Ficará na história do futebol português como um dos melhores treinadores de sempre. Contudo, não foi só como técnico que conseguiu notabilizar-se. Já nos tempos de jogador, José Maria Pedroto conseguiu tornar-se numa figura de grande destaque. Foi no Leixões, clube no qual ingressou para jogar nos juniores, que teve a sua estreia como sénior. Na equipa de Matosinhos foi considerado como um dos jovens mais promissores da casa. Jogadas como uma tecida frente ao Académico do Porto, tornaram-no famoso. Nesse lance e após pedir a bola ao guarda-redes, driblou todos os que atravessaram o seu caminho. Ao chegar à área adversária, depois de puxar os calções para cima e de pentear o cabelo, marcou o golo de calcanhar.
Apesar de um arranque de carreira auspicioso, o Serviço Militar colocou-o em Vila Real de Santo António. De modo a não interromper a vida de futebolista, foi combinado um empréstimo para o Lusitano local. A cedência coincidiu com a época de 1949/50, temporada em que o clube algarvio disputou a 1ª divisão nacional. O Campeonato correu-lhe bem. O médio, apesar de franzino, conseguiu impor-se pela sua técnica, pelo passe certeiro e, principalmente, pela facilidade que tinha em entender e rapidamente executar o jogo. A sua prestação foi de tal maneira maravilhosa que o Belenenses depressa avançou para a sua contratação.
No Verão de 1950 e à beira de completar 22 anos, Pedroto chegou a um dos "grandes". Nos 2 anos que esteve por Lisboa, as enormes exibições levaram-no, em Paris e frente à França, à primeira internacionalização. Nesse crescer, o médio não parou de surpreender e no início da época de 1952/53 atingiu mais um marco. Transferiu-se para o FC Porto e protagonizou a mais cara transferência de sempre do futebol português. Passados 3 anos, o investimento começou a dar frutos. Em 1956, sob a batuta do brasileiro Yustrich, levou o clube a quebrar um longo jejum e ajudou a conquistar o Campeonato. Em 1959 repetiu o feito e, já treinado por Béla Guttmann, acrescentou outro título de campeão nacional ao seu palmarés.
Terminada a carreira de futebolista, em 1960 começou a orientar os juniores do FC Porto. Em 1961, à sua função no clube, acumulou a de treinador da selecção nacional para mesma categoria. Conseguiu para Portugal o primeiro título ao vencer o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Essa conquista foi a precursora de inúmeros sucessos na sua carreira. Foi técnico de muitas outras equipas. Emblemas como os da Académica de Coimbra, Leixões, Varzim, Vitória de Setúbal, Boavista, Vitória de Guimarães e, claro está, o FC Porto fizeram parte da sua vida de treinador.
Passou 3 vezes pelos destinos da equipa técnica "azul e branca". Em todos esses períodos, o seu discurso agressivo, inflamado contra o que considerava ser a promiscuidade entre a autoridade de Lisboa e os emblemas dessa cidade, deixou uma marca. Frases como: "É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes da capital"* ou "As gentes do Porto são ordeiras. Se não fossem, há muitos anos teriam recorrido à violência perante os enganos dos árbitros que têm decidido da perda de muitos campeonatos e Taças"*, ficaram célebres. Porém, nem sempre a sua maneira de reivindicar foi apreciada. Em 1980 a direcção do clube considerou insultuosa a maneira como técnico defendeu o emblema e, na sequência daquele que ficou conhecido como o "Verão Quente", Pedroto acabou despedido.
Muito para além das polémicas, as suas passagens pelo FC Porto sempre deram frutos. O clube, que não era campeão desde os tempos de Pedroto como jogador, voltou a conquistar o título. Todo o sucesso ficou relacionado com a maneira singular como sempre abordou a modalidade. Essa sua postura permitiu proteger os seus jogadores e, ao mesmo tempo, exigiu deles um comportamento exemplar - "O verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso futebol reside no simples facto de quase todos pensarmos que, quando saímos dos estádios, já não somos profissionais de futebol"*.
Terão sido as suas fortes convicções que, sobre como o país deveria ser conduzido, levou José Maria Pedroto a apoiar o PSD. Apareceu, inclusive, nas listas para a Assembleia de Constituintes em 1975 e repetiu a candidatura para Assembleia da Republica em 1976 e 1979. Todavia, e apesar de dar a cara pela causa Social-Democrata, a sua participação na política nunca foi além de lugares não elegíveis.
*retirado do artigo publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 07/01/2010
Apesar de um arranque de carreira auspicioso, o Serviço Militar colocou-o em Vila Real de Santo António. De modo a não interromper a vida de futebolista, foi combinado um empréstimo para o Lusitano local. A cedência coincidiu com a época de 1949/50, temporada em que o clube algarvio disputou a 1ª divisão nacional. O Campeonato correu-lhe bem. O médio, apesar de franzino, conseguiu impor-se pela sua técnica, pelo passe certeiro e, principalmente, pela facilidade que tinha em entender e rapidamente executar o jogo. A sua prestação foi de tal maneira maravilhosa que o Belenenses depressa avançou para a sua contratação.
No Verão de 1950 e à beira de completar 22 anos, Pedroto chegou a um dos "grandes". Nos 2 anos que esteve por Lisboa, as enormes exibições levaram-no, em Paris e frente à França, à primeira internacionalização. Nesse crescer, o médio não parou de surpreender e no início da época de 1952/53 atingiu mais um marco. Transferiu-se para o FC Porto e protagonizou a mais cara transferência de sempre do futebol português. Passados 3 anos, o investimento começou a dar frutos. Em 1956, sob a batuta do brasileiro Yustrich, levou o clube a quebrar um longo jejum e ajudou a conquistar o Campeonato. Em 1959 repetiu o feito e, já treinado por Béla Guttmann, acrescentou outro título de campeão nacional ao seu palmarés.
Terminada a carreira de futebolista, em 1960 começou a orientar os juniores do FC Porto. Em 1961, à sua função no clube, acumulou a de treinador da selecção nacional para mesma categoria. Conseguiu para Portugal o primeiro título ao vencer o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Essa conquista foi a precursora de inúmeros sucessos na sua carreira. Foi técnico de muitas outras equipas. Emblemas como os da Académica de Coimbra, Leixões, Varzim, Vitória de Setúbal, Boavista, Vitória de Guimarães e, claro está, o FC Porto fizeram parte da sua vida de treinador.
Passou 3 vezes pelos destinos da equipa técnica "azul e branca". Em todos esses períodos, o seu discurso agressivo, inflamado contra o que considerava ser a promiscuidade entre a autoridade de Lisboa e os emblemas dessa cidade, deixou uma marca. Frases como: "É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes da capital"* ou "As gentes do Porto são ordeiras. Se não fossem, há muitos anos teriam recorrido à violência perante os enganos dos árbitros que têm decidido da perda de muitos campeonatos e Taças"*, ficaram célebres. Porém, nem sempre a sua maneira de reivindicar foi apreciada. Em 1980 a direcção do clube considerou insultuosa a maneira como técnico defendeu o emblema e, na sequência daquele que ficou conhecido como o "Verão Quente", Pedroto acabou despedido.
Muito para além das polémicas, as suas passagens pelo FC Porto sempre deram frutos. O clube, que não era campeão desde os tempos de Pedroto como jogador, voltou a conquistar o título. Todo o sucesso ficou relacionado com a maneira singular como sempre abordou a modalidade. Essa sua postura permitiu proteger os seus jogadores e, ao mesmo tempo, exigiu deles um comportamento exemplar - "O verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso futebol reside no simples facto de quase todos pensarmos que, quando saímos dos estádios, já não somos profissionais de futebol"*.
Terão sido as suas fortes convicções que, sobre como o país deveria ser conduzido, levou José Maria Pedroto a apoiar o PSD. Apareceu, inclusive, nas listas para a Assembleia de Constituintes em 1975 e repetiu a candidatura para Assembleia da Republica em 1976 e 1979. Todavia, e apesar de dar a cara pela causa Social-Democrata, a sua participação na política nunca foi além de lugares não elegíveis.
*retirado do artigo publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 07/01/2010