634 - ALBERTO

Tendo terminado a sua formação nas escolas do Benfica, John Mortimore, conhecido por promover atletas como Chalana ou José Luís, chamá-lo-ia à equipa principal das “Águias”. Forte fisicamente, veloz e dotado de uma boa técnica, Alberto era seguro a defender e um verdadeiro acréscimo na hora de atacar. Essas suas características, logo na segunda temporada com sénior (1977/78), fá-lo-iam destacar-se na lateral canhota do Estádio da Luz. Curioso era também o seu lado mental. Num plantel onde os internacionais Pietra, Artur Correia ou Barros eram os nomes normalmente chamados a ocupar o lado esquerdo da defesa, o “miúdo” Alberto não se deixaria intimidar.
Esse seu atrevimento, tanto espiritual como físico, fez com, rapidamente, arrepiasse caminho como futebolista. Nessa caminhada, quem, igualmente, não deixaria de reparar nas suas características, seria Mário Wilson. Aliás, haveria de ser pela “mão” do “Velho Capitão” que Alberto chegaria à selecção nacional. Tal como no clube, a maneira como o atleta haveria de vingar com a “camisola das quinas”, surpreenderia mesmo os mais crentes nas suas habilidades. Feita a estreia em Novembro de 1978, num jogo frente à Áustria, Alberto marcaria também o seu primeiro golo por Portugal. Depois dessa brilhante exibição, o defesa seria presença habitual nas convocatórias, para a Qualificação do Euro 80.
Depois de ter ajudado a vencer o Campeonato Nacional de 1976/77, Alberto preparava-se para disputar o segundo troféu da sua carreira. Curioso, é que nessa final de 1980, o jogador, já consolidado como um dos principais trunfos “Encarnados”, granjeava, injustamente, da fama de agressivo. Esse “prestígio”, que ninguém gosta de ver associado ao seu nome, vinha de um famoso embate entre Benfica e Sporting. Esse “derby”, que ficaria para a história pelo brinco perdido de Vítor Baptista, acabaria por ter outro lance de destaque. Numa disputa de bola, Alberto encontra-se com Jordão. Dessa contenta, resultaria uma grave lesão para o avançado leonino. Contudo, muito mais do que a perna partida do atacante, quem, por conta das difamações que se seguiram, sairia do jogo com graves “mazelas”, acabaria por ser Alberto.
Ironicamente, a já referida final da Taça de Portugal daria a conhecer um instante idêntico. Desta feita, tendo como intervenientes Alberto e o portista Frasco, quem saí do Jamor para o hospital, viria a ser o lateral benfiquista. Apesar da vitória das “Águias”, o jogo haveria de marcar o resto da carreira do defesa. A partir desse momento, a vida profissional de Alberto como que se extinguiu. Às costas com uma recuperação complicada, o período de recobro parecia estender-se eternamente. Depois de parado por dois anos, Alberto volta à competição ao serviço do Boavista. No entanto, essa temporada de 1982/83 serviria apenas para confirmar que o atleta estava longe de estar recuperado.
Após mais uma paragem prolongada, é só na época de 1985/86 que Alberto volta a competir. Com a camisola do Belenenses, mormente na época seguinte à sua chegada ao Restelo, o defesa volta a ganhar algum destaque. Merece ainda duas chamadas à selecção, mas, infelizmente, a forma que o tinha notabilizado tinha-se perdido naquele fatídico jogo do Estádio Nacional. Alberto retirar-se-ia no final dessa mesma temporada. Hoje em dia, gere um pequeno negócio, na Ilha de São Vicente, Cabo Verde.

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