606 - ZICO


De ascendência portuguesa, Zico tinha no seu pai um grande fã do Sporting. Talvez por influência dos relatos que ia acompanhando ao lado do seu progenitor, o jovem Arthur acabaria por eleger a dita modalidade, como a sua favorita.
Nesta senda, aos 14 anos de idade, e já depois de ter dados os primeiros passos na vertente de salão, Zico chega ao Flamengo. Atravessa as camadas de formação e, em 1971, faz a sua estreia pela equipa principal. Contudo, e apesar do talento que todos reconheciam nele, o seu físico franzino era um entrave à sua afirmação. Durante os 3 anos que se seguiriam, muito mais do que evoluir dentro de campo, o seu programa de treino passaria por trabalhos de fortalecimento muscular.
Em 1974, o atleta era já uma referência no meio campo dos “Rubro-Negros”. A sua técnica de passe, finta e, acima de tudo, o excepcional entendimento do jogo, rapidamente fariam dele um “habitué” entre o rol dos titulares.
Apesar do sucesso que ia tendo, inclusive com a conquista de alguns troféus – como são exemplo os 4 Campeonatos Carioca ganhos na década de 70 –, seria com a entrada nos anos 80 que a classe do médio explodiria. A “Era Zico”, como ficou conhecida, por essa altura, a série de sucessos do Flamengo, teria no jogador o principal impulsionador das vitórias. Os 4 Campeonatos Brasileiros, mas, principalmente, a conquista da Taça dos Libertadores e da Taça Intercontinental de 1981, transformariam Zico num dos maiores ídolos dos adeptos do emblema carioca.
Todo esse sucesso com a camisola do Flamengo, levá-lo-ia à selecção. Com a camisola “canarinha”, onde Zico era visto como um dos pilares, participaria nos Mundiais de 1978, 1982 e 1986. Jogou a Copa América de 1979 e, com tudo isto, acumularia 71 internacionalizações. Os 48 golos que concretizaria ao serviço do seu país, seriam suficientes para que, atrás de Pelé, chegasse ao 2º lugar (entretanto ultrapassado por Romário) dos melhores marcadores de sempre da selecção brasileira. Faltou-lhe, no entanto, um grande troféu. Numa selecção em que era sua a batuta, nunca teve o prazer de erguer uma das grandes Taças. Fica a consolação de, na sua estreia em Campeonatos do Mundo, ter recebido a medalha de Bronze.
Nisto de camisolas, Zico também vestiu as da Udinese e Kashima Antlers. Curiosa, seria a sua passagem por Itália… aliás, o que antecedeu a sua chegada. Ora, estando a Udinese disposta a pagar 4 milhões de dólares pela sua contratação, valor recorde à altura, os protestos de outros emblemas, relativamente aos valores envolvidos, levariam a Federação a cancelar a transferência. Este impedimento levaria a que os residentes locais se manifestassem. O grito de ordem era “Ou Zico ou a Áustria”, numa clara alusão ao tempo em que a região estava sobre o domínio do Império Austríaco. A ameaça de separatismo tomaria proporções tais que, o próprio Presidente italiano, Sandro Pertini, acabaria por intervir, autorizando a contratação do futebolista brasileiro.
É no Japão que Zico também tem um grande legião de fãs. A sua passagem pelo “País do Sol Nascente” ficaria marcada por dois momentos distintos. No primeiro, o médio acabaria por ajudar o Kashima Antlers, onde pôs um ponto final na vida de jogador, a transformar-se num dos emblemas de referência no Japão. O segundo capítulo desta sua passagem pelo Oriente, dar-se-ia já ao serviço da selecção. Convidado pelo dirigente máximo da Federação, antigo Presidente do Kashima, Zico assumiria as rédeas da equipa nacional. Ao “leme” da mesma, participaria no Mundial de 2006. Mas, o maior destaque, viria com a vitória dos nipónicos na edição de 2004 da Taça da Ásia.
Muito para além da sua carreira como futebolista, treinador ou, até, as suas participações no futebol de praia, Zico “fez uma perninha” no mundo da política. Entre 1990 e 1991, durante o Governo de Fernando Collor de Mello, Zico assumiria a pasta de Secretário Nacional do Esporte.

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