1317 - ANTÓNIO GARRIDO

Cresceria na Marinha Grande e desde muito cedo revelaria um grande entusiasmo pelo futebol. Ao juntar a sua paixão pela modalidade com a habilidade para a escrita, cedo passaria a ser colaborador do Mundo Desportivo. Curiosamente, uma das suas marcas enquanto jornalista, seriam as críticas à arbitragem, classe de quem chegou a dizer não gostar! De seguida virar-se-ia para o dirigismo e, nessas tarefas, acabaria a desempenhar funções no Marinhense.
Numa altura em que também já exercia a profissão de contabilista, deixaria o emblema referido no parágrafo anterior para abraçar as actividades da arbitragem. Com a estreia a acontecer em 1964 ainda como fiscal de linha, pouco tempo depois, numa partida entre “Os Nazarenos” e o Mirense, António Garrido encetaria o percurso como árbitro-principal. Durante essa caminhada de quase duas décadas, caracterizar-se-ia por ser um elemento com forte tendência para dialogar com os atletas e, tirando raras situações, por pouco utilizar os cartões disciplinares. Uma das excepções ocorreria com o benfiquista Artur que, como pedido de desculpas pelo comportamento que levaria à sua expulsão, acabaria a temporada a oferecer-lhe a faixa de campeão. Outra dessas escassas ocasiões passar-se-ia com um dos grandes astros do futebol mundial, Johan Cruyff. No entanto, um pouco à imagem do mencionado para defesa português, o jogador neerlandês teria a humildade de reconhecer a atitude menos própria e, no dia a seguir a ver o “vermelho”, dirigir-se-ia ao hotel onde o juiz estava hospedado para reconhecer o erro e oferecer a sua camisola.
Claro está que não foi só a faceta de mediador que levaria António Garrido a ser aferido como um dos melhores árbitros mundiais. Integrado nos quadros da FIFA a partir de 1973, tornando-se no primeiro português a ocupar tamanha posição, a prova do seu valor chegaria com a monta dos desafios em que participaria. Nos certames de maior destaque, para além da presença em 2 finais da Taça de Portugal, contaria com as chamadas à final da Taça do Clubes Campeões Europeus de 1979/80, aos Europeu de 1980 e aos Mundiais de 1978 e de 1982, onde chegou a ser apontado para arbitrar a derradeira partida do torneio disputado em Espanha – “Durante o campeonato, tudo indicava que seria o árbitro da final desde que o Brasil fosse à final (…).Acabei por me limitar a fazer o jogo do terceiro e quarto lugares. Estava em grande forma, era considerado um dos melhores, senão o melhor, árbitro mundial nessa altura. Acabei por ter azar e não ir à final”*.
Obviamente, numa carreira bem propensa a controvérsias, António Garrido acabaria envolvido em algumas polémicas. Com o dia em que incendiaram o seu carro após uma partida em Guimarães no rol dos episódios mais explosivos, também na lista de celeumas haveriam de estar as inúmeras acusações a apontá-lo como “favorito” do FC Porto. Para além de ter sido arrolado como testemunha no processo que ficaria conhecido como “Apito Dourado”, nada mais de concreto emergiria da suposta ligação entre o árbitro e o emblema nortenho. A única verdade patenteada, acabaria por ser o seu valor dentro de campo e a prová-lo, já depois de retirado, surgiriam os anos em que pela FIFA e pela UEFA trabalharia como observador e formador.

*retirado do artigo publicado em www.dn.pt, a 10/09/2014

1316 - CHRISTIAN ATSU

Descoberto nas camadas de formação da Feynoord Academy sediada no Gana, Christian Atsu chegaria a Portugal na temporada de 2009/10 e para integrar as “escolas” do FC Porto. Avaliado como uma forte promessa da modalidade, o extremo canhoto, ainda que introduzido aos trabalhos do conjunto principal, passaria 2 temporadas nos juniores dos “Azuis e Brancos”. Durante esse período, apesar de uma estampa pouco impressionante, o atacante, dono de uma velocidade estonteante, técnica apurada e até uma atitude a destapar uma ímpar valentia, rapidamente revelaria predicados suficientes para agoirar um bom futuro à sua carreira. No entanto, na altura de enfrentar os desafios seniores, o jogador, ao encarar a presença de atletas internacionais como Hulk, Silvestre Varela, Cristián Rodriguez ou Djalma acabaria por ser emprestado ao plantel de 2011/12 do Rio Ave.
No ano passado em Vila do Conde, a evolução demonstrada na sua campanha de estreia na 1ª divisão, levaria os responsáveis portistas a equacionar o regresso do avançado ao Estádio do Dragão. Depois da titularidade de “caravela” ao peito, o extremo não deixaria intimidar-se pela concorrência e rapidamente agarraria um lugar de destaque no plantel do FC Porto. Sob a alçada do treinador Vítor Pereira, Christian Atsu seria chamado à folha de jogo com franca regularidade. Nesse sentido, seria uma peça de enorme importância para estrutura táctica idealizada pelo referido técnico e um dos nomes que, na temporada de 2011/12, acabaria arrolado como vencedor da Supertaça e do Campeonato Nacional.
Tão boa aferição teria a campanha de Atsu ao serviço do FC Porto que o Chelsea acabaria por contratar o atleta. Todavia, apesar de ligado aos “Blues”, o jogador nunca chegaria a representar oficialmente o conjunto londrino. Nos anos seguintes, passaria por uma longa série de empréstimos, começando a aludida senda com as cores dos neerlandeses do Vitesse.
Curiosamente, seria após a campanha na Eredivisie que veria o seu nome na lista de convocados do Gana para o Mundial de 2014. Depois da estreia internacional numa partida pelejada, frente ao Lesoto, a 1 de Junho de 2012, o atacante, que já tinha vestido as cores do seu país na CAN 2013, mereceria a oportunidade para disputar a competição organizada no Brasil. Ainda no âmbito dos grandes certames de selecções, o avançado teria a ocasião para jogar outras 3 edições da Taça de Africa das Nações. O maior destaque emergiria com o desenrolar do torneio de 2015 onde, para além da presença na final, Atsu seria eleito o Melhor Jogador do evento realizado na Guiné-Equatorial.
No já referido trajecto de empréstimos, o jogador, em experiências de apenas 1 ano, envergaria ainda as cores do Everton, Bournemouth, Málaga e, de volta ao Reino Unido, ajudaria o Newcastle a vencer o Championship de 2016/17 e a regressar à Premier League. Nos “Magpies”, depois de contratado a título definitivo, o atleta passaria os melhores anos da carreira. Ao serviço do emblema sediado no nordeste inglês, quase sempre como um dos elementos mais utilizados do plantel, disputaria outras 4 temporadas. Finda a época de 2020/21, campanha com desempenhos modestos, o término da ligação ao “listado alvinegro” levá-lo-ia ao Médio Oriente e os sauditas do Al-Raed serviriam de interlúdio para o seu regresso à Europa. Apresentado como reforço de 2022/23 do Hatayspor, o mês de Fevereiro da mencionada campanha tornar-se-ia trágico para o internacional ganês. Por entre os milhares de assolados pela calamidade, Atsu tornar-se-ia numa das vítimas mortais dos terremotos que devastaram grandes áreas da Turquia e da Síria.

1315 - JOÃO MENDONÇA

Baptizado com o mesmo nome do pai, não seria só na identidade que João Mendonça seguiria as passadas paternas. Nesse sentido, também o futebol prenderia a sua atenção. No Sporting de Luanda, emblema fundado pelo progenitor, daria os primeiros passos na modalidade, para, ainda em idade de “formação” e a abrir caminho para os irmãos Fernando e Jorge, transitar para os “Leões” da metrópole. Já em Lisboa, findo o percurso nos “juniores”, ainda chegaria a representar, na temporada de 1949/50, as “reservas” dos “Verde e Brancos”. No entanto, num plantel com 4 dos “Cinco Violinos” no activo e com Mário Wilson nomeado como o substituto de Peyroteo, a falta de oportunidades levá-lo-ia a tentar a sorte no Alentejo.
Sempre a disputar a 2ª divisão, João Mendonça manter-se-ia até o final da campanha de 1952/53 com a camisola do Juventude de Évora. Seguir-se-ia, resultado de uma evolução francamente afirmativa, a transferência para o Vitória Futebol Clube. Sob a batuta do húngaro János Biri, dar-se-ia a estreia do avançado no escalão máximo português. Para além desse facto, nessa temporada de 1953/54, a colectividade setubalense conseguiria na Taça de Portugal trilhar uma excelente participação. Com os “Sadinos” a atingirem o derradeiro desafio da prova, o atacante seria chamado ao “onze” a entrar no Estádio Nacional. Porém, com os 2 golos do irmão Fernando a ajudar ao triunfo do Sporting por 3-2, a sua presença na final não terminaria com a conquista do almejado troféu.
Apesar de uma época positiva, João Mendonça, um ano após a entrada no Vitória acabaria por rumar ao Torreense. No emblema do Oeste a partir da temporada de 1954/55, o avançado transformar-se-ia num elemento de fulcral importância na subida da agremiação ao escalão máximo. O regresso à divisão de maior monta na campanha de 1955/56, traria à carreira do jogador a curiosidade de, pela primeira vez como sénior, partilhar o balneário com um dos seus irmãos. No término dessa época, ao lado de Fernando Mendonça e de outros colegas como os argentinos Juan Forneri ou Américo Belen, o atleta ajudaria o conjunto orientado Oscar Tellechea a chegar à final da Taça de Portugal. Infelizmente, tal como da primeira passagem pelo Jamor, o atacante veria o adversário, nesse caso o FC Porto, a superiorizar-se à sua equipa e a vencer a “Prova Rainha”.
A mudança para o Sporting de Braga na campanha de 1956/57, juntaria aos irmãos referidos no parágrafo anterior a companhia de um mais novo, o também avançado Jorge. O realce conseguido pela tríade Mendonça começaria na época de chegada ao Minho, com a promoção dos “Guerreiros” às lides primodivisionárias. Ao destacarem-se ainda mais na 1ª divisão, os três jogadores, findas as provas lusas de 1957/58, mas com as competições espanholas ainda a decorrer, veriam o Deportivo La Coruña a aliciá-los. Porém, as questões burocráticas relacionadas com o limite de estrangeiros, fariam com que João Mendonça acabasse preterido na contratação. De regresso a Portugal, o atacante voltaria a rubricar um contrato com o Vitória Futebol Clube. Em Setúbal manter-se-ia nas 2 campanhas seguintes, para, em 1960/61, passar a envergar as cores do Gil Vicente.

1314 - LEMOS

Descoberto no Ferroviário de Luanda pelo FC Porto, Lemos terminaria a formação já como atleta dos “Dragões”. Porém, apesar de ver reconhecidas as suas características como auspiciosas, o jovem atleta, na altura de arribar caminho no patamar sénior, seria emprestado ao Boavista. A entrada no plantel de 1968/69 da colectividade “axadrezada”, ainda que a disputar a 2ª divisão, resultaria numa parceria muito positiva para o jogador. A dar razão a uma louvada capacidade finalizadora, os golos de Lemos seriam de extrema importância no cumprimento dos objectivos atribuídos ao colectivo. Nesse sentido, o avançado acabaria como uma das principais figuras do regresso das “Panteras” ao degrau maior do futebol luso e, já na sequência da subida, a temporada de 1969/70, sem deixar o Bessa, tornar-se-ia na sua época de estreia no escalão máximo.
O regresso ao FC Porto aconteceria na campanha de 1970/71. Com a tarimba ganha no par de anos passados ao serviço do Boavista, o avançado rapidamente ganharia um lugar de relevo no grupo de trabalho às ordens de António Teixeira. Aliás, essa temporada, para além dos destaques vividos de “azul e branco”, Lemos mereceria a atenção dos responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol. Chamado às pelejas dos “esperanças”, a estreia com a “camisola das quinas” ocorreria a 17 de Fevereiro de 1971, num embate “particular” frente à Espanha e onde, como curiosidade, também marcaria um golo. Ainda no decorrer dessa temporada, o atacante voltaria a ser convocado aos trabalhos da referida categoria nacional e com cores portuguesas acabaria a colorir o currículo com um total de 3 internacionalizações.
Outra das histórias míticas da carreira do atleta, por certo a mais memorável, ocorreria também no desenrolar da temporada de 1970/71. Numa partida frente ao Benfica de Eusébio, Jaime Graça, Humberto Coelho, Toni, Nené ou Artur Jorge, os holofotes do jogo acabariam por incidir sobre a brilhante exibição do avançado. Naquela 18ª jornada do Campeonato Nacional, a disputa marcada para a “Cidade Invicta”, de maneira alguma terminaria segundo a maioria dos prognósticos. Numa altura em que as “Águias” tinham a hegemonia do futebol português, muito mais do que a vitória do FC Porto, o “placard” final a assinalar 4-0, com todos os golos sofridos por José Henrique a serem concretizados por Lemos, haveria de surpreender até o mais optimista adepto ”azul e branco”. O prémio para tal proeza, previamente prometido aos altifalantes do Estádio das Antas para o marcador de um “hat-trick”, seria uma enormidade de latas de tinta, electrodomésticos, um gira-discos e um televisor que, por vontade do avançado, seriam distribuídos por diferentes elementos do plantel.
Ao serviço do FC Porto, com o Serviço Militar Obrigatório a meter-se pelo meio e a levá-lo à Guiné e aos jogos com a camisola da União Desportiva Internacional de Bissau, Lemos ainda disputaria outras 3 temporadas. Com o fim da ligação aos “Dragões” a acontecer no término da campanha de 1974/75, ao saldo de 92 partidas oficiais e 47 golos concretizados pelos “Azuis e Brancos” seguir-se-iam na trajectória do avançado, Sporting de Espinho, Paredes, Sanjoanense e, num regresso à 1ª divisão, a época de 1978/79 numa passagem pelo Académico de Viseu. Para terminar a carreira, naquela que, segundo dizem, era para ser uma breve participação, surgiriam ainda os 5 anos a defender as cores do Infesta.

1313 - PEDRO

Produto das “escolas” do Estoril Praia, a temporada de 1981/82 revelaria Pedro Rodrigues como sénior dos “Canarinhos”. Com o emblema da Linha de Cascais a disputar a 1ª divisão, a pouca utilização do jovem jogador impedi-lo-ia de mostrar as suas qualidades. Ainda assim, a estreia no escalão máximo, numa altura em que Celestino Ruas já tinha substituído Jimmy Hagan no comando técnico da equipa, surgiria num embate caseiro frente ao Sporting. Porém, essa aparição à 28ª jornada do Campeonato Nacional não teria grande continuidade nas épocas seguintes e mesmo com a passagem de diferentes treinadores, a verdade é que raras seriam as ocasiões onde o médio haveria de ocupar um lugar na ficha de jogo.
Talvez sustentado na parca utilização, Pedro Rodrigues tomaria a decisão de, na campanha de 1985/86, deixar a modalidade de “11” para abraçar a variante de salão. Como atleta do Sporting, a sua passagem pelos pavilhões produziria um efeito bem diferente dos resultados até então conseguido para a sua carreira desportiva. Com a qualidade dos “Leões” bem acima da demais concorrência, o atleta arrecadaria para o palmarés pessoal a conquista da Taça da Liga, do Campeonato da Liga e do Campeonato Distrital. Curiosamente, todo o sucesso alcançado de “verde e branco” seria insuficiente para mantê-lo no clube e um ano após a chegada a Alvalade, o atleta regressaria ao Estádio António Coimbra da Mota.
De novo como elemento integrante do plantel principal do Estoril Praia, o jogador, nessa época de 1986/87, encontraria o clube a militar no escalão secundário. Nos anos seguintes, mesmo com as classificações a apontar a luta pela subida, a tão almejada ascensão acabaria por nunca acontecer. Cumpridas 3 temporadas após o regresso aos “Canarinhos”, o atleta tornaria a deixar o clube, mas, dessa feita, para aceitar o convite do Louletano, comandado pelo técnico Manuel Cajuda. Com a experiência algarvia a ser de pouca dura, finda a campanha de 1989/90, a Amoreira, mais uma vez, passaria a ser a sua morada desportiva. No entanto, o referido retorno, a dar ensejo à terceira etapa do futebolista no clube, teria um élan bem diferente. Já com Fernando Santos às rédeas da colectividade sediada no concelho de Cascais, os estorilistas, depois de conseguida a promoção, voltariam às disputas no patamar máximo do futebol português.
Espantosamente, a primodivisionária temporada de 1991/92, com Pedro a envergar a braçadeira de capitão por diversas ocasiões, tornar-se-ia na última do jogador com as cores “canarinhas”. Ao sair do Estoril Praia, o atleta não resistiria ao apelo do futsal e voltaria a envergar as cores do Sporting. Tal como da primeira experiência, o ingresso nos “Leões” encheria o seu currículo de títulos e as 4 épocas de “verde e branco” serviriam para vencer 3 Campeonatos Nacionais.
Após deixar as lides competitivas na metade final da década de 1990, Pedro Rodrigues não abandonaria o desporto. Mais uma vez ligado contratualmente ao Estoril Praia, o antigo futebolista tem tido diversas passagens pelo comando técnico de diferentes escalões do clube, inclusive à frente do conjunto principal.

1312 - JUVENAL

Depois da passagem pelos juvenis e pelos juniores do Sporting de Braga, a temporada de 1954/55, ao manter-se ao serviço do emblema sediado na “Cidade dos Arcebispos”, marcaria a subida de Juvenal ao patamar sénior. No entanto, por razões que ficaram por apurar, o jovem praticante acabaria por não continuar a representar a colectividade minhota. Aliás, para ser correcto, há que referir a segunda campanha após o fim do percurso formativo do jogador, como omissa ou, se preferirem, como o período para qual não encontrei qualquer tipo de referência feita à evolução do atleta.
Os registos para a época de 1956/57 dão conta de Juvenal como um elemento do plantel da União de Tomar. Posteriormente, com a campanha seguinte à passada com os “Nabantinos” a oferecer-nos outro hiato de incógnita génese, o regresso ao Minho levá-lo-ia a rubricar uma ligação com a Associação Desportiva “Os Limianos”. Na localidade situada no distrito de Viana do Castelo, o jogador manter-se-ia a competir por 4 temporadas consecutivas, com essa experiência a preceder o retorno à colectividade onde havia dado os primeiros passos como futebolista.
Com a entrada no Estádio 28 de Maio a acontecer na temporada de 1962/63, o atleta daria os passos iniciais para, de forma definitiva, inscrever o seu nome como um dos jogadores míticos da história do Sporting de Braga. Com o clube ainda a militar no escalão secundário, a promoção conseguida no final da campanha de 1963/64 transformar-se-ia no primeiro momento digno de registo. Porém, com os “Arsenalistas” de volta ao escalão máximo, a participação de Juvenal, sob alçada do treinador-jogador António Teixeira, ficaria muito aquém do esperado.
Curiosamente, a campanha seguinte e, acima de tudo, a chegada ao comando bracarense do argentino José Valle, mudaria radicalmente a sua importância no seio do grupo de trabalho. Ao mutar-se num dos titulares do esquema táctico idealizado pelo referido treinador sul-americano, o defesa, para além de participar em todas as jornadas referentes ao Campeonato Nacional, tornar-se-ia também numa das figuras de proa no galgar de etapas da Taça de Portugal. Na edição de 1965/66 da apelidada “Prova Rainha”, o atleta, mais do que marcar presença nas rondas eliminatórias, seria chamado a disputar a final da prova. No Estádio do Jamor, com a saída do técnico aludido no início do parágrafo a empurrar Rui Sim-Sim para as rédeas do colectivo, Juvenal seria chamado ao “onze” que, com um triunfo por 1-0 frente ao Vitória Futebol Clube, levaria para os escaparates minhotos o primeiro grande troféu da história da agremiação nortenha.
Com o brilharete conseguido na Taça de Portugal, o Sporting de Braga ver-se-ia a disputar a Taça dos Vencedores das Taças do ano seguinte. Mesmo com a perda de preponderância, resultado da contratação de Fernando Caiado para treinador, Juvenal teria a oportunidade de, ao lado da equipa, conseguir estrear-se nas provas organizadas pela UEFA. Depois de, sem a sua presença, terem sido eliminados os gregos do AEK de Atenas, o defesa acabaria chamado à peleja referente à 2ª mão da 2ª ronda. Para infelicidade do conjunto luso, o embate frente aos húngaros do Vasas Gyor ditaria a eliminação dos “Guerreiros do Minho”.
No que restaria da sua caminhada competitiva, sem abandonar os desafios primodivisionários, a carreira de Juvenal começaria a aproximar-se do fim. Sempre fiel ao Sporting de Braga e com a barreira dos 30 anos de idade bem ultrapassada, o termo da temporada de 1968/69 daria a ordem ao jogador para “pendurar as chuteiras”.

1311 - MOREIRA


Conhecido como um jovem praticante de excelsas qualidades, seria por sugestão de um colega seu no Arsenal do Alfeite que António Moreira acabaria a treinar no Sporting. Dias mais tarde, outro trabalhador da referida instituição militar levá-lo-ia a fazer testes no Benfica. Ao revelar-se como um atleta rápido e dotado de uma técnica bem acima da média, o extremo agradaria aos responsáveis pela colectividade “encarnada”. Preso entre o interesse dos rivais lisboetas, a sua paixão clubística pelas “Águias” acabaria a empurra-lo para um dos lados da disputa e, sem grandes dúvidas, levá-lo-ia a rubricar um vínculo com à agremiação sediada na Luz.
Com a entrada nas “escolas” do Benfica a acontecer em 1957, António Moreira rapidamente conseguiria distinguir-se como um dos melhores elementos das jovens equipas do clube. A aferir o seu valor, para além dos títulos colectivos, chegariam as chamadas aos patamares de formação sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Sob a égide da selecção lusa, no que agora conhecemos como o conjunto de sub-18, o atacante seria chamado à disputa do Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1960. No certame organizado na Áustria, treinado por Armando Ferreira e ao lado de Simões, Rui, Crispim, Amândio, José Carlos, Pedras, Serafim, Lourenço ou Pedro Gomes, o avançado participaria em 4 das 5 partidas discutidas por Portugal. Nessa caminhada, que terminaria com o combinado da “camisola das quinas” a conquistar o 3º lugar da prova, destaque para encontro das meias-finais, onde, apesar da derrota lusa frente à Hungria, o extremo-direito sairia fortemente louvado pelo golo marcado através de um canto directo.
Seria na temporada imediatamente a seguir ao torneio aludido no parágrafo anterior que António Moreira subiria à equipa principal do Benfica. Promovido pelo treinador húngaro Béla Guttmann, a verdade é que o jovem atleta não conseguiria conquistar muitas oportunidades. Num conjunto que, nessa época de 1960/61 viria a conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus, a presença de José Augusto no plantel vetaria o jovem intérprete a um compreensível ocaso. Ainda assim, o extremo conseguiria participar em 4 partidas a contar para a Taça de Portugal e numa jornada para o Campeonato Nacional. Aliás, a sua entrada em campo frente ao FC Porto, no jogo referente à 24ª ronda, levá-lo-ia a ser incluído no rol de atletas vencedores da mais importante prova do calendário futebolístico português.
Com o seu crescimento em mente, para a temporada de 1961/62, António Moreira, sem deixar a 1ª divisão, seria “emprestado” ao Atlético. Na colectividade do bairro de Alcântara, sob a alçada do argentino José Valle, o atacante destacar-se-ia como um dos elementos mais utilizados no “onze”. Essa regularidade, aliada a uma evolução deveras positiva, levariam os responsáveis das “Águias” a requerer o seu regresso na época seguinte. Mesmo apreciado pelo técnico Fernando Riera, o Serviço Militar Obrigatório acabaria por atrapalhar a sua afirmação. Tal seria o volte-face provocado pelo tempo passado na “tropa”, que o extremo não mais voltaria a envergar a principal camisola dos “Encarnados”. Nesse sentido, depois de desvinculado do emblema da Luz, o jogador acabaria por voltar à Margem Sul e, dessa feita, para representar os Pescadores.
Seria como atleta da agremiação da Costa da Caparica que veria o seu antigo treinador José Valle a endereçar-lhe um convite. Já a orientar o Vitória Sport Clube, o técnico argentino integraria o extremo numa tournée feita pelos Estados Unidos da América. Como resultado dos desempenhos conseguidos na mencionada digressão, António Moreira acabaria integrado no plantel de 1964/65 dos “Conquistadores”. Porém, apesar das previsões auspiciosas saídas dessa nova ligação, o que aconteceria pouco tempo depois mudaria em definitivo o rumo da sua carreira. Num gesto impetuoso, movido pelas saudades de casa, o jogador, sem qualquer autorização dada pelo clube, tomaria a decisão de viajar para Lisboa. Desagradados com a atitude, os responsáveis pela agremiação sediada na “Cidade Berço” acabariam por castigar o atleta, afastando-o de todas as actividades desportivas. Na sequência da punição, o atacante deixaria a colectividade minhota e, por desafio de Salvador Martins, antigo internacional do Benfica, começaria a treinar com o Monte da Caparica. No entanto, sem conseguir cessar o vínculo contratual a ligá-lo aos vimaranenses, o avançado viu-se impedido de dar seguimento às actividades futebolísticas. Tal imbróglio resolver-se-ia algum tempo depois, por intermédio dos dirigentes do Almada. No emblema da Margem Sul prosseguiria a carreira, a qual, sem o fulgor de outros tempos, ainda o levaria, mais uma vez, a envergar a camisola dos Pescadores da Costa da Caparica e a do Pragalense.