407 - MOZER

São poucos os que podem dizer que foram campeões em todos os clubes por onde passaram, como jogadores. Mas Mozer é um deles!!!
Tudo começou no Flamengo, onde chegou, dispensado, vindo das camadas de formação do Botafogo. Apesar da concorrência, não foram precisas muitas temporadas para que o seu estilo "mandão" se conseguisse impor no centro da defesa do emblema carioca. Irrascível como poucos, essa sua característica um pouco mais impetuosa, não o deixava, contudo, disfarçar uma classe inigualável. Com um jogo de cabeça irrepreensível e uma capacidade de desarme excepcional, Mozer seria um dos esteios do "Mengão", nas conquistas do início dos anos 80. Entre os títulos, destacam-se a Taça dos Libertadores de 1981 e a Intercontinental, jogada a Dezembro desse mesmo ano, frente ao todo poderoso Liverpool.
Claro está que quando, em 1987, Mozer decide viajar para a Europa, a fim de vestir a camisola do Benfica, já consigo carregava na bagagem um currículo impressionante, o que faria dele uma das contratações mais sonantes para o grupo de Ebbe Skovdhal. Assim, aquele que chegava com o estatuto de 4 vezes campeão no seu país, rapidamente ocuparia no centro da defesa "Encarnada", tal como no coração daqueles que vibravam nas bancadas, o estatuto de seu favorito. A verdade é que o sentimento era recíproco, e se dúvidas houvessem a esse respeito, as histórias contadas pelo próprio chegariam para as dissipar. Conta Mozer, já jogava ele no Marseille, que Papin, antes dos jogos, tinha por hábito abeirar-se dele e dizer: " vais ver o que é um estádio cheio e um ambiente terrível". "Até que, na taça dos campeões, nas meias-finais, o Benfica calhou no caminho do Marselha. Fiquei, ao início, desgostoso, porque ia defrontar o meu Benfica (...). Os jogadores foram saindo do balneário e eu atrasei um pouco, porque estava colocando uma ligadura no tornozelo. Quando cheguei perto do túnel de acesso ao estádio, começo a ver os meus companheiros, completamente assustados e todos do lado de dentro, não querendo entrar. Só depois percebi que, nessa altura o Eusébio foi chamado ao relvado para receber uma homenagem e foi aí que o estádio quase vinha abaixo. Logo no momento em que os meus companheiros do Marselha se preparavam para entrar. Claro que voltaram atrás assustados e me perguntado: «O que era aquilo?». Aquilo, respondi eu, é o INFERNO DA LUZ". Desta vez, diferente do que tinha acontecido em 1988, envergando a "Águia" ao peito, o internacional brasileiro não estaria presente na final da maior competição da UEFA. Contudo, segundo o atleta, "naquela noite, o Marselha perdeu, fiquei triste mas senti orgulho pelo Benfica. E já agora, naquele balneário, fui o único a ter uma vitória. Foi uma vitória moral, sobre aqueles que não acreditavam na grandeza do Benfica".
Depois da aventura francesa, onde conseguiu vencer 3 Ligas, Mozer, para seu gáudio e dos adeptos, regressaria a Lisboa e ao clube feito do seu coração, e, tal como em 1988/89, em 1993/94, conquistaria o direito a exibir a faixa de campeão português.
O final da sua carreira, depois de ter sido dispensado por Artur Jorge, aconteceria no Japão. Convidado pelo seu antigo companheiro de selecção, Zico, Mozer aceita o desafio do Kashima Antlers e parte para a Ásia, onde também conseguiria sargar-se campeão.
Alguns anos após "pendurar as chuteiras", Mozer voltou ao futebol. Ao lado de José Mourinho, também ele estreante nas funções de treinador principal, a "estrela" benfiquista sentava-se, pela primeira vez, no banco de suplentes. Apesar de curto, esse regresso ao Benfica aguçaria o gosto de Mozer pelas funções de técnico. As mesmas que o levariam a Angola, ao Interclube, e à conquista do primeiro Campeonato Nacional da história do emblema de Luanda.
Paralelamente à vida de treinador, Mozer tem, frequentemente, emprestado o seu bom humor aos mais variados programas televisivos, onde, sem sombra de dúvida, podemos destacar a sua passagem pelo "Mais Futebol", da TVI24.

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