1146 - MÁRIO WILSON

Descoberto no Desportivo de Lourenço Marques, Mário Wilson, com Juca como companheiro de viagem, chegaria a Lisboa com 19 anos de idade. No Sporting, com a árdua tarefa de substituir Fernando Peyroteo, a época de 1949/50, a primeira de “Leão” ao peito, até nem correria mal. Atacante corpulento e de sagaz vontade, logo nessa temporada de estreia sagrar-se-ia como melhor marcador dos “verde e branco”. Já a época subsequente, ainda que com bons números, não seria tão vistosa e, mesmo ao ajudar à conquista do Campeonato Nacional, o final da campanha significaria o fim da sua passagem por Alvalade.
Com intuito de dar continuidade à vida escolar, Mário Wilson decidir-se-ia pela Académica. Sem concordar com a mudança, os dirigentes leoninos tentariam, sem resultados práticos, reverter a transferência e forçar o regresso do jogador à capital. Infrutíferas as reclamações, pois as justificações dos responsáveis sportinguistas, tendo como base o aproveitamento escolar, não serviriam propósito algum e o atleta continuaria a trilhar o seu caminho em Coimbra.
Na “Cidade dos Estudantes”, Mário Wilson partilharia residência com personalidades como Almeida Santos ou Salgado Zenha e fraternizaria com Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade ou, o também seu colega de balneário na “Briosa”, Daniel Chipenda. Tamanho convívio despertá-lo-ia para as problemáticas políticas e, participando em reuniões secretas, para as questões da soberania das colónias portuguesas. Porém, não só no aspecto pessoal a sua vida conheceria uma radical transformação. Também dentro de campo a mudança surgiria. Ao ver na sua compleição física um atributo para o desempenho de funções diferentes às quais estava habituado, passaria do ataque para ocupar posição à defesa.
Destacar-se-ia, a envergar negro das camisolas da Académica, como central. Durante 12 temporadas, sempre na 1ª divisão, defenderia com intrépido brio as cores dos “Estudantes”. Chegaria, como grande exemplo que era, a capitão de equipa e já nos últimos anos como jogador, desempenharia, em simultâneo, as funções de futebolista e de adjunto. Passaria a treinador principal, depois de um ponto final na carreira de praticante, na campanha de 1964/65. Aos comandos da “Briosa”, onde orientou nomes como Toni, Artur Jorge, os irmãos Campos, Rui Rodrigues, Manuel António, Serafim, entre outros, levaria a equipa ao histórico 2º lugar no Campeonato de 1966/67 e, ainda na mesma temporada, à final da Taça de Portugal.
Numa longa carreira, trabalharia em diversos emblemas nacionais e nos marroquinos do FAR Rabat. Seria, no entanto, com o Benfica que alcançaria os seus maiores êxitos. Com quatro passagens distintas por aquele que era o clube do seu coração, conseguiria vencer o Campeonato Nacional de 1975/76 e as Taças de Portugal de 1979/80 e 1995/96. Também a sua experiência à frente dos destinos da selecção nacional contribuiria para elevar o seu estatuto de treinador. Orientaria Portugal na Fase de Qualificação do Euro 80. No cumprimento dessas funções acabaria por viver uma das maiores polémicas da sua vida profissional. Por altura de um “particular” frente à Espanha, marcado 8 dias antes de um AC Milan – FC Porto, a contar para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, a convocatória incluiria 9 atletas dos “Azuis e Branco”. Os atletas portistas faltariam à chamada. Tal reacção daria jus a uma inflamada troca de palavras com José Maria Pedroto, acicatando uma relação que, tendo começado bem durante a passagem de ambos pela Académica, já há muito que andava bem azeda.

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