126 - CRUZ

Apesar de ter começado com o “verde e branco” do Sporting Clube da Liberdade, emblema de Campolide, seria o “vermelho” que acabaria por colorir a sua maior devoção desportiva.
Com 16 anos, e depois de descoberto pelas “Águias”, Fernando Cruz mudar-se-ia para o “Lar do Jogador”. Depois de 3 temporadas a habituar-se ao peso da camisola do Benfica, a revolução perpetrada por Béla Guttmann encontrá-lo-ia preparado para a responsabilidade de subir à equipa principal. No sector mais recuado ou meio-campo, principalmente no lado esquerdo do rectângulo de jogo, a sua competência rapidamente faria com que passasse a assumir um papel preponderante na manobra táctica do treinador húngaro. Num conjunto cheio de brilhantes executantes, o jovem jogador não deixaria intimidar-se. A bola não o atrapalhava. A ela entregava-se com a dureza típica dos defesas da sua época, mas ao contrário de muitos dos seus colegas de posição, era um intérprete de técnica evoluída.
As inúmeras metas ultrapassadas durante a sua carreira, depressa tornariam o mérito de um lugar no “onze”, numa normal farda de trabalho. Seria, no entanto, na sequência da titularidade conquistada bem cedo que medrariam toda uma série de êxitos. Na caminhada como futebolista, ao lado de Coluna e José Augusto, tornar-se-ia num dos 3 atletas que participariam em todas as 5 finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus que o Benfica disputaria durante a década de 60. Às vitórias nas edições de 1961 e 1962 da referida competição, juntar-se-ia a glória de vencer 8 Campeonatos e 3 Taças de Portugal. Ainda assim, o tempo haveria de delimitar a sua vivência de “encarnado”. Depois de 11 anos como sénior, a sua paixão pelas “Águias” assumir-se-ia ainda mais na altura de tomar uma decisão para o resto da carreira. Quando chegou a dispensa, ao saber que seria incapaz de jogar contra o seu clube, recusaria todos os convites endereçados por emblemas portugueses e acabaria por vestir as cores dos franceses do Paris Saint-Germain.
Também a selecção faria parte do seu percurso. Chamado por Manuel da Luz Afonso, viajaria com os "Magriços" para Inglaterra. Mesmo sem ter sido utilizado pelo treinador Otto Glória, Cruz inscreveria o seu nome no rol de atletas que conquistariam para Portugal o 3º lugar no Mundial de 1966.

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