1254 - IMBELLONI

De quando em vez aparecem-me antigos jogadores cuja informação disponível sobre a sua carreira, muito mais do que qualquer esclarecimento, só faz emergir uma série de dúvidas! Um desses quebra-cabeças dá pelo nome completo de Antonio Mario Imbelloni di Leo!
Sobre este extremo-direito – pelo menos na posição parece não haver grandes dúvidas – há a certeza, tendo em conta as inumeráveis fontes, que terá vivido os anos mais brilhantes da carreira sénior ao serviço do San Lorenzo. Porém, com a estreia a apontar para um duelo frente ao Rosario Central, essa partida, disputada a 20 de Maio de 1945, leva-me a outra questão. Sendo a data de nascimento do avançado o 25 de Agosto de 1924, Imbelloni terá disputado o tal jogo com 20 anos de idade. A pergunta é bem mais fácil de adivinhar do que construir a resposta! Por onde terá andado o atleta, até aí? Há quem diga que terá passado pelo Dock Sud. Por outro lado, há também os que garantem a sua transição dos escalões de formações do emblema sediado no bairro de Almagro para o patamar sénior do clube. Quem está correcto? Fiquei sem saber!
Voltando ao San Lorenzo, Imbelloni faria parte de uma linha de avançados muito famosa. Ao partilhar as funções ofensivas com craques como Armando Farro, René Pontoni (o favorito do Papa Francisco), Rinaldo Martino ou Oscar Silva, o extremo acabaria por contribuir para a vitória do seu emblema no Campeonato Argentino de 1946. Ainda nesse ano, o clube, com o atleta na comitiva, cumpriria uma digressão pela Península Ibérica, onde também defrontaria o FC Porto e um seleccionado de jogadores portugueses. Faço alusão a esta “tournée”, pois terá sido nela, ou numa semelhante, que o Real Madrid terá ficado fascinado com as suas habilidades. Mas, mais uma vez, no caminho entre a saída da agremiação argentina e a chegada aos “Merengues” existem, pelo menos para mim, uma série de dúvidas por esclarecer. A primeira prende-se com o fim da ligação entre o atacante e a colectividade de Buenos Aires. Terá sido em 1948 ou em 1949? A segunda surge com o ocorrido durante a transição. Pondo já de parte os que afirmam como directa a sua transferência dos “Cuervos” para os madridistas, há ainda que escrutinar as veiculadas passagens pelo Banfield (quase certa) ou pelo Almirante Brown (muito contestável).
O que é verdade, pelo menos afigurar-se como tal, é a sua integração no plantel do Real Madrid, com a temporada de 1950/51 a decorrer. No entanto, apesar de bem cotado pelos responsáveis técnicos da equipa, a sua condição de estrangeiro, pelo limite de vagas adjudicadas a elementos vindos de fora do país, dificultar-lhe-ia a vida. Ainda assim, participaria em algumas pelejas no resto da campanha de chegada, mas, já depois do arranque da época seguinte, acabaria por ser dispensado e encaminhado para o Córdoba.
Terá sido com a partida de Espanha que Imbelloni tomou a decisão de dirigir-se a Portugal? Não é certo! Há quem o ponha, regressado à Argentina, no Deportivo Morón. Já o correcto, é dizer-se que o primeiro emblema do avançado no nosso país foi o Atlético. Porém, a dúvida subsiste! Na temporada de 1953/54, sem sombra de dúvida, o argentino fez parte do colectivo de Alcântara e desempenhou o papel de treinador-jogador. E na campanha de 1951/52, também marcou presença em Lisboa?
A mesma função cumprida na capital levá-lo-ia, nas temporadas de 1954/55 e 1955/56, ao Sporting de Braga. No fim da segunda campanha, numa prática comum desses tempos, seria cedido ao Sporting para, na inauguração do Estádio José de Alvalade, defrontar os brasileiros do Vasco da Gama. Diz-se também que, por altura desse “amigável”, já tinha rubricado um contrato com os “Leões”. Contam os mesmos que, por razão de um convite irrecusável vindo do México, terá pedido a anulação do compromisso. Verdade? Mais uma que fica por apurar!
Para não tornar ainda mais maçadora a história que tenho tentado relatar, vou, dentro do que for mais fidedigno, resumir a vida nos “bancos” de Mario Imbelloni. Nesse sentido, de regresso a Portugal e a trabalhar, em exclusivo, como treinador, o argentino acabaria por representar um leque largo de emblemas. Sporting, Académica de Coimbra, Barreirense e Atlético transformar-se-iam, divididas entre a década de 1950 e a de 1960, as suas experiências primodivisionárias. Anos mais tarde, e depois de voltar a trabalhar na América do Sul, o antigo avançado retornaria às colectividades lusas e, no escalão máximo dos anos de 1970 e 1980, orientaria Sporting de Braga, Famalicão e Vitória Sport Clube.

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