839 - ZÉ ANTÓNIO


Tendo terminado a sua formação em meados da década de 90, o jovem central haveria de transitar para o plantel principal do Torreense. Não conseguindo, imediatamente, afirmar-se como titular indiscutível, o defesa logo havia de dar sinais que a sua qualidade era elevada. Tanto assim foi que, logo na sua segunda temporada como sénior, já Zé António era um dos nomes com mais presenças nas fichas de jogo do emblema do Oeste.
A partir dessa data o jogador afirmar-se-ia como um dos pilares do grupo. A importância que assumiria no seio do plantel levaria os responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol a ver nele um elemento capaz de acrescentar valor às equipas nacionais. Em Dezembro de 1997, o defesa faria a sua estreia com a “camisola das quinas”. Integrado nos S-20, e com a dupla Jesualdo Ferreira e Rui Caçador a orientar o conjunto luso, Zé António participaria em diversos torneios internacionais.
Visto como uma promessa do futebol português, rapidamente surgiram interessados na sua contratação. O FC Porto conseguiria convencer o atleta a mudar-se para o Norte do país. No entanto, a falta de espaço no plantel “Azul e Branco” levaria o jogador a vestir outras camisolas. Leça e Alverca, por empréstimo dos “Dragões”, tornar-se-iam no destino do jogador nas épocas seguintes. Todavia, as referidas cedências acabariam por não abrir as portas ao regresso ao Estádio das Antas. Gorada essa hipótese, aquilo que sobrou não foi de todo negativo. Tendo conseguido afirmar-se no principal escalão do nosso futebol, o central, daí em diante, manter-se-ia a disputar a 1ª divisão.
Varzim e Académica de Coimbra também fariam parte desse seu percurso primodivisionário. Apesar das boas prestações em todos os emblemas por onde, até então, tinha passado, seria ao serviço dos “Estudantes” que conseguiria provar que estava pronto para aspirações maiores. No Verão de 2005, acabaria por dar o “salto” que já há muito prometia. Com diversos emblemas no seu encalço, acabaria por preferir o Borussia de Mönchengladbach e mudar-se-ia para a Bundesliga.
Foi a jogar no emblema alemão que Zé António viveu a melhor fase da carreira. Atento às suas qualidades estava também o seleccionador nacional. Luíz Felipe Scolari acabaria por chamar o jogador às partidas de qualificação para o Euro 2008. Apesar da convocatória para os encontros frente ao Azerbaijão e Polónia, o central não chegaria a entrar em campo, não conseguindo, por essa razão, a tão almejada internacionalização pela principal equipa portuguesa.
Também nesse ano de 2007, acabaria por viver a amargura da despromoção. Com o Borussia de Mönchengladbach a disputar o segundo escalão da Alemanha, o defesa, por empréstimo dos germânicos, mudar-se-ia para a Turquia. Já depois dessa temporada de 2007/08 com as cores do Manisaspor, o atleta veria o emblema a alemão a chegar a um acordo para a venda do seu passe. Contudo, na transferência para o Racing de Sanatander a sorte não o acompanharia. Diversos problemas fariam com que não chegasse a jogar na “La Liga”. As divergências com o emblema da Cantábria acabariam do pior modo, com o atleta a acusar a colectividade espanhola de incumprimento contratual e consequente rescisão.
A última parte da carreira de Zé António traria o atleta de volta a Portugal. Primeiro estaria ao serviço do União de Leira. De seguida, e após um ano de interregno, o defesa acabaria por aceitar novo convite do FC Porto. Com o ressurgimento das equipas “B”, o experiente futebolista acabaria por ser contratado com o intuito de servir de exemplo e transmitir os seus conhecimentos aos jovens craques do clube.
Já depois de, em 2015, ter posto um ponto final na sua carreira como atleta, muito tem vindo à baila sobre o seu futuro na modalidade. Tendo sido veiculada uma possível ligação às “escolas” portistas, também viria a público algumas notícias sobre uma eventual entrada na equipa técnica de Jupp Heynckes, aquando da contratação deste pelo Bayern Munique (2017/18).

838 - JANITA

Janita é o reflexo do trabalho feito pelas “escolas” do Torreense. Durante alguns anos, o extremo conseguiria mostrar as suas habilidades no escalão máximo português. Curiosamente, acabaria por nunca o fazer ao serviço do emblema que o formou.
Seria pelos do Oeste, na transição da década de 70 para os anos 80, que Janita faria a estreia no patamar sénior. Manter-se-ia no clube por diversas épocas. No entanto, e durante esse período, acabaria por nunca abandonar os escalões secundários. Ainda assim, e na incapacidade do grupo alcançar a subida à 1ª divisão, as boas exibições que conseguiria rubricar haveriam de catapultar a sua carreira.
Foi então no Salgueiros que o extremo-direito conseguiria estrear-se nos palcos maiores do nosso futebol. A sua contratação por parte do emblema da cidade do Porto, apresentá-lo-ia ao convívio dos “grandes” na temporada de 1983/84. Numa época conturbada, em que os de Paranhos haveriam de contar com 3 treinadores, as prestações do atleta acabariam, de algum modo, por cooperar para o apaziguamento da instabilidade vivida durante essa campanha.
No sentido daquilo que foi o seu contributo para as prestações colectivas, e não sendo o jogador aquilo que possa designar-se como um “titular absoluto”, Janita faria parte da lista daqueles que mais presenças em campo haveriam de contar. O seu estatuto manter-se-ia inalterado nas épocas seguintes. Curiosamente, seria no ano em que mais presenças conseguiria alcançar no Campeonato Nacional que a sua ligação ao clube acabaria por conhecer o fim.
À procura de uma nova direcção, Janita voltaria ao Torreense. Todavia, e ao contrário do que seria espectável, o regresso ao clube não traria à sua carreira a estabilidade que necessitava para o seu futuro como futebolista. A partir dessa temporada de 1986/87 o atleta entraria numa senda errante. Com constantes mudanças de clubes, o atacante, daí em diante, envergaria um incontável número de diferentes camisolas. Com as cores do União da Madeira, ainda conseguiria inscrever o seu nome num plantel primodivisionário. Contudo, a sua passagem pelo Funchal pouco acrescentaria à sua caminhada e, no final da temporada de 1989/90, já estava de volta à rota habitual.
Vilafranquense, Moreirense, Mirense, Marinhense, Rio Maior e Peniche também fazem parte do seu trajecto como futebolista. O fim desse percurso aconteceria já na temporada de 1997/98 e ao serviço do Ponterrolense.

837 - NUNO DAMAS

Não sendo um atleta muito conhecido do público, a verdade é que Nuno Damas chegou a vestir a camisola de dois dos “grandes” de Portugal. O primeiro desses emblemas seria o Sporting, onde, no início dos anos 80, terminaria a sua formação. Seguir-se-ia no seu percurso, por falta de espaço em Alvalade, o Juventude de Évora. A mudança para o Alentejo, ainda que a disputar a 2ª divisão, dar-lhe-ia a oportunidade de fazer a estreia no patamar sénior. Infelizmente para o jogador, que até já tinha sido internacional s-16, pouco mais resultaria dessa experiência. Durante os anos seguintes, com passagens por Ginásio de Alcobaça e Torreense, o defesa manter-se-ia pelos patamares secundários.
Curiosamente, e depois dessa passagem pela colectividade de Torres Vedras, é noutro “grande” que Nuno Damas volta a ter uma chance no escalão máximo nacional. Após uma boa temporada na lateral direita do emblema do Oeste, o Benfica decide contratá-lo. Com Veloso como titular, as oportunidades que o jogador haveria de ter seriam poucas. Ebbe Skovdhal haveria de o usar no meio-campo. Posteriormente à estreia frente ao Vitória de Setúbal, e mesmo com a saída do treinador dinamarquês, Nuno Damas manter-se-ia como uma segunda escolha. Já com Toni ao comando dos “encarnados”, o atleta faria o seu derradeiro jogo de “Águia” ao peito.
Com a saída da “Luz” no Verão de 1988, Nuno Damas ver-se-ia afastado do escalão principal por 3 anos. O regresso seria com as cores daquele que acabaria por tornar-se no emblema mais representativo do seu percurso profissional. De volta também ao Torreense, depois de uma curta passagem pelo Varzim, o defesa consegue para o seu palmarés mais uma temporada na 1ª divisão. Mesmo com a despromoção do clube no final dessa campanha de 1991/92, a ligação manter-se-ia por mais uma época, ao fim da qual o jogador começaria um périplo por diferentes clubes nos escalões secundários. Nacional da Madeira, Peniche e Rio Maior fariam também parte dessa caminhada que, em 1999, conheceria o seu final em nova passagem pelo Ginásio de Alcobaça.

836 - JUAN FORNERI

Tendo o jogador aparecido por cá em meados dos anos 50, seria certo pensar-se que os registos sobre o seu percurso desportivo fossem mais conclusivos. No entanto, tudo aquilo que consegui apurar levou-me a uma série de dúvidas ainda maiores! A primeira: de onde surgiu Forneri? Há quem diga que, antes da sua viagem para a Europa, o médio já tinha jogado pelo Quilmes. Outros, contudo, referem-no numa senda curiosa. Nela, sem ligação a qualquer colectividade, terá andado pelo nosso país a bater de porta em porta, à procura de um novo clube. A verdade, a única que consegui confirmar, é que a primeira aparição deste argentino em Portugal remonta à temporada de 1953/54.
Foi, então, ao serviço do Juventude de Évora que Forneri disputou as primeiras partidas nos nossos campeonatos. Aqui, mais uma dúvida. Há quem o apresente como vindo de um empréstimo do FC Porto. Todavia, a fraca consistência da dita informação faz-me pensar que tal não passa de mais um erro no universo cibernauta.
Continuando… Já após cumprir essa época inicial, outros pretendentes começaram a aparecer. Sendo um atleta de excepcionais qualidades, e com os alentejanos a claudicarem nas derradeiras etapas da luta pela promoção, novo convite haveria de surgir. Com Oscar Tellechea no lugar de treinador, e havendo no balneário outros conterrâneos seus, foi fácil para os responsáveis do Torreense convencer o atleta a mudar-se para o Oeste. Em Torres Vedras assumiria um papel de tremenda importância naqueles que foram os melhores anos da colectividade. Tendo a seu lado Américo Belen e José Maria Pellejero, também eles argentinos, Forneri destacar-se-ia como um dos melhores centrocampistas a actuar em Portugal.
Bom a defender e a atacar, o atleta conseguia ocupar várias posições dentro do terreno de jogo. Essa polivalência, que o levava a ser médio interior ou médio defensivo, seria uma das grandes armas para as boas campanhas do seu clube. Muito para além de ser um titular indiscutível, seriam as suas prestações que ajudariam o Torreense a atingir a final da Taça de Portugal de 1955/56. No entanto, e depois de já ter marcado o golo que, nessa caminhada, ajudaria a eliminar o Sporting, Forneri não evitaria a derrota na derradeira partida da prova. Frente ao FC Porto, o emblema saloio não conseguiria sair do Jamor com a vitória. Dois golos de Hernâni, sem qualquer tento em resposta, fariam com os de “Azul e Branco” levassem o troféu para a “Cidade Invicta”.
Após mais algumas temporadas ao serviço do Torreense, é a partir de 1959 que o seu nome deixa de aparecer nas fichas de jogo dos nossos campeonatos. É também a partir dessa data que em Espanha surge um atleta que, mesmo com algumas diferenças no nome e ano de nascimento, muitos relatam como sendo a mesma pessoa. Contudo, Forneris Ocampo, também conhecido como Juancho Forneri, tem muitas coisas em comum com o jogador que passou em Portugal. Ambos, para além da similaridade do apelido, partilham Juan Carlos como os primeiros nomes; a posição de campo também era a mesma; e, para concluir, há ainda a muito relatada camaradagem que tinha com o antigo atleta do emblema do Oeste, José Maria Pellejero.
Ora, partindo do princípio que Forneri e Forneris Ocampo são o mesmo, então, e já depois de deixar Portugal, pode dizer-se que a carreira do médio terá continuado no sul de Espanha. No Granada, e com o referido Pellejero como companheiro no centro do terreno, o atleta abrilhantaria os campos do escalão máximo espanhol. Tendo, ainda na mesma divisão, representado o Elche, seria no Mallorca que a sua importância seria mais notada. Já um veterano, é nas Baleares que faz a transição dos relvados para o corpo técnico. Durante anos a fio ficaria ligado ao clube. Desempenharia as funções de treinador em todas as camadas; seria chamado a observar jogadores; e, inclusive, faria de roupeiro. A tamanha devoção ao emblema levá-lo-ia a figurar nos anais como um dos seus históricos. Por altura do seu falecimento em 1995, uma partida frente ao Atlético de Madrid seria disputada em sua homenagem.

835 - ANDRADE

Com uma carreira repartida por diversos emblemas, Andrade assumiria um papel de grande importância na história de algumas dessas colectividades.
Tendo, no encetar dos anos 80, terminado a formação no Sporting, a sua transição para o patamar sénior dar-se-ia distante de Alvalade. Possivelmente sem lugar no clube lisboeta, o defesa, mesmo já tendo conseguido algumas internacionalizações pelas jovens selecções portuguesas, acabaria por ir parar ao Alentejo. No Juventude de Évora daria início a um percurso que, durante algumas temporadas, o manteria a disputar a 2ª divisão. Ginásio de Alcobaça, Peniche e a primeira passagem pelo Torreense completariam a etapa inicial do seu percurso profissional.
A estadia na cidade deTorres Vedras como que daria azo à sua estreia no patamar máximo do nosso futebol. Os bons desempenhos conseguidos ao serviço do clube do Oeste levariam a que o Farense decidisse apostar na sua contratação. A temporada passada no Algarve (1986/87), mesmo tendo em conta os resultados do colectivo, reforçaria a ideia de Andrade como um atleta primodivisionário. Com os “Leões de Faro” a não conseguirem a permanência, seria então no Marítimo que o esquerdino asseguraria a continuidade na 1ª divisão.
Os 3 anos vividos no Funchal, somando-os à já referida passagem pelo emblema do Sul do país, dariam ao jogador o período mais longo passado no patamar máximo. Ainda assim, no Verão de 1990, o lateral esquerdo decide regressar ao Torreense. Ainda que de volta ao escalão secundário, Andrade acabaria por ser um dos elementos mais utilizados na campanha seguinte e, desse modo, um dos pilares da promoção à 1ª divisão. Na dita caminhada, o treinador Manuel Cajuda, entendo a importância que tinha no seio do plantel, faria dele o líder da equipa. Com a braçadeira de “capitão”, o defesa ainda acompanharia o grupo em nova descida ao escalão secundário. Já a última época disputada entre os “grandes” aconteceria bem perto do final da sua carreira. Em 1994/95, já após vestir as cores do Sporting de Espinho, é no Sporting de Braga que faz a derradeira campanha pelos palcos maiores do futebol nacional. O fim viria um par de anos depois e com a camisola do Lourinhanense.

834 - FILIPE

Por mais que queiramos o contrário, não é muito normal encontrarmos um jogador que, fora do universo dos “3 grandes”, obtenha visibilidade suficiente para conseguir vingar com a camisola de Portugal. Filipe foi uma dessas excepções.
Pertencendo às escolas do Torreense, seria ainda em júnior que o médio começaria a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções nacionais. Batalhador, mas sem deixar de mostrar alguma capacidade técnica, as qualidades de Filipe não escapariam ao “olho clínico” de Carlos Queiroz. Na construção daquela que ficaria conhecida como a “geração de ouro”, o jovem atleta seria convocado para, em 1988, participar na fase final do Euro s-18. No certame organizado na antiga Checoslováquia, o centrocampista, em jeito de prenúncio para vitórias futuras, ajudaria o nosso país a conquistar a medalha de prata.
Cerca de um ano depois, e numa altura em que já decorria a sua primeira temporada como sénior, Filipe volta a merecer a confiança de Carlos Queiroz. A aposta do seleccionador levá-lo-ia, dessa feita, a participar num dos momentos históricos do futebol “luso”. Na Arábia Saudita, fazendo parte de um grupo que tinha nomes como os de João Vieira Pinto, Paulo Sousa ou Fernando Couto, o médio participaria na maior parte dos encontros referentes à fase final do Mundial s-20 de 1989. Sendo um dos mais utilizados, a sua importância seria fulcral na progressão da jovem equipa. Já na derradeira partida do campeonato, seria chamado ao “onze” inicial e ajudaria Portugal a bater a Nigéria por 2-0.
Após a consagração como campeão mundial, aumenta o desejo de outras equipas poderem contar consigo nas suas fileiras. O Sporting acabaria por conseguir convencê-lo a assinar contrato e, no Verão de 1989, dá-se a sua transferência do emblema de Torres Vedras para Alvalade. De “Leão” ao peito, e logo à 2ª temporada, já Filipe conseguia afirmar-se como um dos nomes mais importantes no plantel. Ainda com Marinho Peres no comando ou já com Bobby Robson como treinador, o médio parecia confirmar todo o potencial mostrado até então. Curiosamente, seria a chegada de Carlos Queiroz aos de “verde e branco” que, de alguma forma, iria alterar esse seu estatuto.
Sob a alçada daquele que o tinha lançado na alta-roda do futebol nacional, e numa altura em que já contava com 3 internacionalizações “A”, Filipe começa a perder alguma preponderância na manobra da equipa leonina. No final da campanha de 1995/96, após 7 temporadas ao serviço do clube, a sua ligação ao Sporting chega ao fim. Com a Taça de Portugal de 1994/95 no currículo, o médio deixa Lisboa para seguir para a Madeira. No Marítimo daria início a uma nova fase da sua carreira que, longe do que seria espectável para um futebolista do seu gabarito, caracterizar-se-ia por constantes mudanças de clube e campanhas medíocres.
Vitória de Guimarães e Desportivo de Chaves acabariam por ser os seus últimos emblemas na 1ª divisão. Depois viriam os escalões secundários e a colectividade que, de certa maneira, viria a dar um novo rumo ao seu percurso na modalidade. Já depois de ter posto um ponto final no trajecto como atleta, seria também no Mafra que daria início à caminhada como treinador. Tendo ficado durante várias temporadas no clube saloio, e mais uma ao serviço do Real de Massamá, a experiência conseguida no desempenho das já referidas funções levá-lo-ia a outros patamares. Desde 2011 a trabalhar com a Federação Portuguesa de Futebol, Filipe têm-se destacado nas selecções jovens. Tendo passado por diversos escalões, o antigo jogador é actualmente (2017) o seleccionar dos s-18 portugueses.

833 - JORGE

Com uma carreira ligada maioritariamente ao Torreense, é curioso que a sua estreia no escalão máximo esteja associada a outro emblema. Ora, já depois de, nos regionais “alfacinhas”, ter vestido a camisola do CDUL e de, anos mais tarde, ter dado início à sua história no clube de Torres Vedras, é no centro do país que consegue estrear-se na 1ª divisão. Na Académica de Coimbra, para a temporada de 1984/85, o guardião acabaria por não lograr de muitas oportunidades. Com Marrafa a titular e ainda com o jovem Vítor Nóvoa à sua frente, Jorge acabaria por ser a 3ª escolha para os responsáveis técnicos da “Briosa”. Mesmo não sendo visto como uma prioridade no escalonamento da equipa, o guarda-redes acabaria por ter a sua chance. Num desafio referente à 2ª jornada do Campeonato Nacional, entraria ao minuto 65, numa partida que terminaria com a vitória do Sporting por 2-3.
Depois da fugaz passagem pelos “Estudantes”, voltar ao Torreense faria dele um dos históricos do clube. Esses 7 anos, passados na sua grande maioria a disputar a 2ª divisão e divisão de honra, terminaria num momento memorável para o emblema saloio. Sendo também um dos grandes pilares da campanha de promoção, o guarda-redes haveria de estar presente no regresso da colectividade aos palcos maiores do nosso futebol. No entanto, a sorte não sorriria ao atleta. Mesmo sendo tido como um dos elementos mais influentes no plantel, a prioridade de Manuel Cajuda para a baliza acabaria por ser Elísio. Mais uma vez, Jorge, que até começaria essa temporada de 1991/92 como o dono da camisola nº1, acabaria como segunda escolha e seria chamado à titularidade apenas por 4 ocasiões.
Talvez por não estar contente com a sua condição de suplente, a verdade é que, terminada a referida época primodivisionária, Jorge deixaria o Estádio Manuel Marques. Numa altura em que o seu trajecto como futebolista profissional já fazia adivinhar um fim próximo, o guarda-redes entraria numa fase de verdadeira alternância. Depois de ter assinado contrato com o Lourinhanense, ainda voltaria a defender as redes do Torreense. Essas 2 últimas temporadas no emblema do Oeste ajudariam, na soma de 3 diferentes ocasiões, a um cômputo de 11 anos ao serviço do clube. O final da sua caminhada aconteceria nos finais dos anos 90 e, com mais um regresso, após envergar as cores do já referido emblema da Lourinhã.

832 - TORREENSE

A 1 de Maio de 1917, num tempo em que o desporto estava em franca expansão em Portugal, nascee na zona Oeste uma colectividade que, durante anos a fio, iria dinamizar a prática das mais diversas modalidades. Futebol, basquetebol, atletismo ou ciclismo seriam algumas das bandeiras do, à altura, baptizado como Sport União Torreense.
Claro está que, sendo a adesão repartida por todas as modalidades, houve uma que, pela popularidade atingida durante esses anos, conseguiria chamar a atenção de mais pessoas. O “jogo da bola” rapidamente obteria uma serie de fiéis seguidores. Curiosamente, a inscrição do emblema “saloio” na Associação de Futebol de Lisboa não seria permitida. Sem a devida autorização e com o intuito de competir, os responsáveis do clube optariam por outra solução e o Torreense passaria a disputar as provas da Associação de Futebol de Leiria.
Só muitos anos após a sua fundação é que o ingresso do clube na AF Lisboa voltaria a ser equacionado. Com 7 títulos de campeão nos “regionais” leirienses, conseguidos durante as décadas de 30 e 40, a cotação do Torreense cresceria bastante. O respeito que a colectividade havia alcançado, alicerçado nas referidas conquistas, faria com que os responsáveis pelo organismo “alfacinha” avaliassem e acabassem por anuir a um novo pedido de filiação. Como é compreensível, a popularidade do clube também não parava de aumentar. As boas campanhas conseguidas nos Campeonatos Nacionais muito ajudariam a isso e acabariam por lançar o emblema na senda da divisão maior do nosso futebol.
O desfecho desse crescimento aconteceria no final de 1954/55. Já depois de na derradeira jornada dessa campanha, o clube ter conseguido assegurar a promoção, o início da época seguinte marcaria a estreia da cidade de Torres Vedras na 1ª divisão. Orientados por Oscar Tellechea e com Morais, Joaquim Fernandes ou os argentinos Forneri e Belen a ajudarem à construção de um plantel de boa qualidade, 1955/56 tornar-se-ia na melhor temporada da história do Torreense. Muito para além da 7ª posição alcançada na tabela classificativa do Campeonato Nacional, recorde repetido um ano depois, seria a participação na Taça de Portugal que levaria o conjunto às primeiras páginas dos jornais. Depois de uma caminhada irrepreensível, durante a qual eliminaria os “colossos” Sporting e Belenenses, a qualificação para a final, levá-lo-ia a defrontar o FC Porto. No Jamor, mesmo com o devido louvor pela presença, o jogo não correria de feição para o grupo “saloio” e, com 2 golos de Hernâni, os “Dragões” levariam o troféu para a cidade “Invicta”.
Para além das 4 primeiras temporadas no escalão máximo do nosso futebol, todas elas seguidas, o Estádio Manuel Marques ainda assistiria a mais algumas campanhas na 1ª divisão. O recinto do Torreense, inaugurado em 1925, seria o palco de mais embates primodivisionários nas épocas de 1964/65 e 1991/92. Como é fácil de adivinhar, essas últimas duas participações não correriam de feição e, em ambos os casos, o clube não conseguiria escapar à despromoção.
Hoje em dia (2017/18), dando seguimento a uma história maioritariamente feita nos “nacionais”, o Sport Clube União Torreense disputa o Campeonato de Portugal (3º escalão). Tendo dado passos importantes no sentido de resolver a grave crise financeira em que esteve mergulhado, o responsáveis pelo clube têm agora como principal objectivo aproximar cada vez mais a colectividade das pessoas, da cidade e da região.

CENTENÁRIOS 2017 - TORREENSE

Nunca será demais relembrar certas efemérides e, nesse sentido, os 100 anos de existência de uma colectividade nunca poderão ser esquecidos.
Este ano, naquilo que é o panorama futebolístico nacional, o Torreense atingiu essa memorável marca. É por isso que, para homenagear a fundação do clube saloio, o mês de Dezembro será dedicado aos “Centenários”.