1424 - JOSÉ CARLOS

Ao completar a formação no Sporting Clube de Portugal, José Carlos Gonçalves da Silva acabaria por fazer a estreia como sénior bem longe de Alvalade. Integrado no plantel do Gil Vicente na temporada de 1960/61, o jovem atleta iniciaria no Minho um périplo que até à estreia no escalão máximo português ainda viria a prolongar-se por alguns anos. Após uma campanha em Barcelos, seguir-se-iam o Amora e o Silves. Depois, surgiria na sua caminhada competitiva o Seixal de 1963/64 e o encetar, num conjunto de trabalho comandado pelo treinador-jogador Angel Oñoro, da sua experiência primodivisionária.
Apesar dos bons números apresentados, a fazerem do médio-ofensivo um dos elementos presente no “onze tipo” do conjunto sediado na Margem Sul do Rio Tejo, José Carlos, cumprida apenas uma temporada, acabaria por deixar o Campo do Bravo para, não muito longe dali, começar a envergar a camisola do Almada. No Pragal a partir de 1964/65, o médio, de características marcadamente atacantes, voltaria a demonstrar qualidades suficientes para ambicionar a voos de maior monta. Dois anos passados nas contendas da 2ª divisão seriam suficientes para que outros emblemas começassem a aferir o atleta como uma figura capaz de reforçar os respectivos planteis. Nesse sentido, ao jogador abrir-se-iam as portas do Estádio do Bonfim e no Vitória Futebol Clube passaria a trabalhar sob a intendência de Fernando Vaz.
A verdade é que a época de 1966/67, passada com as cores da agremiação setubalense, correria muito aquém do esperado e José Carlos praticamente não entraria em campo com o equipamento listado dos “Sadinos”. Ainda assim, a sua reputação não sofreria danos de maior e o FC Barreirense, com o jogador a manter-se no convívio com os “grandes”, tornar-se-ia na sua nova “casa”. Ao retornar a um dos emblemas da Margem Sul, o médio-ofensivo recuperaria a cotação e voltaria, ainda que com ligeiríssimas intermitências, a ser tido como um titular. Nas 4 temporadas a jogar em casa no Estádio Dom Manuel de Mello, 3 delas no degrau maior do futebol português, o atleta sublinhar-se como um elemento de grande valor. Mais uma vez com grande surpresa, seria já depois de, frente ao Dinamo Zagreb, ter participado na estreia do clube nas competições continentais que José Carlos deixaria o clube.
No plantel do Cova da Piedade de 1971/72, o grande momento surgiria na disputa da Taça de Portugal e nos quartos-de-final alcançados pelo emblema a militar na 2ª divisão. A campanha no Parque Silva Nunes valer-lhe-ia, na companhia de Móia, a transferência para o Oriental. Com a chegada à Azinhaga dos Alfinetes na temporada de 1972/73, José Carlos participaria numa das páginas históricas da colectividade “alfacinha”, ou seja, no regresso do clube às pelejas primodivisionárias. O resto das épocas passadas no Estádio Engenheiro Carlos Salema, serviriam para o jogador somar mais duas épocas no convívio com os “grandes” e para, com o termo das provas agendadas no calendário de 1975/76, pôr um ponto final no seu trajecto como futebolista.
Posteriormente e depois de, como treinador-jogador, já ter conduzido o Oriental de 1974/75, José Carlos manteria a sua ligação à modalidade como técnico-principal. Nessa caminhada de mais de duas décadas, numa carreira feita pelos escalões secundários, o antigo atleta orientaria colectividades como Vilafranquense, Samora Correia, Pescadores da Costa da Caparica, Sacavenense, Amora, Fanhões, Odivelas, Seixal, Atlético da Malveira, Benavente, Coruchense e Loures.

1423 - AZUMIR

Ao ser Azumir Luís Casimiro Veríssimo uma figura de importância no cenário futebolístico português, pensei ser mais fácil descortinar a sua vida na modalidade. Em abono da verdade, o percurso do avançado feito do lado de cá do Atlântico, tirando uma pequena excepção, até é fácil de deslindar. Já no que diz respeito à sua carreira no Brasil, a ideia é bem diferente!
Comecemos por aquilo que é mais comum ler-se em relação à primeira parte do seu percurso profissional, ou sejam, as etapas trilhadas no seu país natal. Como é possível ler-se num grande número de fontes, Azumir terá feito o seguinte trajecto: Madureira (1955); Bangu (1956); Flamengo (1957); Botafogo (1958; 1959); Fluminense (1960) e Vasco da Gama (1961) (1). O pior aconteceu quando comparei essa informação com um artigo difundido na publicação electrónica “História do Futebol” e que, por ter como base alguns recortes de um periódico, parece ser bem mais fidedigno. Nessa entrevista que, segundo o autor do blog, remonta ao ano de 1959, para além de uma digressão à Europa, feita pela selecção do Departamento Autônomo, dá para descortinar alguns dos clubes iniciais da carreira do ponta-de-lança, para o caso: o Atlético Clube Nacional de Ricardo Albuquerque e o Irmãos Goulart Futebol Clube. Porém, como já devem ter reparado, aquilo que mais chama a atenção é o suposto ano da publicação e o clube por quem, à altura, o atleta jogava – “Azumir Luís Veríssimo é nilopolitano modesto. Trabalhava na Klabin (fábrica de papelão) quando lhe surgiu a oportunidade no Madureira. Conta: «Fui disputar um torneio pelo time da fábrica em Conselheiro Galvão. Estive bem e Isaac, amigo meu que conhece bem o Ápio, arranjou uma apresentação e, logo, após o primeiro treino, me convidaram a assinar contrato como não amador. Agora, felizmente, já tenho compromisso de profissional e ganho dez mil mensais»”(2).
Ao manter-me no mesmo artigo, há outro trecho que põe em causa a ordem pela qual os clubes são apresentados na biografia referida no segundo parágrafo – “Certa vez, Azumir treinou no Bangu, juntamente com Joel (hoje titular alvirrubro), mas não teve paciência de esperar a oportunidade. Revela, a propósito: «Talvez eu me tenha afobado, mas não há o que lamentar. O Madureira tem sido uma óptima escola para mim»(2). Para concluir, falta referir alguns “sites” que, ao reportar um Azumir no plantel do Madureira de 1959 (3)(4), 1960(5) e 1961(6), ajudam a corroborar o ano da referida entrevista.
Com tudo o que já aqui disse, o que parece ser certo é a chegada de Azumir ao FC Porto, para reforçar o grupo de trabalho inicialmente sob a alçada do húngaro Gyorgy Horth. Logo nessa temporada de 1961/62, o ponta-de-lança, caracterizado pela boa técnica com ambos os pés e por um bom jogo de cabeça, atingiria aquele que seria o momento mais alto da sua passagem por Portugal e com 23 golos consagrar-se-ia como o vencedor do prémio de Melhor Marcador do Campeonato Nacional. No entanto, apesar de um arranque auspicioso, as épocas seguintes revelariam o avançado a perder fulgor. Ainda assim, a época de 1962/63 sublinharia o atleta como o goleador máximo dos “Azuis e Brancos”. Pior, viria a ser o último ano nas Antas, com o jogador parcamente utilizado e, com o fim da temporada, a ser incluído na lista de nomes a dispensar.
Sem deixar as provas lusas, mas ao descer um degrau competitivo, Azumir escolheria o plantel de 1964/65 do Sporting da Covilhã para prosseguir a carreira. Seguir-se-ia, um ano depois do ingresso nos “Leões da Serra”, a transferência para o Barreirense e aquela que viria a ser a derradeira temporada do avançado nas disputas da 1ª divisão. Referência ainda para a temporada de 1967/68 e para a sua passagem pelo Desportivo de Beja. Por fim, há a acrescentar, segundo várias informações, a ligação ao Tirsense. Contudo, em nenhuma dessas fontes consegui apurar qual a duração ou o início desse hipotético contrato.

(1)https://www.zerozero.pt/jogador/azumir/79764 (25/01/2024)
(2)https://historiadofutebol.com/blog/?p=9995 (recortes da Revista Manchete)
(3) https://www.fluminense.com.br/noticia/fluminense-e-os-70-jogos-memoraveis-no-maracana
(4)https://www.rsssfbrasil.com/tablesr/rj1959.htm
(5)https://brfut.blogspot.com/2010/01/campeonato-carioca-1960-primeiro-turno.html
(6)http://mundobotafogo.blogspot.com/2011/03/botafogo-campeao-de-futebol-estadual.html

1422 - MARQUES

Ao começar o percurso sénior ao serviço do Ginásio de Alcobaça, António Pereira Marques representaria o emblema sediado na Região Oeste entre as temporadas de 1957/58 e a de 1960/61. Depois surgiria o Serviço Militar Obrigatório a atrapalhar o evoluir da sua carreira. Após um interregno e com o destacamento para Angola, a campanha de 1962/63, à imagem de tantos atletas empurrados para a Guerra Colonial, seria passada num emblema local, para o caso do defesa-esquerdo, o Sport Benguela e Benfica. Já o regresso à Metrópole apresentaria à sua caminhada desportiva a Académica de Coimbra. A partir dessa campanha de 1963/64, o jogador passaria a destacar-se como um dos elementos mais cotados do emblema estudantil. Ao estatuto aferido pelo atleta, será impossível de dissociar os sucessos colectivos que viriam a moldar aquela que terá sido a época áurea do emblema conimbricense. Num conjunto de trabalho orientado pelo mítico Mário Wilson e onde marcariam presença um rol enorme de ilustres pessoas do futebol luso, Marques transformar-se-ia num dos pilar de diversos momentos de inolvidável importância.
De entre os gloriosos episódios vividos pela “Briosa” na década de 1960, quase sempre com Marques como um dos nomes habituais no alinhamento inicial da Académica, há a destacar as boas classificações no Campeonato Nacional, onde o 2º lugar alcançado no final da temporada de 1966/67 tornar-se-ia no melhor exemplo dessas notáveis jornadas. Claro que também temos as presenças nas competições continentais. Nesse registo, o defesa-esquerdo entraria em campo na edição de 1968/69 da Taça das Cidades com Feira. No entanto, mais importante do que essa participação, famosa pela “moeda ao ar” que viria a decidir a eliminatória a favor do Olympique de Lyon, seria a Taça dos Vencedores das Taças de 1969/70. Nessa caminhada, que conduziria a o conjunto português até aos quartos-de-final da prova, o jogador participaria em ambas as mãos dessa última ronda e que, frente ao Manchester City, ditaria o afastamento dos “Estudantes”.
Numa ligação com a agremiação beirã que, como futebolista, duraria até à temporada de 1971/72, há também a Taça de Portugal. Com presença na derradeira peleja da edição de 1966/67, perdida para o Vitória Futebol Clube, a sua participação na final de 1968/69, por questões maiores que o desporto, sublinharia a partida frente ao Benfica como um dos momentos mais marcantes da sua caminhada competitiva. Numa altura em que a luta estudantil contra o regime ditatorial vigente em Portugal assumiria o seu ápice, Marques, ao lado de Gervásio, Viegas, Vieira Nunes, Belo, Rui Rodrigues, Nené, Vítor Campos, Mário Campos, Manuel António, Ernesto, Rocha e Serafim, entraria no Estádio do Jamor em protesto – “Nesse dia a Académica representou a expressão de um sentimento de repulsa pelo ambiente académico e social que havia em Portugal. Havia um movimento de conspiração geral no Portugal inteiro, mas que na Associação Académica de Coimbra teve aí um momento alto que culminou com essa celebérrima final da Taça de Portugal de 69. Perdemos, mas perdemos ganhando, porque aí ganhámos Portugal, embora perdendo o jogo, mas o jogo foi um acontecimento desportivo como outro qualquer e competimos com galhardia, com dignidade, sabendo que sobre os nossos ombros estava muita responsabilidade, muito orgulho e satisfação por representarmos um Portugal muito atrasado em termos culturais, em termos sociais e também de falta de liberdade de expressão. Não ganhámos, mas ganhámos um país”*.

*retirado da entrevista publicada a 01/07/2022, em www.50anos25abril.pt

1421 - FERNANDO CRUZ

 

Antes do fim do percurso formativo, feito com as cores do Vitória Futebol Clube, Fernando Cruz começaria a dar indicações de ser um jogador com qualidades acima da média. De estatura elevada, o jovem avançado, ainda como elemento dos juniores da agremiação setubalense, seria chamado aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Ao serviço dos agora conhecidos como sub-16, o atleta, a 24 de Fevereiro de 1979, faria a estreia com as cores lusas. Essa partida frente a Israel, orientada por Peres Bandeira e ao lado de nomes como Dito, Jaime Magalhães, João Pinto, Bandeirinha ou Mário Jorge, tornar-se-ia no tiro de partida para uma caminhada durante a qual, ao passar por vários escalões, somaria um total de 29 internacionalizações. Nesse rol de partidas feitas com a “camisola das quinas”, há ainda a destacar as chamadas ao Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1980 ou às edições de 1981 e de 1982 do Torneio de Toulon.
Aferido como uma grande promessa, a 18ª jornada do Campeonato Nacional de 1979/80, com Fernando Cruz ainda em idade júnior, tornar-se-ia na ronda da sua promoção às pelejas da equipa principal dos “Sadinos”. Depois dessa partida sob a alçada do inglês Jimmy Hagan, o avançado rapidamente conseguiria conquistar um lugar no “onze” do Vitória Futebol Clube. Já como um dos elementos mais utilizados do plantel, o jogador começaria a alimentar a cobiça de emblemas de maior monta. Quem acabaria por apostar na sua contratação haveria de ser o Sporting. Porém, com a entrada em Alvalade a ocorrer na campanha de 1983/84, as suas prestações ao serviço dos “Leões” ficariam aquém do projectado e, nas duas temporadas de “verde e branco”, o atacante poucas presenças em campo somaria ao currículo.
O insucesso da sua passagem pelo Sporting não impediria que o avançado continuasse a esgrimir-se em contexto primodivisionário. De volta à cidade de Setúbal na época de 1985/86, Fernando Cruz exibir-se-ia a um bom nível. Contudo, a campanha de retorno ao Vitória Futebol Clube terminaria, na que à sua carreira diria respeito, com uma inédita despromoção. Ainda assim, o atleta manter-se-ia pelo Bonfim e ajudaria, com apenas um ano cumprido no patamar secundário, a nova promoção. Curiosamente, o jogador, ao invés de continuar o percurso profissional na colectividade setubalense, preferiria aceitar o desafio lançado pelos responsáveis do Farense. No Algarve faria 3 temporadas. Todavia, apesar de as 2 primeiras terem sido realizadas no convívio com os “grandes”, seria a derradeira campanha passada no sul do país que traria outro momento histórico à sua caminhada competitiva. Numa contenda agendada frente ao Estrela da Amadora, Paco Fortes convocá-lo-ia para a última ronda da Taça de Portugal. Com um golo marcado na final e a consequente presença na finalíssima, a edição de 1989/90 da “Prova Rainha”, mesmo com a vitória a sorrir ao adversário, emergiria como um acontecimento inolvidável.
Com a saída do Farense, o trajecto do avançado tornar-se-ia bem mais errante. Seguir-se-iam, no máximo com uma época passada em cada clube, o Sporting de Espinho, a última presença na 1º divisão com as cores do União da Madeira, Louletano, Atlético, Lusitano de Évora, Ovarense e o final da carreira no plantel de 1995/96 do Torres Novas.
Depois de “pendurar as chuteiras”, Fernando Cruz ainda voltaria a ligar-se à modalidade como treinador, com o principal destaque para a experiências no “O Elvas”.

1420 - SABÚ

Ao chegar de Angola para envergar as cores do Vitória Futebol Clube, seriam as camadas de formação a acolher João dos Santos Pacheco Júnior, popularizado no mundo do desporto como Sabú. Cumprido o período nas “escolas” do listado verde e branco, a estreia a jogar na equipa principal dos “Sadinos” ocorreria no início da década de 1970. Avaliado por José Maria Pedroto como um intérprete promissor, a verdade é que o defesa-central teria muitas dificuldades em impor-se numa equipa que, como correntes directos para a sua posição, apresentava nomes como Carlos Cardoso, José Mendes ou Conceição. Nesse sentido, depois de algumas épocas sem grande utilização no conjunto sénior setubalense, o jogador, na disputa das edições de 1973/74 e 1974/75 da 2ª divisão, passaria por diferentes empréstimos, respectivamente ao Torreense orientando por Francisco Polido e ao Montijo.
De regresso ao Estádio do Bonfim, Sabú finalmente conseguiria jogar com alguma regularidade. Porém, os números apresentados durantes a época de 1975/76 e na seguinte, não teriam a continuidade esperada. Sem qualquer partida disputada no Campeonato Nacional de 1977/78, o defesa-central decidiria deixar o Vitória Futebol Clube para tentar novas oportunidades noutras paragens. Sem deixar a 1ª divisão e num Beira-Mar treinado por Fernando Cabrita, o atleta, com a temporada de 1978/79, encetaria no Mário Duarte o período mais prolífero da sua carreira como futebolista profissional. No entanto, mesmo ao ser um dos elementos mais utilizados no plantel auri-negro, findos os dois anos passados em Aveiro, o jogador voltaria a mudar de rumo e, de forma algo surpreendente, regressaria aos palcos secundários.
Com a entrada no Juventude de Évora, Sabú, embora a cumprir épocas de grande valor, jamais regressaria aos principais cenários do futebol luso. Depois da campanha no Alentejo que, sob a orientação de Dinis Vital, quase daria a promoção à agremiação eborense, o defesa-central seguiria o ainda agora referido treinador e mudar-se-ia para a região do Oeste. Ao serviço do Ginásio de Alcobaça, o jogador participaria na histórica temporada de 1981/82, a qual daria a subida de patamar e a estreia do clube na 1ª divisão. Mais uma vez, sem que qualquer inevitabilidade fizesse prever tal transferência, o atleta regressaria à foz do Rio Sado e na cidade de Setúbal, durante um ano, passaria a envergar as cores do Comércio e Indústria.
Daí em diante, Sabú entraria numa fase mais errante da carreira. Nesse sentido, surgiriam as duas temporadas no Algarve, ao serviço do Torralta. De seguida, a contabilizar campanhas isoladas em cada agremiação, viriam o Amarante, o Cova da Piedade, os Leões de Tavira e, para finalizar, o plantel de 1988/89 do Paio Pires.

1419 - BRAVO

Para muitos atletas de alturas mais remotas do desporto luso, como alguns que por este blog já passaram, a edificação de uma biografia capaz de contar, com o rigor de fontes fidedignas, as suas carreiras e também partes da vida pessoal, é de uma arduidade tremenda. No que diz respeito a José Maria Gomes, popularizado no futebol pela alcunha Bravo, os obstáculos que encontrei para a construção deste texto, como ficou entendido na primeira frase, fazem dele outro bom exemplo dessas dificuldades.
Comecemos pela data do seu nascimento. Segundo o sítio da Federação Portuguesa de Futebol, contrastando com outras fontes que dão o atleta como nascido no mesmo dia, mas em 1917, tal efeméride terá ocorrido a 30 de Agosto de 1919. Escolhendo a segunda calendarização como a de maior probabilidade, passemos aos registos da sua carreira. Com a inscrição inicial, no que conta ao que consegui apurar, a dar-nos a temporada de 1943/44 como a de arranque da sua caminhada competitiva, esse dado faz-me crer que Bravo, anteriormente a essa campanha passada com o Estoril Praia, já haveria de ter tido outras experiências desportivas.
No emblema da Linha de Cascais, numa altura em que os “Canarinhos” teimavam em cirandar entre os dois principais patamares do futebol luso, Bravo, ao destacar-se como interior-direito, passaria a ser tido como um dos mais brilhantes elementos a representar a colectividade. Essa temporada de 1943/44, a tal do primeiro registo por mim encontrado, coincidiria com um dos momentos altos da história da agremiação. Com a chegada à final da Taça de Portugal, o atleta seria um dos escolhidos por Augusto Silva para, ao lado de nomes como Alberto de Jesus, Eloi, Raul Sbarra ou Franjo Petrak, disputar a partida frente ao Benfica. Infelizmente para o Estoril Praia, a peleja correria desastrosamente mal e os de amarelo sairiam do Estádio das Salésias após averbarem uma pesada derrota por 8-0.
Ao manter-se como um dos elementos a merecer enorme destaque no plantel “canarinho”, as temporadas de 1944/45 e de 1946/47, passadas nas disputas primodivisionárias, serviriam para Bravo sublinhar o estatuto de craque. Nesse sentido, na última das campanhas referidas, chegaria o reconhecimento por parte dos responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol. Ao lado de outros grandes nomes do contexto futebolístico luso, casos de Patalino, Fernando Caiado, Albano, Carlos Canário, Barrigana, Julinho, Manuel Marques, Octávio Barrosa, Lourenço, Jacinto e Pacheco, o interior-direito seria chamado aos trabalhos da selecção “B”. Em Bordeaux, no Stade du Parc Lescure, o jogador entraria em campo frente à França e, com a disputa realizada a 3 de Maio de 1947, embelezaria o currículo com 1 internacionalização.
Outro dos grandes feitos da sua carreira surgiria já com a época de 1947/48 em andamento. Com a Real Sociedad na luta pela manutenção e à procura de reforçar o plantel, Bravo surgiria como uma das hipóteses mais viáveis e muito boa a equilibrar o rácio preço/qualidade. Já em Espanha, a sua estreia no patamar máximo da La Liga, dar-se-ia, numa ronda frente ao Celta de Vigo, a 22 de Fevereiro de 1948. Nessa partida, o jogador tornar-se-ia no primeiro português a jogar e, ao fazer o “gosto ao pé”, a marcar um golo no patamar maior do futebol de “Nuestros Hermanos”. Porém, apesar do salto qualitativo, a época de arranque pela agremiação de San Sebastian não correria de feição e os bascos acabariam relegados ao segundo escalão. Ainda assim, não demoraria muito para que a descida fosse emendada e com o atacante como um dos titulares, o regresso dos “Erreala” à 1ª divisão ocorreria em 1949/50.
A sua presença naquele que é o degrau maior do futebol espanhol não iria prolongar-se por muito mais tempo. De volta a Portugal, ainda na temporada de 1949/50, Bravo passaria a integrar o plantel do Belenenses. Já o resto da sua carreira, mais uma vez salvaguardando algo que não tenha conseguido aferir, resumir-se-ia à época de 1950/51, também na 1ª divisão e com as cores do Estoril Praia e, por fim, a campanha passada ao serviço do União de Montemor.

1418 - SVEN-GÖRAN ERIKSSON

Com uma carreira de futebolista que, no seu expoente máximo, levá-lo-ia à disputa da 2ª divisão da Suécia, Sven-Göran Eriksson representaria, por esta ordem, Torsby IF, SK Sifhälla e o Karlskoga. No entanto, apesar de nunca ter merecido grande destaque como defesa-direito, a paixão pela modalidade faria com que fosse atrás de outras funções. Depois de “pendurar as chuteiras” com apenas 27 anos de idade, a oportunidade dada pelo Degerfors fá-lo-ia, inicialmente como adjunto, encetar a caminhada como técnico. Um ano depois chegaria o convite para, como responsável máximo, assumir a equipa e seria nas tarefas de treinador-principal que, em termos mundiais, viria a tornar-se num dos nomes mais badalados do “jogo da bola”.
A seguir ao já aludido Degerfors, de forma bastante surpreendente para quem apenas tinha experiência nas divisões secundárias, seguir-se-ia o desafio lançado, em 1979, pelo IFK Göteborg. Mesmo sem grande traquejo, a verdade é que Sven-Göran Eriksson superaria as projecções mais optimísticas. Naquela que é uma das colectividades de maior monta na Suécia, o jovem treinador, numa equipa recheada de internacionais, como Glenn Hysén, Ralf Edstrom, Torbjörn Nilsson, Olle Nordin ou o bem conhecido Glenn Strömberg, não deixaria intimidar-se pela enorme responsabilidade e responderia aos mais cépticos com vários títulos.
Seria já com o currículo recheado pelas conquistas de 2 Taças da Suécia, mas principalmente pela vitória frente ao Hamburger SV, na final da edição de 1981/82 da Taça UEFA, que Sven-Göran Eriksson chegaria a Portugal. Ao pegar na equipa do Benfica na temporada de 1982/83, o sucesso do treinador sueco seria imediato. Logo nessa campanha de chegada conseguiria, para os escaparates da Luz, os troféus correspondentes à “dobradinha”. Já nas competições continentais, por pouco não repetiria a “gracinha” do ano anterior. Porém, nem um plantel composto por craques como Bento, Humberto Coelho, Pietra, Veloso, Carlos Manuel, Shéu, António Bastos Lopes, Diamantino, João Alves, José Luís, Nené ou Chalana seria suficiente para, na derradeira ronda da Taça UEFA, levar de vencido o Anderlecht.
Após uma segunda temporada à frente das “Águias”, durante a qual voltaria a vencer o Campeonato Nacional, o bom trabalho efectuado no Estádio da Luz, faria com que a sua cotação subisse em flecha. Esse facto levaria vários emblemas, das mais importantes ligas europeias, a olharem para si como um bom líder de balneário. Nesse sentido, a escolha do técnico para prosseguir a carreira recairia sobre o Calcio. Na AS Roma a partir da campanha de 1984/85, Sven-Göran Eriksson encetaria uma caminhada que, a somar à mudança para a Fiorentina em 1987/88, levaria o sueco a 5 anos consecutivos a disputar a Serie A. Todavia, o Verão de 1989, com 1 Coppa de Itália vencida pelos “Giallorossi” a enriquecer-lhe o palmarés, transformar-se-ia na altura certa para regressar ao emblema que, até essa altura, mais títulos tinha dado ao treinador.
De volta a Portugal por convite do Presidente João Santos, Sven-Göran Eriksson contribuiria para mais situações de relevo na vida do Benfica. Na segunda experiência à frente do emblema “alfacinha”, o treinador venceria a Supertaça de 1989/90 e o Campeonato Nacional do ano seguinte. Claro está que, durante esse período de 3 anos cumpridos em Lisboa, outro dos momentos de enorme importância seria a presença dos “Encarnados” na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1989/90. No entanto, tal como tinha acontecido durante a sua primeira passagem à frente das “Águias”, o técnico, dessa feita por culpa do AC Milan, não conseguiria conquistar a mencionada prova continental.
O passo seguinte também viria a configurar-se como um retorno. Em Itália na época de 1992/93, com a Sampdoria a apadrinhar esse regresso, os primeiros anos revelar-se-iam, em termos de títulos, algo modestos. Com a edição de 1993/94 da Coppa de Itália ganha pelo emblema genovês, seria na agremiação seguinte que Sven-Göran Eriksson viveria, sem qualquer dúvida, os melhores anos da caminhada como técnico. Já na Lazio, onde orientaria os internacionais portugueses Fernando Couto e Sérgio Conceição, para além das conquistas de 2 Coppas de Itália, 2 Supercoppas e do Scudetto de 1999/00, o treinador juntaria esses sucessos à presença na final da Taça UEFA de 1997/98, à vitória na Taça dos Vencedores da Taças de 1998/99 e ao triunfo na Supertaça da UEFA de 1999/00.
O ano de 2001 traria à sua carreira um desafio inédito. Contratado para assumir o cargo de seleccionador de Inglaterra, Sven-Göran Eriksson comandaria os “3 Lions” aos mais importantes torneios organizados pela UEFA e pela FIFA. Com presença nos Mundiais de 2002 e de 2006 e no Euro 2004, o sueco nunca conseguiria nortear o conjunto britânico até aos tão almejados títulos internacionais. Nesse contexto de equipas nacionais e depois de, na Premier League, ter orientado o Manchester City, o treinador ainda assumiria o comando técnico do México e da Costa do Marfim, tendo conduzido o país africano durante o Campeonato do Mundo de 2010.
O resto da sua caminhada tornar-se-ia um pouco mais errante e, de certa maneira, não tão pomposa quanto o tinha sido até aí. Iniciando um périplo pela Ásia, que levaria o técnico a emblemas da Tailândia, dos Emirados Árabes Unidos, da China e à selecção das Filipinas, o destaque iria para a sua presença, ao serviço do último país listado, na Taça Asiática de 2019.
Finalmente falta fazer referência, num regresso à Suécia, à sua experiência como director-desportivo do IF Karlstad.

1417 - QUIM

Joaquim Marques da Rosa, popularizado no mundo do futebol pelo diminutivo Quim, nasceria na Póvoa de Varzim e, como tantos na sua terra natal, teria no mar a fuga para pobreza – “Aos 14 anos fui para a pesca da sardinha numa catraia a remos e à vela que era do meu cunhado. Ia sempre a chorar mas tinha que ser porque a minha mãe mandava e era preciso ajudar a família”*. Desde muito novo, a faina passaria a moldar-se ao seu quotidiano. No entanto, outra actividade manter-se-ia nos tempos livres como a predilecta e os “jogos da bola”, disputados aos Domingos com os amigos, mudariam a sua vida.
Como resultado dessas pelejas desportivas, Quim haveria de ser convidado para representar o Varzim. Integrado na equipa de juniores, logo passaria de destacar-se como um defesa-central batalhador, corajoso e seguro. Ainda assim, o seu ganha-pão continuaria a estar nas linhas e redes de pesca e o jogador, muito para além do tempo passado com a camisola alvinegra, manteria as actividades marítimas, como a prioridade do seu dia-a-dia. Tudo mudaria aquando do convite dos dirigentes do clube poveiro para que assinasse um contrato profissional. Já na equipa principal, conquistaria um lugar de relevo e inscreveria o seu nome como um dos históricos futebolistas dos “Lobos do Mar”.
Inicialmente nas disputas dos patamares secundários, não demoraria muito tempo para que Quim experimentasse o sabor das contendas maiores do futebol português. Tendo entrado para os seniores varzinistas na temporada de 1960/61, o defesa transformar-se-ia numa peça fulcral para a ascensão da colectividade nortenha ao convívio com os “grandes”. A tão almejada subida aconteceria com a classificação conseguida no final da campanha de 1962/63, com a consequente promoção a levar o clube à estreia na 1ª divisão. Logicamente, esse Campeonato Nacional de 1963/64 também ficaria registado como o passo inicial do atleta no maior degrau luso. Orientado por Artur Quaresma e ao lado de outros nomes bem populares no futebol do Varzim, tais como Fernando Ferreira, Sidónio, Justino ou Salvador, a sua presença no esquema táctico do referido treinador, e dos seguintes, manter-se-ia deveras relevante e a importância revelada levá-lo-ia a apontar a outros voos – “Tive convites para jogar no Guimarães e no FC do Porto, mas o Varzim não vendeu a minha carta. Representei a selecção militar e fui chamado à selecção A e B, para defrontar a Espanha, em Córdoba. Perdemos 3-0, mas não cheguei a jogar”*.
Com as possíveis transferências chumbadas pelos directores do Varzim, Quim manteve-se no clube por vários anos, dos quais viriam a destacar-se as 8 temporadas consecutivas vividas na 1ª divisão. Em suma, o defesa passaria 16 anos com a equipa principal dos “Lobos do Mar”, número apenas ultrapassado pelo também defesa-central Alexandre. Contudo, muito mais do que alicerçada em algarismos, a sua carreira desportiva, dedicada em exclusivo aos “Alvi-Negros”, seria sublinhada pela paixão à modalidade e pelo respeito com todos os que com ele viriam a cruzar-se.

*retirado do artigo de José Peixoto, publicado a 22/04/2016, em www.correiodoporto.pt

1416 - REBELO

Com a aparição inicial na primeira equipa do Vitória Futebol Clube a reportar-se à temporada de 1966/67, Francisco Rebelo, depois das oportunidades dadas por Fernando Vaz, só voltaria aos palcos maiores na campanha de 1969/70. Mesmo com o regresso a erguer-se de forma modesta, o defesa-direito já não demoraria muito mais a impor-se no “onze” da agremiação setubalense e, na época imediatamente a seguir à última referida, o jogador passaria a figurar na lista dos titulares “Sadinos”.
A partir da temporada de 1970/71, o atleta, muito para além de ser aferido como um dos melhores intérpretes ao serviço do Vitória Futebol Clube, passaria a entrar nas contas do principal conjunto a trabalhar sob o pelouro da Federação Portuguesa de Futebol. Com o currículo já enriquecido pela presença no Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1966 e também com 1 chamada aos “esperanças”, o defesa, a 17 de Fevereiro de 1971, passaria a figurar no rol de jogadores com internacionalizações “A”. Por Portugal, depois dessa partida orientada por José Gomes da Silva e a contar para o Apuramento do Euro 72, Rebelo ainda teria a oportunidade de voltar entrar em campo com as cores lusas. Ao dividir essas presenças entre ”amigáveis” e as Fases de Qualificação seguintes, o jogador acumularia um total de 8 partidas cumpridas com a mais importante “camisola das quinas”.
De regresso àquilo que foi o seu percurso com o listado vertical verde e branco, os números a adjectivar essa ligação seriam dignos de grandes louvores. Com 14 temporadas passadas a trabalhar com a primeira equipa setubalense, Rebelo tornar-se-ia num dos nomes com mais presenças, pelo Vitória Futebol Clube, naquele que é o escalão máximo português. Para além desses 233 jogos no Campeonato Nacional da 1ª divisão, cujo expoente máximo seria o 2º lugar conquistado em 1971/72, há ainda para contabilizar as partidas feitas noutras provas de índole interna e de cariz continental. Nas competições estruturadas pelo organismo máximo do futebol europeu, onde o defesa disputaria 3 dezenas de partidas e participaria no afastamento de conjuntos como o Anderlecht, Fiorentina, Inter Milan ou Leeds United, os destaques viriam com as diferentes ocasiões em que os “Sadinos” alcançariam os quartos-de-final da Taça das Cidades com Feira e da Taça UEFA. Já no que diz respeito à Taça de Portugal, há a realçar a sua presença na derradeira peleja da edição de 1972/73, perdida pela agremiação setubalense, frente ao Sporting.
Já nos últimos capítulos da sua vida enquanto futebolista, ao deixar o Vitória Futebol Clube no final da campanha de 1979/80, a veterania de Rebelo ainda permitiria ao atleta esticar a sua caminhada competitiva durante mais alguns anos. Ao transitar para o Amora na temporada seguinte à sua saída do Estádio do Bonfim, o defesa, muito mais do que prolongar a sua carreira no escalão máximo português, acabaria por entrar na história do emblema sediado no Concelho do Seixal, ao fazer parte do grupo de trabalho que, pela primeira vez, entraria nas contas da 1ª divisão. Por fim, viria o regresso à cidade de Setúbal e a época de 1982/83 passada ao serviço do Comércio e Indústria.

1415 - JESUS


Com a formação dividida entre o Sporting de Espinho e as “escolas” do FC Porto, António Jesus, na transição para sénior, seria apresentado como reforço do Desportivo de Chaves. Depois dessa temporada de 1973/74, ainda a título de empréstimo e mantendo-se na disputa da 2ª divisão, seguir-se-ia o Lusitânia de Lourosa. O guarda-redes ainda regressaria ao plantel de 1975/76 dos “Dragões”. Porém, ver-se-ia sempre tapado por outros colegas, casos de Rui ou Tibi, e preterido nas escolhas do treinador Aimoré Moreira.
A mudança de paradigma, ou seja, a afirmação de Jesus como um intérprete de cariz superior ou com habilidades primodivisionárias, ocorreria com a sua entrada no Beira-Mar. Nessa temporada de 1976/77, durante a qual faria a estreia na 1ª divisão, o guardião daria os passos que o levariam, com grande convicção, a cimentar a sua carreira. Antes ainda dessa definição, o atleta teria um pequeno revés, com o conjunto de Aveiro a passar pelo escalão secundário. Contudo, esse tropeção traduzir-se-ia num episódio insignificante e, mesmo afastado dos principais escaparates, as suas exibições seriam suficientes para promovê-lo no regresso ao convívio com os “grandes”.
O emblema que voltaria a abrir-lhe as portas da 1ª divisão, seria o Varzim. Daí em diante, praticamente até aos derradeiros anos do seu percurso como futebolista, Jesus manter-se-ia nos degraus cimeiros das provas lusas. Após cumprir 3 anos como o dono da baliza dos “Lobos do Mar”, onde, sob a intendência de António Teixeira, contribuiria para o histórico 5º lugar alcançado com o fim do Campeonato Nacional de 1978/79, o guardião chegaria ao emblema que mais marcaria a sua caminhada profissional. No Vitória Sport Clube a partir de 1981/82, só nessa passagem inicial, cumpriria 7 campanhas consecutivas. É verdade que acumularia algumas épocas de parca utilização. Ainda assim, o tempo passado em Guimarães serviria para somar ao currículo momentos de grande importância. Nesse sentido, há a relembrar as participações nas provas sob a alçada da UEFA e, como é óbvio, as chamadas às equipas a trabalhar sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol.
A envergar a “camisola das quinas”, com a estreia pelos “olímpicos” a 30 de Outubro de 1983, António Jesus também chegaria ao conjunto principal. Com a primeira presença em campo a acontecer, pela mão de Rui Seabra, a 4 de Fevereiro de 1987, o jogador, no período caracterizado pelo rescaldo do “Caso Saltillo”, seria um dos atletas mais vezes chamado a defender as cores lusas. Na sequência dessa primeira internacionalização, um particular, disputado no Estádio 1º de Maio, frente à Bélgica, o guarda-redes voltaria a ser arrolado já para as partidas a contar para a Fase de Qualificação do Euro 88 e acabaria a acumular um total de 7 internacionalizações “A”.
Caracterizado como um guarda-redes de baixa estatura, mas com uma forma física invejável, com reflexos felinos e bem arrojado, Jesus, mesmo com a saída do Vitória Sport Clube, continuaria no radar dos emblemas primodivisionários. Na caminhada profissional, ainda teria a oportunidade, em ambos os emblemas com passagens de um ano, para representar o Leixões e o Desportivo de Chaves. De seguida, o desafio lançado pela agremiação comandada tecnicamente pelo brasileiro Paulo Autuori, levá-lo-ia, na campanha de 1990/91, a regressar à “Cidade Berço” e a cumprir outras 3 campanhas de belíssimo resultado. Por fim, de volta a Trás-os-Montes, surgiriam a época de 1993/94 passada na disputa da Divisão de Honra, o convite para, com a saída de Carlos Garcia, passar a assumir as rédeas da colectividade flaviense e, sob a sua alçada, a subida ao escalão máximo do Desportivo de Chaves.
Já decidido a continuar nas tarefas de treinador, António Jesus ergueria uma carreira feita, na grande essência, de emblemas a esgrimirem-se pelos patamares secundários. Ainda assim, há que destacar a sua experiência à frente do Marítimo, os 4 anos a trabalhar com o Sporting da Covilhã, o convite de Manuel Machado para integrar a equipa técnica do Vitória Sport Clube e, pela sua carga emocional, as passagens pelo emblema da sua terra natal, o Sporting de Espinho.

1414- PALHARES

Com a formação terminada no “escolas” do Sporting, seria ainda como atleta das camadas jovens que Rui Palhares começaria a ser chamado aos trabalhos sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Naquele que hoje é denominado por escalão sub-18, o extremo-esquerdo faria a sua estreia, pela mão de José Augusto, a 13 de Novembro de 1972. Após os primeiros passos, ao lado de nomes que ficariam bem conhecidos do público português, tais como Tozé Fonseca, Abreu, Barrinha ou José Domingos, o canhoto prosseguiria a sua caminhada com a “camisola das quinas”. No trajecto com as cores lusas, que incluiria chamadas aos “esperanças” e aos “olímpicos”, o destaque iria para a entrada nos planos da equipa principal. Nesse contexto, a primeira aparição em campo surgiria alguns anos depois. A 15 de Abril de 1981, com Juca no papel de seleccionador, dar-se-ia o arranque de uma caminhada que terminaria em 1985 e com um somatório de 6 internacionalizações “A”.
No que diz respeito ao seu trajecto clubístico, seria no Sporting Clube de Portugal que Palhares daria os primeiros passos como sénior. Ao ser aferido como um atleta de enorme potencial, com as chamadas às jovens selecções nacionais a sublinhar essa avaliação, a sua primeira aparição na equipa principal dar-se-ia, sob as ordens de Mário Lino, numa partida a contar para a edição de 1973/74 da Taça de Honra. Porém, nesses anos iniciais com o conjunto leonino, o extremo, ou médio-ala, poucas vezes seria chamado às pelejas futebolísticas. A mudança começaria a notar-se apenas na temporada de 1976/77, já com Jimmy Hagan aos comandos do “Leão”. Ainda assim, com o termo da referida campanha e com o fim da ligação contratual, o jogador preferiria deixar Alvalade e daria continuidade à sua carreira noutro emblema.
Ao serviço do Vitória Futebol Clube a partir da época de 1977/78, Palhares começaria a vincar as qualidades que nele haviam desenhado um tremendo potencial. No emblema da cidade de Setúbal, inicialmente orientado por um homem também com forte ligação ao Sporting, o treinador Fernando Vaz, o atleta daria passos decisivos para a sua afirmação como um intérprete de cariz primodivisionário. Seguir-se-ia, sem abandonar o escalão máximo, o Varzim de António Teixeira. Cumprida a temporada de 1979/80 com o listado dos “Lobos do Mar”, durante a qual contribuiria para o 9º lugar no Campeonato Nacional, o jogador arrepiaria caminho para o Bessa e com os “Axadrezados” viveria aqueles que, poderei afirmar com segurança, viriam a tornar-se nos melhores anos da sua carreira profissional.
Com a entrada no plantel do Boavista a acontecer na campanha de 1980/81, Palhares encetaria um capítulo da sua caminhada competitiva que, muito para além de fazer da colectividade portuense a mais representativa da sua carreira, dar-lhe-ia, como mencionado no parágrafo inicial desta biografia, a maioria das tão almejadas internacionalizações “A”. Tendo, na transição da Póvoa de Varzim para o Estádio do Bessa, acompanhado o técnico António Teixeira, o ala-canhoto, também sob a orientação dos treinadores seguintes, manteria a preponderância para os excelsos resultados colectivos, com o maior relevo, resultado das posições cimeiras no Campeonato Nacional, a irem para as provas continentais. Na Taça UEFA, o jogador destacar-se-ia principalmente na edição de 1981/82, na ronda frente ao Atlético de Madrid, onde um golo seu ajudaria a eliminar os “Colchoneros”.
A entrada na derradeira fase da sua senda profissional levá-lo-ia a vestir mais duas cores. Depois da temporada de 1985/86 a envergar a camisola do Sporting de Braga, período durante o qual ainda seria chamado à selecção nacional, Palhares, pela primeira vez, conheceria os meandros dos patamares secundários. Ao serviço do Estrela da Amadora, o atleta faria parte de um momento histórico para a agremiação da Reboleira e, consumada a subida no final da campanha de 1987/88, o médio-ala acompanharia os “Tricolores” na estreia na 1ª divisão.
Depois de “pendurar as chuteiras” com o fim da época de 1988/89, Palhares manter-se-ia ligado à modalidade e viria a evidenciar-se como treinador das camadas jovens do Sporting, tendo conquistado diversos títulos nacionais.

1413 - TUCK

Com o percurso formativo feito, em exclusivo, no Gil Vicente, a sua transição para o patamar sénior aconteceria, através de um empréstimo, no GD Prado. Depois dessa primeira campanha, cumprida na disputa da edição de 1988/89 da 3ª divisão, os desempenhos do médio-defensivo levá-lo-iam, no regresso a Barcelos, a fixar-se na equipa a jogar em casa no Estádio Adelino Ribeiro Novo. Não tendo conquistado um lugar como titular no conjunto orientado por Rodolfo Reis, ainda assim, João Carlos Novo de Araújo Gonçalves, popularizado no universo do desporto como Tuck, contribuiria para a subida de escalão e, na sequência da promoção, para a estreia da colectividade minhota no patamar máximo do futebol luso.
Ao assumir-se com regularidade no alinhamento inicial a partir da temporada de 1991/92, o jogador, sem ser um virtuoso, sublinhar-se-ia como um intérprete fiável, incansável e capaz de compensar algumas debilidades técnicas com a sua enorme inteligência. Mesmo ao partilhar o sector intermediário com atletas como Tueba, Cacioli, Jaime Cerqueira, Rosado ou Lito, Tuck transformar-se-ia num elemento de grande preponderância para os esquemas tácticos idealizados pelos diferentes técnicos à frente do conjunto barcelense. Essa importância, testemunhada pela regularidade das suas aparições em campo, empurrá-lo-ia para os anais do clube e as 217 partidas disputadas de “galo” ao peito, fariam do “trinco”, para além do 3º atleta mais utilizado na vida da agremiação, um dos históricos do Gil Vicente.
Após 9 épocas a jogar na equipa principal do Gil Vicente, a temporada de 1998/99 traria ao percurso profissional de Tuck um emblema diferente. A viagem do Minho até Lisboa, manteria o atleta a disputar a divisão de honra. Porém, a passagem pelo escalão secundário, que durava desde a sua última campanha ao serviço do emblema sediado em Barcelos, terminaria rapidamente e o médio-defensivo seria fulcral para a subida do Belenenses.
No regresso ao convívio com os “grandes”, o jogador manter-se-ia sob o comando de Vítor Oliveira, treinador com quem já tinha trabalhado em Barcelos. Nessa campanha de 1999/00, em jeito de curiosidade, o “trinco” voltaria também a partilhar o balneário com o antigo defesa gilista, o internacional angolano Wilson. No entanto, apesar dessas coincidências, nem só as casualidades engraçadas alimentariam o tempo passado pelo centrocampista no Restelo. Apesar dos “Azuis” há muito andarem longe das pelejas pelos lugares cimeiros das provas de maior monta, ainda assim as 7 temporadas de Tuck no Belenenses, muito para além das 183 partidas disputadas, trariam ao percurso do médio momentos importantes. Nesse sentido, o destaque iria para o 5º lugar conseguido no Campeonato Nacional de 2001/02 e a participação na Taça Intertoto do ano seguinte.
Com o final da sua carreira a acontecer com o termo da campanha de 2004/05, época em que envergaria a braçadeira de capitão dos "Azuis", Tuck, apesar de “pendurar as chuteiras”, não abandonaria a modalidade. Já com um bom percurso nas funções de treinador, feito nos escalões secundários, o antigo praticante também desempenharia outras tarefas. Como coordenador-técnico, depois da estreia no Belenenses, há que sublinhar a sua passagem, igualmente na equipa de Jorge Jesus, pelos sauditas do Al Hilal.

1412 - ZÉ DA ROCHA

Sem não conseguir apurar o percurso de Zé da Rocha correspondentes aos anos iniciais da sua carreira desportiva, foi fácil de escrutinar a porta de entrada do médio-ofensivo no futebol português.
Com a inclusão no plantel do Académico de Viseu, Zé da Rocha, natural de Cabo Verde, cumpriria a temporada de 1990/91 na Beira Alta. Na disputa da 2ª divisão, titularíssimo na equipa comandada por José Rachão, as suas exibições, ajudadas pelo 4º posto da tabela classificativa alcançado no final da mencionada época, fariam com que outros emblemas começassem a olhar para si e a aferi-lo como um bom reforço. Nesse sentido, por razão dos desempenhos portentos de técnica e a desvendar um grande entendimento do jogo, seria o primodivisionário Gil Vicente a rubricar um contrato com o atleta. Já em Barcelos, a trabalhar sob a alçada de António Oliveira, o médio-ofensivo continuaria a ser utilizado com regularidade. No entanto, com o termo da campanha de 1991/92, o jogador, de forma algo surpreendente, deixaria o emblema a jogar em casa no Estádio Adelino Ribeiro Novo e trocaria, mais uma vez, de colectividade.
Dessa feita, o destino de Zé da Rocha encaminhá-lo-ia até à “Cidade dos Estudantes”. Ao serviço da “Briosa”, retornaria às pelejas secundárias e para jogar, mais uma vez, sob a voz de comando de José Rachão. Porém, tal como ficariam caracterizados esses seus anos competitivos, a ligação à Académica de Coimbra apenas duraria uma campanha. De seguida, outros emblemas entrariam na sua senda competitiva e, num período caracterizado pela errância, suceder-se-iam no currículo do médio o Rio Ave (divisão de honra), onde voltaria a trabalhar com José Rachão, o regresso ao Gil Vicente (1ª divisão) e o Leça FC (1º divisão).
Seria a entrada, na temporada de 1995/96, na agremiação sediada no concelho de Matosinhos que acabaria por transformar grandemente o desenrolar da caminhada desportiva de Zé da Rocha. Ao fixar-se no emblema de Leça da Palmeira, o médio-ofensivo encetaria um largo intervalo de tempo em que não mudaria de colectividade. Aliás, as 7 campanhas a envergar o listado verde e branco da camisola nortenha, fariam do clube o mais representativo de todo o seu trajecto enquanto futebolista. Esses anos, com 3 épocas primodivisionárias, levariam o jogador a somar partidas suficientes para, num total a juntar às anteriores aparições entre os “grandes”, ficar registado como um dos atletas cabo-verdianos com mais jornadas disputadas no escalão máximo português.
Com o “Caso Guímaro” a castigar o Leça FC, Zé da Rocha acompanharia o clube na despromoção ao escalão secundário. Curiosamente, seria durante esse período que o centrocampista, depois de ter sido chamado anteriormente aos trabalhos da sua selecção, haveria de obter algumas internacionalizações por Cabo Verde. Posteriormente, a  entrar nos derradeiros anos como praticante profissional, o atleta ainda teria tempo para, em 2002/03, vestir a camisola do Feirense e para representar, segundo algumas fontes, o Lusitânia de Lourosa. Penso que já depois de ter “pendurado as chuteiras” e desconhecendo a altura certa, ter-se-á dado o seu regresso ao país natal. Porém, ignoro qual a sua relação que, desde essa altura, mantem com o futebol.

1411 - EDUARDO RIBEIRO

Com a formação feita com as cores do Belenenses, Eduardo Ribeiro, ainda em idade júnior, começaria por cumprir várias partidas junto das “reservas” e, pela mão do treinador Fernando Vaz, disputaria a edição de 1963/64 da Taça Ribeiro dos Reis. Contudo, apesar de ser uma forte aposta do técnico acima aludido, a entrada do espanhol Ángel Zubieta para o comando técnico dos “Azuis” viria a alterar este cenário e o jovem atleta acabaria por deixar o Restelo e prosseguiria a sua carreira com outro emblema.
Na temporada de 1964/65, com a saída do Belenenses, o atacante ingressaria no Peniche. Mesmo a disputar a 2ª divisão, as boas exibições do jogador e os golos concretizados durante essa época, levariam outros emblemas a olhar para si como um elemento bom para reforçar os seus planteis. Quem ganharia a corrida pelo avançado acabaria por ser a primodivisionária CUF, orientada por Manuel Oliveira. Com o ingresso na agremiação sediada no Lavradio a acontecer na campanha de 1965/66, Eduardo Ribeiro passaria a partilhar o balneário com nomes como Mário João, Durand, Uria ou Abalroado. Porém, o Serviço Militar Obrigatório viria a atrapalhar a sua evolução e a sua caminhada competitiva, mais uma vez, mudaria de rumo.
Após a campanha de 1966/67 cumprida, por empréstimo, com as cores do Cova da Piedade, Eduardo Ribeiro veria o seu nome inscrito no contingente militar com destino às Províncias Ultramarinas de África. Em Angola, durante as épocas de 1968 e de 1969, vestiria as cores do Sporting de Negage e paralelamente envergaria a camisola da selecção do Uíge. Já o regresso à metrópole aconteceria para a temporada de 1969/70 e de novo para ocupar um lugar no grupo de trabalho da CUF. Na Margem Sul do Rio Tejo, o jogador encontrar-se-ia com um velho conhecido dos tempos passados no Belenenses, o treinador Carlos Silva. Mesmo não tendo conseguido agarrar a titularidade de imediato, a evolução demonstrada assegurar-lhe-ia a permanência no plantel e, nesse sentido, os anos seguintes vivê-los-ia no Estádio Alfredo da Silva.
Com a CUF, onde jogaria ao lado de nomes como Manuel Fernandes, Capitão-Mor, Conhé, Vítor Pereira, Arnaldo, Castro e tantos outros ilustres do futebol luso, o atleta transformar-se-ia numa das principais peças da colectividade, no cumprimento de diversas metas. Como exemplo desses feitos, posso começar por referir o 4º lugar conseguido no final do Campeonato Nacional de 1971/72. Já a época seguinte traria ao seu currículo a Taça UEFA. Chamado a jogo por Fernando Caiado, muito mais do que participar nas eliminatórias frente ao Racing White e com os germânicos do Kaiserslautern, o avançado seria fulcral, com dois golos caseiros marcados na 2ª mão da 1ª ronda, no afastamento da mencionada equipa belga.
No que diz respeito às competições continentais, não posso deixar de mencionar as participações na Taça Intertoto, em especial na edição de 1974/75, de onde, ao lado dos seus colegas, sairia como um dos vencedores. Contudo, os números que, em definitivo, haveriam de gravar Eduardo Ribeiro como um dos grandes jogadores na história da CUF, viriam a ser as diversas temporadas realizadas pela equipa barreirense. Com um total de 12 campanhas cumpridas, divididas entre os dois períodos já referidos no texto, o atacante também acompanharia o colectivo do Lavradio, na descida ao patamar secundário. Depois de 1975/76, campanha que viria a tornar-se na derradeira temporada do Grupo Desportivo da CUF entre os “grandes” do futebol português, o avançado ainda continuaria por mais 4 anos a vestir a camisola verde e branca. Sairia em 1979/80 e para fazer mais uma época no Alferrarede.

1410 - TONI

Já com um bom percurso em Cabo Verde, com passagens pelo Amarante, Grupo Sportivo Mindelense, Santa Maria e Morabeza, António Dinis Duarte, popularizado no universo do futebol como Toni, viajaria para Portugal para, na temporada de 1989/90, representar o Vianense. Aferido como um intérprete possante, com um bom entendimento das dinâmicas de jogo e vigoroso nos lances aéreos, o ponta-de-lança, após a primeira campanha cumprida no Minho, depressa começaria a subir degraus no cenário competitivo luso. Ainda nos escalões secundários, seguir-se-ia o interesse e a mudança para o Rio Ave. Em Vila do Conde, depois da entrada no emblema da caravela em 1990/91, o avançado faria uma segunda campanha de alto nível e as suas exibições valer-lhe-iam a transferência para o Sporting de Braga e a estreia na 1ª divisão.
Apesar de ter jogado com bastante frequência na campanha de estreia pelos “Guerreiros”, a verdade é que Toni nunca conseguiria impor-se como um dos indiscutíveis do grupo de trabalho às ordens de Vítor Manuel e, com a saída deste, sob o comando de António Oliveira. Ao não ultrapassar o estatuto de suplente utilizado, o ponta-de-lança regressaria ao Rio Ave no período de 1993/94, para, na temporada seguinte, já com outros argumentos, voltar ao Estádio 1º de Maio. A partir desse momento, o atacante passaria a ser tido como um elemento importante à execução dos objectivos colectivos e ainda que com algumas intermitências durante o primeiro par de anos, as épocas subsequentes, tanto nos desafios nacionais, como nas provas organizadas pela UEFA, sublinhá-lo-iam como um dos nomes mais vezes chamado à titularidade.
Também na equipa nacional do seu país, Toni viria a assumir um papel importante. Na caminhada feita pelos “Tubarões Azuis”, um dos melhores momentos vividos pelo avançado-centro aconteceria aquando da edição de 2000 da Taça Amílcar Cabral. Orientado pelo antigo internacional português Óscar, o jogador, ao marcar 3 golos durante o desenrolar do certame, transformar-se-ia num herói para a pátria natal. De entre os remates certeiros do atleta, um mereceria especial destaque e, na final frente ao Senegal, seria dele o tento que encerraria o placard com 1-0 e selaria a vitória da nação crioula.
A entrar na veterania, Toni, com a perda de preponderância nos esquemas tácticos pensados para o Sporting de Braga, acabaria por deixar o Minho para dar seguimento à sua carreira noutro destino. Já com a temporada de 2000/01 em curso, o avançado partiria para os Açores. No arquipélago, ajudaria o Santa Clara a subir à 1ª divisão e, já no convívio dos “grandes”, a campanha de 2001/02 tornar-se-ia na última do atleta nos principais palcos do futebol luso. Em seguida, ao sair da agremiação micaelense ainda no decorrer da última época referida, o jogador entraria numa fase mais errante e, nos anos vindouros, representaria Portimonense, Feirense, Lousada, Merelinense e Caçadores das Taipas.
Com as “chuteiras penduradas” desde 2006, Toni, ao manter a ligação à modalidade, passaria a desempenhar as funções de treinador. Nessas tarefas, destaque para as suas experiências no Merelinense e no Tomarense e, depois de regressar a Cabo Verde, o trabalho realizado à frente do Juventude e do Santa Maria.