1491 - OCTÁVIO DE SÁ

Descoberto no Sporting de Lourenço Marques, numa altura em que era tido como um dos maiores activos do emblema moçambicano, Octávio de Sá integraria o plantel de 1956/57 do Sporting Clube de Portugal. No entanto, mesmo vendo reconhecidas qualidades suficientes para fazer parte de um grupo recheado de internacionais, o jovem guarda-redes encontraria em Carlos Gomes, muito mais do que um concorrente, uma autêntica barreira a separá-lo da titularidade. Curiosamente, a sua estreia na equipa principal leonina, segundo algumas fontes resultado da expulsão na ronda anterior do já mencionado colega, aconteceria num cenário a contradizer a sua falta de experiência. Desse modo, o “baptismo” oficial do guardião em Portugal surgiria na 2ª jornada do Campeonato Nacional referente ao ano da sua chegada e logo frente aos rivais do Benfica.
Depois dessa partida frente às “Águias”, escolhido pela mão do argentino Abel Picabêa para alinhamento inicial, Octávio de Sá voltaria à condição de suplente. Tal estatuto manter-se-ia no resto da sua época de chegada à Metrópole e, ainda que com mais partidas disputadas, na campanha seguinte. Seriam essas 4 partidas cumpridas na prova de maior relevo no calendário futebolístico português, a permitir-lhe adicionar ao currículo pessoal aquele que viria a tornar-se no título de maior importância conquistado durante a sua carreira, ou seja, o Campeonato Nacional de 1957/58.
Com a saída de Carlos Gomes para os espanhóis do Granada, a temporada de 1958/59 significaria para Octávio de Sá o assumir da baliza do Sporting, como o dono incontestável da posição. Nesse sentido, também da Federação Portuguesa de Futebol começariam a olhar par o atleta como um elemento capaz de ajudar nos objectivos das diferentes selecções. Essa aferição, ele que também chegaria a condição de internacional militar, levá-lo-ia a ser integrado nos trabalhos do grupo de trabalho da equipa de “esperanças”. Nesse contexto competitivo, a sua estreia e única partida com a “camisola das quinas” ocorreria a 16 de Novembro de 1958, numa partida “amigável” frente à África do Sul e onde o guardião alinharia ao lado de grandes nomes do futebol luso, com especial destaque para os “magriços” Vicente, Mário Coluna ou José Augusto.
Apesar da solidificação da titularidade por si auferida, seria outra vez o Benfica a mudar o rumo à sua vida desportiva. Na 24ª jornada do Campeonato Nacional de 1959/60, numa partida agendada para o Estádio da Luz, Octávio de Sá seria chamado ao “onze”, pelo argentino Mário Imbelloni. Todavia, a peleja começaria deveras azarada para o guardião e ainda antes da meia hora de jogo, já o guarda-redes tinha sofrido 3 golos. Tal como relembraria Carvalho – “Falhava a entrada aos cruzamentos, não segurava as bolas, hesitava nas saídas, enfim estava a ser uma tarde negra”*. Num gesto pouco habitual, numa altura em que só era permitida a substituição do guardião e apenas em caso de lesão, o número 1 dos “Leões” acabaria a fingir a debilidade física e então entraria em campo o suplente Carvalho.
Com o incidente a marcar gravemente a sua progressão, Octávio de Sá deixaria o Sporting com o termo da temporada de 1959/60. Regressaria à capital de Moçambique e voltaria a envergar a camisola do Sporting de Lourenço Marques. A ligação ao emblema que o tinha catapultado anos antes duraria até 1966, altura em que viajaria até à vizinha África do Sul, para representar o Durban United.

*retirado do artigo publicado em www.record.pt, a 11 de Setembro de 2013

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