1687 - ADÉRITO

Apesar de ter concluído o percurso formativo com as cores do Benfica, seria em Trás-os-Montes, de onde é natural, que Adérito Luís Gonçalves Pires daria os primeiros passos como sénior. No GD Bragança a partir da temporada de 1973/74, o médio, que chegaria a actuar como avançado-centro, começaria por disputar a 3ª divisão. Aliás, as épocas seguintes à da sua estreia pelos “Canarinhos” do nordeste português, incluindo uma pequena passagem pelo Vila Real de 1977/78, mantê-lo-iam nas contendas dos escalões inferiores do futebol português. Tal paradigma viria apenas a mudar passados 8 anos e sua transferência para outra colectividade levá-lo-ia a pôr os olhos noutros horizontes.
Com a mudança do GD Bragança para o Rio Ave em 1981/82, Adérito, nessa campanha de chegada a Vila do Conde, faria a estreia no patamar maior. Porém, o médio não ficaria contente apenas com esses primeiros passos dados entre “grandes”. Também na referida temporada, o jogador conseguiria assumir-se como um dos esteios do conjunto a trabalhar sob a alçada de Mourinho Félix. Tal preponderância nos esquemas tácticos idealizados pelo aludido técnico, levá-lo-ia a consagrar-se como um dos principais nomes do 5º lugar conquistado com o termo do Campeonato Nacional. Ao manter o estatuto nos anos vindouros, o centrocampista viria igualmente a ser chamado a outro momento de crucial importância na história dos “Rioavistas”. Com o emblema nortenho a caminhar valentemente na Taça de Portugal de 1983/84, a chegada ao derradeiro encontro da prova, levaria o atleta a ser chamado à peleja agendada para o Estádio Nacional. Titular no Jamor, o atleta veria a sua equipa claudicar perante a forte réplica dada pelo FC Porto e assistira, após a derrota por 4-1, à partida do almejado troféu na direcção da “Cidade Invicta”.
Por razão da boa campanha na “Prova Rainha”, mesmo tendo em conta o desaire ocorrido na final, a cotação do médio subiria. Esse acréscimo de valor levá-lo-ia a ser cobiçado por outras agremiações. Curiosamente, a transferência para o Marítimo de 1984/85 empurrá-lo-ia para a disputa da 2ª divisão. Ainda assim, esse pequeno retrocesso duraria pouco tempo. Com os “Verde-rubro”, logo na campanha seguinte, a regressarem ao degrau maior do futebol luso, o jogador manter-se-ia, nessa aventura funchalense, como um dos titulares de Mário Nunes e, com a saída deste, de António Oliveira. Porém, mesmo cimentado como um elemento de valor primodivisionário, Adérito, mais uma vez, tomaria uma decisão algo surpreendente para o seu trajecto competitivo e na temporada de 1986/87, descendo ao 2º escalão, acabaria apresentado como reforço do Nacional da Madeira.
O regresso do jogador à 1ª divisão dar-se-ia, na temporada de 1987/88, por convite d’ “O Elvas”. No emblema alentejano, onde voltaria a trabalhar sob a intendência de Mário Nunes, o médio-centro viveria a derradeira campanha entre os “grandes”. Depois de uma época ao serviço da colectividade raiana, e com a descida dos “Azuis e Ouro”, o jogador decidir-se-ia pelo regresso a um clube bem conhecido e ao fim de dois anos com as cores do GD Bragança, onde desempenharia as funções de treinador-jogador, Adérito, findas as provas de 1989/90, tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.
Já retirado das lides de futebolista, Adérito abraçaria, em exclusivo, as tarefas de técnico. Nesse papel, teria algumas experiências nos escalões inferiores e chegaria a orientar emblemas como o Montalegre, o Oliveira do Hospital, o Mirandela ou o Marítimo da Graciosa.
Como curiosidade, refira-se o seu regresso à prática desportiva federada, dessa feita no futsal e com as cores do Graciosa FC de 2002/03.

1686 - ELÓI

Com o começo da carreira desportiva cumprida entre o Andradina FC e a Associação Esportiva Araçatube, seria já como atleta da Juventus de São Paulo, para onde viria a mudar-se em 1975, que Francisco Chagas Elói começaria a destacar-se no futebol brasileiro.
Praticante de fino recorte técnico e com excelente visão de jogo, o atleta rapidamente conquistaria um lugar no “Moleque Travesso”. Já com vários emblemas no seu encalço, a campanha de 1978 apresentar-lhe-ia a Portuguesa dos Desportos. Contudo, no emblema fundado por imigrantes lusos, o médio-ofensivo não conseguiria demonstrar o seu real valor e o jogador, durante as 2 épocas seguintes, ver-se-ia ultrapassado pela concorrência interna.
Só com uma nova mudança de agremiação é que voltaria a recuperar a magia perdida. O Inter de Limeira, com a transferência a ocorrer no decorrer de 1980, devolvê-lo-ia às boas exibições. Seguir-se-ia, com o Grêmio e o Cruzeiro a “namorar” a sua contratação, a mudança, em Abril de 1981, para o Santos. No entanto, o muito especulado mau ambiente no balneário do “Peixe” minaria o caminho do jogador. Depois viria uma rápida passagem pelo, referido neste parágrafo, emblema de Belo Horizonte e finalmente a chegada ao América do Rio de Janeiro.
O destaque na formação “carioca” valer-lhe-ia, depois das vitórias no Torneio dos Campeões e na Taça Rio, a mudança para o Vasco da Gama de 1983. Em São Januário, ao lado do inolvidável Roberto Dinamite, Elói brilharia ao ponto de merecer o interesse de emblemas europeus. Bem cotado do outro lado do oceano Atlântico, seria o Genoa de 1983/84 a abrir-lhe as portas do Calcio. A época de estreia na Serie A, comandado por Luigi Simoni, daria ao currículo do médio números de aceitável monta. O pior surgiria com a despromoção do clube e com disputa, na campanha subsequente, do patamar secundário de Itália. Tal desaire fá-lo-ia regressar ao Brasil, nesse caso para representar o Botafogo. Contudo, a passagem pelo “Fogão” seria curta e, de volta ao “Velho Continente”, passaria a envergar a camisola do FC Porto.
Nos “Dragões” de 1985/86, o médio-ofensivo enfrentaria vários obstáculos para conseguir impor o seu jogo. Logo nessa época, numa partida a contar para a 2ª mão da Supertaça, perdido o troféu para o Benfica, Elói viveria uma situação no mínimo caricata e bem elucidativa das dificuldades que teria para começar a entender a mentalidade do treinador – “(…) o Artur Jorge substituiu-me aos 27 minutos. Estranhei, não estava a jogar mal, mas aceitei. Só uns dias depois é que entendi tudo (…). Ele viu-me a passar e chamou-me: «brasileiro, anda cá. Vou explicar-te uma coisa: nesta equipa, o único que tem a minha autorização para fazer chapéus aos adversários é o Madjer. Estamos entendidos?». Caiu-me tudo!”*.
Apesar da pequena peripécia, o jogador, apesar de nunca ter passado da condição de suplente, continuaria a contar para o aludido treinador. Nesse sentido, contribuiria para as conquistas do Campeonato Nacional de 1985/86 e da Supertaça da época seguinte. Porém, a temporada de 1986/87 haveria de trazer ao jogador outro episódio do qual, posteriormente, viria a arrepender-se e o médio, após ajudar na campanha a desaguar na vitória da Taça dos Clubes Campeões Europeus, e a umas semanas da decisiva partida de Viena, tomaria a decisão de rescindir o contrato com os “Azuis e Brancos” – “(…) eu assisti a essa final e à da neve, contra o Peñarol. Senti que devia estar lá com os meus companheiros do FC Porto. Tive dois anos bons e, por precipitação, afastei-me antes dos melhores momentos. Castigo-me por isso”*.
Após voltar ao América por alguns meses, o seu regresso a Portugal far-se-ia através do plantel de 1988/89 do Boavista. Pelas provas lusas, dessa feita no escalão secundário, ainda representaria o Louletano de 1989/90. Depois surgiria a última grande etapa da sua carreira e a presença nas provas brasileiras até passar a barreira dos 40 anos de idade. Nesse trajecto, representaria emblemas como o Campo Grande, o Fluminense, Fortaleza, Ceará, Catanduvense e Nacional de Manaus, onde viria a “pendurar as chuteiras” com o termo das provas agendadas para 1996. Seguir-se-ia a sua caminhada como técnico, a qual levaria Elói a orientar o Anapolina de Goiás, o Rubro Social ou o América do Rio de Janeiro

*retirado do artigo de Pedro Jorge da Cunha, publicado a 30/04/2014, em https://maisfutebol.iol.pt