1547 - GARÓFALO

Domenico Garófalo (ou Domingo, depois da castelhanização do nome) nasceria em Bari. No entanto, por razão da mudança da família para a Argentina, cresceria no país sul-americano, a partir dos 9 anos de idade. Seria no La Boca, popular bairro da capital, que começaria a ganhar o gosto pelo “jogo da bola”. Curiosa seria a sua chegada ao futebol profissional, numa altura em que já contava 21 anos de idade. Diz-se que, ao integrar a equipa de veteranos do Boca Juniors, o médio conheceria o popular Roberto Cherro. O avançado, ao reconhecer nele qualidades excepcionais, haveria de recomendá-lo, não aos “Xeneizes”, mas, curiosamente, ao Argentinos Juniors!
No emblema do bairro de La Paternal a partir da campanha de 1948, Garófalo tornar-se-ia numa presença habitual nos alinhamentos da equipa. Dotado de capacidades técnicas acima da média, o jogador, mesmo ao posicionar preferencialmente numa área mais central do rectângulo de jogo, conseguiria igualmente caracterizar-se pela capacidade para chegar às zonas de finalização e ainda hoje, à custa dessa faceta goleadora, é referido como um dos melhores marcadores estrangeiros do clube.
Em 1951, Garófalo decidir-se-ia pela mudança para o Montevideo Wanderers. Na agremiação uruguaia continuaria a mostrar-se como um portento de técnica e as suas habilidades haveriam de colocá-lo numa situação caricata – “Pelo clube uruguaio defrontou Obdulio Varela, símbolo do Peñarol e da seleção uruguaia. Numa ocasião da partida escapou-lhe ao “partir-lhe os rins” e fazendo-lhe uma “cueca”, humilhando o “Negro Jefe”. Na semana seguinte, enquanto passeava com um amigo na 18 de Julho, esbarra com Varela, que pára para conversar com o companheiro de Garófalo. Ao despedir-se diz: «Diz ao teu amigo (…) para não me voltar a fazer isso no domingo»”*.
A temporada de 1954 marcaria o seu regresso à Argentina, dessa feita para representar o Temperley. Apesar de apenas ter representado o novo emblema por alguns meses, a preponderância revelada nos destinos do clube levaria a que fosse recordado pelo prestigiado jornalista Rafael Saralegui de uma forma bem faustosa – “Garófalo era canhoto, tinha as pernas dispostas como as “10:10”, os passos eram curtos e quando corria não levantava muito os calcanhares. Era um virtuoso no drible e no manuseamento da bola, da qual geralmente se desprendia quando acreditava assegurada a recepção por um colega”*.
Os passos seguintes na carreira de Garófalo já seriam dados em Portugal. Contratado pelo Sporting de Braga já no decorrer da campanha de 1954/55, o médio, que no Minho também chegaria a ocupar todas as posições do sector atacante, voltaria a partilhar o balneário com o antigo colega no Argentinos Juniors, José Fantín. Orientado pelo também argentino Mário Imbelloni, o atleta rapidamente viria a afirmar-se como uma das grandes figuras a exibir-se no Campeonato Nacional da 1ª divisão. Nesse cenário, as suas exibições seriam de tal forma apreciadas que, em Fevereiro de 1956, na festa de homenagem a Ben David, o seu nome seria um dos escolhidos para representar os “Argentinos”, que acabariam derrotados pelos “Ultramarinos”.
Seguir-se-ia, depois das 2 temporadas a representar a colectividade minhota e com a descida do Sporting de Braga no termo das provas agendadas para 1955/56, a época de 1956/57 a representar o Caldas. No conjunto do Oeste, onde seria orientado por Fernando Vaz, Garófalo, de forma ainda mais vincada do que nas anteriores experiências nas competições lusas, agarrar-se-ia à titularidade. Um ano depois surgiria a sua experiência primodivisionária mais proveitosa em termos individuais e ao serviço do Oriental, treinado pelo húngaro János Biri, terminaria a campanha como o melhor marcador e o elemento mais utilizado pelos “Guerreiros de Marvila”. Ainda em Portugal, o médio, na condição de treinador/jogador, viria a cumprir a temporada de 1958/59 e a seguinte com as cores do Vila Real. Finalmente, sem deixar Trás-os-Montes, há que fazer referência, ainda a acumular as funções de técnico e atleta, à sua passagem pelo plantel de 1959/60 do Desportivo de Chaves.

*adaptado do artigo publicado a 11/06/2024, em https://temperley9.rssing.com

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