1023 - CUSTÓDIO PINTO

De entre os seus irmãos Manuel e António, Custódio seria aquele que mais conseguiria realçar a sua carreira. Antes ainda desse merecido destaque, surgiriam os primeiros passos dados no emblema da sua terra natal. Porém, o trajecto feito com o CD Montijo seria rapidamente interrompido. Alertados para a sua qualidade, os responsáveis do FC Porto dariam os passos necessários para levar o jovem atleta da Margem Sul do Rio Tejo para a “Cidade Invicta”. Com 19 anos apenas, o médio viajaria em direcção ao Norte do país e, muito mais do que vestir a camisola dos “Dragões”, tornar-se-ia numa das lendas do emblema portuense.
Tal era a habilidade que mostrava dentro de campo que, pouco tempo depois da sua chegada, já Custódio Pinto era um dos pilares da estratégia “azul e branca”. Com uma excelente técnica, um entendimento do jogo superior e uma “veia goleador” fora-de-série, o médio, logo na época de estreia haveria de conseguir um lugar no “onze” inicial. O dia 29 de Outubro de 1961, numa partida frente ao Salgueiros, marcaria o arranque não só da sua caminhada pela 1ª divisão, como o começo de muitas outras coisas só possíveis de decifrar através de algarismos. Os números que haveria de apresentar ao longo de um percurso rico em experiências, valer-lhe-iam um lugar nos anais do desporto português. Só no FC Porto, onde jogaria 10 temporadas, disputaria em todas as competições 333 partidas e concretizaria 103 golos. Contudo, as estatísticas não fazem jus ao seu valor. O centrocampista, que haveria de ser empurrado mais para a frente no campo por José Maria Pedroto, tornar-se-ia também num líder. Envergaria, por isso, a braçadeira de capitão. Nessa condição, e numa altura escassa em troféus para os lados das Antas, seria dele a honra de erguer a Taça de Portugal de 1968.
Não só com a camisola listada do FC Porto mereceria louvores. Custódio Pinto seria também um ilustre representante das cores nacionais. Pela equipa principal de Portugal, numa altura em que não eram assim tão frequentes as pelejas entre selecções, jogaria 13 partidas e marcaria 1 golo. A primeira dessas internacionalizações surgiria pela mão de José Maria Antunes. Depois desse particular frente à Suíça, disputado em Abril de 1964, o atleta passaria a constar, habitualmente, nas convocatórias do conjunto luso. Nessa senda, é impossível não fazer o registo da sua presença no Campeonato do Mundo de 1966. Em Inglaterra, chamado pelo seleccionador Manuel de Luz Afonso, seria um dos 3 atletas convocados aos “Dragões”. Ao lado de Américo e Festas, o médio faria parte dos “Magriços”. Mesmo sem nunca ter sido posto em campo pelo treinador Otto Glória, a sua importância também contribuiria para o 3º lugar alcançado no certame mundial.
Em 1971, sem nunca perder importância no seio da equipa, o atleta deixaria o FC Porto. Sem abandonar a 1ª divisão, passaria a representar o Vitória de Guimarães. No Minho encontrar-se-ia com o seu irmão Manuel. Seriam 4 as campanhas, nas quais nunca baixaria o nível exibicional. Já a temporada de 1975/76 serviria para encetar a derradeira etapa enquanto futebolista. Custódio Pinto afastar-se-ia do mais alto nível competitivo em Portugal, para abraçar outros desafios nos escalões secundários. Paços de Ferreira, Atlético de Rio Tinto e, por fim, o Oliveira do Bairro serviriam para alongar a despedida de um dos grandes nomes do desporto português.
Depois de retirado dos relvados, Custódio Pinto ainda teria algumas experiências como treinador. Passaria pelas camadas de formação do FC Porto e, como técnico principal, trilharia um pequeno percurso nos escalões secundários.

1022 - FÁBIO FELÍCIO

Ao destacar-se nas “escolas” do Farense, Fábio Felício rapidamente chegaria à categoria principal do conjunto algarvio. Porém, muito mais do que a estreia sénior ter acontecido na temporada de 1999/00, e quando só tinha a idade de júnior, o maior indicador da sua categoria viria da Federação Portuguesa de Futebol. Inicialmente convocado para os sub-17 de Portugal para, mais tarde, também vestir a camisola dos sub-18, todas essas chamadas serviriam para aferir positivamente o seu potencial.
Com o Farense na 1ª divisão, o médio, a espaços, lá ia conseguindo expor as suas qualidades. Com uma boa técnica, boa capacidade de passe e uma visão de jogo que em tudo mostrava um futuro “maestro”, a partir de certo momento também ficaria evidente que, para que conseguisse progredir na carreira, mais espaço haveria de necessitar. Sem as oportunidades a aparecerem nos “Leões” algarvios, seria a meio da temporada de 2001/02 que, para Fábio Felício, surgiria a ocasião para mudar de emblema. A transferência levá-lo-ia ao Olhanense. Nessa mudança, e ao ter dado continuidade ao seu percurso na divisão de honra, o médio acabaria por conseguir aquilo que procurava. Ao almejar mais presenças em campo, também a sua evolução mostrar-se-ia muito mais proveitosa. Dois anos passados em Olhão bastariam para que, daquele que é o escalão máximo do futebol português, novo convite surgisse. Dessa feita, a Académica erguer-se-ia para a temporada de 2003/04 como um novo desafio. Aposta ganha, pois, mesmo sem ser um dos titulares indiscutíveis da “Briosa”, a campanha vivida em Coimbra lançaria as bases para tornar o atleta numa figura primodivisionária.
Onde realmente conseguiria mostrar todo o seu valor, seria ao serviço da União de Leiria. Tendo feito parte de bons planteis, com colegas como os guarda-redes Helton e Costinha, os defesas João Paulo e Renato, os médios Fangueiro e Alhandra, ou o atacante Maciel, ainda assim Fábio Felício mereceria algum destaque. As participações na Taça Intertoto, onde os leirienses chegariam à final de 2004, porventura terão ajudado à sua promoção. Contudo, onde o médio conseguiria maior distinção acabaria por ser, sem grande surpresa, nas provas nacionais.
O destaque conseguido empurrá-lo-ia para a sua primeira aventura no estrangeiro. Numa altura em que já era internacional “B” por Portugal, Fábio Felício seria alvo da cobiça de vários emblemas. A sua escolha recairia na “La Liga” e nos bascos da Real Sociedad. Mas a temporada em Espanha não correria de feição. A meio da época de 2006/07, a da sua chegada ao país de “Nuestros Hermanos”, e sem conseguir conquistar um lugar na equipa, o médio ofensivo transferir-se-ia para a Rússia. No entanto, a nova aposta também sairia gorada. Mais uma vez, e já com as cores do Rubin Kazan, o atleta não conseguiria mostrar toda a sua habilidade. Começaria aí um périplo que sentenciaria o futebolista a alguns empréstimos. As referidas cedências levá-lo-iam ao Marítimo e, na temporada de 2008/09, aos helénicos do Asteras Tripolis.
Após deixar a Grécia, Fábio Felício voltaria em definitivo para Portugal. Todavia, o fulgor que haveria de apresentar nos anos seguintes ao do seu regresso, ficaria bem abaixo do que já tinha demonstrado no passado. Tanto no Vitória de Guimarães, como, mais tarde no Rio Ave e no Marítimo, o médio pouco seria visto em campo. Esta etapa tornar-se-ia na última feita por si na 1ª divisão. Os capítulos seguintes na sua carreira levá-lo-iam de volta a “casa”. No Algarve, já nos escalões secundários, competiria ainda pelo Portimonense, Farense, Louletano, e Almancilense, para, em 2018, pôr um ponto final no seu percurso de alta competição com as cores do Olhanense.

1021 - DINIS

Formado no Sporting e com várias presenças nos sub-18 portugueses, pelos quais jogaria o Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1974, seria já ao serviço do Olhanense que Dinis faria a sua estreia como sénior. No Algarve, e a disputar a 1ª divisão de 1974/75, o lateral-direito haveria de continuar, dessa feita nos sub-21, a representar a selecção. Contudo, e com tão auspicioso arranque, os anos seguintes manteriam o jovem desportista afastado dos palcos principais do nosso futebol.
Dinis passaria 7 anos a representar a União de Leiria. Aliás, o emblema para o qual sairia após a experiência no Sul do país, tornar-se-ia no mais representativo da sua carreira enquanto futebolista. Terá sido o mais emblemático, porém não poderei dizer que terá sido o mais grato. Bem, até posso estar a ser injusto, pois, em abono da verdade, seria o conjunto da “Cidade do Lis” que, após 4 anos no escalão secundário, voltaria a pôr o atleta no cenário primodivisionário.
Com uma efémera primeira passagem em 1979/80, e com o regresso depois de um ano na 2ª divisão, Dinis, ao tornar-se num dos incontornáveis peões das manobras da União de Leiria, conseguiria, em termos nacionais, firmar-se no mais alto nível competitivo. Na senda da 1ª divisão e com nova despromoção do conjunto leiriense, o lateral mudar-se-ia para o Sporting de Espinho. Os “Tigres”, em duas temporadas, ajudariam a alimentar o estatuto até aí conseguido e, acima de tudo, serviriam de rampa para aquela que viria a ser uma das experiências mais enriquecedoras do seu trajecto internacional.
De volta ao Algarve, dessa feita para vestir a camisola do Portimonense, Dinis acabaria por escrever o seu nome na mais bonita página da história do clube. Depois de ter ajudado ao 5º lugar conseguido na campanha de 1984/85, o lateral voltaria a ser um dos principais intérpretes nas aventuras da época seguinte. Com a qualificação para as provas europeias, o jogador seria escalonado para disputar ambas as partidas frente ao Partizan de Belgrado. Apesar da vitória caseira na 1ª mão, o conjunto orientado por Vítor Oliveira não conseguiria levar de vencida a eliminatória. Mesmo tendo sido afastados, a experiência na Taça UEFA tornar-se-ia num dos momentos de maior orgulho para o currículo do jogador.
Seria também no Algarve, e, mais uma vez, com as cores do Olhanense, que o defesa faria a transição de atleta para treinador. Nas referidas funções, o “agora” José Dinis tem tido diversas passagens por vários históricos do desporto português. Apesar de ter trilhado o seu trajecto nos escalões secundários, o técnico conta com experiências em equipas como a União de Leiria, União de Tomar, Naval 1º de Maio, Feirense, Varzim ou Sporting da Covilhã. Numa já longa carreira passada no banco de suplente, destaque ainda para os anos passados com o ASA, na 1ª divisão angolana.

1020 - BRUNO GIMÉNEZ MARIONI

Os primeiros anos como profissional no Newell’s Old Boys e uma curta passagem pelo Estudiantes, transformariam Bruno Giménez numa das grandes promessas do futebol argentino. Com essa ideia bem patente, os responsáveis do Sporting decidir-se-iam pela contratação do avançado, ao conjunto sediado em La Plata. Contudo, nada do que vinha a prometer haveria de transformar-se numa matéria de sólida consistência. Após a sua chegada a Alvalade, o extremo-esquerdo, ainda assim, conseguiria conquistar um número razoável de oportunidades. Mostrando até ser um atacante virtuoso, o que mereceria maior destaque na sua prestação seria a inconstância exibicional demonstrada durante essa campanha de 1997/98.
Pior ficaria a vida do atacante após a chegada de Mirko Jozic ao comando técnico leonino. Com o acréscimo de notícias sobre as suas azáfamas noctívagas, o treinador croata acabaria por pôr de parte o atacante. Com poucas partidas disputadas durante essa segunda campanha em Portugal, a Bruno Giménez pouco mais restaria do que dar seguimento à sua carreira noutro clube. Surgiria então o interesse do Independiente. Num negócio que acabaria por ser algo curioso, com o empresário Marcelo Simonian a ficar dono dos direitos financeiros numa futura transferência, o esquerdino acabaria por voltar ao seu país. O regresso à Argentina, em abono da verdade, faria bem ao atleta. Participando no Torneio de Clausura 2000, o atacante voltaria a exibir-se a um bom nível e, acima de tudo, recuperaria a “veia goleadora” que tanto tinha ajudado à sua promoção.
Após conseguir o 2º lugar na tabela dos Melhores Marcadores, de Espanha surgiria um novo convite. Já conhecido como Bruno Marioni, apelido adoptado em honra do seu pai e do avô paterno, o atacante abraçaria um novo projecto na “La Liga”. Com o Villarreal recém-promovido, a época de 2000/01 daria ao avançado a oportunidade de disputar o escalão máximo espanhol. Mais uma vez, as coisas não sairiam perfeitas. Ainda que distante daquilo que tinha mostrado na primeira aventura pela Europa, o jogador não conseguiria convencer unanimemente os responsáveis dos emblemas por ele representados. Alternando períodos entre a Argentina e o país de “Nuestros Hermanos”, o jogador passaria pelo Tenerife e por dois regressos ao Independiente.
Com tanta atribulação no percurso profissional, a temporada de 2003/04 traria, finalmente, alguma estabilidade ao futebolista. Tendo mudado a carreira para o México, seria ao serviço do Pumas UNAM que, de uma vez por todas, Bruno Marioni cimentaria tudo aquilo que durante anos vinha a prometer. Logo na campanha de estreia, juntaria o título de campeão no Torneio de Clausura ao 1º lugar na classificação dos Melhores Marcadores. No ano seguinte seria a vez de, na Copa Sudamericana, conseguir sagrar-se o goleador máximo. Ainda no que diz respeito a prémios individuais, o atacante não ficaria por aqui. Tendo sido transferido para o Toluca, o avançado atingiria o lugar cimeiro na tabela de golos do Torneio de apertura de 2006.
A última parte da sua caminhada como futebolista não seria desprovida de sucessos. No Boca Juniors, por onde passaria após a primeira experiência no México, ajudaria a vencer a edição de 2007 da Copa dos Libertadores. Depois, e novamente no país da América Central, as derradeiras etapas e as cores do Atlas, Pachuca e Estudiantes Tecos.
Após “pendurar as chuteiras” em 2010, ainda demoraria alguns anos para voltar à modalidade. Com tempo de sobra, o argentino passaria a dedicar-se a outra das suas paixões desportivas – “Desde pequeno que gosto de automobilismo. Sempre fui um fanático apaixonado por carros. Entretanto conheci Leonel Pernía, que é um piloto muito famoso na Argentina. Ficamos amigos e ele incentivou-me a correr”*. Mesmo a competir na Fiat Línea Competizione, o apelo do futebol seria mais forte. A partir de 2016, Bruno Marioni assumiria novas funções. Com carreira feita no México, é como treinador que agora se apresenta.

*retirado do artigo de Sérgio Pereira, publicado a 6 de Maio de 2010, em https://maisfutebol.iol.pt

1019 - ABAZAJ

Formado no Dínamo de Tirana, a rápida ascensão na equipa da capital albanesa levá-lo-ia a ser tido como uma das promessas mais valiosas do seu país. Para provar tal potencial nada melhor que a estreia na selecção principal. Com apenas 16 anos de idade, Eduard Abazaj seria chamado ao apuramento para o Mundial de 1986, onde, numa partida frente à Grécia, conseguiria a sua primeira internacionalização.
Depois dessa partida inicial, o defesa teria que esperar sensivelmente 4 anos e meio para conseguir jogar novamente pela Albânia. Pelo clube, a sua evolução corroboraria tudo aquilo que dele havia sido dito. Podendo posicionar à esquerda e no centro do sector mais recuado, Abazaj, com o passar dos jogos, conseguiria tornar-se num dos elementos mais importantes das estratégias tácticas da sua equipa. Muito mais do que a polivalência mostrada dentro de campo, o jovem atleta apresentaria outras características que aumentariam o seu valor. Aguerrido, disciplinado e com uma técnica superior a muitos da sua posição, o jogador veria o seu valor crescer.
O que também elevaria a sua cotação, seriam os títulos conquistados colectivamente. Sendo o Dínamo de Tirana uma das potências do futebol albanês, seria com alguma naturalidade que a glória chegaria ao seu trajecto. As vitória na Liga de 1985/86, na Taça de 1988/89, e, principalmente, a “dobradinha” ganha em 1989/90, acabariam por servir de incentivo a uma nova mudança. Com o antigo Bloco de Leste mais permissivo a movimentações, o Hajduk Split, na temporada de 1990/91, decidir-se-ia pela sua contratação. No emblema croata, que à data ainda concorria no contexto competitivo da Jugoslávia, conseguiria conquistar um lugar. Mais uma vez, os troféus iriam enriquecer o seu currículo. O 1º lugar em 1992, tomado naquela que viria a ser a 1ª edição da Liga croata, seria apoiado por mais 1 Taça e 2 Supertaças. Com tudo isso, o defesa estabelecer-se-ia como um dos nomes habituais nas convocatórias da selecção e uma das grandes estrelas do seu país.
O interesse de outros emblemas, e de outros campeonatos, serviriam também para asseverar o seu valor. Antes ainda da chegada a Portugal, certos registos dão-nos conta que o defesa poderá ter tido experiências noutros países. Uma curta passagem pelos austríacos do Grazer AK, segundo o que é veiculado por algumas fontes, terá sido precedida pelo “namoro” com o Benfica. Sendo fiel a referida informação, o emblema da “Luz”, depois de contratar o jogador, tê-lo-á cedido aos croatas do HNK Sibenik. Mesmo com todas essas dúvidas, o certo é que Abazaj faria a pré-temporada de 1994/95 com as “Águias”. Rezam algumas crónicas que o excesso de extracomunitários e a recusa a um casamento “arranjado” terão inviabilizado a sua continuidade nos “Encarnados”. Todavia, o jogador haveria de desmentir tais boatos – “Quando cheguei a Portugal, assinei pelo Benfica, mas não fiquei por opção própria. Tinha contrato e fui convidado a ficar, mas o Benfica tinha quatro jogadores estrangeiros e surgiu o Boavista, portanto preferi ser emprestado. Não me arrependo”*.
A boa temporada nos “Axadrezados” levaria o Manchester City a investir na sua contratação. No entanto, a passagem por Inglaterra seria curta e infrutífera. Sem hipóteses de jogar, o atleta acabaria, já a meio da temporada de 1995/96, por vestir as cores da Académica. No emblema de Coimbra, viveria os melhores anos do seu período em Portugal. Mantendo-se ao longo de 4 campanhas como titular, Abazaj ajudaria à subida da “Briosa” em 1997/98. Com o regresso à 1ª divisão, e sem nunca baixar o nível exibicional, o internacional encetaria a derradeira etapa da carreira como futebolista. Depois dos conimbricenses, tempo ainda para uma “perninha” nos “regionais” com a camisola dos Marialvas, e ainda o regresso ao seu país. No Shkumbini teria também a primeira experiência como treinador. Nas referidas funções, e já de volta ao nosso país, haveria de, igualmente, ganhar currículo. Clubes de menor monta e o trabalho com jovens marcariam essa fase. Hoje em dia, Abazaj vive um pouco desligado do desporto e, tendo fixado residência em Coimbra, gere um café.

*retirado do artigo de Vítor Hugo Alvarenga, publicado a 13/10/2008, em https://maisfutebol.iol.pt

1018 - ZACH THORNTON

Tendo chegado ao estrelato pelos Greyhounds, equipa de futebol da Universidade de Loyola, Zach Thornton, paralelamente, haveria também de praticar Lacrosse. Mesmo dividido entre os dois desportos, e já findo o capítulo académico, seria o apelo do “soccer” que levaria o guardião a tornar-se profissional. Os MetroStars, numa altura em que já era internacional “A”, abrir-lhe-iam as portas da MLS (Major League Soccer) em 1996. Contudo, seria a transferência para outro dos conjuntos da principal liga norte-americana que daria ao jovem jogador as primeiras notas de destaque. 
Com Tony Meola como principal concorrente a um lugar na baliza, e depois de poucas oportunidades ganhas ao serviço do conjunto sediado no Estado de New Jersey, a sua mudança para os Chicago Fire alteraria por completo o pragmatismo do seu, ainda curto, percurso profissional. Em Illinois, mesmo tendo Jorge Campos como colega de balneário, Zach Thornton conseguiria vingar no “onze” inicial. Logo em 1998, época da sua chegada, o currículo do guardião ficaria colorido pelos primeiros títulos. As vitórias na MLS Cup e na US Open Cup acabariam sublinhadas pela presença no jogo “All-Stars” e, principalmente, pela conquista do Prémio de guarda-redes do ano. 
Mantendo-se ao serviço do mesmo emblema, os anos seguintes continuariam a trazer troféus ao seu caminho. Com novas vitórias na US Open Cup em 2000 e 2003 e a conquista do MLS Supporters Shield de 2003, Zach Thornton lograria ver a sua fama crescer. Como resultado dessa evolução, na carreira do futebolista abrir-se-iam as portas a uma novidade. Tendo sido orientado por Daniel Gaspar na selecção olímpica do seu país, seria o treinador de guarda-redes, à altura a trabalhar no Benfica, que aconselharia a sua contratação. Tendo afirmado, na altura de rubricar o contrato que “O meu objectivo é ajudar o clube a manter a tradição, pois sei que já venceram vários campeonatos e que já foram campeões europeus”*, o guardião teria a oportunidade de fazer parte do plantel que venceria a Taça de Portugal de 2003/04. 
Em abono da verdade, Zach Thornton não chegaria a jogar pela equipa principal “encarnada”. Faria apenas umas partidas pelos “bb” do Benfica e, não vendo accionada a cláusula que prolongaria a sua ligação às “Águias”, partiria para a América do Norte. O regresso aos Chicago Fire, porém, tornar-se-ia igualmente penoso. Não tendo disputado qualquer desafio em 2004, só na temporada seguinte é que o guarda-redes voltaria a competir.  
Passando, desde aí, a ser escalonado com regularidade, 2007 transformar-se-ia em ano para nova mudança. Colorado Rapids e New York Red Bulls tornar-se-iam no “intermezzo” para a sua ligação com os Chivas USA. Naquela que acabaria por tornar-se na última equipa enquanto jogador, o guardião, ao voltar a vencer em 2009 o Prémio de Melhor Guarda-Redes do ano, conseguiria recuperar a glória individual. 
O final da temporada de 2011 representaria também o fim da sua carreira enquanto futebolista. Ainda assim, ficaria ligado à modalidade, mas como técnico. Nas funções de treinador de guarda-redes, Zach Thornton haveria de começar pela sua antiga universidade para, em 2015, passar a fazer parte dos quadros do DC United.
 
*Retirado do artigo de Irene Palma, publicado a 1 de Fevereiro de 2004, em https://maisfutebol.iol.pt/

1017 - MÁRIO JORGE

Seria com o Estoril Praia, emblema onde terminaria o seu percurso formativo, que Mário Jorge daria os primeiros passos como sénior. Depois de alguns anos no escalão secundário, a subida do clube da Linha de Cascais ao patamar máximo do futebol português acabaria por pôr o jogador numa posição de destaque. Com Fernando Santos a confiar ao atleta um lugar no “onze” inicial, a sua evolução levá-lo-ia, em primeiro lugar, às convocatórias dos sub-21 de Portugal. Depois da selecção, e no final dessa temporada de 1991/92, viria o desfio de um dos “3 grandes” e a transferência para o Benfica.
Na “Luz”, o médio, que poderia colocar-se no centro ou na direita do sector intermediário, ver-se-ia confrontado com uma forte concorrência. Como colegas de posição, Mário Jorge acabaria por partilhar o balneário com nomes como Kulkov, Paulo Sousa, Hêrnani, Vítor Paneira ou até Schwarz. Tamanho rol de craques tornariam a sua passagem pelos “Encarnados” num autêntico deserto exibicional. Sem conseguir qualquer oportunidade para entrar em campo, a solução encontrada para a sua carreira seria a mais óbvia. Nesse sentido, e no final da campanha em que tinha entrado para o clube, a sua dispensa levá-lo-ia até ao Estrela da Amadora.
Na Reboleira começaria por trabalhar com João Alves. Seria, no entanto, com a chegada do seu antigo treinador no Estoril Praia que Mário Jorge voltaria a merecer um destaque especial. Mantendo-se como titular e como uma das principais figuras do Estrela da Amadora, o rescaldo da temporada de 1994/95 voltaria a pôr o médio na rota de um desafio maior. Porém, e tal como tinha acontecido na passagem pelas “Águias”, a sua experiência no outro lado da 2ª Circular traria os mesmos resultados. Aliás, o tempo passado em Alvalade seria menor do que aquele vivido com as cores do Benfica. Sem conseguir convencer Carlos Queiroz a dar-lhe um lugar no plantel leonino, o centrocampista, semanas após a sua chegada, acabaria emprestado ao Marítimo.
Depois dos “Insulares”, o regresso ao Estrela da Amadora dar-se-ia em 1996/97 e com a bênção, mais uma vez, de Fernando Santos. Curiosamente, as duas campanhas realizadas pelos da Linha de Sintra lançariam Mário Jorge para outro desafio. Dessa feita no estrangeiro, o convite surgiria do Leganés, que, à altura, disputava o 2º escalão espanhol. Alegando, motivos familiares, o retorno a Portugal materializar-se-ia um ano depois. O Campomaiorense abrir-lhe-ia as portas, para que voltasse ao nosso Campeonato. Nos alentejanos cumpriria as últimas campanhas no patamar máximo, completando, no fim dessas 2 épocas, 9 temporadas na 1ª divisão.
Antes ainda de começar a dedicar-se às tarefas de treinador, Mário Jorge representaria outros emblemas. Imortal e Abrantes, intercalados pela experiência nos canadianos Vancouver Whitecaps, serviriam para dar mais cor ao seu percurso. Numa fase seguinte, e quando já exercia a profissão de técnico de forma exclusiva, o centrocampista ainda teria tempo para uma “perninha” no 9 Abril de Trajouce. A orientar equipas de futebol, o antigo praticante construiria um currículo feito em conjuntos amadores. Destaque também para a sua passagem pelo desporto feminino e pelo 1º Dezembro, onde daria o seu contributo para a vitória em 2 Campeonatos Nacionais.

1016 - KOSTOV

Chegaria ao Sporting para temporada de 1982/83 e já como um jogador consagrado no país natal. Com uma carreira cimentada no Slavia de Sófia, onde chegaria a ostentar a braçadeira de capitão, também na selecção búlgara marcaria presença por diversas vezes.  Tendo subido à categoria principal do emblema da capital ainda na primeira metade da década de 70, o médio haveria de merecer o seu lugar no grupo de trabalho. Nisso de conquistas, mesmo sem ter conseguido alcançar o título de campeão nacional, Kostov embelezaria o seu currículo com a vitória nas edições da Taça da Bulgária de 1975 e 1980. A equipa nacional também chegaria à sua carreira durante esse período. Com a estreia a acontecer em Novembro de 1974, o centrocampista lograria vestir a camisola da sua pátria por mais 14 vezes.
Já a sua passagem pelo Sporting, muito mais do que falada pelo aspecto desportivo, acabaria envolta em polémica. No sentido de contornar a restrição imposta ao número de estrangeiros em cada plantel, Kostov e Bukovac, chegados na mesma altura e ambos via Slavia de Sófia, acabariam por obter a cidadania portuguesa através de casamentos, diz-se, “arranjados” pelos próprios dirigentes leoninos.
Voltando ao rectângulo de jogo, o médio acabaria por impor-se com alguma naturalidade. Sendo um atleta que, para além da capacidade física, também mostrava uma certa habilidade com a bola nos pés, António Oliveira e, mais tarde, Jozef Venglos não hesitariam em inscrevê-lo no “onze” inicial. Pior seria aquando da saída do treinador Checoslovaco, para a entrada do galês John Toshack. Com a antiga estrela do Liverpool aos comandos do “Leão”, o jogador acabaria por perder o espaço conquistado nas temporadas anteriores. De tal forma ficaria vetado ao estatuto de escolha secundária que, na época de 1984/85, poucas seriam as vezes que seria utilizado. Tão irrisório o número de partidas disputadas e o futebolista decidir-se-ia a cambiar de rumo. Ficaria em Lisboa, mas mudar-se-ia para o Restelo. Na bagagem ainda levaria consigo a conquista da Supertaça de 1982/83. Porém, a partir do Verão 1985, passaria a representar o Belenenses.
Mesmo estando à porta de completar 30 anos de idade, ninguém adivinharia que a sua contratação pelos da “Cruz de Cristo” antecedesse, em pouco mais de um par de anos, o fim da sua carreira profissional. Pelo Belenenses conseguiria destacar-se. Voltaria à competição ainda na campanha de 1987/88, mas, dessa feita, já com as cores do Farense. No Algarve, o fulgor mostrado dentro de campo desenvolver-se-ia apenas como uma réstia de um passado que não era assim tão longínquo. Há registos, sem que tenha conseguido confirmar tal informação, de uma passagem sua pelo Bragança! Vanio Kostov haveria de terminar o seu percurso competitivo antes da viragem para a década de 90. Todavia, continuaria ligado à modalidade. Ficaria a residir em Portugal e passaria a dedicar-se às actividades de empresário desportivo.

1015 - AGOSTINHO OLIVEIRA

Após um treino de captação, Agostinho Oliveira acabaria por ser aceite nas “escolas” do Sporting de Braga. Faria aí todo o seu percurso formativo até que, na temporada de 1965/66, transitaria para o patamar sénior. Primeiro a jogar pelas “reservas” e, mais tarde, pela equipa principal, o defesa depressa conseguiria segurar um lugar no “onze” inicial. Porém, e apesar de ser um dos elementos mais utilizados no plantel, a titularidade assegurada logo na época de 1967/68 não faria o atleta desviar-se do outro grande objectivo da sua vida.
Paralelamente ao futebol, Agostinho Oliveira continuaria a alimentar a sua vida estudantil. Procurando conciliar as duas facetas, o defesa decidiria partir para Coimbra. Inscrever-se-ia na Faculdade de Letras e, no desporto, passaria a vestir as cores da Académica. Contudo, o percurso que tinha iniciado na temporada de 1968/69 seria interrompido pela “chamada à tropa”. Já no Curso de Oficiais do Exército, decide regressar ao Sporting de Braga. Mais tarde, voltaria a matricular-se no ensino superior. Mais uma vez, harmonizando os estudos e o futebol, o jogador completaria a Licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras do Porto.
Com a descida do Sporting de Braga ao 2º escalão no final da campanha de 1969/70, Agostinho Oliveira jamais voltaria a competir naquele que é o palco principal do futebol português. Mantendo-se fiel ao conjunto minhoto, mas tendo sempre outras actividades em paralelo, em 1974 abraçaria também o cargo de Presidente do Sindicato dos Jogadores. Pouco tempo depois e por razão dos salários em atraso rescinde com os “Guerreiros”, deixando de vez a vida de futebolista de alta-competição.
Depois do “divórcio”, só quase passada uma década é que voltaria ao futebol profissional. Na sequência da sua presença, ao lado de nomes como Jesualdo Ferreira ou Carlos Queiroz, naquele que passaria a ser o primeiro curso de treinadores leccionado em Portugal, Agostinho Oliveira é desafiado pelo Sporting de Braga para regressar ao clube. Dessa feita como Coordenador da Formação “arsenalista”, o antigo defesa iniciaria uma longa carreira dedicada à área técnica. Ainda assim, não conseguiria largar de vez os campos e, nos “regionais” continuaria a dar uns pontapés na bola.
Passados alguns anos, seria a Federação Portuguesa de Futebol a endereçar-lhe um novo convite. As camadas de formação seriam o seu destino e, num percurso com cerca de duas décadas, conseguiria fazer um trabalho de reconhecido mérito. Ganharia 3 títulos internacionais. Porém, as vitórias nos Campeonatos da Europa de sub-16 em 1996 e sub-18 em 1994 e 1999, acabariam por revelar-se insuficientes para que outras oportunidades surgissem. Chegaria por duas vezes, mas apenas como interino, ao cargo de seleccionador principal. Essas experiências, antes da chegada e depois da saída de Luiz Felipe Scolari, serviriam essencialmente para testar novos valores. Já depois de 2010, e de, como adjunto de Carlos Queiroz, ter marcado presença no Mundial disputado na África do Sul, o treinador deixaria a Federação, para abraçar novos projectos.
Sempre ligado aos mais jovens, Agostinho Oliveira teria passagens pelo Sporting de Braga e Gondomar. Aquando da sua presença na equipa dos subúrbios do Porto, mais uma experiência digna de registo. Tendo conhecimento de todo o seu saber, a Federação Chinesa de Futebol passaria a tê-lo como Conselheiro.