93 - PEDROTO

Ficará na história do futebol português como um dos melhores treinadores de sempre. Contudo, não foi só como técnico que conseguiu notabilizar-se. Já nos tempos de jogador, José Maria Pedroto conseguiu tornar-se numa figura de grande destaque. Foi no Leixões, clube no qual ingressou para jogar nos juniores, que teve a sua estreia como sénior. Na equipa de Matosinhos foi considerado como um dos jovens mais promissores da casa. Jogadas como uma tecida frente ao Académico do Porto, tornaram-no famoso. Nesse lance e após pedir a bola ao guarda-redes, driblou todos os que atravessaram o seu caminho. Ao chegar à área adversária, depois de puxar os calções para cima e de pentear o cabelo, marcou o golo de calcanhar.
Apesar de um arranque de carreira auspicioso, o Serviço Militar colocou-o em Vila Real de Santo António. De modo a não interromper a vida de futebolista, foi combinado um empréstimo para o Lusitano local. A cedência coincidiu com a época de 1949/50, temporada em que o clube algarvio disputou a 1ª divisão nacional. O Campeonato correu-lhe bem. O médio, apesar de franzino, conseguiu impor-se pela sua técnica, pelo passe certeiro e, principalmente, pela facilidade que tinha em entender e rapidamente executar o jogo. A sua prestação foi de tal maneira maravilhosa que o Belenenses depressa avançou para a sua contratação.
No Verão de 1950 e à beira de completar 22 anos, Pedroto chegou a um dos "grandes". Nos 2 anos que esteve por Lisboa, as enormes exibições levaram-no, em Paris e frente à França, à primeira internacionalização. Nesse crescer, o médio não parou de surpreender e no início da época de 1952/53 atingiu mais um marco. Transferiu-se para o FC Porto e protagonizou a mais cara transferência de sempre do futebol português. Passados 3 anos, o investimento começou a dar frutos. Em 1956, sob a batuta do brasileiro Yustrich, levou o clube a quebrar um longo jejum e ajudou a conquistar o Campeonato. Em 1959 repetiu o feito e, já treinado por Béla Guttmann, acrescentou outro título de campeão nacional ao seu palmarés.
Terminada a carreira de futebolista, em 1960 começou a orientar os juniores do FC Porto. Em 1961, à sua função no clube, acumulou a de treinador da selecção nacional para mesma categoria. Conseguiu para Portugal o primeiro título ao vencer o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Essa conquista foi a precursora de inúmeros sucessos na sua carreira. Foi técnico de muitas outras equipas. Emblemas como os da Académica de Coimbra, Leixões, Varzim, Vitória de Setúbal, Boavista, Vitória de Guimarães e, claro está, o FC Porto fizeram parte da sua vida de treinador.
Passou 3 vezes pelos destinos da equipa técnica "azul e branca". Em todos esses períodos, o seu discurso agressivo, inflamado contra o que considerava ser a promiscuidade entre a autoridade de Lisboa e os emblemas dessa cidade, deixou uma marca. Frases como: "É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes da capital"* ou "As gentes do Porto são ordeiras. Se não fossem, há muitos anos teriam recorrido à violência perante os enganos dos árbitros que têm decidido da perda de muitos campeonatos e Taças"*, ficaram célebres. Porém, nem sempre a sua maneira de reivindicar foi apreciada. Em 1980 a direcção do clube considerou insultuosa a maneira como técnico defendeu o emblema e, na sequência daquele que ficou conhecido como o "Verão Quente", Pedroto acabou despedido.
Muito para além das polémicas, as suas passagens pelo FC Porto sempre deram frutos. O clube, que não era campeão desde os tempos de Pedroto como jogador, voltou a conquistar o título. Todo o sucesso ficou relacionado com a maneira singular como sempre abordou a modalidade. Essa sua postura permitiu proteger os seus jogadores e, ao mesmo tempo, exigiu deles um comportamento exemplar - "O verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso futebol reside no simples facto de quase todos pensarmos que, quando saímos dos estádios, já não somos profissionais de futebol"*.
Terão sido as suas fortes convicções que, sobre como o país deveria ser conduzido, levou José Maria Pedroto a apoiar o PSD. Apareceu, inclusive, nas listas para a Assembleia de Constituintes em 1975 e repetiu a candidatura para Assembleia da Republica em 1976 e 1979. Todavia, e apesar de dar a cara pela causa Social-Democrata, a sua participação na política nunca foi além de lugares não elegíveis.

*retirado do artigo publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 07/01/2010

92 - WEAH

Com um arranque de carreira vitorioso, George Weah acabaria por vencer vários troféus na Libéria. A “dobradinha” ao serviço do Mighty Barrolle e, já no Invincible Eleven, a repetição da vitória no Campeonato, permitiriam ao atleta preencher o seu currículo com os primeiros títulos colectivos. Nesses capítulos iniciais, seria com as cores do último clube referido que, após ter marcado 24 golos em 23 partidas, despertaria o interesse de clubes no estrangeiro. Todavia, ainda não tinha chegado a hora de partir para a Europa. Seguir-se-iam curtas passagens pelos costa-marfinenses do Africa Sports e pelos Camarões, onde seria campeão ao serviço do Tonnerre Yaoundé.
A jogar no clube camaronês, diz-se que o conselho do seleccionador daquele país, o francês Claude Le Roy, levaria Arsène Wenger a estudar as qualidades do avançado. O treinador, à altura a orientar o AS Monaco, rapidamente chegaria à conclusão que tinha encontrado uma estrela – "Weah foi uma revelação. Ele foi como o ovo de chocolate que uma criança descobre no seu jardim, no Domingo de Páscoa. Eu nunca vi outro jogador a explodir para o palco mundial como ele o fez”*.Todavia, nos 4 anos passados ao serviço dos monegascos, o atacante ganharia apenas 1 Taça de França. Decidir-se-ia, então, pela mudança para a capital gaulesa. Ao assinar pelo Paris Saint-Germain, e com as participações na “Champions”, começaria a ganhar bastante notoriedade. Com um físico poderoso e uma velocidade excepcional, os seus ataques passariam a ser tidos como uma arma mortífera e os seus golos adorados em toda a parte.
Em termos de troféus, seria em Paris que, em 1993/94, haveria de conquistar a “Ligue 1”. Na época seguinte, a última no “Parc des Princes”, ganharia o título de Melhor Marcador da Liga dos Campeões e aguçaria o apetite de outros colossos europeus. O AC Milan acabaria por ganhar essa corrida e, uma vez em Itália, Weah rapidamente confirmaria o seu estatuto de astro maior do futebol mundial. Logo na temporada de estreia, a de 1995/96, o avançado receberia uma série de louvores. Para além de ajudar a vencer a Serie A, seria também eleito o Futebolista Africano do Ano da CAF, o Melhor Jogador do Mundo da FIFA e ganharia o Ballon d’Or da France Football.
Seria ao serviço do emblema milanês que, na sua carreira desportiva, Weah atingiria o apogeu. Contudo, seria também com os “Rossoneri” que haveria de viver um episódio deveras controverso. Numa deslocação ao Estádio das Antas, Jorge Costa e o ponta-de-lança desentender-se-iam durante e após o final do jogo. Ainda no decorrer da partida, uma pisadela do defesa na mão do avançado, haveria de desencadear uma “troca de mimos”. Já no túnel de acesso aos balneários, tudo terminaria com o nariz do futebolista “azul e branco” a ser partido à cabeçada. No rescaldo da contenda, o atacante acusaria o portista de ofensas racista. Já o atleta português falaria de uma emboscada feita de forma cobarde. Como castigo pelo incidente, o internacional liberiano seria penalizado com o afastamento, por 6 partidas, das competições europeias. Curioso seria o que viria a seguir. Mesmo com a aplicação de tão dura punição, nesse ano de 1996, a FIFA galardoaria o elemento do AC Milan com o prémio “Fair Play”.
Mantendo-se em Milão até ao Verão de 2000, Weah teria tempo para ainda erguer o "Scudetto" de 1998/99. Ao deixar o “Calcio”, a carreira do avançado entraria na derradeira fase. Num périplo que, em constantes mudanças, levaria o ponta-de-lança a vestir as camisolas do Chelsea, do Manchester City e do Olympique Marseille, a sua caminhada acabaria por conhecer o fim nos Emirados Árabes Unidos e depois de representar o Al-Jazira.
Apesar de profissionalmente afastado de África, a verdade é que Weah nunca esqueceria o seu país. Muito mais do que jogar pela sua selecção, o desportista faria tudo para ajudar o seu povo. Longe da pobreza que, resultado de uma terrível guerra civil, destruiria a existência de milhares de pessoas, a estrela do futebol mundial demonstraria sempre uma vontade enorme para lutar contras as débeis condições vividas pelos seus conterrâneos. Mesmo ao participar em inúmeras iniciativas de solidariedade ou ao aceitar o papel de Embaixador da Boa-Vontade da UNESCO, o antigo avançado mostraria o desejo de contribuir ainda mais. Em 2005, o cidadão George Manneh Oppong Weah candidatar-se-ia às eleições Presidenciais da Libéria. Acabaria por perder na segunda volta, mas com a promessa de nunca desistir do sonho de, um dia, ser eleito**.

*retirado do artigo “Small countries, big names”, publicado em www.fifa.com, a 24/07/2009
**a 22 de Janeiro de 2018, depois de vencer de vencer o escrutínio de 2017, Weah tomaria posse como Presidente da Republica da Libéria

91 - TÓ ZÉ

Com passagem pela formação do Sport Lisboa e Olivais, o jovem futebolista tem a sua estreia como sénior já no Atlético. Após a descida do clube e de 2 temporadas na 2ª divisão, o aguerrido defesa-central decide aceitar o convite do seu antigo treinador no emblema de Alcântara. Sob a alçada do técnico Carlos Silva, e para abraçar um projecto de subida, vai para o Algarve no Verão de 1979 e assina um contrato com o Farense. Contudo, o plano do emblema “algarvio” acaba por sair gorado e a promoção não acontece. Ainda assim, as suas boas prestações chamam a atenção de um dos históricos do futebol português. Tó Zé regressa a Lisboa e, dessa feita, para vestir a camisola azul do Belenenses.
O primeiro ano com o emblema da "Cruz de Cristo", com Tó Zé a participar em pouco mais de metade dos jogos, não corre como o desejado. Já a época seguinte, no plano estritamente pessoal, revela-se bem mais proveitosa. O defesa consegue ser um dos atletas com mais presenças no “onze” titular. No entanto, o Campeonato de 1981/82 acaba por não correr de feição e o Belenenses, pela primeira vez na sua longa história, vê-se relegado à divisão secundária do nosso futebol.
O jogador "esquiva-se" à despromoção e ruma ao Norte, mais precisamente ao Rio Ave. Em Vila do Conde ainda começa por ser utilizado com alguma frequência, mas o regresso ao clube de Baltemar Brito e um joelho em condições débeis, impossibilitam-no de lutar por um lugar no eixo da defesa. Na segunda temporada não disputa qualquer jogo e, no final da mesma, acaba por sair. Na campanha seguinte ainda assina contrato pela Académica de Coimbra, mas as mazelas contraídas impedem-no de atingir boas prestações.
Terminada a carreira futebolística, troca a luta nos relvados pela defesa dos seus concidadãos. No Município onde reside, funda a Comissão de Utentes de Saúde do Concelho de Sintra. Nessa luta pelo povo, é também normal encontrar o seu nome, António Manuel Gonçalves Carrasco, nas listas da CDU para as Eleições Autárquicas. Assim, e com a mesma bravura que entrava em campo, Tó Zé está sempre pronto a "morder as canelas" a quem atacar os mais desfavorecidos.

90 - ALENITCHEV

Antes de chegar aos grandes da capital russa, Alenitchev, começou por jogar no SKIF-Express Velikie Luki, clube da sua terra natal e, de seguida, no Mashinostroitel Pskov. Mas em 1991, ainda antes de completar 20 anos, chegou a sua oportunidade para representar um dos maiores emblemas da Rússia. Talvez um pouco ao contrário da sua vontade, a proposta não veio do clube do seu coração, o Spartak, mas dos rivais do Lokomotiv.
Ainda assim, não virou as costas à oportunidade e acabou por assinar contrato. Apesar de estar num clube de "top", Alenitchev não chegou a conquistar qualquer troféu. Ao fim de 2 anos no clube dos "Caminhos-de-Ferro", transferiu-se, finalmente, para o Spartak. Aí sim, a sua carreira começou a mudar. Os títulos, a nível colectivo e individual, passaram a surgir. Nos anos de “vermelho” ganhou 3 Campeonatos e 2 Taças e, em 1997, terminou o ano como o Melhor Jogador do Campeonato Russo.
Tais exibições valeram-lhe, em 1998, a transferência para a AS Roma. Em Itália, durante sua época de estreia chegou a prever-se um bom futuro para o médio. No entanto, a segunda temporada no “cálcio” acabou por revelar-se um pouco desastrosa. Quase sem jogar no emblema romano, a meio da temporada viu-se cedido ao Perugia e terminou o ano tido como uma das maiores desilusões.
Foi então que chegou a vez do FC Porto. No emblema da "Cidade Invicta" entrou como uns dos mais caros reforços de sempre. Para ajudar à pressão provocada pelo valor da sua transferência, os primeiros tempos de “azul e branco” não foram os mais auspiciosos. Todavia, a entrada de José Mourinho mudou-lhe a sorte. Apesar de nem sempre conseguir ser titular, acabou por ter um papel preponderante naquela que foi uma das épocas de ouro do clube. Como testemunho dessa importância, temos o golo que marcou contra o Celtic, no 3-2 que, em Sevilha, conquistou a Taça UEFA. No ano seguinte, repetiu a proeza e, frente ao Mónaco, em Gelsenkirchen, marcou o terceiro dos "Dragões" e contribuiu para a vitória por 3-0, que deu ao emblema portuense a Liga dos Campeões.
Após o Euro 2004, realizado em Portugal, Alenitchev começou a mostrar alguma vontade em regressar ao Spartak. A direcção portista não levantou entraves e o médio russo voltou à sua capital. Aí esteve até 2006, quando uma declaração polémica contra o presidente do clube, fez com que fosse castigado. Decidiu, então, terminar a carreira e quando todos esperavam que Alenitchev continuasse ligado ao futebol, a sua vida mudou bruscamente. Filiado no Rússia Unida, partido de Vladimir Putin, foi eleito em 2007 para o Conselho da Federação do Parlamento Russo, lugar que ocupou até ao passado mês de Novembro. Por essa altura não resistiu a um convite da Federação Russa e passou a ocupar o lugar de seleccionar da equipa de sub-18.

89 - ÁGUAS

Águas ou Carlos Manuel Marta Gonçalves? Comecemos pelo primeiro! Deste Águas, jogador que acabou a formação e conseguiu estrear nos seniores da Académica de Coimbra, não pode dizer-se que tenha sido um dos maiores nomes do futebol nacional. No entanto, a importância que teve nas equipas por onde passou terá sido suficiente, pois deu-lhe o direito de figurar em diversos planteis primodivisionários.
Podia, para aparecer nesta nova entrada, ter escolhido cromos de quando Águas jogava na União de Leiria ou no Marítimo. Preferi este, pois refere-se à sua passagem pelo Académico de Viseu, onde viveu um dos mais recordados episódios da sua carreira. Estávamos a 18 de Janeiro de 1981. O jogo disputava-se no Estádio José de Alvalade. No Sporting figuravam jogadores como Manuel Fernandes, Inácio, Eurico, Jordão, entre muitos outros. Tudo estava alinhado para uma vitória, mais ou menos fácil, da equipa da casa. No entanto, o Sporting atravessava uma época desinspirada e um remate certeiro do médio direito, estragou a noite aos "Leões". Acabado o jogo, segundo contam as crónicas, foi ver o Presidente do emblema beirão, com o treinador Idalino de Almeida, às costas!
Do jogador em questão, e é para isso que aqui estamos, que mais posso contar? Ouvi dizer que a sua habilidade em fazer arrancadas com a bola bem juntinho aos pés, costumava dar muito "jeito" no ataque às áreas adversárias. Ouvi contar que muitas dessas investidas, acabavam com o jogador estatelado no chão que, desse modo, era especialista em arranjar uns valiosos penaltis!
Mas se a sua vida como jogador não terá tido muito mais a salientar, já a sua incursão pela política, tem tido algum relevo. Recordemos, então, a carreira de Carlos Manuel Marta Gonçalves! Corrijam-me se estiver errado: de 1991 a 2001 foi Deputado na Assembleia da República; de 1989 a 2001, foi Vereador da Câmara Municipal de Tondela; por fim, desde 2001, e novamente eleito nas últimas Eleições Autárquicas, tem desempenhado as funções de Presidente da Câmara Municipal de Tondela.

88 - ROMÁRIO

Estreou-se em 1985, pelo Vasco da Gama. Passados 3 anos e após ser o Melhor Marcador nos Jogos Olímpicos de Seoul, transferiu-se para um PSV acabadinho de, frente ao Benfica, conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Na Holanda, durante as 5 temporadas que esteve em Eindhoven, conseguiu a sua maior série de títulos individuais e colectivos. Nessa senda, atingiu por 4 vezes o lugar cimeiro da tabela dos Melhores Marcadores e venceu 3 Campeonatos e 2 Taças.
Claro que a sua passagem pelo PSV não foi, de todo, isenta de reboliço. Uma vez por outra, lá fazia uma das suas, ainda hoje típicas, polémicas declarações. Como exemplo posso referir o episódio em que, por razão de uma lesão no tornozelo, viu-se afastado dos relvados – "O PSV depende de mim. Todos sabem que a equipe não tem condições de jogar sem Romário"*. Ironicamente a afirmação foi feita na única temporada em que não registou qualquer conquista pela equipa holandesa.
Quem haveria de mostrar interesse na sua contratação, seria outro treinador holandês. Johan Cruijff, ao comando do FC Barcelona, apadrinharia, no Verão de 1993, a sua transferência para o emblema da Catalunha. Romário não deixaria os seus créditos por mãos alheias e terminaria a época de estreia nos “blaugrana”, como o Melhor Marcador da Liga, campeão de Espanha e vencedor da Taça do Rei. Ora, os referidos registos põe-no na lista de incontornáveis para o Mundial de 1994, realizado nos Estados Unidos da América. O torneio ganha-o! E digo-o desta forma, pois o seu peso na performance da equipa brasileira seria de tal ordem que, até Cruijff passou a admiti-lo - "Na verdade, eu estou convencido de que o Brasil não ganharia o Mundial dos Estados Unidos se ele não tivesse jogado"**.
O ano de 1994 desenhou-se de ouro para o avançado carioca. Aos títulos já referidos, juntou o de Melhor Marcador no Campeonato do Mundo e, ainda, o de Jogador do Ano para FIFA. Mas a partir daí a carreira de Romário começou a perder-se. A meio da 2ª época em Barcelona, aproveitou uma proposta do Flamengo e começou a insistir na sua transferência. O clube cedeu e o jogador voltou ao Rio de Janeiro. Nunca mais, tirando algumas excepções, Romário voltou ao que era. A sua carreira começou a caracterizar-se por constantes mudanças de clube e, pior do que isso, começou a revelar-se em exibições vistas como medíocres.
Ainda voltou a Espanha e ao Valência. Porém, as suas parcas exibições fizeram com que, mais uma vez, regressasse ao Brasil. Nos anos seguintes, entre 1998 e 2003, nas passagens pelo Flamengo, Vasco da Gama e Fluminense, ainda houve quem pensasse que o "Baixinho" estava de volta. Contudo, nem os insistentes apelos dos adeptos, convenceram Scolari a chamá-lo à selecção.
Sem conseguir ser convocado para o Mundial de 2002, os anos de ribalta na sua carreira, foram dados como extintos. Mas Romário tinha ainda uma promessa que, feita anos antes, faltava cumprir – "Tenho 22 anos e garanto que ainda vou impressionar muita gente. Podem-me cobrar. Vou chegar ao milésimo gol"***. Começou, então uma verdadeira demanda que o levou aos quatro cantos do Mundo. Passou pelo Qatar (Al-Sadd), pelos Estados Unidos da América (Miami FC) e pela Austrália (Adelaide United). No entanto, seria no Brasil, novamente ao serviço do Vasco da Gama, que, no dia 20 de Maio de 2007, e já com 41 anos, atingiria os prometidos 1000 golos.
Hoje em dia, as suas lutas são outras. Passam as mesmas, com a ajuda do futebol, por encaminhar os mais novos e tirá-los dos caminhos da marginalidade. O ano passado assumiu que esse auxílio tinha que subir de patamar. Então, candidatou-se a deputado pelo Estado do Rio de Janeiro e, ao ser eleito em sexto lugar, as suas "embaixadinhas" passaram a ser feitas em Brasília.

*retirado do artigo de Lédio Carmona, publicado em Dezembro de 2004, na revista “Placar” nº1277-A
**retirado do ficheiro áudio publicado em www.folhadelondrina.com.br, a 18/05/1999
***retirado do artigo de Léo Romano, publicado em Agosto de 2003, na revista “Placar” nº1251

87 - OCTÁVIO MACHADO

Aos 14 anos, Octávio, com apenas 1,35m e uma tremenda dificuldade em encontrar chuteiras para o seu pequeno pé, despontava no clube da sua terra. Com ele, já vinha uma cara de "brigão"; já vinha aquela vontade batalhadora que, aos 17 anos, permitiu que capitaneasse a equipa sénior do Palmelense.
O rezingão que todos reconhecemos nele, sempre foi sinónimo da uma atitude persistente, de uma luta constante pelo que sempre considerou ser, dentro e fora dos relvados, uma postura correcta. Foi esse seu crer intrépido que, durante os mais de 30 anos que passou no futebol, sempre mostrou. Tanto como atleta do Vitória de Setúbal, do FC Porto ou da Selecção de Portugal, ora como treinador dos "Dragões" ou do Sporting, Octávio sempre revelou e exigiu uma garra inabalável.
Contudo, não é difícil adivinhar que a sua postura, muito mais do que uma predisposição, tenha sido influenciada por outras pessoas. Muitos poderão ter tido esse papel na sua vida, no entanto houve um que, indubitavelmente, acabou por ter um grande peso na sua formação como Homem. O nome? José Maria Pedroto. Um dia, Octávio Machado falou assim do referido treinador – "um homem de causas, valores e princípios, que nunca se dava por vencido. Com ele, não havia vida fácil. Era extremamente exigente, mas, ao mesmo tempo, carinhoso e justo com aqueles que interpretavam as suas leis "*.
Após deixar o futebol e paralelamente à sua paixão pela agricultura, Octávio Machado apareceu em 2005, num gesto de gratidão à sua terra natal, nas listas à Câmara Municipal de Palmela. Cumpriu mandato como vereador e passados 4 anos, após sair do PSD por "divergências éticas, de princípios, de valores e ideológicas"**, candidatou-se, dessa feita, nas listas do CDS/PP. Falhou, no entanto, nova eleição.
Hoje em dia, e apesar de andar um pouco mais distante da vida pública, não anda por certo desatento, e fiquem descansados os mais saudosistas, pois não faltarão oportunidades para ouvirmos nas suas intervenções, "O Palmelão" dizer: "Vocês sabem do que estou a falar"!

*retirado da entrevista conduzida por Rui Tovar, publicada em www.ionline.pt, a 06/02/2010
**retirado do artigo publicado em www.publico.pt, a 04/05/2009

86 - CANEIRA

Capitão em todos os escalões de formação do Sporting, foi a sua capacidade de liderança que distinguiu o jovem defesa dos demais companheiros. Em Fevereiro de 1996, um dia depois de ter feito 17 anos, Carlos Queiroz chamou-o à estreia nos seniores do Sporting. Seguiram-se alguns promissores empréstimos. Depois das passagens pelo Lourinhanense, Salgueiros, Beira-Mar (onde ganhou uma Taça de Portugal) e Alverca, pensou-se que estava na altura de Marco Caneira voltar ao clube que o formou. Porém, e ao lado dos seus colegas Paulo Costa e Alhandra, protagonizou um pequeno reboliço nas transferências do Verão de 2000. Segundo constou, influenciado pelo seu empresário, tomou a decisão de abandonar Alvalade e assinar pelo Inter de Milão. Acabou cedido ao Reggina. E se pensava que ia ter mais oportunidades no clube milanês, enganou-se. Nunca chegou a jogar e depois de terminar a época com o conjunto de Reggio Calabria, foi emprestado, dessa vez, para o Benfica e depois para o Bordeaux.
Há aqueles que são abençoados pela genialidade ou mesmo os outros que parecem perseguidos pela má ventura, mas Caneira bem que poderá ser lembrado como o defesa dos empréstimos. É que depois do clube francês ter exercido a opção de compra, emprestou-o ao Valência, que acabaria também por comprá-lo. Depois foi o conhecido vaivém para o Sporting, que acabou, em 2008, com a cedência a título definitivo.
Após o último regresso a Lisboa, em 2009 voltou a protagonizar nova surpreendente transferência. Dessa feita, aconselhado não se sabe bem por quem, mas convidado pelo autarca de Sintra, Fernando Seara, Marco Caneira assina pela política! Na sequência da nova ligação, vê a sua cara escarrapachada nos cartazes da candidatura à Junta de Freguesia de Almargem do Bispo, pelas listas da coligação "Mais Sintra"! Tanta publicidade, para quê? Para perder por uns míseros 32 votos!

POLÍTICA E FUTEBOL

Haveria lá melhor maneira de iniciar 2011 do que juntar, neste blog, dois dos melhores mundos em cromos? Claro que não. Por isso, num ano em que, em Portugal, o primeiro mês é de eleições, apresentamos os nossos candidatos às urnas. Em Janeiro, em grande campanha, mas sem tachos, discutiremos "Política e Futebol"!!!