892 - JORGE HUMBERTO

Era ainda um aluno do liceu quando, na Académica do Mindelo, começa a dar os primeiros chutos na bola. A vontade de continuar os estudos e a ilusão de poder construir um futuro no futebol, levá-lo-ia a querer mudar-se para Coimbra. Juntamente com dois amigos, tal como ele de famílias modestas, decidem ir falar com o Governador de Cabo Verde e pedir ajuda. O auxílio chegaria na forma de bolsa que, a dividir pelos três rapazes, tinha duração de apenas 6 meses.
Mesmo com tão escasso recurso, os amigos não pensaram duas vezes. Viajam para Portugal e, aí chegados, dão forma aos seus sonhos. Todavia, para Jorge Humberto havia algo mais a perseguir. Feitas provas na “Briosa”, a velocidade que apresentava em campo, a força física e a facilidade com acertava nas balizas adversárias abrir-lhe-iam um lugar nos juniores da equipa conimbricense. Já no campo académico, a dúvida entre Engenharia e Medicina depressa desapareceria. O atleta decidir-se-ia por atacar a vida de médico e, entre os livros e as chuteiras, lá ia alinhavando o seu futuro.
Pertencendo a uma das mais brilhantes gerações da Académica de Coimbra, onde a figura do atleta-estudante era a alma da equipa, Jorge Humberto chega à primeira categoria. Maló, Manuel António, os irmãos Mário e Vítor Campos ou Artur Jorge seriam alguns dos nomes que o acompanhariam nessa aventura. Em 1956/57, Cândido de Oliveira dá-lhe a oportunidade de fazer a estreia pela equipa principal. Contudo, o azar bate-lhe à porta e a grave lesão contraída nesse jogo chega a pôr a sua carreira em causa. Recupera. Ainda volta aos juniores, mas a sua qualidade, de tão inegável que era, não o afastaria por muito mais tempo dos grandes palcos do futebol.
Já no rescaldo da temporada de 1960/61, e em plena época de exames, Jorge Humberto recebe um telefonema estranho. Do outro lado da linha, convidando-o a juntar-se ao Inter de Milão, apresentava-se o treinador Helenio Herrera. Acreditando tratar-se de uma partida, o avançado desligaria a primeira chamada. Perante a insistência de quem ligava, foi então que o jogador decide pedir que asseverassem a veracidade de tal conversa, com o envio de um telegrama. A confirmação chegaria pouco tempo depois e a surpresa daria lugar a um sentimento arrebatador.
Em Milão, para onde viajaria a fim de jogar uma partida amigável, o avançado causaria boa impressão. Os golos marcados ao Spartak assegurar-lhe-iam um lugar no meio de atletas como Sandro Mazzola, Giacinto Facchetti ou Lorenzo Buffon. Mesmo tendo características que agradavam ao já referido técnico argentino, a verdade é que a limitação de dois estrangeiros imposta pela liga italiana, influenciaria a afirmação do atacante. Com o espanhol Luis Suárez e o inglês Gerry Hitchens à sua frente, Jorge Humberto poucas oportunidades conseguiria durante a temporada passada com as cores “Nerazzurri”. Seguir-se-iam dois anos no Vicenza. Todavia, a vontade de terminar o curso de medicina sobrepor-se-ia à proposta para continuar no “calcio”, acabando o atleta por regressar a Portugal.
Depois de 2 mais épocas na Académica, a decisão de pôr um ponto final na carreira de futebolista precipitar-se-ia com o surgimento de uma grave lesão. Nesse mesmo de 1966, termina também o curso. Depois veio o destacamento para a guerra em Angola e o adiar de mais um sonho. Essa meta, a da especialização em Pediatria, conclui-la-ia passados alguns anos. Desde então, essa tem sido a sua ocupação, a qual, nos anos 80, levá-lo-ia a mudar-se para Macau.

891 - CÉSAR

Depois de um percurso juvenil em emblemas como a Sanjoanense (a de São João da Barra, Brasil!!!) ou o Americano de Campos, é neste último que César faz a transição para o patamar sénior. Apesar de representar uma colectividade amadora, as prestações dentro de campo fariam com que outros clubes começassem a reparar nas suas qualidades. Ajudado pelas vitórias colectivas nas provas locais, é o América que mais aposta na sua contratação. Em 1976, a poucos meses de completar 20 anos de idade, o avançado assina o primeiro contrato profissional e muda-se para a equipa do Estado do Rio de Janeiro.
No América a sua carreira toma proporções que poucos adivinhariam. Rapidamente consegue um lugar no “onze” inicial e os seus golos, muito mais do que as presenças na equipa titular, tornam-se de vital importância para as vitórias colectivas. Nesse sentido, e naquela que seria a 4ª temporada ao serviço do “Rubro”, César consegue sagrar-se o Melhor Marcador do “Brasileirão”. Ora, tão grande façanha abriria ao atacante muitas portas – “(…) o Flamengo queria me contratar. O Flamengo estava vendendo o Cláudio Adão para o Benfica. Mas o Cláudio Adão não tinha ido bem naquele ano no Flamengo. O Benfica, vendo que o Flamengo me queria, foi lá e me contratou, foi uma aposta. Os sócios do Benfica estavam querendo a cabeça do presidente do clube porque o Benfica tinha perdido o Campeonato Nacional para o Sporting. Só restava a Taça de Portugal para salvar o ano. A final foi entre Benfica e Porto. E eu marquei o gol do título. Ganhei até um troféu pelo feito”*.
Curiosamente, César acabaria por transformar-se num homem de golos determinantes. Depois dessa partida no Jamor em 1979/80, também no regresso ao Brasil o avançado conseguiria tentos fulcrais no destino das suas equipas. Depois de em Portugal ter ainda ajudado as “Águias” nas conquistas das “dobradinhas” de 1980/81 e 1982/83, é já com as cores do Grêmio que consegue um dos títulos mais importantes na sua carreira. Com o “Tricolor” de Porto Alegre, o avançado disputaria a edição de 1983 da Copa Libertadores da América. Naquele que seria o jogo decisivo para a atribuição do troféu, e com tudo empatado, o jogador assumiria um papel de extrema importância. Na partida da 2ª mão e com “placard” a repetir o 1-1 da primeira ronda, é o remate certeiro do atacante que, aos 77 minutos, desata o resultado.
Mesmo sendo um jogador decisivo as lesões acabariam por ser determinantes no precoce desfecho do seu percurso como futebolista. As mazelas que já trazia desde os tempos passados em Lisboa agravar-se-iam. Limitado, César começa a ponderar o fim da carreira. Ainda assim, aceita mias alguns desafios. Depois das 2 temporadas no Grêmio e de mais 1 no Palmeiras, sempre no principal escalão brasileiro, é o São Bento e o Pelotas que encerrariam essa caminhada. Para terminar, a curiosidade de no seu último emblema ter sido treinado por um velho conhecido do desporto “luso”, o técnico Luiz Felipe Scolari.

*retirado do artigo de Wesley Machado, em www.museudapelada.com

890 - SÉRGIO SANTOS

Com um faustoso percurso feito nas camadas jovens do Torreense, foi com alguma naturalidade que, em 1987/88, chegaria à categoria principal da colectividade. Com Jesualdo Ferreira a empurra-lo para a estreia, aos poucos o jovem defesa conseguiria sublinhar o seu lugar no plantel. Alcançado esse tão desejado espaço, logo na 3ª temporada como sénior já Sérgio era um dos elementos com mais chamadas a jogo. Actuando preferencialmente na direita, a titularidade conquistada na defesa dos de Torres Vedras faria dele uma das principais figuras do regresso do clube à 1ª divisão.
Curiosamente, e depois de no ano anterior ter sido um dos indiscutíveis de Manuel Cajuda, a sua estreia na 1ª divisão ficaria marcada por alguma discrição. Com o treinador a dar preferência a Nuno Damas, antigo atleta do Benfica, Sérgio acabaria por não conseguir tantas oportunidades quanto as desejadas por si. Infelizmente, também em termos colectivos a temporada de 1991/92 não correria de feição. Com o 16º posto na tabela classificativa, não restaria mais nada ao jogador do que aceitar a despromoção. Ironicamente, essa realidade devolveria o atleta ao “onze” inicial. Contudo, nem o regresso à titularidade traria grande felicidade ao lateral. Sem conseguir voltar a disputar a principal prova nacional, o jogador decidiria apostar noutras paragens.
Num capítulo que o afastaria por alguns anos do Torreense, Sérgio começaria por envergar a camisola do Nacional da Madeira. Mesmo sem alcançar a tão almejada promoção, as boas exibições realizadas ao serviço dos insulares levariam a que outros clubes pensassem na sua contratação. É então que, já com a campanha de 1995/96 a decorrer, chega da União de Leira um convite tentador. Com Vítor Manuel como treinador, a nova passagem pelo escalão máximo do futebol português ficaria, mais uma vez, muito longe do traçado. Sem conseguir afirmar-se, a solução encontrada para a sua carreira levá-lo-ia a deixar a “Cidade do Lis”. O regresso à Ilha da Madeira em 1996/97, dessa feita com as cores do Câmara de Lobos, devolvê-lo-ia à titularidade. No entanto, e sem que tal pudesse ser adivinhado, o lateral-direito ficaria para sempre afastado da 1ª divisão.
O que sobrou do seu percurso profissional entregá-lo-ia a uma casa por si bem conhecida. De volta ao Torreense, agremiação da sua cidade natal, os anos seguintes fariam dele um dos históricos do clube. Essas 9 temporadas, se somadas ao primeiro capítulo vivido no emblema de Torres Vedras, transformar-se-iam num total de 16 campanhas aí passadas. Naquela que seria uma carreira estendida para além dos 40 de idade, tempo ainda para mais uma camisola. Já a disputar os “regionais”, seria no Encarnacense que, em 2009, poria um ponto final na vida de futebolista.

889 - RUI FILIPE

Apesar de ter terminado a formação nos escalões juniores do FC Porto, só passados alguns anos é que Rui Filipe apareceria como elemento do plantel principal “Azul e Branco”. O Gil Vicente, ainda na 2ª divisão, serviria na temporada de 1986/87 para a estreia do, à altura, avançado. Nessa sua evolução, e mesmo mostrando habilidades que prometiam outras aspirações, a verdade é que a passagem por equipas de menor monta prolongar-se-ia por diversos anos. Sporting de Espinho e um regresso ao conjunto de Barcelos acabariam por completar esse ciclo de 5 campanhas.
Quando em 1991/92 o FC Porto volta a apostar no atleta, já Rui Filipe contava com alguma experiência no escalão máximo. Essa prática faria com que, à chegada, fosse mais fácil a sua inclusão no “onze” inicial. Com Carlos Alberto Silva aos comandos da equipa, o médio tornar-se-ia num dos elementos mais importantes do grupo. Chamado muitas vezes a entrar em campo, a regularidade com o que o seu nome aparecia nas fichas de jogo levaria a que da selecção também começassem a equacionar a sua presença. Já com algumas partidas feitas pelos sub-21 nacionais, a primeira internacionalização “A” surgiria em Maio de 1992. Convocado por Carlos Queiroz, o “amigável” frente à Itália marcaria o seu arranque com a camisola “lusa”.
Mesmo tido como um elemento importante no escalonamento dos “Dragões”, é com a chegada à “Invicta” de Bobby Robson que Rui Filipe começa a ser visto como uma das grandes estrelas da equipa. No centro do terreno, e longe do estereótipo que, por norma, ocupava essas posições, a maneira como tratava a bola torná-lo-ia num dos favoritos do treinador inglês. Naturalmente tecnicista, eram habituais os lances bonitos saídos dos seus pés. É impossível esquecer alguns dos momentos que viveria com o listado das camisolas “azuis e brancas”. Uma das jogadas inolvidáveis, seria um dos golos por si concretizados em pleno Estádio “da Luz”. Depois de sentar Michel Preud’ Homme com uma “finta de corpo”, a bola enviada para o fundo das redes “encarnadas” contribuiria para o triunfo do FC Porto na Supertaça de 1993/94.
Tragicamente, esse encontro acabaria por ser o “canto do cisne” do jogador. Expulso, o castigo aplicado a Rui Filipe acabaria por excluí-lo da 2ª jornada do Campeonato de 1993/94. Após ter marcado na primeira ronda, golo esse que seria o primeiro concretizado no ciclo do “penta”, o dia do desafio frente ao Beira-Mar tornar-se-ia num dos mais fatídicos do desporto português. Nessa manhã, o jovem futebolista despistar-se-ia ao volante do seu automóvel. Em sequência desse acidente de viação, o atleta, que passava pelo pico da carreira, acabaria por falecer.
O FC Porto venceria os aveirenses e dedicaria a vitória ao médio. A admiração que os adeptos nutriam por si, perpetuar-se-ia nas homenagens realizadas. Saudade e pesar é o que ainda se sente quando o tema das conversas é Rui Filipe. No entanto, muito mais do que o triste episódio que poria termo à sua vida, aquilo que ficou na memória dos fãs do futebol, é a de um intérprete que, para além de requinte técnico, também conseguia atrair toda a gente com o seu lado batalhador e abnegado.

888 - LUÍS FILIPE

Com a presença no escalão máximo e a chamada ao afamado Torneio de Toulon, a carreira de Luís Filipe parecia bem lançada. Com as cores “lusas”, dando mais fôlego a essa ideia de futuro sucesso, ainda marcaria um golo frente à Bélgica. No entanto, a descida do Atlético nessa temporada de 1976/77 acabaria por representar um passo atrás na progressão do jovem jogador. Muito para além de uma situação temporária, a passagem pela 2ª divisão, tornar-se-ia numa sentença muito pesada. Para o extremo, que por Portugal até tinha jogado ao lado de Fernando Gomes, os escalões secundários prolongar-se-iam na sua carreira durante anos a fio.
Já depois ter deixado a Tapadinha, Juventude de Évora, Desportivo de Chaves, Amarante e Rio Pele, seriam os emblemas que fariam parte do seu percurso como futebolista. Em nenhuma dessas colectividades conseguiria a oportunidade de voltar aos grandes palcos. Todavia, a situação alterar-se-ia com uma nova aposta. Depois de 1978/79, ao serviço do já referido emblema alentejano, ter estado perto da subida, só com a ligação ao Desportivo das Aves é que esse objectivo tornar-se-ia numa realidade.
A campanha de 1984/85, ao serviço do emblema sediado no concelho de Santo Tirso, daria novo alento à carreira do jogador. Após ajudar o seu clube a vencer a Zona Norte, Luís Filipe seria também uma das figuras na conquista do título de campeão da 2ª divisão. Esse feito daria ao clube, e também ao atleta, um lugar no escalão máximo. Na época seguinte, o ala-direito conservaria o seu lugar no “onze” inicial. Apesar da titularidade, e do peso que teria nas actuações do colectivo, as suas exibições seriam insuficientes para evitar a descida.
Com a despromoção, o atleta também acabaria afastado daquela que é a mais importante competição em Portugal. Naquilo que restou da sua carreira, esse objectivo jamais seria alcançado. As derradeiras 4 campanhas marcariam a última fase do seu percurso como futebolista. A sua carreira, já depois de representar Freamunde e Vilafranquense, terminaria no final da temporada de 1990/91.

887 - NANDINHO

Só aos 21 anos de idade é que Nandinho conseguiria ter a primeira oportunidade fora do futebol regional! No entanto, a sua qualidade destacá-lo-ia dos demais colegas. Nessa rápida progressão, bastaria apenas uma temporada mais para o extremo conseguir chegar ao nosso patamar máximo e à “camisola das quinas”.
Depois de ter passado pelo Candal e pelo Ataense, ambos nas divisões distritais da Associação de Futebol do Porto, é da 3ª divisão e do Castêlo da Maia que chega nova oportunidade. Nos “nacionais”, o rápido extremo impressionaria, não só pela velocidade, como pela técnica e habilidade dentro da área adversária. É então que o Salgueiros decide apostar nele. Logo na época de estreia, a de 1995/96, Nandinho conquista um lugar na direita do ataque do emblema de Paranhos. É também durante essa campanha que faz a sua estreia com as cores “lusas”. Convocado por Nelo Vingada e ao lado de nomes como Sérgio Conceição, Nuno Gomes ou Rui Jorge, o atacante é chamado aos sub-21 de Portugal, chegando mesmo a participar no Europeu da categoria.
Tornando-se num dos principais elementos do plantel do Salgueiros, foi natural o interesse de emblemas de outra monta na sua contratação. Após a excelente temporada de 1997/98, onde ajudaria o conjunto portuense a chegar a um auspicioso 8º lugar, o Benfica surge como o clube mais empenhado em adquirir os serviços do extremo-direito. O acordo entre as duas colectividades acabaria mesmo por surgir e Nandinho muda-se para o Estádio “da Luz”. No entanto, já em Lisboa, as expectativas criadas em seu redor acabariam por sair um pouco frustradas. Com o técnico Graeme Souness no comando das “Águias”, as oportunidades dadas ao atleta seriam poucas. Sem conseguir jogar regulamente, a solução acabaria por surgir no empréstimo ao Alverca. Nos ribatejanos, o atacante viveria um dos melhores momentos da sua carreira e numa vitória frente ao Sporting, faria um inesquecível “hat-trick”.
Mesmo tendo tido boas exibições com a camisola do Alverca, Nandinho não conseguiria assegurar um lugar no plantel benfiquista da época seguinte. Dispensado pelo treinador escocês, o jogador acabaria por rumar ao Vitória de Guimarães. A chegada ao Minho seria bem positiva para o atleta. Com muitas presenças em campo, a sua carreira parecia relançada. Contudo, a contratação de Paulo Autuori para a temporada de 2000/01, resultaria num enorme “volte-face”. Prescindido pelo treinador, o extremo começaria a treinar à parte. Só a substituição do técnico brasileiro por Augusto Inácio é que reverteria a situação… solução de pouca dura, pois no final dessa campanha o atacante por ser descartado.
Após algumas declarações polémicas, em que acusaria o clube vimaranense de ingratidão, a sua dispensa acabaria numa campanha inteira sem jogar. Findo esse calvário, atleta e clube lá chegariam a um acordo para, amigavelmente, pôr fim à união que os ligava. Já perto dos 30, Nandinho assina pelo Gil Vicente, acabando o emblema de Barcelos por tornar-se no mais representativo do seu percurso profissional. Os 4 anos e meio ao serviço dos “Galos” acabariam por anteceder o derradeiro capítulo da sua carreira. A segunda metade da temporada de 2006/07, passada no Leixões, marcaria o fim da sua vida como futebolista.
Depois de deixar os relvados, Nandinho encetaria o seu percurso como treinador. Nessas funções começaria por orientar os juniores do Gil Vicente, passando em 2015/16 para a equipa principal. Conta também com uma passagem pelo Famalicão.

886 - DANRLEY

Inspirado pelo tio Beto, também ele guarda-redes do Grêmio de Porto Alegre, Danrley entra para as escolas do clube. Terminada a sua formação, é já em 1993 que o guardião faz a estreia pela equipa principal. Com Luíz Felipe Scolari como treinador, o jovem atleta ganha um lugar de destaque no “onze” inicial. Quase automaticamente, e numa altura em que os do Rio Grande do Sul começavam a dar cartas na conquista de troféus nacionais e continentais, os títulos passam a entrar no seu palmarés. Logo nos primeiros anos da carreira, ao lado de como Mário Jardel (Sporting e FC Porto), Carlos Miguel (Sporting), Cristiano (Beira-Mar e Benfica) ou Paulo Nunes (Benfica), o jogador venceria 3 “Estaduais” Gaúchos, a Copa do Brasil de 1994, o “Brasileirão” de 1996, a Copa dos Libertadores de 1995 e a Recopa sul-americana de 1996.
A evolução que demonstrava, rápida, faria com que a federação escolhesse o seu nome para integrar as comitivas brasileiras em diferentes certames. Atingidas as finais da Copa América de 1995 e da Golden Cup de 1996, outro dos grandes momentos na sua carreira viria com a chamada aos Jogos Olímpicos de Atlanta. Conquistada a Medalha de Bronze, vencida na goleada imposta a Portugal (5-0), a carreira de Danrley prosseguiria de “vento em popa”. É verdade que nunca chegaria a assumir o papel de titular no “Escrete”. Já em sentido contrário, no clube tornar-se-ia indiscutível no escalonamento do “onze” inicial. Aliás, as largas centenas de partidas disputadas e os títulos ganhos durante as 10 temporadas ao serviço dos “Tricolores”, permitiriam que o guardião entrasse tanto no coração dos adeptos, tal como para a história do clube.
Outra das características do jogador sempre foi o seu lado irascível. Por razão dessa maneira de ser, Danrley haveria de saltar inúmeras vezes para as capas dos jornais. As contendas que, durante os anos como profissional, teria com adeptos, árbitros, adversários, treinadores e, inclusive, com colegas de equipa alimentariam regularmente os periódicos. Por razão dessa atitude, e numa altura em que desportivamente a sua hegemonia começava a ficar ameaçada, o guarda-redes decide continuiar ao seu percurso noutros emblemas. Finda a ligação com o Grêmio, o jogador daria início a um período um tanto ao quanto errático. Depois de uma experiência pouco conseguida com o Fluminense, a passagem pelo Atlético Mineiro até deixava adivinhar uma fase mais estável. Puro engano! Logo em 2006, mais uma vez ao lado de Mário Jardel, o internacional “canarinho” é apresentado como um dos principais reforços do Beira-Mar. A sua estadia em Portugal pouco duraria e, logo na abertura do “Mercado de Inverno”, o atleta acertaria a rescisão de contrato com o emblema aveirense.
O resto da sua caminhada pelos “campos da bola” dar-se-ia após o regresso ao seu país. Após terminar a carreira em 2009, o antigo futebolista decidiria afastar-se da modalidade para dar corpo aos seus ensejos políticos. Primeiro pelo Partido Trabalhista e, depois, nas listas do Partido Social Democrata, Danrley tem sido eleito e assumido as tarefas de Deputado Federal, representando o Estado do Rio Grande do Sul.

885 - CHICO GORDO

Nascido num contexto modesto, foi nas ruas do Lobito que começou a dar os primeiros pontapés na bola. Bem depressa, os responsáveis do FC Lobito, filial do FC Porto em Angola, percebem que naquele rapaz estava um grande tesouro. Ingressa, ainda adolescente, no emblema da terra que o viu nascer. Contudo, a ligação não duraria assim tanto tempo, pois, da “Cidade Invicta”, houve quem perguntasse por ele. Sem tempo para desperdiçar, seria com 16 anos que Chico Gordo deixaria o seu país, para passra a jogar pelas “escolas” do emblema portuense.
O desafio que tinha pela frente, mesmo estando afastado do conforto do lar, jamais intimidaria o avançado. Continuou a fazer aquilo que melhor sabia. Os golos surgiam em catadupa e, nessa progressão, também da selecção haveriam de chamá-lo a jogo. Com as cores dos juniores portugueses, Chico Gordo faria algumas partidas. Claro está que, toda essa projecção teria repercussões no seu estatuto dentro do clube. Com José Maria Pedroto aos comandos do “Dragão”, o ponta-de-lança seria intimado a integrar os trabalhos da equipa principal.
É na época de 1968/69 que faz a estreia na primeira categoria. Ainda assim, a vida de “Azul e Branco” não seria fácil. Com atletas mais experientes a tomarem a dianteira por um lugar no “onze”, só na temporada seguinte é que conseguiria mais oportunidades. Depois, sem sair da 1ª divisão, viria a passagem pelo Tirsense. Contudo, e numa altura em que estava a conseguir conquistar o seu espaço no futebol profissional, o serviço militar viria estragar-lhe todos esses objectivos. Em seguida viria o destacamento para Angola e, mesmo tendo vestido as cores do FC Moxito, a ida para um cenário de guerra embargar-lhe-ia o evoluir da carreira.
Só em 1974 é que Chico Gordo, livre das obrigações para com o exército, volta a Portugal. Já depois de ter conseguido sagrar-se campeão angolano, é no Lusitânia de Lourosa que encontra novo abrigo. Começa por jogar nos campos da 2ª divisão, mas o regresso ao escalão maior do nosso futebol aconteceria num “piscar de olhos”. Um ano após ingressar na equipa do concelho de Santa Maria da Feira, é do Sporting de Braga que surge novo convite. Nos “Guerreiros” o seu impacto é imediato e, logo na temporada de 1975/76, o avançado surge como um dos principais elementos da equipa minhota.
Nos anos vindouros manter-se-ia como titular. Com um “faro” tremendo, Chico Gordo conseguia superar algumas limitações técnicas com um sentido posicional de excelência. O avançado parecia adivinhar onde a bola ia cair e, com o esférico em sua posse, a simplicidade com que executava os remates era mais uma das suas armas. Todas as temporadas, os seus golos tomavam uma importância suprema no desempenho da equipa bracarense. Seria com ele no plantel que o Sporting de Braga chegaria à final da Taça de Portugal de 1976/77. Depois, logo na época seguinte, ocorreria algo nunca visto na história do clube. O 4º posto no Campeonato, com o atacante a ser uma das principais figuras do conjunto, daria aos “Arsenalistas” a qualificação para as competições europeias.
No plano pessoal, tal como no colectivo, as coisas saiam bem ao atleta. Apesar de nunca ter conseguido sagrar-se o Melhor Marcador em Portugal, na época de 1977/78, sendo apenas ultrapassado por Fernando Gomes, Chico Gordo ficaria lá bem perto. Todavia, e como tudo na vida, também para o avançado o seu percurso como futebolista entraria no plano descendente. Depois de 5 temporadas ao serviço do Sporting de Braga, durante as quais conseguiria tornar-se no goleador máximo da equipa no Campeonato, o jogador opta por prosseguir no Vitória de Setúbal. Nas margens do Sado, ainda que longe dos anos dourados da sua carreira, os seus golos seriam cruciais. Depois viriam os escalões secundários e passagens por Beira-Mar, AD Guarda e Macedo de Cavaleiros.

CROMOS PEDIDOS 2018

E aí vão 8… bem, ainda faltam alguns dias mas, a 18 deste mês o “Cromo sem caderneta” completa mais um ciclo de existência. Assim sendo, e com tem sido habitual durante estes anos, não há melhor maneira para comemorar um aniversário do que dar a palavra aos nossos leitores. Ora, por essa razão, Junho será feito com as solicitações que nos vão chegando, num mês todo ele dedicado aos “Cromos Pedidos”.