiria um papel de relevo no seio do conjunto “estudante”. Nessa evolução, bastaria mais uma época para que conseguisse um dos saltos mais importantes da carreira e as boas exibições na divisão de honra levá-lo-iam ao patamar máximo português.
A transferência para a União de Leiria na temporada de 1996/97, serviria de primeiro passo para afirmar o “trinco” como um futebolista de cariz primodivisionário. Durante as 6 temporadas passadas com o emblema sediado nas margens do Rio Lis, 5 das quais na 1ª divisão, Luís Vouzela viveria os melhores momentos da carreira. A valorização conseguida durante os esses anos, por culpa das boas campanhas nas provas internas, levariam o Sporting, no decorrer da época de 1999/00, a sondar o emblema leiriense com vista à mudança do médio para Alvalade. Contudo, as exigências feitas pela colectividade beirã inviabilizariam a ligação aos “Leões” que, meses mais tarde, consagrar-se-iam como campeões nacionais.
Também pelas posições cimeiras conquistadas pela União de Leiria, Luís Vouzela assumir-se-ia como um dos bons jogadores a exibir-se em Portugal. A grande prova do seu valor viria com a convocatória aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Arrolado por Rui Caçador à partida disputada em Marco de Canaveses frente à Alemanha, o médio-defensivo, a 15 de Agosto de 2000, acrescentaria ao currículo 1 internacionalização “B”. Porém, nem essa chamada faria com que o “trinco” desse o salto para um emblema com ambições de outra monta. Ainda assim, o jogador saberia manter-se na 1ª divisão e Santa Clara e Moreirense dar-lhe-iam ao percurso outras 3 temporadas entre os “grandes”.
Em 2006/07, após uma temporada no Beira-Mar, Luís Vouzela teria a oportunidade de dar azo às primeiras aventuras no estrangeiro. No entanto, as curtas passagens pelos cipriotas do Olympiakos Nicósia e pelos gregos do Niki Volou esbarrariam em incumprimentos salariais. Já de volta a Portugal, sensivelmente um ano após a partida, o médio continuaria a sua senda pelos palcos secundários. Desportivo de Chaves, Nelas, Penalva do Castelo, Académico de Viseu, Nogueirense e Oliveira de Frades acabariam por colorir uma carreira que terminaria em 2014 e com o atleta já com os 40 anos de idade cumpridos.
Após “pendurar as chuteiras” Luís Vouzela manter-se-ia ainda ligado à modalidade e durante alguns meses assumiria um cargo como dirigente do Académico de Viseu. Depois viria o trabalho na Câmara Municipal de Vouzela, a experiência como técnico dos Vouzelenses e a passagem pelos Estados Unidos da América, onde voltaria à prática do futebol. Já de regresso à sua terra e às funções no município, o antigo atleta retornaria também às tarefas de treinador, nomeadamente à frente do Campia e do Santacruzense.

1294 - VÍTOR GOMES

Ao destacar-se nas camadas de formação do FC Porto, onde, como júnior, chegaria a envergar a braçadeira de capitão, Vítor Gomes seria promovido à equipa principal dos “Azuis e Brancos” na temporada de 1968/69. Como um elemento de pendor ofensivo e, tendencialmente, a exibir-se mais encostado a um corredor, o jovem atleta, pela mão do treinador José Maria Pedroto, seria, numa partida frente à Sanjoanense, convocado à estreia na 1ª divisão. Naquela que foi a sua época de arranque como sénior, apesar de, na maioria das vezes, ser chamado à ficha de jogo na condição de suplente, as oportunidades, com uma frequência bastante satisfatória, repetir-se-iam ao longo da campanha. De igual modo, outras seriam as competições a fazer parte dessa etapa inicial e, prova de uma evolução bem positiva, a participação na Taça dos Vencedores das Taças entraria no currículo do futebolista como um merecido prémio.
Mesmo com o crescimento demonstrado durante a temporada referida no parágrafo inicial, Vítor Gomes deixaria o FC Porto e acabaria por dar continuidade à sua carreira noutro emblema. Na Académica de Coimbra a partir da campanha de 1969/70, o jogador integrar-se-ia num dos melhores planteis da história da “Briosa”. Ao partilhar o balneário com os irmãos Campos, com Maló, Artur Correia, Simões, Rui Rodrigues, Carlos Alhinho, Gervásio, Serafim, Crispim, Manuel António ou o veterano Augusto Rocha, também ele contribuiria para uma época cujo momento mais alto chegaria com os quartos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças. No entanto, apesar do brilharete colectivo, o número de partidas disputadas por si acabaria por ficar aquém do esperado. Sem abandonar o escalão máximo, a verdade é que as épocas seguintes, nos índices individuais do atleta, revelar-se-iam bem mais discretas. Para ser concreto, o futebolista só voltaria a destacar-se alguns anos depois e com nova mudança de camisola.
Mantendo-se na “Cidade dos Estudantes”, a transferência para a União de Coimbra coincidiria com a estreia do emblema beirão na 1ª divisão. No decorrer do Campeonato Nacional de 1972/73, Vítor Gomes, com 22 presenças em campo, destacar-se-ia como um dos elementos mais utilizados pelos três homens que passariam pelo comando técnico do emblema da “Cruz de Santiago”, a saber: Francisco Andrade, Zeca e Couceiro Figueira. No entanto, como é fácil de adivinhar pela “dança” dos treinadores, o clube não conseguiria cumprir os desígnios da manutenção e, também para a infelicidade do jogador, essa temporada transformar-se-ia na despedida do escalão máximo.
Daí em diante Vítor Gomes não mais regressaria à 1ª divisão. Mesmo afastado dos principais holofotes do futebol português, o atleta, mormente no patamar secundário, teria a oportunidade de envergar camisolas com grande tradição no desporto luso. Penafiel, Famalicão, Recreio de Águeda, Sanjoanense, União da Madeira, Oliveirense, Nogueirense e Arouca preencheriam um trajecto que no termo da temporada de 1985/86 e ao serviço do modesto Bustelo, acabaria por conhecer o seu final.

1293 - LUZ

Antes ainda de aparecer na equipa principal do Boavista, já Luz brilhava nos patamares de formação dos “Axadrezados”. Igualmente avaliado pelos responsáveis técnicos da Federação como uma grande promessa, o guardião seria integrado no grupo que, com as cores de Portugal, conseguiria qualificar-se para a edição de 1969 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Sob a alçada da dupla David Sequerra (seleccionador) e Francisco Polido (treinador), depois da estreia frente à Itália ainda nas partidas de apuramento, o jovem futebolista seria arrolado à comitiva com destino à República Democrática da Alemanha e, ao lado de nomes bem conhecidos do futebol português, casos de Laranjeira, Carlos Simões, Carolino ou Barbosa, disputaria a Fase Final do referido certame.
Com o empurrão dado pelas internacionalizações somadas com a “camisola das quinas”, o guarda-redes, na temporada de 1969/70, emergiria no conjunto sénior do Boavista. Com as “Panteras” recém-regressadas à 1ª divisão, Luz, ligeiramente atrás na luta pela titularidade, acabaria por quase dividir o lugar à baliza com Quim. Todavia, apesar dos bons números apresentados, a frequência das suas presenças na ficha de jogo não teriam continuidade na campanha seguinte. Aliás, daí em diante o jogador disputaria poucas partidas pelos “Axadrezados” e, por razão da falta de oportunidades, a relação entre o atleta e o clube terminaria com o fim da campanha de 1971/72.
Com a saída do Bessa, o jogador encetaria um longo caminho longe dos palcos principais do futebol nacional. Sporting de Espinho, Salgueiros e Paços de Ferreira também fariam parte dessa etapa, cumprida durante 8 temporadas consecutivas. Seguir-se-ia, ainda na 2ª divisão, a entrada no plantel de 1979/80 do Penafiel. A chegada ao conjunto rubro-negro daria a oportunidade ao guardião de inscrever o seu nome numa das mais importantes páginas da história da colectividade sediada no Vale do Sousa. Já como um guarda-redes experimentado, Luz daria ao último reduto penafidelense a força necessária para a inédita subida ao escalão principal. Com a estreia do clube no patamar maior do futebol português a acontecer na época de 1980/81, essa campanha serviria igualmente para devolver o atleta ao convívio dos “grandes” e, de alguma forma, dar outra justiça aos números do seu currículo.
Como um dos pilares das duas primeiras campanhas primodivisionárias do Penafiel, seria com a despromoção do clube ao escalão secundário que daria início a um novo périplo. Nessa senda, depois de uma curta passagem pela Sanjoanense, Luz teria ainda a oportunidade de, na temporada de 1983/84 e ao serviço do Recreio de Águeda, voltar às pelejas da 1ª divisão. O guardião regressaria também ao Paços de Ferreira que, com mais 4 temporadas cumpridas com a camisola dos “Castores”, tornar-se-ia no emblema mais representativo de toda a sua caminhada desportiva.
Após “pendurar as luvas” no final da temporada de 1987/88, o antigo guarda-redes manter-se-ia ligado ao futebol. No Paços de Ferreira, onde em épocas idas e em paralelo aos deveres de jogador, já tinha experimentado as tarefas de treinador, António Luz passaria a dedicar-se à vida de técnico. Numa carreira que durante os primeiros anos fá-lo-ia cirandar por emblemas do norte do país, o grande destaque terá de ir para às ligações erguidas no arquipélago do Açores, nomeadamente ao serviço de agremiações como o Vitória do Pico, o Fayal Sport Club, o Lajense ou o Flamengos.

1292 - RAMOS

Extremo dono de uma velocidade estonteante e de uma técnica bem acima da média, Manuel Ramos cedo começaria a destacar-se nas “escolas” do Farense. Tão boa seria a evolução demonstrada durante o percurso formativo que, como júnior do emblema algarvio, o atacante seria chamado aos trabalhos das jovens equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com a camisola de Portugal estrear-se-ia no escalão sub-17, a 01 de Junho de 1995 e pela mão de Rui Caçador. Essa partida frente à Áustria, a contar para o Torneio Internacional da Suíça, encetaria um percurso que levaria o atleta, entre o patamar referido, os sub-20 e sub-21, a somar ao currículo um total de 21 internacionalizações.
Também no clube, o crescimento demonstrado levá-lo-ia a ser aferido como uma grande promessa. Uma das provas desse valor emergiria com a convocatória do avançado à equipa principal, ainda no decorrer do último ano de formação. Com Paco Fortes como “timoneiro” do Farense, Ramos, nessa temporada de 1995/96, acabaria chamado à estreia na 1ª divisão. Progressivamente começaria a impor-se no plantel, não só como um elemento útil aos objectivos do colectivo sotaventino, mas como um dos melhores intérpretes do conjunto. No desenrolar da campanha de 1997/98, já o extremo havia conseguido posicionar-se como um dos mais utilizados da colectividade algarvia. Manteria esse estatuto na época seguinte e, por conseguinte, a mudança de emblema no defeso estival de 1999 transformar-se-ia numa enorme surpresa.
A real razão para a saída de Ramos, tal como veiculado pelos periódicos desportivos da altura, seria a rescisão unilateral, por parte do atleta, do contrato que o ligava ao clube. Ao alegar salários em atraso, o atacante deixaria o Algarve e acabaria por rubricar um novo vínculo com o Salgueiros. Porém, no emblema sediado na cidade do Porto, ao contrário do que a sua evolução vinha a revelar, o extremo não conseguiria atingir os níveis exibicionais de anos anteriores. Ao fim de um par de temporadas ao serviço da colectividade do bairro de Paranhos, o jogador acabaria por dar novo rumo à carreira e, com tal passo, afastar-se-ia do escalão máximo do futebol português.
A entrada na Ovarense marcaria uma nova fase no percurso profissional do jogador. A passagem pelo emblema vareiro na temporada de 2001/02 transformar-se-ia no primeiro capítulo de Ramos como um representante de emblemas a militar nos escalões secundários. Nessa senda, o destaque acabaria por ir para o regresso do avançado ao Algarve. Numa caminhada que terminaria em 2005, Lagoa, Almancilense e Quarteirense seriam os emblemas a colorir o derradeiro troço do futebolista que, com apenas 27 anos de idade, decidiria ser a altura certa para “pendurar as chuteiras”.

1291 - FÉLIX ANTUNES

Natural do Barreiro, seria no Luso que Félix Antunes começaria a dar os primeiros passos no futebol. Já a ligação às empresas da CUF, nomeadamente às unidades sediadas na capital, levá-lo-ia, na primeira metade da década de 1940, a vestir a camisola dos Unidos de Lisboa. Pelo colectivo “alfacinha” o atleta estrear-se-ia na 1ª divisão e, acima de tudo, destacar-se-ia como um praticante de fino recorte técnico e excelente entendimento do jogo.
Os seus predicados fariam com que os responsáveis pelo Benfica vissem nele um óptimo reforço. Entraria para o plantel principal das “Águias” na temporada de 1946/47 e como um futebolista feito. Porém, apesar de habituado às posições do meio-campo, o húngaro Janos Biri acabaria por adaptá-lo ao sector mais recuado. Na defesa, em sentido contrário ao habitual para a época, manteria com a bola a mesma relação de elegância de anos anteriores. Muito para além do “pontapé para a frente”, a sua leitura dos lances permitir-lhe-ia, de forma subtil, antecipar-se aos adversários. Já capacidade de sair a jogar com o esférico controlado, qualidade praticada com ambos os pés, levariam os passes certeiros de Félix a lançar também os companheiros mais avançados no terreno.
Com tanta habilidade, Félix rapidamente conquistaria um lugar de destaque no “onze” do Benfica. Nesse sentido, ainda que numa altura em que os rivais do Sporting dominavam o futebol português, o defesa, que chegou a ser aferido como um dos melhores da posição a nível internacional, tornar-se-ia num dos pilares dos sucessos a cargo das “Águias”. No que ao palmarés pessoal diz respeito, o atleta começaria com o triunfo na Taça de Portugal de 1948/49. Na mesma competição, depois da presença na final da referida campanha, ajudaria à vitória em 3 outras edições. Claro está, tão ou mais importantes do que os brilharetes na apelidada “Prova Rainha”, viria a conquista do Campeonato Nacional de 1949/50 e, no final da mesma campanha, a inolvidável Taça Latina ganha no Jamor, frente aos franceses do Bordeaux.
Também pelo “conjunto das quinas”, Félix trilharia o seu percurso. Após a estreia pela mão do seleccionador Armando Sampaio, o “particular” frente à Espanha a 20 de Março de 1949, daria início a uma caminhada que somaria 15 internacionalizações. Seria, no entanto, o derradeiro jogo disputado com as cores de Portugal que acabaria por mudar, de forma cabal, o seu percurso. Numa derrota de 9-1 frente à Áustria, o jogador, para além de ver avaliada a sua exibição como negligente, seria igualmente multado e apontado como um dos principais responsáveis pelo enorme desaire. Pior ainda, com o Benfica a pôr-se ao lado da Federação, veria o clube acrescentar outra coima ao castigo aplicado pela entidade maior do futebol nacional. Não muito tempo depois, no desenrolar da 3ª jornada do Campeonato de 1953/54, o placard desfavorável na visita ao Vitória Futebol Clube, traria ao intervalo uma acesa discussão no balneário “encarnado”. Com o insinuar da sua culpa no resultado negativo, o futebolista, ao sentir-se mais uma vez injustiçado pelo emblema da “Águia”, revelaria a revolta com o arremessar da camisola para o chão e com o lançar das chuteiras pelo ar. Quem não gostaria muito da atitude, apontando o gesto como um enorme desrespeito pela colectividade, seria o Presidente Joaquim Bogalho que, de forma irrevogável, suspenderia o defesa por um período de 3 anos!
Por razão da punição, Félix tomaria a decisão de deixar o Benfica e prosseguir a caminhada futebolística no Torreense e na 2ª divisão. No emblema do Oeste jogaria apenas a temporada de 1954/55, mas o suficiente para inscrever o nome na história da agremiação, como um dos intérpretes da primeira promoção ao patamar máximo.

1290 - MOREIRA

De quando em vez surge um jogador que, no repto de escrever a sua biografia, emerge à minha vista como um verdadeiro desafio ou, melhor dizendo, como uma meta praticamente impossível de cruzar! Alguns, logo à partida, consigo adivinhá-los com tais dificuldades. Porém, neste caso foi bem diferente e tendo em conta a importância que teve para o histórico emblema que o lançou e até para as jovens selecções portuguesas, nunca pensei em Manuel Moreira como uma enorme luta! Bem, é melhor começar a história…
Ao sobressair nas “escolas” do Leixões, o defesa, no último ano de formação, acabaria chamado pelo seleccionador David Sequerra para disputar o Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1961. No certame organizado em Portugal, juntar-se-ia a um grupo de jovens atletas onde é fácil destacar nomes como os de Peres, Serafim, Carriço, Oliveira Duarte ou Simões. Comandado no campo pelo treinador José Maria Pedroto, Moreira acabaria por ser um dos mais utlizados durante a competição. Já com o conjunto nacional a marcar presença na final frente à Polónia, a sua presença no sector mais recuado da equipa ajudaria à inviolabilidade da baliza lusa e, em favor da “camisola das quinas”, aos 4-0 do placard final.
A presença no referido torneio, onde somaria 4 jogos, elevá-lo-ia ao estatuto de grande promessa saída das camadas formativas do Leixões. Na época imediatamente a seguir à vitória de Portugal, a de 1961/62, Moreira acabaria promovido à equipa principal matosinhense e logo com o predicado de primeiro futebolista internacional do clube. Por coincidência, a subida a sénior coincidiria com a estreia do emblema nas competições europeias. Num plantel com grandes nomes, casos de Raul Machado, Jacinto, Osvaldo Silva ou Jaburú, a verdade é que, inicialmente, as presenças em campo escasseariam. Ainda assim, o técnico argentino Filpo Nuñez daria algum espaço ao defesa e, espantem-se!, ao jogador seria dada a oportunidade de participar nas duas partidas da Taça dos Vencedores das Taças frente aos romenos do Progresul de Bucareste.
A evolução demonstrada com o listado vermelho e branco da camisola do Leixões revelá-lo-ia, progressivamente, como um elemento de muita utilidade ao plantel. Com o trajecto trilhado a levá-lo somente às disputas primodivisionárias, Moreira teria na temporada de 1967/68 um dos melhores anos da carreira. Já a envergar a braçadeira de “capitão” e como um dos mais utilizados durante a referida campanha, o defesa posicionar-se-ia como um dos principais esteios das manobras tácticas da equipa comandada por António Teixeira. Curiosamente, quando tudo parecia indicar o contrário, o jogador começaria a eclipsar-se. Tal seria o “desaparecimento” que, depois de uma época de 1968/69 bem modesta e, ainda assim, com presença na Taça das Cidades com Feira, já não mais consegui acompanhar o seu rasto!
Custa-me a acreditar, mas pode ser possível, que o atleta, perto de completar apenas 26 anos de idade, tenha desistido do percurso desportivo! O que aconteceu de verdade, não sei! Tentei perceber, e esta parece-me a solução mais lógica para todo este “mistério”, a hipótese do defesa ter optado por prosseguir a carreira num emblema de um escalão inferior. Não muito usual para a época, também coloquei o pressuposto de uma contratação por parte de uma colectividade estrangeira. Em ambos os casos e depois de muito procurar, nada consegui apurar! Deixo-vos com a questão por responder e com a esperança de um dia deslindar o enigma!

1289 - EUSÉBIO

Após terminar o percurso formativo com as cores do Tirsense, a mudança para a equipa principal, na temporada de 1985/86, dar-se-ia sem a necessidade de cambiar de clube. Porém, com os “Jesuítas” afastados do escalão máximo, Eusébio, veria os anos iniciais do trajecto pelo patamar sénior a cingirem-se à disputa da 2ª divisão. Tal cenário acabaria por alterar-se na campanha de 1989/90. Ao ajudar à promoção conseguida no final da época anterior, o médio encetaria uma grande caminhada pelos palcos principais do futebol luso e sempre com números bem positivos.
Com a estreia entre os “grandes” a acontecer pela mão do Professor Neca, Eusébio não deixaria intimidar-se pelo salto competitivo e, desde logo, assumiria um papel preponderante na manobra táctica do conjunto sediado em Santo Tirso. Ao pautar-se como um elemento aguerrido, os equilíbrios por si conseguidos no sector intermediário dariam um enorme contributo aos desempenhos colectivos. Nesse sentido, num plantel que também contava com elementos de grande traquejo, casos do guarda-redes Lúcio, Tueba, José Maria, Quim, entre outros, o centrocampista tornar-se-ia num dos pilares do 9º posto conquistado no termo do Campeonato Nacional e, igualmente, um dos grandes responsáveis pela chegada da equipa aos quartos-de-final da Taça de Portugal.
Em termos individuais, a temporada seguinte também correria de feição para o médio. No entanto, a 16ª posição e a consequente descida de divisão do Tirsense, levaria Eusébio a procurar dar um novo rumo à carreira. Avaliado como um praticante de indubitáveis índices primodivisionários, o atleta seria apresentado como reforço do Sporting de Braga. Com a mudança para o Minho a acontecer na preparação da temporada de 1991/92, o atleta conseguiria manter-se como um elemento com muitas presenças em campo. Aliás, esse registo seria uma constante na grande parte da sua caminhada profissional e talvez por essa razão, sem desprimor para qualquer um dos emblemas, a sua mudança para o Beira-Mar tenha causado alguma surpresa.
A exactidão dos números acabaria por desenhar a transferência para a colectividade de Aveiro como o início de uma das relações mais importantes do trajecto de Eusébio enquanto futebolista. Nos “Aurinegros” a partir de 1993/94, as duas passagens pelo emblema a jogar em casa no Estádio Mário Duarte, empurrá-lo-ia para o momento mais alto da carreira. Pelo meio, sem deixar o escalão máximo, surgiria a campanha de 1995/96 a jogar de novo pelo Tirsense. Essa temporada feita ao serviço da agremiação fundada na sua terra natal, também traria para o currículo do médio um facto interessante e os 97 jogos cumpridos na 1ª divisão pela referida colectividade, transformá-lo-iam no 2º atleta na história do clube com mais presenças no patamar maior do futebol português.
De volta ao Beira-Mar, a temporada de 1998/99, em termos de troféus, tornar-se-ia na mais marcante da sua caminhada. Com a progressão na Taça de Portugal a encaminhar o conjunto aveirense até à final da prova, Eusébio seria um dos escolhidos pelo técnico António Sousa para entrar de início na derradeira peleja da competição. No Estádio Nacional, frente ao Campomaiorense, o médio transformaria a sua exibição num elemento pendular para o êxito colectivo e, frente ao emblema alentejano, contribuiria para a vitória por 1-0.
A partida disputada no Jamor viria a assinalar o final da ligação com o Beira-Mar, mas também o termo das suas participações primodivisionárias. Daí em diante, numa carreira já marcada pela fase descendente, Eusébio ainda representaria outros emblemas. Nesse sentido, Freamunde, Ovarense e o regresso ao Tirsense marcariam os últimos passos de uma caminhada que terminaria em 2002.

1288 - KOSTADINOV

Formado no Trakia Plovdiv, entretanto rebaptizado como Botev Plovdiv, Kostadin Kostadinov, muito mais do que ser visto como uma das promessas saídas das “escolas” do emblema búlgaro, acabaria por tornar-se, também como resultado de uma longa ligação, numa das grandes lendas da colectividade.
Atacante que tanto podia posicionar-se no centro do sector mais ofensivo ou mais descaído para a direita, Kostadinov caracterizar-se-ia como um intérprete dono de uma grande mobilidade, rapidez e com um “faro” para o golo bem acima da média. Ao entrar na equipa principal na temporada de 1975/76, o avançado não demoraria muito até conseguir conquistar o seu espaço. Tão boa seria a evolução demonstrada que, antes ainda de completar 20 anos de idade, seria convocado para a principal selecção do seu país. Chamado por Tsevtan Ilchev a um embate frente à Roménia, esse particular agendado para a cidade de Blagoevgrad a 14 de Fevereiro de 1979, encetaria um percurso que levaria o futebolista ao maior certame de futebol. Já cimentado como uma das grandes figuras da equipa nacional, seria no México que teria um dos momentos altos da carreira. Integrado num grupo com imensos nomes com passagem por Portugal, casos de Mihaylov, Radi, Petrov, Getov, Sadakov, Dragolov, Mladenov e Gospodinov, a sua ajuda levaria a Bulgária a atingir os oitavos-de-final do Mundial de 1986.
Também ao serviço do clube, onde partilharia o balneário com outros atletas bem nossos conhecidos, como é o exemplo de Slavkov, Bota d’Ouro e antigo elemento do Desportivo de Chaves, Kostadinov viveria momentos inolvidáveis. Internamente, na senda desses brilharetes e numa liga tradicionalmente dominada por outros emblemas, há que nomear o 2º lugar do Trakia em 1985/86. Claro que o maior destaque terá de ir para a conquista da Taça da Bulgária de 1980/81, onde, ao entrar como titular na derradeira partida da prova, contribuiria para a vitória por 1-0, frente ao Pirin Blagoevgrad. Para colorir ainda mais o currículo do jogador, existem, igualmente, as várias participações nas competições organizadas sob a alçada da UEFA. Nesse sentido, tenho de sublinhar a exibição do avançado na Taça dos Vencedores das Taças de 1981/82, onde colaboraria na vitória histórica frente ao FC Barcelona. Para finalizar há que mencionar o golo por si concretizado e que, na edição de 1984/85 da prova europeia ainda agora aludida, ajudaria a derrotar o Bayern de Munique.
Numa caminhada tão rica, Kostadinov teria também a oportunidade de experimentar alguns contextos competitivos de países estrangeiros. A primeira saída do atleta dar-se-ia na temporada de 1987/88 e em direcção a Portugal. Ao disputar as provas lusas, o avançado, mesmo ao não conseguir, de forma indubitável, assumir-se como um dos principais nomes arrolados ao alinhamento inicial do Sporting de Braga, acabaria por somar números bem interessantes. Ainda assim, o destino levá-lo-ia a outras paragens e, logo na campanha seguinte, o atacante apresentar-se-ia como reforço dos gregos do Doxa Dramas.
Já a terminar o trajecto enquanto futebolista, o atleta voltaria ao emblema que o tinha formado. De regresso a Plovdiv, jogaria ainda 2 épocas que contribuiriam para firmá-lo como uma das maiores figuras do emblema. Ao “pendurar as chuteiras” em 1992 e com 350 partidas disputadas na Liga búlgara, Kostadinov tornar-se-ia no 5º jogador do clube com mais presenças na prova. Já os golos, 106 concretizados na referida competição, deixá-lo-iam um pouco mais acima na respectiva tabela e elevariam o avançado ao 2º posto dos goleadores do Botev no Campeonato.
Já depois de retirado dos relvados, o antigo jogador manteria o elo à modalidade. Em muito desse trajecto ligado ao Botev, Kostadinov tem desempenhado os papeis de treinador, mas também de director.

1287 - KOSTADINOV

Como membro das jovens selecções búlgaras, com as quais, a exemplo, participaria nos Mundiais sub-20 de 1985 e de 1987, no Euro sub-21 de 1990 ou na chegada à final da edição de 1987 do Torneio de Toulon, também no CSKA Sófia, Emil Kostadinov depressa adoptaria um papel relevante.
Ao subir à equipa principal na temporada de 1984/85, onde encontraria diversos nomes bem conhecidos do futebol português, tais como Mladenov, Radi, Voynov, Slavkov ou Tanev, o jovem avançado conseguiria tornar-se numa das principais figuras do plantel. Aferido como um atleta de uma velocidade estonteante e dono de uma técnica e entendimento do jogo ímpares, acabaria por formar com Hristo Stoichkov e Lyuboslav Penev uma das parcerias mais famosas do emblema da capital e que, em certa medida, contribuiria para as conquistas de 3 Campeonatos, 3 Taças da Bulgária, 1 Supertaça, bem como ajudaria o clube a atingir as meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças de 1988/89.
Avaliado um dos elementos da equipa mais cobiçados pela Europa fora, com emblemas de Espanha e França no seu encalço, o avançado daria a preferência a uma transferência para o FC Porto. Com a entrada nas Antas a acontecer na temporada de 1990/91, Kostadinov encontrar-se-ia com o treinador Artur Jorge que, para aproveitar a sua rapidez, colocá-lo-ia em campo como extremo-direito. Mesmo ligeiramente afastado da sua posição, o jogador não estranharia a adaptação e, tanto nessa época de estreia com os “Dragões”, como daí em diante, assumir-se-ia como um dos mais importantes elementos da estratégia “azul e branca”.
Titular indiscutível, raras seriam as vezes, mesmo com a mudança de treinadores e o regresso às funções no centro do ataque, que o nome do atleta não apareceria na ficha de jogo. Nesse sentido, com o destaque a ser apontado à dupla composta com o internacional português Domingos, Kostadinov transformar-se-ia num dos principais responsáveis pelas vitórias do FC Porto em 3 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal e 4 Supertaças Cândido de Oliveira.
Tal como no percurso futebolístico, também com as cores do país natal, Kostadinov arrogar-se-ia como uma das grandes estrelas. Na principal selecção da sua pátria, o avançado estrear-se-ia a 24 de Dezembro de 1988, pela mão de Boris Angelov. Depois desse particular frente aos Emirados Árabes Unidos, num percurso recheado por 70 internacionalizações e 24 golos concretizados, o atacante teria a oportunidade de ser chamado a participar nos principais certames organizados no contexto da modalidade. Para além das convocatórias ao Euro 96 e Mundial de 1998, o destaque terá de ir para a presença do jogador no Campeonato do Mundo de 1994. Ao lado de Iordanov, Balakov, Mihaylov, Mihtarski ou do já aludido Stoichkov, a Bulgária surpreenderia tudo e todos e alcançaria o 4º lugar no torneio disputado nos Estados Unidos da América.
O resto da sua carreira, ainda que colorida por emblemas de renome, tornar-se-ia, no plano individual, um pouco mais pálida. Após a mudança para o Deportivo La Coruña já com a temporada de 1994/95 em curso, seria ainda durante a mesma campanha que Kostadinov encetaria a sua ligação ao Bayern München. No emblema bávaro viveria outro dos grandes momentos da sua senda competitiva, com a vitória na Taça UEFA de 1995/96. Depois seguir-se-ia uma fase mais errante da caminhada profissional e que levaria o atacante ao Fenebahçe, aos mexicanos do Tigres, ao regresso ao CSKA Sófia, e ao fim do percurso como atleta em 2000 e ao serviço do Mainz.
Voltaria a ligar-se ao futebol, com destaque para a entrada nos quadros da Federação búlgara, onde, a convite de Mihaylov, antigo guardião do Belenenses e Presidente da referida instituição, assumiria as tarefas de Director-Técnico.

1286 - LEÃO

Augusto Pinto Duarte Maia, mais conhecido no mundo do futebol como Leão, dividiria a caminhada formativa entre Águias da Areosa, FC Porto e Salgueiros. Ao destacar-se como um atleta possante e aguerrido, o emblema sediado no bairro de Paranhos dar-lhe-ia a oportunidade para integrar o plantel principal. Com o clube, na temporada de 1989/90, a militar no escalão secundário, ainda assim não tardaria muito para que o jogador encetasse o seu trajecto nos palcos maiores do futebol luso. O título de campeão da 2ª divisão e a subida alcançada no final dessa época de estreia no patamar sénior empurrá-lo-iam em direcção ao objectivo primodivisionário.
Mantendo-se, depois da promoção do clube, sob a alçada do treinador Zoran Filipovic, Leão, aos poucos, cimentar-se-ia no grupo de trabalho. A primeira época em que sua presença no “onze” começaria a ser mais notada, coincidiria com a campanha de estreia do Salgueiros nas competições continentais. Na sequência do 5º lugar do Campeonato Nacional do ano anterior, o médio teria o ensejo de disputar a edição de 1991/92 da Taça UEFA. Seria chamado pelo aludido técnico montenegrino para a peleja agendada na 1ª mão da 1ª eliminatória e, ao entrar em campo aos 68 minutos de jogo, contribuiria para a vitória, por 1-0, frente aos franceses do Cannes.
Daí em diante, ainda que com algumas excepções, Leão tornar-se-ia num dos atletas mais utilizados e, por essa razão, começaria igualmente a ser visto como um dos elementos de maior preponderância no desenho táctico. A prova dessa importância, que tinha feito do “trinco” um dos bons intérpretes no contexto futebolístico português, chegaria com a temporada de 1997/98. Com a mudança do treinador Carlos Manuel para o Sporting a meio da referida campanha, também o jogador, acompanhado pelo defesa Renato, deixaria o Salgueiros para dar entrada em Alvalade. Porém, a aventura de “verde e branco” não correria de feição. Assolado por uma arreliante lesão, o médio-defensivo não alcançaria as oportunidades desejadas e passados uns meses após a chegada a Lisboa, veria o seu nome inscrito no rol de dispensáveis.
Apesar do desaire vivido sob a divisa leonina, o jogador não veria o seu valor diminuído. Como um intérprete de cariz vincadamente primodivisionário, não seria difícil para o “trinco” encontrar um lugar num emblema do escalão máximo. Em 1998/99, ao reforçar uma União de Leiria bem sustentada entre os “grandes”, prosseguiria a carreira num clube com a ambição a revelar-se pela disputa dos lugares com acesso às provas sob a chancela da UEFA. Para além de trabalhar com José Mourinho, nos 5 anos passados na “Cidade do Lis”, ao ser chamado por Manuel Cajuda à disputa da Taça Intertoto de 2002/03, entraria em campo na 1ª mão frente aos estónios do Levadia e, dessa maneira, participaria na estreia do emblema beirão nas competições continentais.
Depois de 13 temporadas consecutivas a disputar a 1ª divisão, a campanha de 2003/04 levá-lo-ia, em definitivo, a deixar o patamar maior. Numa fase descendente da carreira do médio, seguir-se-iam 4 épocas com as cores do Leixões. Já em 2007, o atleta decidiria ser a hora certa para “pendurar as chuteiras”. No entanto, apesar de retirado das actividades como futebolista, Leão haveria de voltar a ligar-se à modalidade. Como técnico, no papel de treinador-principal ou como adjunto, tem tido várias experiências nas divisões inferiores. Como exemplo, há que referir as passagens por Pedrouços, Salgueiros, Aldeia Nova e Padroense.

1285 - VÍTOR CAMPOS

Apesar do percurso formativo cumprido no principal emblema da região natal, o Torreense, seria a mudança para a cidade de Coimbra, com o principal desígnio de prosseguir os estudos, que também levaria Vítor Campos ao estrelato no futebol.
Ao entrar para a Académica na temporada 1963/64, a quantidade de vezes que, nessa época de estreia como sénior, conseguiria ser chamado a jogo por José Maria Pedroto, elevaria o médio para um plano de enorme destaque. A titularidade conquistada logo no arranque da caminhada no conjunto principal, em paralelo com o ingresso na Licenciatura de Medicina, transformá-lo-ia num ícone da tradição da “Briosa”. Ao ser visto como uma figura de indubitável valor primodivisionário, o jovem jogador, igualmente pelo auferido estatuto de estudante-atleta, tornar-se-ia num dos favoritos da massa adepta. Até pela aplicação exemplar demonstrada durante o período a envergar de negro, manteria a estima dos seguidores no decurso de toda a carreira desportiva. Já as metas alcançadas pelo colectivo, serviriam apenas para reforçar o apreço vindo das bancadas do Calhabé.
Parte integrante dos planteis que construiriam uma das fases áureas da Académica de Coimbra, Vítor Campos participaria em marcos de inolvidável valor futebolístico. Com a temporada de 1966/67 a levar os “Estudantes”, sob alçada do “Velho Capitão” Mário Wilson, ao 2º lugar da tabela classificativa do Campeonato Nacional, a presença do médio na final da Taça de Portugal da mesma campanha, embelezaria ainda mais o seu percurso competitivo. Já outros momentos, de idêntica importância, vivê-los-ia mais adiante na carreira. Passados 2 anos, ao lado do irmão Mário Campos, repetiria a comparência na derradeira peleja da apelidada “Prova Rainha”. Claro está, nessa senda seria impossível esquecer as participações nas competições sob a alçada da UEFA. Depois de, na Taça das Cidades com Feira de 1968/69, acompanhar em campo a estreia da “Briosa” nas provas continentais, o destaque chegaria na época seguinte, ao jogar 5 das 6 partidas que, na Taça dos Vencedores das Taças, levaria o clube beirão aos quartos-de-final.
Durante o aludido percurso clubístico, Vítor Campos teria também a oportunidade de envergar a “camisola das quinas”. Convocado primeiro à participação numa partida agendada para a equipa “B”, alguns dias após o jogo frente à Bélgica, o médio faria a estreia pelo conjunto principal de Portugal. No Estádio Olímpico de Roma, aos 38 minutos da metade complementar, José Gomes da Silva faria o atleta entrar em campo, para substituir o “capitão” Mário Coluna. O particular, disputado a 27 de Março de 1967 frente à selecção de Itália, muito mais do que acrescentar ao currículo do futebolista 1 internacionalização “A”, serviria, meritoriamente, para premiar as excelsas exibições conseguidas ao serviço da Académica.
Os anos seguintes vivê-los-ia, igualmente, com as cores da “Briosa”. Aliás, Vítor Campos, no seu trajecto sénior, não conheceria outro emblema. Esse facto, mesmo ao contar com uma temporada passada no escalão secundário, daria aos números do futebolista uma inspiração especial. Com 248 jornadas cumpridas em 12 campanhas na 1ª divisão, o médio, que deixaria os relvados em 1978 para abraçar em exclusivo as tarefas de médico, tornar-se-ia no 6º jogador que, na história da Académica de Coimbra, mais presenças conseguiria no patamar maior do futebol português.

1284 - FRANCISCO CALÓ

Promissor elemento das “escolas” do Sporting, o destaque merecido pelas suas exibições, levá-lo-ia, ainda durante esse período formativo, a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções nacionais. Com a “camisola das quinas” jogaria as edições de 1964 e 1965 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Nesse âmbito, o maior destaque consegui-lo-ia na disputa do primeiro dos dois referidos certames. Na competição organizada nos Países Baixos, Francisco Caló, numa equipa orientado pelo treinador Marco Linhares, entraria em campo em todas as partidas e ajudaria Portugal à conquista do terceiro lugar do pódio.
Com a sua chegada aos seniores leoninos a acontecer na temporada de 1965/66, o jovem defesa deparar-se-ia com uma forte concorrência para ocupar um lugar no centro do sector mais recuado. Num plantel que contava com José Carlos e Alexandre Baptista, poucas seriam as presenças de Francisco Caló em jogo. Ainda assim, depois da estreia sob a batuta de Otto Glória, as oportunidades conseguidas naquela que é a principal competição lusa de futebol, permitir-lhe-iam, logo na primeira época a jogar na equipa principal, listar o seu nome no rol de atletas vencedores do Campeonato Nacional.
As duas épocas seguintes não trariam um cenário muito diferente para o defesa-central. Com poucas partidas disputadas de “verde e branco”, a solução para alimentar correctamente a sua evolução surgiria, no desenrolar da campanha de 1968/69, com o empréstimo ao União de Tomar. Com a temporada ao serviço da agremiação nabantina, o jogador, sem deixar de competir no escalão principal do futebol português, finalmente conseguiria confirmar as qualidades que tinham feito dele uma das maiores promessas do universo leonino. Como um atleta dono de uma estampa física possante e capaz de marcações ferozes, Francisco Caló, com o argentino Oscar Tellechea como treinador, afirmar-se-ia como um dos titulares da colectividade ribatejana e, como prémio por tão boa prestação, asseguraria o regresso a Alvalade.
De volta ao Sporting, já com Fernando Vaz ao leme dos destinos técnicos do “Leão”, Francisco Caló conseguiria impor-se como uma das principais figuras das estratégias delineadas pelo aludido treinador. Como um dos elementos com presença regular no “onze” inicial, o defesa tornar-se-ia de fulcral importância para as conquistas do Campeonato Nacional de 1969/70 e da vitória na Taça de Portugal do ano seguinte. Curiosamente, mesmo como figura central de tais feitos, só mais tarde é que conseguiria merecer a convocatória para a selecção principal. Depois de também ter representado as “esperanças” lusas, a disputa de uma das jornadas referentes à Fase de Qualificação para o Euro 72, transformar-se-ia num merecido prémio. Chamado por José Gomes Silva para a peleja frente à Escócia, a partida agendada para o Hampden Park a 13 de Outubro de 1971, daria ao atleta a sua internacionalização “A”.
Depois do completo ocaso verificado durante a temporada de 1972/73, Francisco Caló deixaria o Sporting para ingressar no Atlético. Naquele que seria o único ano da sua carreira passado no patamar secundário, o defesa ajudaria o emblema do bairro “alfacinha” de Alcântara a regressar ao convívio dos “grandes”. Ainda jogaria outra época na Tapadinha e, mantendo a presença na 1ª divisão, faria uma derradeira campanha já com as cores do Estoril Praia. Finda a época esgrimida ao serviço dos “Canarinhos”, o atleta, com apenas 29 anos de idade, decidiria terminar a caminhada enquanto futebolista.

1283 - HUSSAIN YASSER

Filho do futebolista egípcio, Yasser Elmohamady, ao nascer num lar onde o desporto assumia grande importância, Hussain Yaser, ainda em tenra idade, acabaria aferido como um prodígio a despontar no Médio Oriente. Com a habilidade a destacá-lo dos demais praticantes, rapidamente começaria a galgar etapas. Nessa rápida senda, mesmo ao passar pelas “escolas” do seu clube e pelas camadas de formação ligadas à Associação de Futebol do Catar, o jovem extremo entraria na equipa sénior do Al-Khor ainda como juvenil. À selecção principal também chegaria bastante cedo e, com a estreia a acontecer em 2001, o atacante alcançaria a primeira internacionalização “A” com apenas 17 anos.
Mesmo com a rápida evolução a revelá-lo como um futebolista de enorme potencial, seria a “mão” de um treinador dos Países Baixos a puxá-lo para a ribalta. Orientado por René Meulensteen nas camadas jovens da selecção catari, a entrada do referido técnico para os quadros do Manchester United, abrir-lhe-ia as portas do emblema inglês. Desde há muito impressionado com as qualidades do atacante, o neerlandês proporia a Sir Alex Ferguson a sua aquisição. Sem revelar o nome, descreveria Hussain Yaser como dono de uma impressionante velocidade, detentor de uma técnica acima da média e, espantem-se, como um promissor jogador brasileiro!
Após Meulensteen justificar a pequena mentira com o facto da nacionalidade do atleta, sem grande tradição no futebol, ter o poder para afastar o “manager” escocês de uma análise justa, a verdade é que o atacante, contratado ao Al-Rayyan em 2002/03, rubricaria uma ligação com o Manchester United. Problemas com o visto de trabalho levá-lo-iam a juntar-se às “reservas”, para, na campanha de chegada a Inglaterra, ser ainda emprestado ao Antwerp. No emblema belga passaria outra época, mas sem nunca conseguir conquistar uma oportunidade nos “Red Devils”. Já uns anos mais tarde, em 2005/06 e após um périplo que levaria o avançado ao Chipre e de volta ao Catar, chegaria a vez de tentar a sorte no Manchester City. Dessa feita, cruzar-se-ia com um Guardiola em fim de carreira e, também ele, a prestar provas nos “Citizens”. Tendo o espanhol recusado o contrato oferecido pelo emblema inglês, Hussain Yaser não viraria as costas a novo ensejo para vingar no futebol britânico. Todavia, mesmo ao integrar o plantel principal e depois de jogar uma partida para a Taça da Liga, o atacante não conseguiria, novamente, segurar o lugar num emblema da “Premier League”.
Nova oportunidade na Europa surgiria pouco tempo depois. Ao partilhar o balneário de 2006/07 do Al-Rayyan com João Tomás, seria o internacional português que, ao ingressar no Sporting de Braga, haveria de sugerir a contratação do futebolista nascido no Catar. No Minho apenas permaneceria meia época. Com a abertura do “mercado de Inverno” de 2007/08, o extremo mudar-se-ia para o Boavista. No entanto, as jornadas em que conseguiria inscrever o seu nome na ficha de jogo não seriam suficientes para justificar a sua continuidade em Portugal e Hussain Yaser acabaria por partir em direcção a uma nova aventura.
No resto da caminhada enquanto futebolista profissional, a passagem pelo Egipto acabaria por transformar-se na etapa mais prolífera da carreira do atacante. No Al-Ahly, onde também seria treinado por Manuel José e, posteriormente, por Nelo Vingada, ajudaria à conquista de 2 Campeonatos e de 1 Supertaça Africana. Sem sair do “país dos faraós” representaria ainda o Zamalek. Seguir-se-iam, num percurso que conheceria o fim em 2018, as temporadas com os belgas do Lierse, o catari Al-Wakrah, os espanhóis do Olímpic Xàtiva e, finalmente, os egípcios do Wadi Degla.

1282 - ALEXANDRE ALHINHO

Ao chegar a Portugal ainda em idade adolescente e apenas para estudar, seria por desafio do irmão mais velho, o internacional Carlos Alhinho, que Alexandre aceitaria treinar à experiência nas camadas jovens da Académica. Tendo agradado, começaria na colectividade conimbricense um percurso formativo que, pela qualidade demonstrada, encaminharia o defesa para os trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Tido como um atleta de enorme potencial, seria chamado à equipa de juniores e a estreia, sob a égide do “magriço” José Augusto, aconteceria a 11 de Novembro de 1971, numa partida frente à Suíça.
Já a passagem para o patamar sénior seria um pouco atribulada. Alegadamente como represália pela mudança do irmão para o Sporting, Alexandre Alhinho cumpriria a totalidade da temporada de 1972/73 sem marcar qualquer presença na equipa principal da “Briosa”. Na campanha seguinte, a mudança para o Farense revelar-se-ia a mais acertada. Depois da estreia na 1ª divisão pela mão do treinador Carlos Silva, o defesa agarraria a titularidade. Tão espectacular seria a sua evolução que, ainda durante o decorrer da época de 1973/74, acabaria convocado à selecção “A”. Não chegaria a entrar em campo, mas a importante chamada catapultá-lo-ia para outros voos.
Com um crescimento brutal, seria o FC Porto a tomar a dianteira na corrida pela sua contratação. No entanto, à chegada às Antas, o jovem jogador deparar-se-ia com um balneário recheado de atletas de fama. A presença de nomes como Rolando, Teixeira ou até Simões, faria com os técnicos Aymoré Moreira e, posteriormente, Monteiro da Costa não dessem a Alexandre Alhinho grandes oportunidades. A falta de presenças em campo, levaria o defesa-central a mudar de rumo e o regresso à Académica de Coimbra, com 2 temporadas no escalão máximo, serviriam para confirmar o atleta como um elemento de indubitáveis qualidades primodivisionárias.
O ingresso no Belenenses de 1977/78 encetaria, provavelmente, a melhor fase da carreira do defesa. Numa caminhada com algumas mudanças de emblema, as 5 temporadas passadas com a agremiação da “Cruz de Cristo”, dariam a necessária estabilidade a um registo, mesmo que positivo, a padecer de alguma volatilidade. Ainda assim, a solidez desses anos no Restelo seria interrompida pelo, tão popular durante esses tempos, “período de férias” na North American Soccer League. Com os registos a assinalar a presença de Alhinho na época de 1979, a passagem pelos New England Tea Men, serviria de pequeno interlúdio na prolífera experiência ao serviço dos “Azuis”. Para esse bom registo em muito contribuiriam as épocas realizadas como titular no centro do sector mais recuado. Com a excepção de 1979/80, o jogador afirmar-se-ia como um dos mais importantes do plantel. Esse estatuto recuperá-lo-ia para a selecção e, durante os anos ao serviço da colectividade lisboeta, acrescentaria ao currículo 2 internacionalizações pelas “esperanças” e outras 2 pelo conjunto “B” de Portugal.
No resto da caminhada como futebolista, Alexandre Alhinho retornaria um pouco à modalidade de “saltimbanco”. Apesar de mais afastado dos cenários de maior monta, o defesa ainda voltaria a pisar os principais palcos do Campeonato Nacional. Com o regresso ao Farense a acontecer na temporada de 1982/83, o atleta ajudaria à promoção dos algarvios e, ao lado do irmão Carlos, volveria ao escalão máximo. Já a derradeira experiência primodivisionária coincidiria com a última campanha realizada pelo atleta nos relvados. Após passagens de um ano pelo Lusitano de Évora e pelo Estoril Praia, a mudança para o Académico de Viseu, depois de um par de épocas a jogar pelos beirões no patamar secundário, empurrá-lo-ia para a disputa da edição de 1988/89 da 1ª divisão.
Após “pendurar as chuteiras” e já com a Licenciatura em Educação Física terminada, o regresso ao arquipélago que o viu nascer levá-lo-ia a abraçar o ensino. Paralelamente dedicar-se-ia também às actividades de treinador. Nas aludidas funções, tem orientado emblemas do seu país natal, como a Académica do Mindelo ou o Batuque. Porém, o maior destaque terá de ser dado aos anos passados como seleccionador nacional de Cabo Verde.

1281 - VÍTOR DUARTE

Apesar de integrado na primodivisionária Académica de 1978/79, a verdade é que Vítor Duarte, no plantel sénior comandado por Juca, não conseguiria alcançar qualquer oportunidade para jogar. Seguir-se-iam os escalões inferiores e, logo nas duas épocas imediatas à experiência com a “Briosa”, “Os Marialvas” e o Recreio de Águeda. Já de regresso à “Cidade dos Estudantes”, o defesa-central passaria a representar o emblema que acabaria por catapultar a sua carreira competitiva. As 4 temporadas de bom plano com a camisola da União de Coimbra, ainda que a disputar a 2ª divisão, seriam suficientes para empurrar o seu nome para os principais escaparates do desporto nacional e a caminho de um dos “grandes” do futebol português.
Mesmo sem grandes créditos naquela que é a principal competição lusa, os responsáveis do Benfica veriam em Vítor Duarte uma boa aposta para fortalecer o plantel construído para a campanha de 1985/86. Como um intérprete possante e aguerrido, a sua contratação teria como principal objectivo dar mais uma opção a uma defesa que já contava com nomes como Oliveira, António Bastos Lopes ou o jovem Samuel. Na realidade, a forte concorrência por um lugar no centro do sector mais recuado das “Águias”, não daria grande espaço ao recém-chegado elemento. Num grupo de trabalho comandado pelo técnico inglês John Mortimore, o jogador apenas conseguiria entrar em campo numa das partidas referentes à disputa do Campeonato Nacional e por essa razão, finda a época, aceitaria dar outro rumo à carreira.
No Farense de 1986/87, mas, principalmente, no Sporting de Braga da época seguinte, Vítor Duarte afirmar-se-ia como um futebolista de indubitável cariz primodivisionário. Aliás, a passagem pelo referido emblema minhoto transformar-se-ia, em termos pessoais, na experiência mais prolífera da sua caminhada profissional. Sempre como um dos pilares do estratagema táctico montado pelos diferentes treinadores, mantida a titularidade durante as 4 temporadas com os “Guerreiros”, o defesa consagrar-se-ia como um dos bons elementos a actuar nos principais palcos do futebol nacional.
Já ultrapassados os 30 anos de idade, o Beira-Mar surgiria na sua caminhada como a derradeira experiência do atleta no patamar maior. Apesar de modesta a temporada de entrada no Estádio Mário Duarte, a campanha seguinte, a de 1992/93, mostraria Vítor Duarte como um elemento fulcral no alinhamento inicial do emblema auri-negro e, nesse sentido, na plenitude das suas capacidades competitivas. Por essa razão, avaliado como uma figura preponderante na manobra táctica, a surpresa chegaria com o fim da ligação à colectividade aveirense. Seguir-se-ia o regresso às margens do Mondego e as temporadas passadas ao serviço da Académica e da União de Coimbra.
Num trajecto cujas 8 temporadas a actuar no escalão máximo serviriam para demonstrar a qualidade das exibições do defesa-central, o fim da carreira de Vítor Duarte enquanto futebolista, chegaria com o termo da temporada de 1996/97 e após um ano em que envergaria as divisas do Lousanense.

1280 - TOMMY DOCHERTY

Nascido num bairro pobre da cidade de Glasgow, seria num modesto emblema da zona de residência que Tommy Docherty, ainda nas camadas de formação, daria os primeiros passos no futebol. Com a carreira no Shettleston Juniors ainda no início, o jogador acabaria por ver interrompida a actividade desportiva pelo cumprimento do Serviço Militar Obrigatório. Contudo, os seus dias como soldado serviriam para catapultá-lo na modalidade. Descoberto ao representar a selecção militar britânica e depois de terminados os deveres com o exército, o médio-direito seria convidado a integrar o plantel principal do Celtic.
Com a entrada a acontecer na temporada de 1947/48, as duas campanhas passadas com os “The Bhoys”, sem nunca conseguir impor-se como um dos nomes mais importantes no alinhamento inicial, antecederiam o seu ingresso nos ingleses do Preston North End. Com a mudança para o novo clube, Tommy Docherty encetaria a fase mais representativa do seu trajecto como futebolista. As 9 épocas ao serviço dos “Lilywhites”, tendo também passado pela posição de extremo-esquerdo, ajudaria o médio a consolidar-se como um atleta de topo. Um desses momentos chegaria com a presença do clube na final da edição de 1953/54 da FA Cup. No entanto, o que de melhor emergiria nos anos com as cores do emblema sediado no condado de Lancashire, surgiria com as chamadas à equipa nacional escocesa. Com a estreia pela principal selecção da Escócia a acontecer a 14 de Novembro de 1951, a partida, disputada no Hampden Park frente ao País de Gales, serviria de arranque para uma caminhada que somaria um total de 25 internacionalizações “A”. Nesse itinerário, há que destacar a presença do médio em dois importantes certames futebolísticos: os Campeonatos do Mundo de 1954 e 1958, respectivamente disputados na Suíça e na Suécia.
Já conceituado como um dos grandes nomes do desporto escocês, o jogador transferir-se-ia para o Arsenal de 1958/59. Na agremiação de Londres, onde continuaria a ser chamado à selecção, experimentaria também a posição de médio-centro. Porém, o melhor teste feito à sua continuidade no futebol viria em 1961/62, com a transferência para outra colectividade da capital inglesa. Como elemento do Chelsea, começaria por abraçar os deveres de técnico logo na campanha de chegada. Primeiro como treinador-jogador para, na época seguinte, assumir, em exclusivo, as aludidas tarefas, Tommy Docherty iniciaria aí uma extensa e brilhante marcha. Com uma longa ligação aos “Blues”, o técnico, que iniciaria esse périplo com uma radical limpeza de balneário, ficaria também conhecido pela agitada relação com alguns jogadores. Mais importante que essa faceta flamejante, a sua passagem por Stamford Bridge acabaria glorificada pela presença do emblema na final da FA Cup de 1966/67 e, principalmente, pela vitória na edição de 1964/65 da League Cup.
Rotherham United, Queens Park Rangers e Aston Villa precederiam a sua chegada a Portugal. Todavia, apesar de afamado nas incumbências de treinador, a verdade é que a entrada de Tommy Docherty no FC Porto, não traria os resultados projectados pelo Presidente Pinto Magalhães. Ao assumir os destinos do clube a partir de Fevereiro de 1970, a sua primeira aventura no estrangeiro terminaria com os “Azuis e Brancos” a acabar o Campeonato Nacional na 9ª posição da tabela classificativa. Manter-se-ia à frente dos “Dragões” até à 25ª jornada do da temporada de 1970/71, mas em planteis que contavam com nomes como Pavão, Rolando, Seninho, Custódio Pinto, Nóbrega ou Abel Miglietti, o destaque terá de ir para a sua relação com António Teixeira, o nome que o sucederia na colectividade portista e que um dia, entre risos, disse não confiar muito!
Apesar do desaire vivido nas Antas, os melhores anos de Tommy Docherty como treinador chegariam não muito tempo depois da sua passagem pela “Cidade Invicta”. Os bons resultados obtidos à frente dos destinos da selecção escocesa, para onde entraria em 1971, levá-lo-iam a ser contratado pelo Manchester United. Apesar de não ter evitado a descida na temporada de 1972/73, o estilo de jogo, assumidamente ofensivo, mantá-lo-ia no comando dos “Red Devils”. Conseguido o regresso ao patamar máximo, o seu trabalho faria com que a equipa começasse a crescer e o zénite da sua experiência no histórico emblema inglês chegaria com a vitória na FA Cup de 1976/77.
O resto da sua carreira seria feito nuns moldes, um tanto ou quanto, erráticos. Derby County, os regressos ao Preston North End e ao Queens Park Rangers seriam intercalados pelas aventuras na Autrália, à frente do Sydney Olimpic e do South Melbourne. Finalmente, chegariam ao seu currículo o Wolverhampton Wanderers e, na temporada de 1987/88, a despedida com o Altricham.

1279 - MONTÓIA

Foram poucos os apontamentos, por mim descobertos, a retratar, com maior minúcia, a carreira deste jogador que, para ser correcto, só recordo como pertença assídua das colecções de cromos. A primeira nota que encontrei, numa altura em que o atleta já contava com 19 anos de idade, refere-se à temporada de 1967/68, num Leixões treinado por António Teixeira e numa partida alusiva à disputa da Taça de Portugal. No que diz respeito à campanha seguinte, posso garantir que os arquivos acabaram por revelar-se um pouco mais generosos com a minha procura. Mais uma vez ao serviço da equipa de Matosinhos, Montóia, já orientado pelo mítico José Águas, aparece como um dos elementos do plantel com casa no Estádio do Mar e que disputaria a edição de 1968/69 do Campeonato Nacional da 1ª divisão.
Quando tudo parecia estar a compor-se, é então que novo mistério surge nesta minha busca. Sem qualquer dado encontrado, durante 3 temporadas consecutivas nada consegui apurar sobre a vida do atleta. Bem! Nada, não é o caso! Tendo “escavado” mais um pouco, haveria de ler uma curiosa crónica que dá Montóia, em determinado momento do tal hiato temporal, integrado, ao lado de José Carlos, antigo atleta do Vitória Sport Clube, no contingente que, na Guiné-Bissau, viveria os horrores da guerra colonial. Ora, ao saber que era bastante comum para os futebolistas, quando destacados em África, passarem a envergar emblemas desses países, pensei ser fácil deparar-me com algumas pistas elucidativas e prontas a encaminhar-me nesse sentido. Que posso mais dizer?! Sabem o que descobri?! Nada!
A partir da temporada de 1972/73, tanto para Montóia, como para pesquisa feita para esta modesta biografia, tudo mudaria. No Leixões, o atleta, que podia posicionar-se na defesa ou no miolo do terreno de jogo, passaria a jogar com bastante regularidade. Mais uma vez sob a batuta de António Teixeira, o jogador começaria a afirmar-se como um das figuras de proa do colectivo matosinhense. Por tal razão, após 3 temporadas de bom nível passadas no escalão máximo, a admiração chegaria com a sua transferência e, ainda por cima, para uma equipa a militar no 2º escalão.
Para ser correcto, a mudança para o Varzim até terá tido uma boa explicação. A razão, por certo, terá estado relacionada com a presença de António Teixeira à frente dos destinos técnicos da equipa sediada na Póvoa. A opção do atleta, a envergar o listado alvinegro a partir da temporada de 1975/76, levá-lo-ia a participar em momentos históricos. Depois do regresso ao patamar maior do futebol luso, no final do 3º ano consecutivo entre os “grandes”, o jogador daria o contributo para aquela que viria a transformar-se na melhor prestação de sempre do clube no Campeonato Nacional. Sendo um dos nomes utilizados com maior regularidade nas épocas anteriores, Montóia faria também parte do grupo de trabalho que, sob a alçada do treinador referido no começo deste parágrafo, terminaria a campanha de 1978/79 na 5ª posição da tabela classificativa.
Depois deste feito, a carreira de Montóia, fazendo fé nos “tais” registos, não duraria muito mais tempo. Com outra temporada ao serviço dos “Lobos-do-mar” a conferir ao currículo do atleta um total de 9 campanhas na 1ª divisão, seria no regresso ao Leixões que o futebolista, terminada a época de 1980/81, tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.
 
PS: Já depois da publicação desta biografia, chegou-me a informação que Montóia, durante a passagem na Guiné-Bissau, terá representado a União Desportiva Internacional de Bissau

1278 - JOANITO

Com o percurso formativo todo cumprido com as cores da AD Estação, os bons desempenhos ao serviço da popular agremiação fundada na cidade da Covilhã, levariam João Manuel Matos Sousa, conhecido no “universo da bola” como Joanito, a ser introduzido aos trabalhos das jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Integrado no conjunto de “iniciados”, seria a 06 de Maio de 1981 que entraria em campo frente à França e, desse modo, acrescentaria 1 internacionalização aos passos iniciais da sua carreira.
Ao contrário de muitos atletas que, por conta da falta de oportunidades, vêem na chegada a sénior um passo atrás na sua evolução, a transição de Joanito corresponderia a um salto deveras qualitativo. Após dar sinais promissores durante os anos de formação, o defesa seria contratado pelo Sporting da Covilhã e acabaria incluído no plantel de 1984/85 que, entre outros elementos, contava também com dois nomes que viriam a tornar-se míticos no futebol luso: os avançados César Brito e Rui Barros.
Com o comando técnico dos “Serranos” entregue às ordens do treinador Vieira Nunes, a qualidade patente nas exibições de Joanito, apesar da sua juventude, rapidamente permitiria ao atleta agarrar um lugar de destaque no “onze” do Sporting da Covilhã. Como um dos nomes a amealhar mais presenças no alinhamento inicial da equipa, o defesa, no decorrer dessa primeira época como sénior, tornar-se-ia num pilar do regresso do emblema beirão ao escalão máximo.
Com a referida promoção, a temporada de 1985/86 transformar-se-ia na sua campanha de estreia na 1ª divisão. Ao conservar a importância no desenho táctico, a solidez oferecida por si ao sector mais recuado dos “Leões da Serra”, não seria suficiente para evitar a descida do colectivo covilhanense. Curta a passagem pelo escalão secundário, pois a época de 1987/88 revelaria, mais uma vez, o emblema com casa no Estádio Municipal José dos Santos Pinto como um dos emblemas arrolados à disputa do patamar maior do futebol luso. Infelizmente para Joanito, o último lugar na tabela classificativa dessa edição do Campeonato Nacional, não deixaria outra alternativa para além de nova despromoção. Ainda assim e apesar de reconhecida a sua qualidade como capaz de pelejar em desafios primodivisionários, o defesa acompanharia a equipa no regresso aos degraus inferiores.
Mesmo com a carreira intimamente ligada ao Sporting da Covilhã, Joanito, enquanto sénior, acabaria também por vestir as cores de outras duas históricas colectividades. Porém, ao apostar na União de Leiria e depois na Académica de Coimbra, respectivamente nas campanhas de 1989/90 e 1990/91, o defesa, em ambas as experiências, veria gorada a oportunidade de retornar ao convívio dos “grandes”. Aliás, a 1ª divisão nunca mais voltaria ao percurso profissional do jogador. Regressaria, isso sim, aos “Leões da Serra” e de 1991/92 em diante, independentemente dos resultados obtidos pelo colectivo, o atleta conservar-se-ia fiel ao listado verde e branco.
“Penduradas as chuteiras” no final de 1999/00, ano em que partilharia as funções de jogador com as de treinador, a união de Joanito com o Sporting da Covilhã manter-se-ia. Sendo um nome histórico do clube, o qual chegaria a capitanear, o antigo defesa abraçaria as tarefas de adjunto e durante quase década e meia passaria a fazer parte dos quadros técnicos dos “Serranos”.

1277 - JACINTO

Nascido nas Barrocas, Cova da Piedade, seria na Margem Sul que Jacinto Marques encetaria a prática do futebol. Liberdade FC, Piedense e Aldegalense precederiam a travessia do Rio Tejo e a contratação pelo Carcavelinhos. No emblema de Alcântara, para além de começar a receber contrapartidas financeiras, o atleta também ganharia notoriedade suficiente para merecer a atenção de um dos “grandes” do cenário português. Tido como um atleta de trabalho, aguerrido, mas, contrariamente ao típico defesa daquela altura, dotado de habilidade com a bola nos pés, o Benfica acabaria por despender 10 contos para a obtenção do seu” passe”.
Chegaria às “Águias” na época de 1943/44, com 21 anos de idade e para reforçar o plantel sob a batuta de János Biri. Porém, mesmo bem cotado, a presença  de atletas mais experientes, casos de César Ferreira ou de Gaspar Pinto, daria a Jacinto poucas oportunidades nas duas primeiras campanhas. Seria já no desenrolar da temporada de 1945/46 que o defesa, ou médio-direito, acabaria por conquistar o seu lugar no “onze”. A partir desse momento, a sua importância no esquema táctico desenhado pelos diferentes treinadores contratados pelo Benfica, cresceria exponencialmente. Outra prova da sua evolução viria com a chamada aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse âmbito, sem ter chegado a internacional “A”, conseguiria, no entanto, uma chamada à equipa “B” e, a 3 de Maio de 1947, entraria no Stade du Parc Lescure para defrontar a França.
Tido como um modelo para colegas e adversários, exemplo de abnegação e lealdade, também o dever de capitão haveria de ser entregue à sua responsabilidade. Aliás, seria nessa condição que participaria num dos grandes momentos da história “encarnada”. Com a Taça Latina de 1950 agendada para o Estádio Nacional, atingiriam o derradeiro desafio o Benfica e os gauleses do Bordeaux. Depois de ter participado na final, encontro que, após o prolongamento, terminaria 3-3, o treinador Ted Smith voltaria a chamar Jacinto para o encontro da finalíssima. Como líder em campo, tornar-se-ia de fulcral importância para a vitória do colectivo português por 2-1. No entanto, com a conquista a ser obtida após dois prolongamentos (150min), o cansaço do defesa seria de tal ordem que o impediria de subir à tribuna presidencial e, para erguer o troféu, acabaria nomeado Rogério de Carvalho.
Curiosamente, seria após a conquista do referido troféu internacional que Jacinto, progressivamente, começaria a desaparecer das fichas de jogo. O ocaso acentuar-se-ia de tal maneira que, na época de 1953/54, o jogador não participaria em qualquer partida oficial. Chegaria a equacionar-se um “jogo de despedida”, mas a entrada de Otto Glória para o comando das “Águias” alteraria os planos de reforma do atleta. Ao entender a sua importância para o grupo, o treinador brasileiro convencê-lo-ia a reverter a decisão de deixar o futebol. Sob a alçada do referido técnico, voltaria a recuperar o lugar no “onze” e, mais uma vez, tornar-se-ia num pilar das conquistas do Benfica.
Com uma idade já bem avançada até para um veterano, o termo da campanha de 1956/57 traria também o final da carreira de Jacinto enquanto futebolista. Como uma das figuras históricas da existência do Benfica, ainda hoje é recordado como um grande atleta. Para tal, em muito contribuiriam os números somados durante a carreira. Nesse sentido, podemos referir as 14 temporadas em que o atleta representaria as “Águias”. Durante esse período, os títulos engrossariam a sua preponderância e, para o palmarés pessoal, para além da aludida vitória na Taça Latina, arrecadaria 4 Campeonatos Nacionais e 4 Taças de Portugal.