739 - RICARDO ROCHA

Depois de um período de formação onde passaria por diversos emblemas, é o regresso ao Famalicão que, em 1997/98, marca o começo da sua caminhada como sénior. Ainda a actuar na 2ª divisão “b”, as boas exibições do defesa levariam a que o Sporting de Braga apostasse na sua contratação. Ainda assim, e mesmo sendo tido como um bom investimento, Ricardo Rocha, ao invés de ser colocado no plantel principal, acabaria a trabalhar com os “bb” bracarenses.
Após a época de estreia na “Cidade dos Arcebispos”, e de uma segunda em que, na primeira equipa, começaria a aparecer com relativa frequência, é a temporada de 2001/02 que, em definitivo, o põe nas “bocas” do futebol nacional. Extremamente seguro na hora de defender, Ricardo Rocha mostrava qualidades que, ao contrário de muitos dos seus colegas de posição, também faziam com que a bola, sempre que na sua posse, fosse o mais “bem tratada” possível. Esses predicados, que haveriam de pô-lo na primeira linha de escolhas do Sporting de Braga, acabariam por ser os mesmos que atrairiam os responsáveis do Benfica. Sendo os “Encarnados”, como o próprio haveria confessar, o “clube do seu coração”, a mudança para a “Luz” como que tomaria contornos de inevitabilidade. A estreia acabaria por acontecer no Verão de 2002 e, desde logo, o central afirmar-se-ia como um dos principais elementos da equipa.
Incontornavelmente, terei de referir os títulos como os pontos mais altos da sua passagem pelo Benfica. Também é certo que houve outros momentos bem marcantes. Ora, sendo Ricardo Rocha um atleta que, pelas suas aptidões técnicas, podia ocupar diversas posições na defesa, um desses episódios acabaria por estar relacionado com uma adaptação – “Embora o ‘mister’ alternasse entre mim e o Anderson a central, com a lesão do Nélson, faltavam opções naquela posição e, embora com dúvidas, Koeman chamou-me ao gabinete e disse que ia apostar em mim a lateral-direito no jogo antes da Champions, para a Liga, precisamente com o Braga. Como a experiência correu bem, tive a oportunidade de defrontar o melhor jogador do mundo na altura, Ronaldinho Gaúcho. Lembro-me perfeitamente na altura de tanto adeptos, como comentadores dizerem que era um erro eu jogar, que ao fim de 10 minutos seria expulso. A verdade é que fiz um grande jogo, sem cartões e sem uma única falta feita”*.
Resultado dos troféus ganhos, presença na Liga dos Campeões e das chamadas à selecção nacional, Ricardo Rocha vê a sua cotação a aumentar. Nesse sentido, o assédio por parte de outros emblemas começa também a sentir-se. É já com 1 Taça de Portugal (2003/04), 1 Campeonato (2004/05) e 1 Supertaça (2005/06) que, a meio da temporada de 2006/07, o jogador deixa Lisboa para viajar até Londres. Ao serviço do Tottenham, muito por culpa das lesões, Ricardo Rocha vê-se posto de parte. Apesar das propostas de outros emblemas, inclusive de Portugal, os responsáveis do clube londrino teimariam em não deixar sair o atleta. Praticamente sem jogar durante os 2 anos e meio de vínculo, só mesmo no final do contrato é que o defesa conseguiria ir em busco de um novo rumo.
A solução apareceria vinda da Bélgica. Com László Bölöni aos comandos do Standard de Liège, a ida de Ricardo Rocha para aquele país tornar-se-ia fácil. Com o clube a atravessar uma boa fase, como comprova a presença na “Champions”, o atleta conseguiria projectar-se de tal modo que, após meio ano afastado de Inglaterra, volta a receber nova proposta de “Terras de Sua Majestade”. Desta feita, o convite apareceria do Portsmouth.
Mesmo estando à beira de uma crise financeira, ainda assim, o emblema do Sul do país, nessa temporada de 2009/10, conseguiria o feito de atingir a final da Taça de Inglaterra. Nessa caminhada, destaque para o embate nas meias-finais com o Tottenham, o antigo clube de Ricardo Rocha – “Graças a Deus, ganhámos o jogo por 2-0 e eu fui considerado o melhor jogador em campo, o que me deu uma satisfação do outro mundo!”*.
Com a queda do Portsmouth nos escalões secundários, também a carreira de Ricardo Rocha começou a entrar na fase descendente. Já depois de ter sido distinguido pelo clube com o prémio de Jogador do Ano, o atleta acabaria por deixar o Fratton Park no final desse 2011/12. Entretanto, sem conseguir arranjar novo clube, o jogador começaria a treinar à experiência noutros emblemas. Ipswich Town e Leeds United acabariam por ser testes falhados. Nisto dá-se o regresso ao Portsmouth e, com o terminar da temporada de 2012/13, o ponto final na sua vida como futebolista.


*retirado da entrevista em “grandecirculo.net”, a 24 de Outubro de 2014

738 - CARLOS CARNEIRO

Produto das escolas pacenses, Carlos Carneiro, durante os seus primeiros anos como sénior, iria alternar a sua presença na Mata Real com alguns empréstimos a outros clubes. Depois de uma primeira cedência ao Lousada (1994/95), eis que um par de anos a disputar um lugar no plantel do Paços de Ferreira, dava a entender que a sua continuidade no grupo era um dado adquirido. Contudo, a meio da temporada de 1997/98 mais um empréstimo na calha e, desta feita, o avançado partiria para o Sporting da Covilhã.
De volta da cidade beirã, Carlos Carneiro teria a oportunidade de aumentar a sua influência nas estratégias da equipa. Forte fisicamente e com um bom sentido posicional, o atacante acabaria por ser parte importante no assalto à 1ª divisão. O regresso dos “Castores” ao escalão máximo do futebol nacional (2000/01), permitiria ao ponta-de-lança fazer a sua estreia no referido patamar. Os anos que se seguiriam, com o atleta a jogar com bastante regularidade, fá-lo-iam cimentar-se como um dos bons avançados a actuar em Portugal. Nisto, o assédio de outros clubes fazem com que a sua cotação comece a aumentar. Ao Paços de Ferreira começa a ser difícil segurar o jogador e, no Verão de 2003, Carlos Carneiro acaba por partir em direcção a um novo desafio.
A sua ida para Guimarães acabaria por não correr como desejado. Tapado por outros colegas, casos de João Tomás ou Elpídio Silva, os espaços deixados no “onze” não seriam muitos. É então, a meio da temporada de 2004/05, que surge o convite do Gil Vicente. Em Barcelos, regressa às boas exibições. Carlos Carneiro volta a cotar-se como um bom ponta-de-lança, e esse facto relança-o no mercado das transferências.
Com muitos futebolistas a migrar para o campeonato helénico, a ida do jogador para a Grécia não foi, de todo, uma surpresa. Todavia, a sua passagem pelo Panionios, onde iria encontrar-se com o ex-sportinguista Luís Lourenço, acabaria por tornar-se numa espécie de mudança de paradigma. Mostrando, nos anos antes à sua mudança, estar em franca ascensão, aquela que seria a sua primeira experiência no estrangeiro, não revelaria mais do que um atleta a entrar na última fase da carreira.
Após a passagem pela Grécia, e tal como com Jorge Leitão, Carlos Carneiro faria dos ingleses do Walsall a sua tentativa para relançar-se no mundo do futebol. No entanto, e depois de ter agradado durante o período experimental, eis que uma lesão no ombro acaba por afastá-lo das escolhas do treinador.  A solução, acordada entre o atleta e o clube, acabaria por levar à rescisão do contrato. Esta situação leva-o a um regresso ao Paços de Ferreira, onde mais um incidente acaba por pôr em risco a continuidade da sua carreira. Apanhado, numa partida referente à 29ª jornada de 2007/08, num controlo anti-doping, o avançado vê confirmada a sua suspensão de 4 meses. Depois de cumprido o castigo, o avançado ainda jogaria durante mais duas temporadas, nas quais vestiria as camisolas de Paços de Ferreira, Vizela e Penafiel.
Após retirar-se dos relvados, não demorou muito para que Carlos Carneiro retornasse ao futebol. Desta feita como director-desportivo, o antigo futebolista voltaria ao Paços de Ferreira. Por lá ficaria alguns anos, ajudando, durante esse período, o clube a atingir o 3º lugar e a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. No desempenho das funções já referidas, acabaria por ser ao serviço do Tondela que, já no decorrer desta temporada de 2016/17, voltaria a mostrar-se ao desporto português.

737 - JORGE LEITÃO

Durante anos a fio, o avançado não passou de um desconhecido para o futebol português. Tanto assim foi que, apenas aos 24 anos de idade, Jorge Leitão conseguiria deixar os “regionais” para ingressar num emblema com alguma tradição. Depois de Coimbrões e Avintes, eis que, na temporada de 1998/99, chega a vez do Feirense. Com este novo contrato, chega também a oportunidade para disputar a divisão de honra (2º escalão). Contudo, as boas exibições do atacante seriam insuficientes para afastar a equipa de uma má classificação e, no final dessa campanha, o atleta acabaria por conhecer o amargo da despromoção.
Se em termos colectivos Jorge Leitão andava longe do sucesso, as prestações que conseguiria durante as 2 épocas passadas ao serviço do emblema de Santa Maria da Feira, fariam com que recebesse um convite surpreendente. De Inglaterra, os responsáveis do Walsall pareciam interessados no seu concurso. É então, no Verão de 2000, que Jorge Leitão faz a sua primeira aparição com a camisola do clube. Numa digressão pela Escócia, e logo no jogo de estreia, o avançado acabaria por marcar 2 golos. Impressionado com a sua exibição, o “manager” Ray Graydon, com medo de que nas bancadas estivessem outros “olheiros”, haveria de o substituir ao intervalo. Dias depois terminaria o período experimental e firmar-se-ia o contrato que daria início a uma ligação de 5 anos e meio.
A partir desse desafio inicial frente ao Raith Rovers, até ao momento da sua despedida, a estima entre Jorge Leitão e os seguidores do clube foi crescendo – “Desde o primeiro dia, os fãs sempre me apoiaram e isso teve grande significado. Eu nunca esquecerei porque, vindo do estrangeiro para adaptar-me a um novo país, isso ajudou-me verdadeiramente”*. Logicamente, esse apoio haveria de ser alicerçado naquilo que o atleta mostrava dentro de campo. Logo nesse primeiro ano, o rol de golos que conseguiria em todas as competições, a rondar as duas dezenas, pô-lo-ia no topo das preferências dos adeptos. Mesmo em anos menos prolíferos, a admiração que os apoiantes dos “Saddlers” por si nutriam, não diminuía. Isso justificava-se pela sua atitude, pela incansável entrega e intrépida veia lutadora.
A meio da temporada de 2005/06, seria o jogo frente ao Blackpool que marcaria o adeus de Jorge Leitão. Durante grande parte do desafio, os adeptos entoariam o seu nome e aplaudiriam todas as suas jogadas. O atleta acabaria lavado em lágrimas. Todavia, na razão da sua partida, para além de um convite do Beira-Mar, estava a enorme vontade de voltar ao seu país. O regresso a Portugal, e depois da promoção conseguida no final da já referida temporada, levaria a que o jogador conseguisse estrear-se na 1ª divisão. Contudo, a presença de fortes concorrentes à disputa de um lugar no “onze”, casos de Mário Jardel, Rui Lima entre outros, acabaria por retirar-lhe alguma preponderância.
Ainda no decorrer desse campeonato, o avançado deixaria o emblema de Aveiro para voltar a uma casa bem conhecida. Mais uma vez com as cores do Feirense, a mudança de emblema como que marcaria a entrada na derradeira fase da sua carreira. De regresso aos escalões secundários, Jorge Leitão ainda representaria o Arouca. Depois, em 2012, acabaria por pôr termo à sua vida nos relvados. Contudo, manter-se-ia ligado à modalidade e, sem abandonar o emblema do Distrito de Aveiro, encetaria o seu caminho como treinador-adjunto.
Seria já no desempenho das novas funções que, no Verão de 2014, recebe um convite do Walsall. O clube inglês pretendia juntar antigos atletas para a disputa de uma “partida amigável”. Entre outras glórias, Jorge Leitão seria recebido como uma verdadeira “lenda”. Muito para além do jogo, o antigo avançado seria chamado a participar num convívio com os adeptos do clube, onde, num “pub” local, haveria de participar numa sessão de autógrafos e fotografias.


*retirado do artigo de Andrew Poole, em www.saddlers.co.uk, a 12 de Julho de 2014

736 - MARCO ALMEIDA

Se tivesse que sumarizar a sua carreira, então poderia dizer que Marco Almeida passou “de grande promessa a saltimbanco do futebol português”.
Formado no Sporting, o defesa-central era um dos mais promissores atletas das escolas do clube. Para provar tal ideia, aí estavam as recorrentes convocatórias às selecções jovens de Portugal. Todavia, e na altura de fazer a transição do futebol júnior para o patamar sénior, Marco Almeida, sem nunca passar muito tempo nos emblemas por onde passou, acabaria por nunca conseguir confirmar as expectativas nele confiadas.
Já depois dos primeiros empréstimos, que o poriam no caminho do Lourinhanense (antigo “satélite” do Sporting) e do Campomaiorense, o central é cedido aos ingleses do Southampton. A disputar a “Premier League”, as oportunidades dadas ao jovem jogador não seriam as melhores. Ainda assim, Marco Almeida, nos poucos minutos feitos no escalão máximo inglês, haveria de participar num dos lances históricos do futebol desse país. Tendo entrando já no final de uma partida frente ao Arsenal, o atleta vê Tony Adams fazer um passe para um dos novos reforços dos “Gunners”. Ao tentar travar a avançada dos adversários, Marco Almeida tropeça. A bola segue para os pés de Thierry Henry que, dessa maneira, faz o seu golo de estreia em Inglaterra.
A passagem por “Terras de Sua Majestade” não correria de feição. Esse facto faria com que o atleta acabasse por regressar mais cedo a Alvalade. O positivo desse episódio, é que Marco Almeida ainda voltaria a tempo de participar na campanha de 1999/00. Tendo entrado no decorrer da partida frente ao Campomaiorense, jogo a contar para a 27ª jornada do Campeonato Nacional, o defesa acabaria por fazer parte da lista de atletas que, após 18 anos de jejum, ajudariam o Sporting a levantar o troféu de campeão.
Após o título conquistado pelos “Leões”, e que acabaria por tornar-se no maior triunfo da sua vida como futebolista, Marco Almeida dá continuidade a um périplo que, no cômputo da sua carreira, o levaria a vestir mais de 10 camisolas. Começa por tentar o Bolton, onde acaba por não ficar. Depois, e mais uma vez por empréstimo, volta ao Campomaiorense. A seguir chega a vez do Alverca, que, pelas 3 temporadas aí passadas, acaba por tornar-se num dos clubes mais representativos do seu percurso profissional.
Já depois de, no final de 2003/04, ter posto um ponto final à ligação que o unia ao emblema ribatejano, a cadência com que começa a mudar de clube consegue ainda aumentar. Ciudad de Murcia (Espanha), Maia e Portimonense, precederiam nova tentativa em Inglaterra, desta feita com o Cardiff City. Mesmo tendo agradado a Dave Jones, seu antigo treinador no Southampton, os números que envolveriam a proposta de contrato não agradam ao atleta que assim ruma ao Chipre.
Nea Salamina e Akritas, com um pequeno interregno que o levaria ao Lusitânia de Lourosa, tornar-se-iam no derradeiro capítulo da sua “vida nos relvados”. Já depois de em 2011 ter “pendurado as chuteiras”, Marco Almeida tem acumulado alguma experiência como técnico. Passando por clubes amadores da região de Lisboa, o antigo futebolista tem assumido o cargo de treinador-adjunto.

735 - CÂNDIDO COSTA

Após ter começado na Sanjoanense, onde, sem sucesso, também tentaria a sua sorte no hóquei em patins, Cândido Costa vê o Benfica interessar-se na sua contratação. Ainda em idade juvenil, e demonstrando verdadeiros predicados, o atleta deixa São João da Madeira para mudar-se para Lisboa. De “Águia” ao peito, o extremo confirmaria todas as qualidades. Começa a ser chamado aos trabalhos das camadas jovens da selecção nacional e, como “capitão” dos s-18 portugueses, lidera os seus companheiros à vitória no Europeu de 1999.
Sendo considerado como uma das grandes promessas das “escolas encarnadas”, foi com grande surpresa que a sua dispensa foi anunciada. O Benfica, sob o “reinado” de João Vale e Azevedo, deixava sair um dos seus melhores jogadores que, logo de seguida, haveria de encontrar nova “casa”. Sob a orientação de Dito, também ele um antigo atleta do emblema da “Luz”, é no Salgueiros que Cândido Costa faz a sua estreia no patamar sénior. Contudo, a sua estadia em Vidal Pinheiro seria curta e, ainda nessa temporada de 1999/00, o avançado mudar-se-ia para o FC Porto.
A sua estadia nas Antas começaria pela equipa “b”. Só no ano seguinte à sua chegada é que Cândido Costa seria chamado ao plantel principal “Azul e Branco”. Já integrado na equipa, os seus primeiros tempos seriam marcados pelas praxes de um dos mais emblemáticos jogadores do clube – “Quando fiz o primeiro estágio pelo FC Porto em França, com 18 anos, calhou-me como colega de quarto o famoso Paulinho Santos (…).Dirigi-me ao Paulinho, receoso, e lá lhe disse «Senhor Paulinho, somos os dois no quarto», ao qual ele respondeu: «a sério? Então leva-me o saco que estou à rasquinha das costas». E eu, claro, lá peguei no saco, fui para o quarto e esperei por ele. Passados uns 15 minutos lá chegou o Paulinho, que me perguntou logo qual era a cama que eu preferia. Eu, humildemente, respondi que ele é que escolhia. Ele insistiu, e eu acabei por dizer que gostava da cama perto da varanda. E ele prontamente disse: «então ficas na outra!» (…). Ainda nesse dia, durante o treino, deu-me uma porrada que me obrigou a sair mais cedo. No quarto, disse-lhe «Paulinho, para protector quase que me partias a perna», ao que ele respondeu «é para cresceres e ganhares nervo. Um dia vais-me agradecer por isto»”*.
Os anos que passaria no FC Porto, acabariam por não ser muito proveitosos em termos pessoais. Sendo quase sempre uma segunda escolha, muito por culpa de jogadores como Nuno Capucho, o atleta acabaria por ser pouco utilizado. Já na questão dos títulos, as contas seriam um puco diferentes. Tendo feito parte da equipa comanda por José Mourinho, Cândido Costa, a juntar à Taça de Portugal conquistada em 2000/01, ajudaria a vencer a “Dobradinha” e a Taça UEFA de 2002/03.
É já depois de no decorrer dessa temporada de 2002/03, ter sido cedido ao Vitória de Setúbal, que um novo empréstimo acontece na sua carreira. Desta feita no estrangeiro, o sucesso que teria no segundo escalão inglês, levaria a que a pensar que a sua carreira estava relançada. Todavia, depois de deixar o Derby County, a sua ida para o Sporting de Braga não correria como o esperado. Tendo feito uma boa primeira época (2004/05), a segunda campanha devolveria o jogador à condição de pouco utilizado. É então que surge o Belenenses. Ainda com a decisão do “Caso Mateus” por resolver, Cândido Costa, sem saber ainda em que divisão iria jogar, decide regressar a Lisboa – “Eu sabia que vir para o Belenenses seria para mim uma prova de fogo. Depois de ter sido uma das maiores promessas do futebol português aos 18, 20 anos, foi-me dada alguma credibilidade. Mantive-a quando fui para Inglaterra, onde joguei sempre e fui uma das figuras da equipa da altura. Braga tirou-me essa credibilidade, essa notoriedade. Então eu sabia que o meu ingresso no Belenenses seria uma prova de fogo: ou seria a eterna promessa e nunca ia de facto ter consistência, ou não”**.
No Restelo faria 4 temporadas. Durante esse período, e numa altura em que começou a ser mais utilizado como lateral-direito, Cândido Costa voltaria a uma constância exibicional muito positiva. Tendo sempre a disputado a divisão maior do futebol português, os créditos que foi amealhando abrir-lhe-iam as portas de outro histórico do futebol europeu. No Rapid de Bucareste, já depois de no Verão de 2010 ter deixado o Belenenses, o atleta iniciaria aquela que poderá ser vista como a derradeira etapa do seu percurso profissional. Após a experiência na Roménia, Arouca, Tondela, São João de Ver e Ovarense acabariam por marcar os derradeiros passos da sua carreira.
Já depois de, em 2015, ter “pendurado as chuteiras”, Cândido Costa escreveria as primeiras páginas como treinador. No futebol feminino da Ovarense e, mais tarde, como adjunto na Sanjoanense, o antigo jogador acabaria por dar os passos iniciais, num caminho que se espera com novas e longas viagens.
   

*retirado de “www.relato.pt”
**retirado de entrevista dada ao “belematemorrer.blogspot.com”

734 - NUNO VALENTE

Apesar de reconhecido como um potencial bom jogador, os primeiros passos de Nuno Valente, como recorda Aurélio Pereira, não haveriam de ser fáceis – "Quando estava no seu segundo ano de iniciado, o Nuno Valente foi emprestado ao Vitória da Picheleira. Mais tarde, no seu segundo ano de juvenil, com sensivelmente 15/16 anos, voltou ao Sporting. Quando o vi, nessa época, fiquei admirado com a sua altura. Tinha crescido muito. Deu um grande salto nesse período!"*.
Muito para além da desenvoltura física, a postura de trabalho faria do jovem defesa-esquerdo um exemplo a seguir. Essa entrega mantê-lo-ia, até ao fim da formação, como uma das principais promessas “leoninas”. Todavia, na altura de passar para a equipa principal, a opção encontrada levá-lo-ia para longe de Alvalade. No Portimonense, na temporada de 1993/94, Nuno Valente faria a sua estreia como sénior. Esse ano passado na divisão de Honra acabaria por ser proveitoso, levando a que o seu regresso ao Sporting ficasse garantido.
Estando à frente da equipa alguém que era reconhecido pelo trabalho com jovens, a probabilidade de Nuno Valente ter sucesso era maior. A verdade é que Carlos Queiroz, dando preferência a Paulo Torres e à adaptação de Vujacic ao lado canhoto da defesa, acabaria por não apostar muito no lateral. Mesmo depois da saída do técnico, o seu paradigma manter-se-ia inalterado. Essas duas temporadas, para além da vitória na Taça de Portugal de 1994/95, pouco mais renderia ao atleta do que duas dezenas de partidas disputadas.
É já depois de um novo empréstimo, desta feita ao Marítimo, que Nuno Valente passa as últimas temporadas de “leão ao peito”. Curiosamente, com o terminar da época de 1998/99, e mesmo sem ter jogado muito, a renovação do seu contrato ainda haveria de estar em “cima da mesa”. Contudo, o final das férias revelaria uma realidade bem diferente e, para surpresa do atleta, os dirigentes do Sporting informam-no da sua dispensa.
O União de Leiria é o emblema que se segue. Na “Cidade do Lis”, onde passaria 3 temporadas, Nuno Valente conhece aquele que mudaria a sua vida desportiva. Tendo sido orientado por José Mourinho, é a ida deste último para o FC Porto que faz com que a carreira do defesa sofra novo impulso. Contratado pelo novo treinador dos “Dragões”, as duas primeiras épocas de Nuno Valente revelam-se perfeitas. O FC Porto vence tudo o que tinha para vencer e o jogador, muito para além da sua estreia na principal selecção portuguesa, passa a contar no seu currículo com mais 2 Campeonatos (2002/03; 2003/04), 1 Taça de Portugal (2002/03), 1 Supertaça (2003/04), 1 Taça UEFA (2002/03) e 1 Liga dos Campeões (2003/04).
É já depois da vitória na “Champions”, que Luíz Felipe Scolari o chama a disputar o Euro 2004. Organizado no nosso país, o Europeu de selecções acaba por revelar-se muito positivo para a “Equipa das Quinas”. Com Nuno Valente a disputar 5 das 6 partidas, Portugal até chega à final. Contudo, nesse derradeiro jogo, e com o jogador a ocupar um lugar no “onze inicial”, o conjunto “luso” sede perante a congénere grega, perdendo por 1-0.
Com a partida de José Mourinho para o Chelsea, Nuno Valente começou a perder espaço no FC Porto. Pressionado pelo clube para renegar à equipa nacional, o defesa, contrariando tal indicação, acabaria por ser posto de parte. A solução acabaria por vir de Inglaterra e da “Premier League”. Já no Everton, e como na última época de “azul e branco”, o jogador voltaria a ser assolado por imensas lesões. Ainda assim, o internacional português conseguiria manter-se em Goodison Park durante 3 anos. No final desse período, e aceitando um convite do clube para fazer parte da equipa de “scouts”, Nuno Valente poria um ponto final no seu percurso de futebolista.
Depois dessa primeira experiência, Nuno Valente deixaria a cidade de Liverpool para regressar ao Sporting. Em Alvalade começaria por ser adjunto de Paulo Sérgio. Após a saída deste voltaria a assumir o papel de “olheiro”, cargo que ocupou até 2014/15.


*retirado da entrevista a Aurélio Pereira, por Tiago Silva Pires, em Diário de Noticias (20/06/2006)

733 - NUNO SANTOS

Foi nas escolas do Vitória de Setúbal, onde seria treinado por José Mourinho e Jaime Graça, que Nuno Santos faria grande parte do seu trajecto formativo. Já os primeiros anos como sénior, episódio comum a tantos jovens atletas, passá-los-ia entre empréstimos a outros emblemas e o “banco” sadino.
Caldas SC (1991/92) e Operário dos Açores (1993/94), onde jogaria ao lado de Pauleta, seriam os emblemas que abririam as portas ao guarda-redes. Preparado para os anos vindouros, Nuno Santos acabaria por conseguir um lugar no plantel do Vitória de Setúbal. Todavia, as exigências que enfrentaria, fariam com os seus primeiros jogos no Campeonato ocorressem apenas na temporada de 1996/97. Lançado por Manuel Fernandes, Nuno Santos agarraria a oportunidade de forma imaculada. Fortíssimo no um-contra-um e com uma grande agilidade, o guardião acabaria por manter o seu lugar no “onze” inicial.
A evolução que mostrava, a consistência exibicional e uma inabalável confiança, rapidamente fariam dele uma das boas revelações. Com tal progresso, bastou mais uma campanha para que, de emblemas de outra monta, começasse a surgir algum interesse no seu concurso. É nesse contexto que surge o convite do Leeds United. Orientado por George Graham, o clube, por essa altura, contava nas suas fileiras com Bruno Ribeiro. Juntando as informações dadas pelo ex-setubalense às notas recolhidas em diversas observações, o “manager” inglês decide-se pela sua contratação. Contudo, e num plantel que contava com o internacional Nigel Martyn e com o emergente Paul Robinson, as chances adivinhavam-se difíceis. Ainda assim, o guarda-redes português decide aceitar o desafio e, na temporada de 1998/99, assina contrato com o emblema da “Premier League”.
Excepção feita a algumas presenças no “banco” da equipa principal, Nuno Santos passaria grande parte da época a jogar pelas “reservas” do Leeds United. Apesar das boas exibições feitas pela “segunda equipa”, a escassez de verdadeiras oportunidades levaria o atleta a repensar o seu percurso. Por essa razão, e aquando do convite do Benfica, o guarda-redes decide voltar a Portugal. Contudo, o regresso acabaria por não trazer os resultados esperados e, depois de uma temporada assolada por diversas lesões, seguir-se-iam novos empréstimos.
Badajoz (Espanha) e Santa Clara precederiam uma época bastante positiva com as cores do Beira-Mar. O ano passado em Aveiro (2000/01) revelar-se-ia de tal maneira proveitoso que o Benfica, muito para além de exigir o seu regresso, apresentaria ao atleta uma proposta para renovar o seu contrato. Apesar das espectativas criadas, esse novo período na “Luz” acabaria por ser, mais uma vez, decepcionante. Daí em diante, Nuno Santos entraria num longo períplo, acabando por jogar em diversos emblemas e, inclusive, em diferentes campeonatos.
É no decorrer desta fase que Nuno Santos tem os primeiros registos como técnico. Depois de vestir a camisola do Vitória de Setúbal e do Santa Clara, é já como participante das ligas norte-americanas que aceita o convite da Euro Star Goalkeeper Academy. Jogando pelo Rochester Rhinos e, posteriormente, pelo Toronto FC, o guarda-redes acabaria por dividir o seu tempo entre a defesa das redes e o treino de jovens guardiões. Já a experiência seguinte tê-la-ia ao serviço do Arouca (2009/10). Com clube ainda a militar na 2ª divisão “B”, o atleta acabaria por aceitar o convite de Carlos Secretário e, em simultâneo, desempenhar as funções de futebolista e de treinador de guarda-redes.
É já depois de duas temporadas a jogar pelos cipriotas do Ethnikos Assias, que Nuno Santos decide ser a hora de “pendurar as luvas”. Após o fim da sua carreira como desportista, o antigo guardião manter-se-ia ligado à modalidade. Como treinador de guarda-redes, representaria o Farense. Hoje em dia está ligado à Federação Canadiana de Futebol e, tendo passado pelo futebol de praia, é o actual Coordenador da Formação de Guarda-Redes.

732 - JORDÃO

Após ter terminado a sua formação no Estrela da Amadora, as dificuldades demonstradas na adaptação à primeira equipa, leva o clube a optar pelo empréstimo. Campomaiorense e Leça, também estes a disputar a divisão de Honra, seriam os emblemas que, após duas épocas falhadas no emblema da “Linha de Sintra”, acabariam por acolher o atleta.
O regresso à “casa-mãe” ocorreria em 1995/96. Com o Estrela da Amadora a disputar a divisão maior do nosso futebol, o atleta, ao contrário daquilo que tinha conseguido até então, haveria de impor-se com alguma facilidade. Como um típico médio-defensivo, Jordão tinha na força e resistência as suas melhores armas. Fernando Santos, à altura o treinador, entendendo o que tinha em mãos, encaminharia o atleta no sentido de tirar dele o melhor rendimento. Potenciadas as suas características, Jordão passaria a ser um dos mais utilizados, tornando-se num dos pilares da equipa.
Duas temporadas de bom nível, seriam suficientes para que o “trinco” começasse a ser cotado como um dos melhores a actuar na sua posição. Este crescendo, levaria a que Manuel José, à procura de reforços para o meio-campo benfiquista, visse nele uma boa contratação. Nesse sentido, e tendo chegado a internacional nas camadas jovens portuguesas, Jordão parecia cotar-se como uma boa ajuda. Contudo, o que acabaria por se verificar seria o contrário. Não sendo chamado à equipa com a regularidade esperada, e já com Graeme Souness ao comando das “Águias”, o médio, no mesmo ano da sua chegada à “Luz”, acabaria por ser dispensado.
A sua ida para o Sporting de Braga, em Janeiro de 1988, voltaria a revelar um futebolista de qualidade. Preponderante nas manobras “arsenalistas”, Jordão recupera o seu estatuto de bom jogador e, mais uma vez, passa a ser cobiçado. Desta feita, e depois de duas temporadas e meia no Minho, o convite chega de Inglaterra. Já com a primeira jornada disputada, é o West Bromwich Albion (WBA) que vai no seu encalço. É ainda nessa temporada de 2000/01 que Jordão parte para “Terras de Sua Majestade”. Por lá ficaria 3 temporadas. As duas primeiras, com os “Baggies” a competir no 2º escalão, seriam bastante prolíferas para o jogador. Já a 3ª época, após a promoção do clube à “Premier League”, testemunharia um decréscimo exibicional do jogador que, no final dessa mesma campanha, conduziria ao fim da sua ligação com o emblema britânico.
O último capítulo da sua carreira seria escrito num regresso à Reboleira. No Estrela da Amadora, entre os dois escalões maiores do nosso futebol, Jordão faria mais 4 temporadas. O fim do seu percurso profissional acabaria por chegar com o términus da época de 2006/07, pondo termo a um trajecto com quase duas décadas.

731 - HILÁRIO

Produto das escolas portistas, Hilário, por conta de uma forte concorrência, acabaria por nunca conseguir afirmar-se de “Dragão” ao peito. Logo após o fim da sua formação, uma primeira cedência à Naval 1º de Maio (1994/95), para, logo de seguida, vestir as cores da Académica de Coimbra (1995/96), daria início a um périplo que, salvo algumas excepções, o manteria afastado do FC Porto.
O primeiro regresso ao Estádio das Antas ocorreria na temporada de 1996/97. Ainda que a saída de Vítor Baía para o Barcelona tenha dado mais chances ao guardião, a preferência por outros atletas, casos de Rui Correia, Costinha ou Wozniak, acabaria por, em grande parte das jornadas, afastar Hilário do “onze” titular. Novos empréstimos, num atleta em franca evolução, acabariam por solucionar a sua falta de jogos. Nesse sentido, Estrela da Amadora, Varzim e Académica, entre as temporadas que seria chamado a defender as redes do FC Porto, tornar-se-iam numa espécie de novos interlúdios.
É já com importantes títulos a colorir o seu currículo, que Hilário chega à ilha da Madeira. 2 Campeonatos e 3 Taças de Portugal seriam os principais títulos conquistados pelos “Dragões”, durante o período passado pelo guarda-redes na “Cidade Invicta”. Por essa razão, a sua chegada ao Nacional na época de 2003/04, acabaria por fazer dele um dos principais reforços para a referida temporada.
Inicialmente por empréstimo, a partir do 2º ano Hilário passa, em termos definitivos, a fazer parte do plantel “Alvi-Negro”. Tendo conseguido agarrar a titularidade, a verdade é que a chegada do suíço Benaglio acabaria, mais uma vez, por pôr em causa esse seu estatuto. Surpreendentemente, e após uma temporada intermitente, chega o convite do Chelsea (2006/07). Com José Mourinho aos comandos do clube, Hilário é contratado pelos londrinos. Quase sempre na sombra de Petr Cech, e durante os anos que passou ao serviço dos “Blues”, o jogador pouco mais passou da condição de suplente. Ainda assim, a temporada da sua chegada, com a grave lesão sofrida pelo guarda-redes da República Checa, daria ao português a oportunidade de justificar a sua transferência.
Mesmo sem ser utilizado com regularidade, da selecção chega uma oportunidade. Hilário, que já tinha internacionalizações nas camadas jovens e, inclusive, tinha sido chamado a jogar pela equipa “b”, é convocado por Carlos Queiroz. A sua estreia com a “camisola das quinas” acabaria por acontecer após a campanha de apuramento para o Mundial de 2010. Num particular frente à China, e entrando para o lugar de Eduardo, Hilário, e pela primeira vez, representaria a principal equipa de Portugal.
É no final de 2013/14, que Hilário decide anunciar o fim da sua carreira como futebolista. Depois de, pelo Chelsea, ter conquistado mais uma brilhante série de títulos (1 Liga; 4 FA Cup), o guarda-redes decide aceitar o convite do clube e passar para o corpo técnico. Desde então, tem feito parte das equipas de treinadores e, com os conhecimentos conseguidos ao longo de duas décadas, tem ajudado os atletas do clube a melhorar os seus atributos.

AT HER MAJESTY'S PLEASURE 2017

"Ano novo, vida nova"!!!
Com a entrada num novo ano, o "Cromo sem caderneta" prepara-se para uma nova mudança. De malas aviadas, Janeiro será o último mês do "blog" em Inglaterra. Por essa razão decidimos recordar alguns dos atletas que por cá passarem. Assim, durante os próximos dias viveremos "At her Majesty's Pleasure"!!!!